Posso fugir da falta de significado na vida com a busca do prazer, o que pode acabar em ruína ou desordem mental. Tem o exemplo do alcoolismo e outras dependências químicas, de jogos, de sexo... também posso me deixar conduzir pelo piloto automático mental, “deixar a vida me levar, vida leva eu”, como está na canção popular.
Procuro não pensar em nada que motive meu direcionamento da vida para alguma das diversas opções que a vida oferece, que considero inadequado, ilegal ou até criminoso. Até o próprio mercado através dos diversos marketings incentiva o consumo que leva ao prazer imediato e efêmero, que nos deixa classificado como consumidores e muito longe do Ser humano, com o potencial criativo e construtivo que poderíamos ter.
Freud fez um estudo interessante e que precisa ser devidamente comparado com outros estudos ao nosso alcance, principalmente aos ensinamentos de Cristo.
Nos estudos psicológicos que Freud realizou procurando entender a alma humana, ele descreveu tres instâncias diferentes com as seguintes denominações: Id, que se refere aos impulsos automáticos do corpo, chamados de instintos, que nascemos com ele e que tem o objetivo de manter o corpo funcionando dentro das demandas da vida; Superego, que são os valores abstratos que estão presentes no mundo, dentro da família, da escola, da religião e em qualquer instância que vise proteger a integridade da sociedade; e Ego, que é a instância que faz o discernimento entre os desejos do Id e o imperativo limitante do Superego, na forma da consciência posta na arena mental onde vão se digladiar Id x Superego. O julgamento do Ego seria a fonte para a decisão do livre arbítrio e operar a vontade que coloca e ação a motricidade para a realização do que foi decidido.
Mas posso observar que o Cristo deu esse mesmo ensinamento de forma diferente há 2 mil anos. Cristo disse que nós possuímos um egoísmo ontológico (Id), nascemos com ele e que devemos aprender a controlá-lo, fazendo a vontade do Criador (Superego) que deseja que Suas criaturas se amem umas às outras, como é o desejo de cada pai. Quem deve tomar essa decisão é o Eu (Self, Espírito), que é a fagulha de Deus colocada em nossa existência e que tem a função de gerenciar o trabalho do corpo, seu equipamento para operar na dimensão material.
O ensinamento do Cristo tem mais profundidade, pois dar ao nosso aparelho cognitivo uma base de operações fundada na realidade do mundo espiritual, onde existe o Criador e todas as Suas criaturas, se intercambiando na dimensão material e espiritual na busca da perfeição através do processo evolutivo.
Além desse aspecto de base estrutural/conceitual onde opera o Id/Egoísmo x Superego/Deus e julgado, discernido pelo Ego/Eu(Espírito, Self), verifico que a energia do Id/Ego passa por um prisma cognitivo, conforme está implícito nas liçoes do Cristo, e se divide em sete energias diferentes, que posso nominar como preguiça, ira, luxúria, orgulho, vaidade, gula e avareza, os sete pecados capitais.
Dessa forma fica mais fácil perceber o que é animal, robótico, no corpo e seus instintos de natureza animal, e perceber com mais clareza a centelha divina que o Pai soprou dentro de nós, que está presente no Eu/Espírito e que se manifesta ativo quando percebe essa realidade e deseja fazer a vontade do Pai, uma ação humana, capaz de abnegar o corpo nesse divino propósito.
Assim vamos, por vontade própria, pelo livre arbítrio, nos tornar cada vez mais complexos em termos de ordem mais elevada, e longe dos automatismos rasteiros da carne. Podemos observar ao deitar, como foi o nosso dia, se foi mais produtivo que o dia anterior em tudo que tivemos oportunidade de fazer com esse foco, pois cada habilidade virtuosa aperfeiçoada amplia o nosso Eu e o torna super organizado e coerente no Caminho da Verdade que o Cristo ensinou.