O Diabo que é o adversário do Bem, simboliza todos os maus sentimentos que dificulta a alma para a aceitação do Evangelho do Cristo, e vive uma vida perversa, e miserável, contrariando a vontade de Deus.
Esses espíritos diabólicos podem penetrar na intimidade de alguma pessoa e fazê-la perder o controle do próprio corpo. A pessoa se considera endemoniada e geralmente precisa de uma pessoa com autoridade moral para retirá-la do corpo, fazer a desobsessão.
Dos muitos atos que Jesus fazia, as curas, os milagres, era a desobsessão que chamava mais a atenção. Os apóstolos não conseguiam fazer o mesmo, apesar deles viverem constantemente com o Mestre.
Certa vez, Tadeu, um dos apóstolos, impressionado com isso, interpelou o Mestre, perguntando qual a razão de não ser dado aos apóstolos esse poder automático de afastar os demônios.
O Mestre perguntou qual era o objetivo de sua vida, e Tadeu respondeu que era o de realizar o Reino de Deus em seu coração. Seguindo o sentido da resposta, Jesus indagou porque ele pretendia tal objetivo e ficava a reclamar do adversário em primeiro lugar? Seria justo esquecer o próprio caminho? Se queremos fazer a vontade do Pai e construir o Reino de Deus dentro do coração, é indispensável que reconheçamos que todos somos irmãos e com o mesmo objetivo de trilhar o Caminho da Verdade para chegar ao Pai.
Tadeu ficou surpreso e perguntou se os espíritos do Mal também são nossos irmãos. Jesus então esclarece que toda a criação é de Deus. Os que vestem a túnica do Mal envergarão um dia a túnica da redenção pelo Bem. O discípulo do Evangelho não combate propriamente o seu irmão, como Deus nunca entra em combate com seus filhos. Se os inimigos do Reino se empenham em batalhas sangrentas, não esqueça do teu próprio trabalho; se eles padecem no inferno das ambições desenfreadas, tu deve caminhar para Deus; se eles lançam perseguições contra a Verdade, tens contigo a Verdade divina que o mundo não poderá roubar. Os grandes patrimônios não pertencem às forças da Terra, mas às do Céu. O homem que dominasse o mundo inteiro com sua força, teria de quebrar a sua espada sangrenta, ante os direitos inflexíveis da morte. E além desta vida, ninguém te perguntará pelas obrigações que tocam a Deus, mas, unicamente, pelo mundo interior que te pertence, a ti mesmo, sob as vistas amoráveis de nosso Pai. Devemos aceitar a luta que o Pai nos envia, lembrando que a cada dia basta o nosso trabalho. O adversário é sempre um necessitado que comparece ao banquete de nossas alegrias e, por isso, embora não tenha sido convidado, pois chamamos apenas os simples e os de boa vontade, nunca lhe feche as portas do coração, encarando a sua vinda como uma oportunidade de trabalho que Deus nos julga digno.
O Mestre encerra suas explicações sobre essa luta contra o Mal, representado pelos demônios que checam a nos dominar em espírito, reforçando que a edificação do Reino de Deus é o objetivo de nossa vida. Só a luz do amor divino é bastante forte para converter uma alma à Verdade. Por acaso já vimos algum desses adversários de nossa alma se convencer sinceramente, tão-só pela força das palavras? As dissertações filosóficas não justificam toda a realização material. Elas podem ser mais um recurso, uma túnica brilhante, acobertando penosas necessidades. O Reino de Deus, porém, é a edificação divina da Luz. E a Luz ilumina, dispensando os longos discursos.
Capacita-te, Tadeu, porque ninguém pode dar a outrem aquilo que ainda não possui no coração. Vai! Trabalha sem cessar pela tua grande vitória. Zela por ti e ama o teu próximo, sem esqueceres que Deus cuida de todos, e, geralmente, esses cuidados de Deus com a Sua criação, anjos ou demônios, são feitos através de nossas ações.