Para defender a Santa Igreja Católica é preciso saber como está se procedendo os ataques, quem são os atores e quais são as instâncias deliberativas no campo administrativo para que a demolição da Igreja como foi construída no passado, venha acontecer. Vejamos o que nos diz o Capítulo III do livro “O Processo Sinodal, uma caixa de Pandora – 100 perguntas e 100 respostas”, na sua 22a. pergunta.
22 – Os fieis têm um papel na elaboração da doutrina da Igreja?
Sim. É inegável que os simples fieis (que não receberam o sacramento da Ordem) desempenham um papel muito importante na vida da Igreja, da qual são pedras vivas. O batismo os incorpora à Igreja, tornando-os partícipes em sua missão, e a confirmação os torna “mais estritamente obrigados a difundir e a defender a fé por palavras e obras, como verdadeiras testemunhas de Cristo”. A assistência do divino Espírito Santo, prometida por Nosso Senhor aos Apóstolos (Jo, 14, 16-17; 25-26), governa toda a Igreja e. embora se manifeste principalmente através do Magistério (infallibilitas in docendo), revela-se também através do consenso dos fieis. Este último expressa a infalibilidade da Igreja em sua crença (infallibilitas in credendo), que, como vimos, baseia-se no senso da fé que os fieis recebem no batismo.
Entretanto, o “consensus fidei fidelium” não pode ser equiparado à “volonté genérale” de Rousseau. O Cardeal Walter Brandmüller destacou, em abril de 2018, numa conferência em Roma: “Quando os católicos em massa consideram legítimo casar-se novamente após um divórcio, após uma contracepção ou algo semelhante, não se trata de um testemunho maciço a favor da fé, mas de um desvio maciço em relação a ela”.
Na mesma ocasião, o Cardeal Brandmüller afirmou que: “O sensus fidei atua como uma espécie de sistema imunológico espiritual, que leva os fieis a reconhecerem e rejeitarem instintivamente qualquer erro. É sobre esse sensus fidei, portanto, que repousa a infalibilidade passiva da Igreja, juntamente com a promessa divina, ou seja, a certeza de que a Igreja como um todo nunca poderá cair em heresia”.
Muito bem colocada essa analogia do Cardeal Brandmüller do sensus fidei com o sistema imunológico. Em nosso corpo, o sistema imunológico percebe toda partícula estranha como uma invasora e procura logo eliminá-la, retirá-la da circulação. Da mesma forma, uma informação nova que chegue à Igreja deve ser de imediato contida e expeli-la. Tal não aconteceu por alguns padres que as aceitaram as ideias maçônicas, progressistas, revolucionárias, como uma verdade que pode ser inclusa ao corpo místico da Igreja.
Essa falha do núcleo imunológico da Igreja permitiu a doença penetrar e se alastrar, a um ponto que hoje não conseguimos ver a face saudável da Igreja, e sim todos os comportamentos (sintomas) que caracterizam a doença.
Não devemos deixar que comportamentos não sintonizados com a vontade de Deus sejam executados e se tornem prioridade na vida social. Temos responsabilidade, enquanto filho do Pai e seguidor do Mestre, de termos a capacidade de discernir o certo do errado, e a coragem de denunciar o errado e praticar o certo, o Caminho da Verdade ensinado pelo Cristo.