Frederico Reis desde jovem se mostrava sensível aos ensinamentos que recebia e considerava corretos, dentro da verdade e da justiça. Quando adolescente, tinha sonhos ancorados nas diversas revistas em quadrinhos que gostava de ler. Sempre brincava de mocinho e bandidos com suas tampas de garrafas, onde procurava fazer com que o bem sempre ganhasse e ficava contrariado quando as tampas do mal conseguiam ganhar.
Imaginava que iria encontrar a mulher ideal, com ela casaria, teria filhos e viveriam felizes para sempre.
Quando começou a refletir sobre os ensinamentos que recebia da Bíblia, sobre a paternidade universal de um Deus único e que deveria fazer a Sua vontade, como qualquer filho obediente faz com o pai biológico, viu que teria de modificar a sua própria narrativa de vida para que sua crença não se tornasse dissonante com a realidade de vida que passou a considerar como correta.
Assim, depois de muita luta interna, trocou a forma de amar com exclusividade desde que oficializou o casamento com sua primeira esposa, e passou a amar de forma a incluir qualquer pessoa que o Pai colocasse em seu caminho. Da mesma forma, obedecendo ao sentimento de justiça, deu o mesmo direito a sua esposa, mesmo que isso tivesse causado forte resistência dos seus preconceitos machistas.
Devido a essa nova forma de pensar o seu relacionamento conjugal se tornou instável, mesmo a sua esposa tendo aceito suas novas condições e ter praticado o que ele fazia, de se relacionar intimamente com outras pessoas, indo até a paixão e ao ato sexual, se fosse conveniente.
Mas, chegou num ponto crucial onde o conhecimento da sua esposa, das suas namoradas, que ele não omitia nem mentia, fez com que ela perdesse a paciência e a tolerância e o expulsasse de forma violenta de sua casa.
Pacífico como sempre foi, Frederico saiu de casa sem levar nada, apenas suas roupas, alguns livros e o carro com o qual se locomovia. Passou a conviver com outras mulheres, sempre informando em primeiro lugar como era o seu comportamento, no que acreditava e no que fazia para cumprir a vontade do Pai e pertencer a família universal dentro do Reino divino instalado no seu coração. Apesar de sempre expulso quando essas mulheres percebiam que não podiam modificar a sua forma de pensar, Frederico nunca recusou a convivência com mais uma mulher que quisesse tentar essa forma diferente de relacionamento.
Foi assim que, convivendo em união estável com mais uma mulher, teve contato com outra mulher bem mais jovem, e dentro dos seus critérios de vida teve o relacionamento sexual. Essa mulher engravidou, mas confessou que tivera um relacionamento anterior com um homem casado. Portanto, não tinha certeza de quem seria o filho.
Frederico conversou com ela e deu segurança de que o filho que iria nascer teria um pai. Ele providenciaria o teste de DNA para saber se o filho era dele, e ele assumiria a paternidade com todos os deveres legais e emocionais. Caso o filho não fosse dele, a mãe informaria ao verdadeiro pai. Se ele assumisse a paternidade, mesmo com toda a dificuldade por ser uma pessoa casada, Frederico seria o padrinho e também manteria uma ajuda. Se por algum motivo o verdadeiro pai não pudesse ou não quisesse assumir a paternidade, Frederico então assumiria a paternidade com todos os direitos e deveres do pai biológico. Continuaria a se relacionar com a mãe de forma fraterna, com amizade íntima, se fosse do desejo e interesse de ambos.
O filho nascido nesse contexto, teria a informação verdadeira de sua condição de vida, a medida que fosse tendo capacidade de refletir sobre o acontecido com a sua geração biológica. Frederico passou a ter uma relação de amante com a mãe, mas sempre com o fundo sentimental do amor, colaborando para a sua evolução espiritual e profissional. Sabendo que devido a diferença de idade, a mãe poderia ser sua filha ou neta, Frederico sempre a deixava ciente dessa condição e que ela tinha sua completa liberdade de se relacionar com outras pessoas, sem nenhum preconceito e que procurasse cumprir a principal lei de Deus, como ele fazia.
Foi dentro dessas condições que a mãe encontrou uma pessoa da sua idade, de boa índole, se apaixonaram, e ela informou tudo que aconteceu e estava acontecendo na sua vida. A pessoa compreendeu e resolveram casar dentro do contexto cultural em que viviam, da fidelidade conjugal, do amor exclusivo.
Resolveram fazer uma reunião com os principais envolvidos em suas vidas para esclarecer de forma transparente, honesta e justa os relacionamentos que deveriam prevalecer entre eles. Se reuniram o casal recém-casado, Frederico e o pai biológico. Ficou bem claro a natureza de fidelidade do casamento da mãe, que ela não teria mais intimidades sexuais com ninguém, obedecendo a fidelidade conjugal com o marido. O marido, por sua vez, teria a confiança no pai biológico e no pai oficial do seu enteado, e ambos teriam contato com o filho quando fosse conveniente para todos. E ambos garantiram que não teriam qualquer comportamento de indução à intimidade sexual, mesmo que esse desejo surgisse de forma automática em suas mentes, e que o atual marido, como todos os presentes seriam considerados como irmãos, e que estariam todos conscientes da presença do Pai em suas vidas.
Frederico terminou a reunião argumentando que estava muito contente e orgulhoso do pensamento, sentimento e comportamento que todos demonstraram nessa reunião, pois cada um com suas dificuldades pessoais e preconceitos culturais, estavam construindo uma célula da família universal, sendo aquele filho gerado, adotado e aceito com todo amor possível de todos, o vetor dessa realização.
Todos concordaram que esse filho poderia ser considerado o filho da consonância com o Reino de Deus.