Para defender a Santa Igreja Católica é preciso saber como está se procedendo os ataques, quem são os atores e quais são as instâncias deliberativas no campo administrativo para que a demolição da Igreja como foi construída no passado, venha acontecer. Vejamos o que nos diz o Capítulo III do livro “O Processo Sinodal, uma caixa de Pandora – 100 perguntas e 100 respostas”.
15 – Existe algum inconveniente no conceito moderno de “escuta”?
Na perspectiva moderna de “escuta”, a Igreja deixa de ser a Mãe e Mestra que transmite os ensinamentos de Cristo pela voz de seus pastores (Quem vos ouve a vós, a mim me ouve – Lc 10,16), e se torna uma Igreja que escuta, dialoga e se questiona, sem hesitar em discutir verdades consideradas indiscutíveis. Diz o Vademecum: “Escutar é o primeiro passo, mas precisa de uma mente e de um coração abertos, sem preconceitos”. E acrescenta: “O primeiro passo para escutar é libertar a nossa mente e o nosso coração dos preconceitos e estereótipos”. Mais adiante, comemora: “O Processo Sinodal dá-nos a oportunidade de nos abrirmos à escuta de forma autêntica, sem recorrer a respostas prontas ou a julgamentos pré-formulados”.
Deve-se notar que, no texto citado, o Cardeal Grech afirma que o discernimento de um bispo não consiste em verificar se o que o povo de Deus diz coincide com o que ensina a Revelação, mas o contrário: trata-se de entender o que o povo diz, e depois considera-lo como palavras do Espírito Santo.
A Igreja Católica sempre ensinou o contrário. Tomando como base as verdades da fé conhecidas por meio da Revelação e da Tradição. Ela as aplicou à vida concreta, de acordo com as circunstancias de tempo e lugar, a fim de iluminar e guiar as almas à sua eterna salvação. O Sínodo sobre a sinodalidade tende a fazer o oposto: partir de situações concretas para elaborar uma política pastoral e uma disciplina adequada. Tal método pressupõe uma concepção “historicista”, que não parte da Verdade revelada, mas de uma situação histórica concreta à qual a Igreja deve se adaptar.
A história mostra um repertório imenso de iniquidades praticadas pelo ser humano: guerras, fome, pestes, etc. Os ensinamentos do Cristo trouxeram uma nova forma de vida, de relacionamentos interpessoais, trazendo valor e dignidade à vida. Foram construídas cidades, hospitais, universidades e até estados com base nessa filosofia, mesmo que trouxesse em seu bojo as fragilidades humanas, de não conseguir promover um comportamento bem sintonizados, integralmente, com a proposta divina. Mas, enfim, foi uma injeção de harmonização para a humanidade em busca de um reino gerido pela verdade, fraternidade e justiça social, sem depender de guerras, conflitos ou revoluções.
É este ensinamento que hoje a própria Igreja, contaminada pelo pensamento moderno, iluminista, reformador, pretende mudar radicalmente para fazer o oposto do que fazia antes, pela Tradição.
Como aceitar tal mudança, nós que estamos sintonizados com o Cristo? Essa Igreja que hoje está nesse avançado processo de transformação, de deterioração moral, pode mudar todos os seus princípios, mas nós, cristãos convictos, não podemos seguir, tal mãe desfigurada.