Eu posso estar enganado, concordo com essa possibilidade, pois não sou o dono da verdade em nada. Uso a minha pobre razão, fraca inteligência, pouca sabedoria, para compreender um pouco da verdade dita por pessoas mais sábias. Entre essas pessoas, a que considero mais sábia de todas é Jesus de Nazaré, o que se tornou Cristo para todos nós.
Cristo ensinou que a maior lei, acima de qualquer outra, era amar a Deus acima de qualquer coisa, com toda energia, com toda a compreensão e amar ao próximo como se fosse a si mesmo. A primeira parte é essencialmente subjetiva, está dentro da nossa mente, nos nossos sentimentos; a segunda parte é objetiva, pois diz respeito ao nosso relacionamento com o próximo.
A primeira parte da lei maior é comigo e com Deus, pois Ele sonda o meu coração e verifica se o que digo corresponde a verdade. A segunda parte também pode ser comprovada por Deus, pois nada despercebido por Ele, mas também passa pela racionalidade de todos os meus irmãos que leem o Evangelho e tiram suas próprias conclusões sobre a lei maior e sua aplicação.
Devido a essa responsabilidade de cada pessoa usar o seu racional para interpretar a lei maior e aplicá-la dentro dos nossos relacionamentos, desenvolvi uma compreensão muito particular, pois vai de encontro a conclusão que a maioria das pessoas fazem, e fazem suas leis secundárias a partir de suas conclusões, que constrói a cultura onde ficamos inseridos.
Interessante que essa lei maior já era evocada por vários povos muitos séculos antes da vinda do Cristo.
Diziam os gregos: Não façais ao próximo aquilo que não desejais receber dele.
Afirmavam os persas: Fazei como quereis que se vos faça.
Declaravam os chineses: O que não desejais para vós, não façais a outrem.
Recomendavam os egípcios: Deixai passar aquele que fez aos outros o que desejava para si.
Doutrinavam os hebreus: O que não quiserdes para vós, não desejeis para o próximo.
Insistiam os romanos: A lei gravada nos corações humanos é amar os membros da sociedade como a si mesmo.
Essas orientações se perdiam muito no campo das orientações, dentro dos templos, mas com o Cristo houve o ensino e a exemplificação, na plenitude do trabalho, abnegação e amor.
Acatei este ensinamento do Cristo como verdade suprema e procuro segui-lo em toda a profundidade e honestidade: Fazer ao próximo aquilo que eu gostaria que se fizesse a mim se eu estivesse no lugar dele.
Foi com essa compreensão e procurando agir com dedicação a lei maior e perante Deus que entrei em conflito com meus irmãos e com a cultura dominante, no que diz respeito a fidelidade do casamento.
Se eu, casado, encontro uma pessoa que quer partilhar afetos comigo, e se eu estivesse no lugar dela, gostaria que isso acontecesse, desde que eu também tivesse esse desejo, então a lei maior devia ser aplicada. E como ficaria o compromisso de fidelidade que é parte importante do casamento?
Onde está a prioridade, na lei maior ou na lei conjugal? Parece claro que a lei maior deve ser respeitada como hierarquicamente superior. A lei conjugal deve ser ajustada!