A vida é composta por narrativas. Cada pessoa tem sua própria narrativa que nunca é semelhante a outra, é como uma digital psicológica. O que podemos observar são agrupamentos de pessoas que possuem narrativas parecidas onde cada pessoa partilha na maioria com os conceitos dos outros. Dai podemos observar os diversos grupamentos com essas características parecidas de acordo com o foco que se deseja. Assim são os partidos políticos, os times de futebol, as religiões, enfim, uma infinidade de grupamentos que se reúnem com tal ou qual finalidade.
Vou procurar colocar aqui a minha atual narrativa de vida, informando de início que não é uma narrativa definitiva. Ela está sempre se aperfeiçoando com os estudos, com os conhecimentos adquiridos de diversas maneiras. Também pode sofrer fortes mudanças de entendimento, quando a razão percebe uma contradição da crença que tenho com a realidade que se apresenta. Para não ficar com a dissonância cognitiva que se forma, tenho que ajustar a minha crença com a realidade que percebo e dessa forma a narrativa sofre mudança que pode ser leve ou profunda
A parte mais difícil de ser construída nesta narrativa é com relação ao início, pois não tem como ser observada com a rigidez da ciência. O que posso fazer é estudar as diversas hipóteses que são apresentadas por diversos autores e adotar temporariamente aquela que melhor atenda a rigidez da coerência.
Adotarei a proposta mais coerente e daí em diante os próximos passos cognitivos terão que se ajustar, ter uma sintonia cada argumento entre si, um com o outro, encadeando toda uma rede de pensamentos que abarcam toda experiência humana.
No dia-a-dia, tudo que faço deve estar dentro da minha narrativa, por dolorosa que seja essa verdade que ela representa. Sim, não posso fazer nada que esteja contrária a minha narrativa, seria hipocrisia. A não ser que eu seja coagido de alguma forma.
Dentre todas as narrativas que estudei, das cosmogonias que encontrei, aquela que melhor atendeu a minha crítica interna. Esta postura cognitiva implica que a minha mente não pode ficar fechada de forma hermética com nenhuma teoria, com nenhuma ideologia. Por honestidade científica devo avaliar cada narrativa que entra no meu raciocínio e verificar se pode ser acrescentado ao que já aceitei como verdade ou não. Isso implica que a cada dia estou sempre atualizando minha forma de pensar e aceitando ou não novos argumentos.
A minha condição de professor e médico/terapeuta impõe grande responsabilidade à minha atuação profissional. Como professor estou apresentando os argumentos que já aceitei como verdade para com eles ajudar na compreensão dos alunos. Como médico estou orientando condutas e procedimentos para a cura ou tratamento de doenças de todas as naturezas.