Fui com alguns parentes entregar o corpo de minha tia ao seio da Natureza, em Areia Branca-RN, conforme a sua vontade. De Natal até o destino final são cerca de 300 km, 4 horas de viagem, que de ida e volta corresponde a 600 km de viagem com 8 horas de duração. Durante a viagem a predominância dos comentários eram críticas ao meu comportamento enquanto marido da minha primeira esposa, que viajava conosco ao meu pedido. Mas não importa agora entrar nesse mérito. Veremos quais as lições espirituais que posso tirar desse evento.
Primeiro, toda a participação espiritual referente a entrega do corpo para a sepultura e liberdade do espírito no mundo astral era de conteúdo católico. Mas aproveitei a oportunidade para dizer algumas palavras de conteúdo espírita, tanto em Natal quanto em Areia Branca, para o processo divino de nossa caminhada pelas dimensões da vida que o Pai nos oferece. Mas irei desenvolver aqui um tema colocado no Semanário Litúrgico-Catequético distribuído pela Igreja Católica por ocasião do evento.
Na liturgia da palavra é dito que: “A morte é a passagem para a plenitude da vida nova em Cristo, quando já não haverá tristeza nem sofrimento. Jesus é o caminho que nos conduz ao lugar que Deus reservou para nós.”
A mensagem diz que o espírito, com a morte do corpo físico, entrou na plenitude de uma vida nova em Cristo, que a tristeza e sofrimento percebido aqui no mundo material não existe mais, pois Jesus é o caminho que nos leva ao lugar que Deus reserva para nós.
Esta é uma mensagem de conteúdo passivo, que basta acreditar em Jesus para alcançar o lugar que Deus reservou junto dEle para nós. Não estimula a quem fica aqui para agir de forma conveniente, conforme a vontade de Deus.
Jesus veio até nós com a missão de nos ensinar, evangelizar, mostrar o caminho estreito da verdade por onde devemos ir em direção a vida eterna ao lado do Pai. Portanto, todos os presentes devem conhecer e procurar praticar essa lição básica do Cristo: reconhecer Deus como o nosso criador e a todos como irmãos que devemos amar como se fosse a nós mesmos.
Cada pessoa traz no seu corpo e na sua história todo o currículo de como viveu nesta dimensão espiritual. Não é somente acreditar no que Jesus ensinou que já tem seu lugar reservado ao lado do Pai, como Ele já tinha designado. Isso não é coerente com a realidade. Posso acreditar em Jesus como meu salvador, como é lido na liturgia, e por isso ter o meu lugar garantido na eternidade? Este equívoco deve ser corrigido o quanto antes, para ajudar na salvação da alma displicente sobre o que tem de fazer.
Devemos esclarecer no velório, neste momento muito propício, a nossa responsabilidade comportamental para que nossa alma nesse momento que inicia sua viagem de volta ao mundo espiritual, possa levar consigo todos os atributos necessários para uma boa colocação.
O espírito enquanto encarnado, na gerência do corpo físico, ao ter conhecimento do Caminho estreito ensinado pelo Cristo para caminhar na Verdade, deve entender que esse Caminho é ensinado para ser percorrido e não somente apenas saber que ele existe.
É importante colocar nesse momento todas as boas ações praticadas pela pessoa como testemunhas da capacitação dela no mundo espiritual. As falhas que todos nós possuímos e que atrapalham na pureza do nosso espírito, devem ser corrigidas, como acontece em qualquer escola na qual possamos estudar aqui no mundo material e assim irmos evoluindo de série em série.
Para fazer essa dinâmica de correção dos nossos erros que aconteceu agora nesta vivência, é necessário que o espírito volte a reencarnar e tenha nova chance de corrigir os seus erros. Este é o ponto de discordância entre a doutrina da Igreja Católica atual com a doutrina espírita. Enquanto a primeira considera a passagem direta e irreversível para o mundo espiritual sendo colocada no lugar que Deus reservou para ela, a segunda entende que os erros cometidos devem ser corrigidos com outra vivencia proporcionada pela reencarnação. Dessa forma, o espírito quanto tiver passado pelas reencarnações suficientes para a pureza do espírito, ficará situado ao lado de Deus numa posição que ele tenha alcançado conforme a aplicação do seu livre arbítrio.
Este momento da entrega do corpo à sepultura é uma ótima oportunidade de ensinar aos presentes no velório, o caminho indispensável que todos iremos atingir, e que não levamos nada conosco dos bens matérias que adquirimos, apenas os frutos do nosso comportamento, sejam bons ou maus, que iremos levar.