Imagino que o filho do estupro não sabe quem é o pai, e talvez nem o queira conhecer, talvez tenha absorvido a raiva que sua mãe gerou pela violência do que aconteceu na sua origem. Mas ele sabe que tem um pai biológico.
Agora, quanto a nossa paternidade espiritual? Sabemos que tudo que existe tem uma causa, um criador. Portanto, nós, seres humanos, também temos um Pai comum.
Com essa compreensão, iremos procurar descobrir quem é esse Pai espiritual que nos deixa enquanto humanidade, irmanados nesta Terra.
Observamos no desenvolvimento das diversas sociedades humanas, desde as mais antigas, aquelas até dentro da idade da pedra, essa busca pelo divino.
De acordo com os estudos e graus de civilização, existem diversos deuses para diversas culturas. Mesmo que esses deuses não coincidam uns com os outros, mas o sentido é o mesmo: encontrar um Pai universal, com nomes como Krsna, Buda, Alá, Jeová, Deus, etc.
Somos todos filhos do mesmo Pai a procura do nome para darmos a Ele e a forma de reverencia-Lo, obedece-Lo.
Mas tem pessoas que não acreditam em Deus, no Criador de tudo, não importa o nome que dermos a Ele. Como poderíamos entender essas pessoas? Filhos sem Pai? É possível?
Não, não é possível entender que um filho seja gerado sem pai, quer seja biológico, quer seja transcendental.
Já vimos que alguns filhos de estupro não querem nem saber dos seus pais biológicos, absorveram o trauma psicológico e físico da mãe e o preconceito da cultura ao redor. Não são esses filhos que não querem saber do Pai espiritual parecidos com esses filhos do estupro?
Não está aqui a intenção de causar qualquer tipo de abuso a essas pessoas, mas sim de procurar ajudar. Essas pessoas não estão em situação de deficiência comparados com nós que nos consideramos filhos de Deus? Eles se consideram órfãos dessa paternidade. A orfandade é um conceito que implica necessidade para o órfão, na educação, na subsistência... não é assim?
Qual a causa do órfão da divindade que parece ser mais grave do que o órfão biológico? Porque este se considera órfão, mas sabe que tem um pai, vivo ou morto. E aquele nem se considera órfão, pois imagina que nunca teve um Pai espiritual. Este não se torna uma pessoa mais necessitada?