Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
12/05/2024 00h01
PROGRESSISMO ATUAL – 3 OS INCENTIVOS  

Reproduzirei aqui a 3ª. parte do texto, fragmentado em itens devido o tamanho, que circula nas redes sociais e que é de importância para a nossa reflexão.

Os incentivos

Nessa falha entram duas explicações materialistas, alegando que as políticas progressistas no ambiente corporativo servem aos incentivos de atores econômicos. Primeiro há a tese do "capitalismo lacrador", que defende que os executivos adotam uma postura lacradora — tirando operações dos estados republicanos, endossando a retórica bizarra de treinadores de diversidade — para ganhar dinheiro. Talvez o endosso de uma companhia à ideia de que os EUA estão fundados no saque dos corpos negros lhe permita atrair mais talentos, já que os contrata num círculo estreito de jovens com credenciais educacionais de elite cuja cosmovisão tende a ser progressista. Talvez uma declaração de compromisso solene com a responsabilidade social habilite uma companhia a explorar esse campo em crescimento, como na criação de fundos ESG por firmas financeiras. Ou talvez os executivos estejam neutralizando, de antemão, um levante anticapitalista da esquerda. Ross Douthat defendeu no New York Times que "o ativismo corporativo em questões sociais" serve para "justificar a ascendência dos CEOs à condição de lobistas culturais, de modo que os mesmos lobistas os abandonarão [...] nas questões que importam mais para as corporações no frigir dos ovos." O ex CEO de uma biotech, Vivek Ramaswamy, desenvolve o argumento em Woke, Inc., oferecendo uma história enlatada na qual as corporações, apreensivas quanto ao crescente sentimento redistributivista na esquerda após a crise financeira de 2008, fez um acordo com ativistas identitários, adotando suas alegações prediletas em troca de serem deixados em paz.

Isso também parece insuficiente. Como Josh Barro indica, empregados corporativos não são motivados só por lucro: eles podem introduzir políticas no local de trabalho por causa de suas próprias visões políticas. De fato, muitos exemplos de corporações se dobrando aos ativistas e reprimindo a dissidência interna na companhia se deram de baixo para cima, não do topo. A expulsão de Brendan Eich, CEO do Mozilla, por sua oposição ao casamento gay, a demissão de James Damore do Google por seu relatório sobre diferenças de gênero inatas, o New York Times se curvando a uma rebelião da equipe causada pelo artigo opinativo de um político republicano, a rede de restaurantes Bon Appetit dissolvendo seu departamento de vídeo por causa de alegações de pagamento desigual e o CEO da Disney atacando uma lei da Flórida sobre educação sexual em escolas primárias só depois de uma revolta dos funcionários: em todos esses casos, a pressão parecia vir de dentro da organização.

Outra explicação materialista, a tese da "força de trabalho progressista", promete explicar esses casos. Em resumo, um excedente de trabalhadores não-braçais bem instruídos, mas inseguros, usa seu controle sobre os recursos corporativos para empurrar uma agenda política com a qual eles não apenas concordam, mas da qual também dependem para ter estabilidade no emprego. No City Journal, Malcom Kyeyune escreve que a guerra cultural dos Estados Unidos pode ser entendida por meio do exame do interesse de classe dos gerentes de nível médio que não detêm o capital, mas retêm o controle sobre como ele é alocado. Os argumentos que parecem os mais sérios para uma companhia supostamente acossada por uma cultura tóxica se submeter a uma auditoria, ou escalar suas iniciativas em treinamento de diversidade, na verdade constituem chamados por uma "expansão massiva de intermediação gerencial em processos econômicos e sociais antes independentes." Tais gerentes simplesmente querem criar mais trabalho para si próprios (e outros membros da guilda). Portanto o cancelamento dos dissidentes funciona como disciplina do mercado de trabalho, forçando os não-progressistas a saírem do setor.

Mas como incentivos econômicos explicam a maioria dos cancelamentos, que têm pouco a ver com ganho material, como em grupos tão diletantes quanto um de tricô? Esses casos sugerem uma dimensão ideológica do movimento que as explicações materialistas não podem capturar. Exemplos explícitos de coordenação entre corporações e ativistas também tendem a ser escassos. E, no fim das contas, o palavrório lacrador tende a identificar o capitalismo como um dos muitos sistemas de opressão interligados que mantêm as minorias em opressão.

Sempre o capitalismo entra na mira dos lacradores que defendem um sistema autoritário, mas, mesmo ao assumir o poder em algum lugar, logo estarão utilizando os métodos capitalistas para assegurar os recursos que necessitam, mesmo que sejam por métodos ilícitos

Publicado por Sióstio de Lapa
em 12/05/2024 às 00h01