Reproduzo aqui a fala do Deputado Federal Gustavo Gayer no Parlamento Europeu sobre a ditadura aplicada no Brasil e publicado no Youtube no dia 10-04-2024, com 411 mil visualizações em 14-04-2024.
Primeiro, acho que está em ordem expressar nossa gratidão aos senhores Rob e Hermann por nos darem espaço para falar sobre a situação grave que está acontecendo no meu país. Temos tentado nos últimos 3 a 4 meses encontrar pessoas de bom coração, pessoas que amam a liberdade, a democracia, para nos ajudar a mostrar ao mundo a situação terrível que o maior país democrático na América Latina está em baixo neste momento.
Então, expresso aqui nossa gratidão e eu estou certo que falo em nome da vasta maioria do povo brasileiro que ama a liberdade e ama a democracia. Que nós estamos nisso por causa desta ação generosa.
Antes de começar, eu acho que devo perguntar a todos que estão aqui presentes, hoje, para um pequeno exercício de imaginação.
Eu vou descrever algumas características de um país da América Latina, e eu gostaria que você tentasse descobrir de que país estou falando.
Este país que temos agora. A justiça, tornando a oposição inelegível, retirando-lhes os direitos políticos. Este país possui membros titulares do Congresso Nacional sendo presos por suas opiniões. Há perseguição para quem busca transparência nas eleições. Há criminalização total de um lado do espectro político. A mídia se tornou completamente controlada pelo judiciário. Uma pessoa decide o que pode ser dito e o que não pode ser dito. E se você desafiar essa pessoa, você vai para a prisão. Uma pessoa decide que é vítima de perseguição, mas ele é também quem investiga. O investigador é o acusador e ele é o juiz. E é ele quem sentencia aqueles que desafiam suas palavras. E há centenas e centenas de presos políticos.
Muitos de vocês podem estar pensando que estou falando da Nicarágua, talvez de Cuba, ou talvez Venezuela. Bem, não é segredo para a reunião que nós estamos tendo aqui hoje. Estou falando do Brasil.
Sim, não estou falando sobre ditaduras conhecidas da América Latina. Estou falando do maior país “democrático” da América Latina.
Podemos ir direto ara a cadeia
Antes de virmos para esta viagem, para esta missão, nós tivemos uma conversa na qual dissemos que, talvez exista uma grande chance de que no momento em que pisarmos novamente no Brasil, podemos ir direto para a cadeia.
Mesmo no aeroporto vindo para cá, lembro de conversar com Bia (Kics). Estávamos com medo de sermos detidos antes de sair do país. E a razão para isso é porque no mesmo dia que estávamos no aeroporto vindo ara cá, tivemos o escândalo “Twitter files Brazil”.
Não sei se vocês tiveram a chance de investigar isso, mas Elon Musk publicou a troca de e-mails entre ex-funcionários do Twitter, antes de Elon Musk assumir o Twitter, onde Alexandre de Moraes encomendou que o Twitter censurasse todos os políticos de Direita e excluísse postagens, excluísse perfis e os forcou a excluí-los. Mas, sem dizer que era uma ordem judicial. Que deletasse dizendo que era em razão da política interna da empresa.
Agora, há uma pergunta que continuo fazendo, e ninguém é capaz de me explicar ou me dar uma resposta certa. Por que é que a Venezuela é considerada uma ditadura em todo o mundo, até mesmo pelos esquerdistas, mas o Brasil não é. Quando o que está acontecendo no Brasil é ainda pior do que está acontecendo na Venezuela?
Por que é que Alexandre de Moraes fazer o que faz é defesa clara da democracia e do Estado de Direito? Mas quando é Maduro que faz o que faz é ditadura?
Isso é algo que eu não consegui encontrar uma pessoa para me explicar. Uma pessoa.
Na Venezuela nós temos Instituições, certo? O que torna um país democrático? Ao longo da história da humanidade, nós estabelecemos dispositivos e instituições com um objetivo em mente. Para ter a certeza que a tirania não aconteceria novamente. Estou certo? Mas a tirania é como um vírus. Eles sempre encontram uma maneira de se adaptar e usar tudo o que foi implementado, para garantir que tudo funcione, para voltar ao poder novamente. E eles estão aprendendo a fazer isso. Até com as nossas instituições, com a Suprema Corte, o judiciário, o parlamento, o executivo tudo.
Eles conseguiram encontrar uma maneira de se adaptarem novamente. O Brasil, hoje, talvez, o campo de batalha para este novo tipo de ditadura. Uma ditadura que se identifica como uma democracia, porque, hoje em dia, nada é o que realmente é. Este é o mundo louco em que vivemos. Chamamos isso de democracia trans. Uma democracia que se identifica como uma democracia.
O Brasil é hoje, um experimento. É um laboratório de como implementar uma ditadura disfarçada de um país livre, de democracia. E se der certo no Brasil, se não cometerem erros, será bem-sucedida em todo o mundo.
E eles já estão experimentando o que está acontecendo no Brasil. E o Brasil é um dos maiores países do mundo. É o maior país da América Latina. É o maio país cristão na América Latina. Não posso deixar que o meu país, o país dos meus filhos, dos nossos filhos, se transforme numa ditadura sem lutar.
E não tenho mais medo de ser preso. Entreguei minha vida a Deus, honestamente. E a mesma coisa digo aos meus colegas que estão aqui hoje: Ricardo Salles, Pollon, Júlia Zanatta, Bia, Eduardo Bolsonaro... nós sabemos que há uma grande chance de estarmos aqui e voltar para o Brasil será um risco.
Sabemos que há uma grande chance de perdermos nossa liberdade, mas não nos importamos em perder a nossa liberdade enquanto lutarmos pela liberdade da nossa futura geração do povo do Brasil.
É por isso que eu realmente quero agradecer novamente, senhores, Rob e Hermann, por nos dar este espaço, por ouvirem o que temos a dizer.
Não sei se teremos que viajar pelo mundo com esta mensagem, mas não podemos deixar o Brasil virar uma ditadura. E quando eu digo tornar-se é ser reconhecido como um, porque já é.
Temos aqui, hoje, um jornalista, Sérgio Tavares, jornalista de Portugal que foi ao Brasil fazer cobertura, protestar contra o que está acontecendo no Brasil. E ele quase foi preso no aeroporto. As perguntas que a Polícia Federal fez a ele foram: “o que você acha do Alexandre de Morais? Você gosta da Suprema Corte? Em quem você votou?”
Agora pergunto novamente, esta é uma questão que um país livre, um país democrático, perguntaria a um jornalista? Acho que nem na Venezuela você seria detido no aeroporto e responderia perguntas tão idiotas. Mas isso aconteceu com ele. E ele voltará para o Brasil em breve para falar sobre isso. Espero que não seja preso no aeroporto.
Então, por favor, estamos clamando por ajuda ao mundo, pelo amor e pelas pessoas no mundo amantes da liberdade. Por favor, prestem atenção ao que está acontecendo no Brasil. E marquem os rostos desses parlamentares que estão aqui hoje. Há uma chance de os nossos rostos estarem no jornal, em breve, atrás das grades.
Nós podemos ser presos, mas nossos filhos não.
Obrigado!
Esta é uma realidade que poucos veem dentro de nosso país. Em qualquer setor institucional, quer seja escolas, clero, academia, tribunais... parece uma infecção viral ideológica cujo tratamento é a pessoa perceber a dissonância cognitiva entre o que crer e o que a realidade mostra. Mas a maioria institucionalizada está como hipnotizada, seguindo como um na manada em direção dos chavões enviesados da realidade que aceitaram e consolidaram como verdade indestrutível.