Para defender a Santa Igreja Católica é preciso saber como está se procedendo os ataques, quem são os atores e quais são as instâncias deliberativas no campo administrativo para que a demolição da Igreja como foi construída no passado, venha acontecer. Vejamos o que nos diz o Capítulo III do livro “O Processo Sinodal, uma caixa de Pandora – 100 perguntas e 100 respostas”, na sua 20a. pergunta.
20. Quais são os perigos
O Padre Nazir-Ali adverte: “As pessoas consultadas devem ser catequizadas, talvez até evangelizadas. Caso contrário, delas só obteremos um reflexo da cultura que as cerca”. Muitas das propostas apresentadas ao Sínodo refletem tendências modernas. A Comissão Teológica Internacional o reconhece, ao afirmar que o novo clima eclesial é fruto “de um discernimento mais atento das objeções apresentadas pela consciência moderna no que diz respeito à participação de todos os cidadãos na gestão da coisa pública”.
O que posso concluir dessa afirmação da CTI é que ela está correta. A consciência moderna de querer incluir todos os cidadãos na gestão de qualquer empreendimento público não tem mostrado a eficiência que é pretendida. Para fazer isso é preciso recorrer ao processo democrático que tem demonstrado ser extremamente falho.
No processo democrático se imagina que os cidadãos estão equiparados para decidirem o melhor para a coletividade de acordo com a consciência. Nada mais fora da realidade do que isso. Os cidadãos são diferenciados de diversas formas, desde o grau de consciência de personalidade superior, ao grau de educação, de condições financeiras. Dessa forma, fica fácil a influencia de quem tem uma ascendência superior de alguma forma influir na decisão do outro, frente a deposição de um voto para qualquer cargo, quer seja de confiança, quer seja por sufrágio eleitoral.
É com esta perspectiva de influir na consciência do eleitor no alegado processo democrático, que políticos eleitos, já detentores de cargos públicos, em qualquer esfera, quer seja municipal, estadual ou federal, está sempre em busca de recursos para influir no seu eleitorado.
Foi dentro dessa consciência moderna da participação de todos os cidadãos na gestão pública através do processo democrático, que estamos sofrendo no Brasil uma administração autoritária que “tomou” o poder como havia prometido, usando a cada momento a palavra democracia com argumento salvador das misérias que eles próprios provocaram usando a mesma democracia.
Experimentei essa farsa da democracia quando me candidatei a vereador. Mesmo sendo médico e tendo prestado muitos benefícios a meus pacientes e demais pessoas que recorriam à minha ajuda, nunca consegui me eleger pela vontade livre desses eleitores. Até os meus amigos mais próximos, mas por pressão de suas necessidades biológicas, de auto conservação, elas trabalhavam como cabos-eleitorais para outros candidatos que lhes pagavam determinado valor. Esses cabos-eleitorais davam os benefícios solicitados pelos eleitores em troca do voto. Eu não poderia fazer o mesmo com o tema de “Dignidade Humana” que eu defendia na campanha. O resultado é que conseguia o voto do meu amigo, mas este conseguia centenas de votos para o candidato concorrente. Onde esta a democracia? Ou melhor, que tipo de democracia está sendo exercida?
É esta conduta que está sendo proposta a ser seguida pela Igreja Católica. Colocar todos os fieis, todos os crentes, todas as pessoas, todos os cidadãos, todos os eleitores a votarem quais caminhos mais convenientes para seguir. Por que dar atenção e respeitar os ensinamentos de um carpinteiro de há 2000 anos, e não considerar os argumentos acadêmicos da nova ciência política? Argumentos que trazem o progresso, e a fórmula para reformar a comunidade e criar uma sociedade justa no contexto social e de bens comuns a todos? Basta unir as pessoas que conseguirmos deixar revoltados, pegar em armas e destruir todos os opositores que encontrarmos pela frente, principalmente aqueles teimosos que continuam sendo fiéis ao pretenso “Filho de Deus”.