Temos a oportunidade de a cada dia afinar a nossa narrativa pessoal com a Verdade. Todo ser humano, de natureza racional elaborada, consegue construir uma narrativa pessoal, por mais simplória que seja. Como ainda estamos cheios de ignorância, nossas narrativas pessoais por mais intelectuais que sejamos, ainda estão cheias de erros, e por isso a constante visão crítica do mundo é importante para confrontar a realidade com nossas crenças. Quando estas crenças se mostrarem incoerentes com a verdade que a realidade nos mostra, nós temos que corrigir nossas crenças e conformar melhor nossa narrativa com a Verdade, evitando a dissonância cognitiva.
Portanto, ao digitar este texto, estou relatando em que condição está a minha narrativa pessoal, e cada leitor, com sua própria narrativa, irá avaliando o que seja coerente ou não, o que deve servir para corrigir a sua narrativa ou não. Este é o processo de aprendizagem contínuo que vamos obtendo, construindo e auxiliando de forma mútua.
Sou um Espírito criado pelo Pai, de forma simples e ignorante. Não consigo ainda encontrar uma razão satisfatória para entender as intenções de Deus na criação de seres semelhantes a Ele, mas em condições de simplicidade e ignorância, sem qualquer forma de diferenciação. O Espírito formado é quem irá adquirindo uma consciência cada vez mais elaborada de acordo com as experiências que irá tendo ao longo de sua existência. Dessa forma irá acumulando erros e acertos que poderão impactar nos irmãos, nos outros espíritos que estão evoluindo da mesma forma.
O Pai, sempre presente, observa a evolução dos seus filhos, compreendendo que os erros de cada um irão impactar negativamente na coletividade. A principal fonte de erros do Espírito encarnado é considerar que o corpo que ele administra é onde está a essência da sua vida. Como este corpo é formado com instintos que motivam o comportamento em direção à sua autopreservação, gerando o egoísmo, isso pode causar prejuízos ao irmão que está próximo. Se não conseguirmos corrigir esse excesso de egoísmo para não causar prejuízos ao próximo, seremos um elemento de letalidade dentro da coletividade dos irmãos.
O Criador deseja que Seus filhos tenham uma evolução satisfatória para se aproximarem dele com uma pureza espiritual, sem a sujeira dos excessos do egoísmo. Mas como iremos corrigir esses erros que o egoísmo provoca, se somos ainda muito ignorantes, que ainda pensamos que o corpo é a nossa vida? Pode ser que algum Espírito, aqui ou acolá na evolução da história, tenha demonstrado um reflexo consciencial da importância da Verdade sobre o egoísmo alicerçado na ignorância. Um desses espíritos foi encarnado no corpo que conhecemos como Sócrates. Ele reconhecia o valor da Verdade, que vivíamos mergulhados na ignorância, e por pensar dessa forma foi acusado, julgado e condenado pelos ignorantes a morrer com a tomada do veneno cicuta. O seu exemplo ficou entre nós até hoje, ressaltando a ética na consciência, mas de forma desconectada com o Criador.
Deus observando a dificuldade intelectiva de Sua criação encontrar o Caminho da Verdade, designou que um Espírito bem mais evoluído, com pureza suficiente para conviver na Sua intimidade, que viesse até nós, encarnado num corpo humano, para nos ensinar o Caminho. Foi este o trabalho de Jesus como Mestre, ensinar que possuímos um Pai espiritual, que vida real acontece no mundo espiritual, que as experiências que vivemos no mundo material são lições que devem servir para o nosso aprimoramento espiritual e que a energia mais importante do universo, a que deve nos mover, é a energia do amor incondicional.
Como o Mestre percebeu que nossa maior dificuldade é saber como amar de forma incondicional e não seguirmos os nossos instintos na forma de egoísmo e prejudicar o próximo, Ele nos deu uma bússola comportamental para nos orientar dentro dos nossos relacionamentos. Nós devemos sempre nos colocar no lugar de quem está ao nosso lado e se queremos fazer alguma ação e não sabemos se é boa ou ruim, é só imaginar se a pessoa quer receber a ação e se isso que queremos fazer é bom ou ruim se fosse nós a recebe-la.
Portanto, eis o ensinamento, a mensagem básica, essencial do Mestre: “Amar a Deus sobre todas as coisas, com toda a energia e entendimento, e amar ao próximo como a si mesmo”.