Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
08/01/2025 00h01
IGREJA CATÓLICA 1-MUDANÇA

            Acompanhando o pensamento do Padre David Francisquini (Revista Catolicismo dez/2024) vou colocar a pergunta feita antes e tecer algumas considerações:



            Acompanho o site português de notícias religiosas 7 Margens e fiquei chocado com o artigo “Acabou o sínodo, acabou a Igreja Universal... e o papel das mulheres permanece em aberto”, sobre a conferência de imprensa de apresentação do documento final do Sínodo sobre a sinolidade. Interrogado sobre a passagem a respeito do diaconato feminino, o Padre Giacomo Costa, um dos secretários especiais da assembleia sinodal, respondeu que uma grande “novidade deste documento” é que “não se fala mais de uma Igreja Universal” e não se encara a Igreja “como uma multinacional com suas filiais”. A Igreja é vista como “uma comunhão de igrejas que, juntas, caminham”, dando um testemunho de que “na diversidade é possível ser-se unido na fé e um único corpo em Cristo”. Pergunto se a Igreja deixasse de ser “universal”, poderia continuar a se chamar “católica”?



            Minha primeira impressão sobre essa pergunta é que a proposta é interessante. Privilegia a diversidade do pensamento dentro das igrejas que se unem na fé em Cristo.



            Não vejo como isso destrói o catolicismo da Igreja, parece até que fortalece, abrangendo mais igrejas com mais diversidades. A pergunta me parece sem sentido: “se a Igreja deixasse de ser universal, poderia continuar a se chamar católica?” Não me parece que a Igreja deixaria de ser universal apesar de um dos secretários da Assembleia Sinodal ter dito que “não se trata mais de uma Igreja Universal” uma “multinacional com suas filiais”, mas uma comunhão de igrejas que juntas caminham. Mas não é dentro do critério universalista?



            Mas, o Padre Francisquini tem outra opinião.



            A pergunta do missivista tem todo cabimento. Na verdade, o adjetivo “católico”, tradução do grego katholikós (por sua vez derivado de kathá – através, completamente – e holos – inteiro, tudo), quer dizer precisamente “geral”, “universal”. Logo, ao menos semanticamente, a nova Igreja não-universal do Pe. Costa não seria mais a Igreja Católica.



             Esta resposta se aplica ao comentário do Pe. Costa de que a Igreja deixou de ser universal, e se a opinião do secretário da Assembleia Sinodal procede, então a Igreja deixaria de ser católica.



            Mas vejamos o conteúdo mais profundo do pensamento do Pe. Francisquini.



            A Santa Igreja tampouco seria “católica” do ponto de vista teológico, pois o que está implícito nas suas palavras é que diferentes igrejas particulares poderiam ter respostas diversas a respeito de muitas questões, por exemplo, na questão do diaconato das mulheres. A primazia da igreja de Roma – Sé de Pedro – ficaria, assim, reduzida a um primado de honra, já que as demais igrejas não são meras filiais dela e podem, portanto, dar soluções doutrinariamente diferenciadas em temas nos quais existem várias opiniões. Era, pelo menos, a autonomia das igrejas locais em matéria doutrinária que reclamavam, no imediato pós-Concílio, teólogos progressistas como Hans Küng, Leonardo Boff e um longo “etcétera”.  



            Essa resposta parece estar relacionada com a unicidade da Igreja, e não com a catolicidade, a universalidade.


Publicado por Sióstio de Lapa
em 08/01/2025 às 00h01