Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
27/10/2024 00h01
ACOMPANHANDO JESUS 03 MEU NOME É JESUS

            Chegamos no Templo de Jerusalém no momento que se processava o ritual dos sacrifícios, com uma multidão presente à leitura de Levíticos. Os animais de maior porte já chegavam abatidos diante do altar, e as oferendas menores, como as aves, eram mortas ali mesmo e ficavam expostas junto com a farinha para os pães da oferenda.



            Procurei falar com um homem que parecia ser um levita e perguntei se por acaso ele conhecia ou ouvi falar de um jovem chamado Jesus, filho de José e Maria, vindos de Nazaré. Ele disse que não conhecia, e procurei ir em alguma banca trocar o ouro que levava por moeda corrente. Senti que a troca não foi justa, e lembrei do que estava escrito nos Evangelhos sobre a honestidade desses cambistas que negociavam no Templo.



            Já sentindo cansaço, sentei num degrau da escadaria do Templo, perto de um jovem que estava sentado no mesmo degrau. Passou por nós uma jovem que depois vim a saber que se chamava Sara, mercadora de essências e conhecida como alguém que levava uma vida desregrada. Ela percebendo a formosura do jovem que estava sentado ao meu lado, se dirigiu a ele com gestos insinuantes e pude ouvir que ela se oferecia declaradamente em busca do amor que ele pudesse lhe oferecer.  Mas o jovem se mostrou por inúmeras vezes não se sentir seduzido por suas propostas, dizendo “Hoje, não. Mas algum dia... Talvez sim”. Finalmente, irritada ante a negativa daquele moço, retirou-se, gesticulando de forma descontrolada.



            Observei que mesmo os serviços do Templo tivessem sido iniciados, muitos sacerdotes e levitas continuavam chegando e se detinham um pouco, curiosos, frente ao jovem que continuava sentado ao meu lado. Um desses sacerdotes, mais curioso, reconhecendo nele alguém da Galiléia, por seus cabelos longos, cacheados e repartidos no meio, perguntou de onde ele era e o que fazia ali na Judéia. O jovem respondeu de forma que deixou tanto o sacerdote quanto a mim imantados em suas palavras: “Sou de Nazaré, e passo aqui para cumprir uma missão dada pelo Pai que está nos Céus”.



            O sacerdote visivelmente irritado, disse que não tinha entendido, como ele podia dizer que tinha uma missão de implantar uma obra divina? Não sabia que isso era uma blasfêmia? Disse o seu nome, Hanã, que era o Sumo Sacerdote, e, se Deus tivesse de dar alguma atribuição a alguém, certamente daria a ele, e não a uma pessoa que se mostra despreparado. Poderia fazer isso sozinho? Quem o auxiliaria nessa missão?



            O jovem compreendeu a irritação de Hanã e respondeu sem alteração: - Sacerdote, meus colaboradores serão enviados pelo Pai e virão de todos os lugares, e serão aqueles que trarão a boa vontade e o amor. Concluiu dizendo que conhecia o amor e a paz e trazia consigo o desejo ardente de fazer a vontade dEle que está nos Céus.



            Hanã, impressionado e ao mesmo tempo irritado, dirigiu ao jovem um olhar de profundo desprezo e começou a subir as escadas do Templo. De repente voltou-se para trás, e em tom bastante áspero, perguntou: - Qual é o teu nome, Galileu?



            - Meu nome é Jesus, respondeu o jovem.


Publicado por Sióstio de Lapa
em 27/10/2024 às 00h01