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29/12/2024 00h01
ALCOOLISMO E EGOÍSMO (02) - GRUPOS

Quase todos os membros de AA sabem que dois encontros dramáticos em meados da década de 1930 foram eventos fundamentais que influenciaram na existência dos Alcoólicos Anônimos.



Sabendo desse episódio que gerou os grupos de Alcoólicos Anônimos para combater o Alcoolismo, como seria necessário para a formação dos grupos de Egoístas Anônimos para combater o egoísmo selvagem.



Da mesma forma que bebidas alcoólicas é comum dentro da comunidade e só se torna doença quando a pessoa não consegue controlar o seu consumo e causa prejuízos a si mesmo e ao redor, o egoísmo é comum dentro do comportamento humano e só se torna doença quando se torna incontrolável, selvagem, e passa a prejudicar as pessoas ao redor.



Há uma diferença marcante entre o alcoolista e o egoísta selvagem, pois enquanto o primeiro prejudica todos sem exceção, o egoísta selvagem aparentemente causa benefícios as pessoas mais próximas, aos cúmplices e principalmente a família.



O primeiro dos encontros para a formação do AA foi a visita de Ebby T. a Bill W. em 1934, quando o derradeiro bebeu na cozinha de sua casa no Brooklyn. O segundo grande encontro aconteceu cerca de seis meses depois e ajudou na centelha e fundação da atual Irmandade de AA. Esse, é claro, foi o famoso encontro de Bill com o Dr. Bob em Akron, Ohio, no Dia das Mães de 1935.



Será que poderemos formar o grupo de Egoístas Anônimos com a mesma burocracia de encontros formalizados como os de criação do AA? Parece que não. Os egoístas selvagens estão muito confiantes de que estão fazendo a coisa certa, de que não são doentes, e geralmente estão na condição de mando, gerenciando valores públicos que são os principais aperitivos para sua doença fortalecer.



O primeiro grupo de Egoístas Anônimos deve ser criado de forma terapêutica, por um profissional que perceba em seus pacientes, geralmente psiquiátrico, que desenvolvam um diagnóstico onde esteja presente o egoísmo como um elemento principal.



Hoje, aquelas primeiras reuniões são corretamente consideradas como a primeira propagação de AA. Mas, na verdade, eram também novas plantações de trabalho do Grupo Oxford, a irmandade inspiradora que nutriu muitas das ideias e práticas espirituais que se tornaram essenciais para Alcoólicos Anônimos.



Assim, é importante saber um pouco da história e uma discussão das ligações de AA com o Grupo Oxford e seu fundador, Frank Buchman, para compreender como se dará o desenvolvimento do grupo de Egoístas Anônimos, dos quais se inspira.



O Grupo Oxford foi um movimento cristão missionário que cresceu na década de 1920 sob a liderança de Buchman, um homem extraordinário que eventualmente se tornou famoso no mundo por seu trabalho na reconciliação e promoção da paz. Na década de 1950, ele foi duas vezes nomeado para o Prêmio Nobel da Paz. Buchman, um ministro luterano, nasceu em 4 de junho de 1878, em Pennsburg, no leste da Pensilvânia. Ele levou uma vida cobiçada que ficou marcada por grandes conquistas e algumas controvérsias. Sua progressão como figura mundial era tamanha que quando morreu em Freudenstadt, Alemanha, em 1961, seu obituário foi publicado na primeira página do 'The New York Times' e do 'Los Angeles Times'. Ele foi elogiado na Câmara dos Representantes do plenário dos EUA por 11 membros do Congresso, enquanto 20 chefes de estado enviaram mensagens ao seu funeral. Seu falecimento também foi notado por revistas de notícias e outras publicações.



O programa de Buchman foi várias vezes chamado de "Irmandade Cristã do Primeiro Século" – "Os Grupos" (década de 1920), o “Grupo Oxford” (década de 1930), “Rearmamento Moral” (1938) e, desde 2002, "Iniciativas de Mudança". Os amigos e associados de Buchman o conheciam como um homem genial, intuitivo, inteligente e compassivo – um verdadeiro humanitário. Ele tinha uma habilidade extraordinária de motivar homens e mulheres capazes de dedicar todo seu tempo e dinheiro no cumprimento de sua visão global de mudança do mundo por meio da mudança de vida. Suas ferramentas para efetuar mudanças em pessoas e circunstâncias foram a orientação de Deus e os quatro padrões (absolutos) de honestidade, pureza, altruísmo e amor. Pode-se dizer, com justificativa, que Buchman tentou levar os princípios espirituais, essenciais, à pessoas medianas, sem se deixar desviar por questões religiosas ou sectárias. Ele foi certamente um dos primeiros arquitetos dos movimentos espirituais de ajuda mútua que cresceram em muitas formas. John Drakeford escreve em sua "Terapia de Pessoas Para Pessoas”, que as raízes de renovação da ajuda mútua moderna estão nas reuniões do grupo de John Wesley, no Grupo Oxford de Frank Buchman e nos Alcoólicos Anônimos de Bill W.. Howard Clinebell, autor do clássico livro "Compreendendo e Aconselhando o Alcoólatra", diz que Buchman, tanto quanto qualquer um, tirou o povo do pressuposto de que as pessoas problemáticas deveriam procurar um profissional. Ele demonstrou que eles poderiam obter mais ajuda de outras pessoas com os mesmos problemas.



            Esta herança histórica na criação dos grupos de AA, envolvendo a espiritualidade e a mútua ajuda entre pessoas envolvidas com comportamentos nocivos, resistentes as terapias profissionais, deve ser incluída nos grupos de Egoístas Anônimos.


Publicado por Sióstio de Lapa
em 29/12/2024 às 00h01