A razão cristã defende que a ordem moral é interior antes que exterior. É encontrada na pessoa singular, antes que seja vista no meio social, onde a pessoa desenvolve a sua personalidade.
Ao nascermos trazemos uma predominância das forças instintivas, herança ancestral de nossa evolução biológica. Isso favorece o egoísmo, a inclinação para o mal na procura sem pudor do que seja bom para a sobrevivência material.
O espelho político dessa realidade biológica é a subversão interior da ordem moral com reflexos dentro da comunidade. Essa desordem é manifestada toda vez que o mais digno aparece subordinado ao menos digno, isto é, quando os inferiores usurpam o lugar do superior.
Verificamos esse fato no Brasil, quando um sindicalista medíocre, mas mestre da oratória e da distorção de dados mentiras e falsas narrativas chegou ao cargo mais alto da nação. Logo passou a subverter pessoas conhecidas como mais ilustres, como acadêmicos, juízes e até o clero. Contaminou com suas ideias todas as instituições da pátria que não conseguem exercer a missão confiada pela população, ficando todos a mercê da barbárie fantasiada de justiça e democracia.
Existe ordem em nossa conduta pessoal quando ela é regida pela razão cristã, pois a razão humana sem o devido freio espiritual pode está desordenada, mesmo entre pessoas ilustres e com boas intenções, quanto mais com pessoas menos dignas e de más intenções.
Esta ordem moral também existe no Estado quando governam as superioridades legítimas, seja qual for a sua designação, tenham ou não o consenso popular.
Ninguém é superior legítimo por ter sido eleito, senão pode dar-se o caso de que a maioria eleja alguém que não seja o melhor, que essa pessoa conseguiu benefícios imediatos, geralmente por meios iníquos, para direcionar a vontade dos eleitores.
A superioridade procede dos talentos recebidos de Deus e do esforço pessoal para faze-los frutificar.
A democracia verdadeira é aquela em que os pares em qualquer ordem de atividades sociais elegem um dentre eles para representa-los. É razoável supor que, normalmente, os pares não irão eleger o pior, mas aquele que está entre os melhores, tanto em uma fábrica, escola, igreja, academia, comunidade ou nação.
O conhecimento daqueles que podem ser eleitos por parte dos que elegem é um pré-requisito essencial. Temos que usar nossa capacidade de discernimento para perceber as manobras da mídia, dos marqueteiros, que tentam ocultar os defeitos e criar virtudes inexistentes nos candidatos.
Com esses cuidados, observamos que é mais prudente pesar os votos do que conta-los, pois a qualidade sempre deve preceder à quantidade.
A democracia que exercemos é fictícia, viciada, fundamentada na soberania popular que não passa de demagogia. A soberania é algo pessoal e não pode ser exercida pela multidão.
A soberania popular exercida através do voto é uma subversão da ordem natural porque consagra a primazia da quantidade acima da qualidade, ou seja, a onipotência do número.
O cristão deve rechaçar como errônea e funesta a soberania popular que usurpa a real Soberania de Deus, fundamento último de toda soberania humana legítima.
Reconhecemos a Soberania de Deus na Pessoa de Cristo, o Verbo de Deus encarnado como Filho sob o poder do Espírito Santo, a quem “todo o poder foi dado no Céu e sobre a Terra”.