A Netflix apresenta uma série “Hitler e o Nazismo” que nos oferece uma visão realista da influência do mal sobre pessoas que se tornam carrascos perversos dos próprios irmãos. Vejamos a décima terceira parte do episódio 1, “Origem do mal”.
JULGAMENTO EM NUREMBERG – 21 DE NOVEMRO DE 1945
A guerra não aconteceu do nada. Ela foi planejada e preparada durante um longo período.
Robert H. Jackson – Chief Prosecutor, United States: A peça-chave da coesão no planejamento e na execução foi o Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães, vulgo Partido Nazista. Alguns dos réus faziam parte dele desde o começo. Um novo membro fazia o juramento do partido. Ele jurava o seguinte: “Eu juro fidelidade inviolável a Adolf Hitler. Eu juro obediência absoluta a ele e aos líderes que ele nomear para mim.”
Os subordinados que ajudaram Hitler rumo à supremacia política na Alemanha formavam um grupo curioso. Havia Göring, um famoso piloto da Primeira Guerra, e dependente químico. Ele enfim realizou a ambição de ser o número um, mas não exatamente como sonhava. À primeira vista, mal o reconheci. O uniforme desbotado da Força Aérea, sem a insígnia e as medalhas que adorava de modo tão infantil, estava frouxo. Não havia vestígios da antiga corpulência, da antiga arrogância, do ar extravagante. Eu pensei: como uma reviravolta do destino pôde reduzir tanto um homem? Rudolph Hess, que por muito tempo foi o aliado nazista mais próximo de Hitler, me parecia um homem acabado no banco dos réus. O rosto estava macilento. Parecia uma caveira. A boca tremia nervosamente. O brilho nos olhos havia sumido, e ele só dirigia um olhar vago à sala. Foi a primeira vez que vi Hess sem uniforme. Alfred Rosenberg, que já foi mentor de Hitler e do movimento nazista. O homem que contribuiu tanto para o ódio racista dos nazistas e que colaborou diretamente com o extermínio dos eslavos estava nervoso no banco dos réus, inclinado para a frente para ouvir melhor, com as mãos tremendo (From the Rise and Fall of Adolf Hitler, by William L. Shirer).
Esses homens que agora estavam sendo julgados por seus crimes contra a humanidade, se parecem muito com os poderosos do atual sistema de poder brasileiro, a contar pelos juízes do Supremo Tribunal Federal. Pessoas colocadas num cargo público de destaque nacional e que se sentem gratificados por seus padrinhos, mesmo que esses sejam criminosos e esperem que eles cometam os mesmos crimes como forma de agradecimento. Tudo isso se passa frente aos olhos da nação que se sente incapaz de conter tal arbitrariedade e lentamente perde a sua liberdade. Mas, a justiça não se resume ao que nós, humanos, construímos com nossas deficiências e defeitos morais. A justiça é um elemento de maior significância e penetração pois está associado a própria existência do divino. Alguns criminosos são pegos por nossa justiça incipiente e vão a julgamento como aconteceu com esses criminosos nazistas. O mesmo acontecerá com esses criminosos brasileiros que vestem toga, beca acadêmica ou vestes eclesiásticas. Serão colocados nos bancos dos réus e veremos a sua derrocada autoritária, como acontece com os nazistas nesse momento do nosso estudo. Ainda assim, mesmo que eles escapem da nossa justiça humana, jamais escapará da justiça divina, como tantos outros que pensaram ter escapado e a morte o devolve aos braços da justiça divina e voltam para pagar por seus crimes rastejando com suas misérias por leitos de hospitais clínicos ou psiquiátricos ou marginalizados por baixo das pontes ou sofrendo fome e frio nos serenos das madrugadas.