Perguntas feitas ao espírito Atanagildo, no livro “A vida além da sepultura” e suas respostas para nossas reflexões, incluindo os leitores físicos que logo terão essa oportunidade e meus convidados espirituais, principalmente Jesus e seus apóstolos, que contribuirão com suas intuições, aos quais agradeço antecipadamente. Esta é a primeira pergunta do capítulo 9: Considerações sobre a desencarnação.
Pergunta – Após abandonardes o corpo físico, quais foram as primeiras reflexões que vos acudiram ao espírito?
Resposta – Não senti grande diferença ao mudar-me para o Mundo Astral por ter-me devotado profundamente em vida, à melhoria vibratória do meu espírito, do que resultou-me uma desencarnação bastante feliz.
Mesmo quando nos encontramos ainda no corpo carnal, já podemos viver parte do ambiente astral superior ou inferior em que iremos penetrar depois da morte corporal. Os hábitos elevados, cultuados na vida física, significam exercícios que nos desenvolvem a sensibilidade psíquica para depois nos sintonizarmos às faixas sutilíssimas das esferas do Além, assim como o cultivo das paixões denegridas também representa o treino diabólico que, depois, nos afundará implacavelmente nos charcos tenebrosos do Astral Inferior. Todo impulso de ascenção espiritual é consequente do esforço de libertação da matéria escravizante, assim como a preguiça ou o desinteresse por si mesmo se transformam em perigoso convite para as regiões infernais. Os nossos desejos se rebaixam em virtude dessa habitual negligência espiritual para com o sentido educativo da vida humana, assim como também se elevam, quando acionados pelo combustível da nossa aspiração superior e mantidos heroicamente à distância do sensualismo perigoso das formas.
Não importa que ainda permaneçamos no mundo de carne, pois, desde que sejam cultuadas as iniciativas dignas, também estaremos usufruindo o padrão vibratório do Astral Superior, porque, a entidade angélica que vive em nós, sintonizada aos mundos elevados, esforça-se para sobrepujar a organização milenária do animal instintivo. Sob esse treino mantido pelo exercício contínuo da ternura, da simplicidade, da simpatia, do estudo e da renúncia às seduções da matéria transitória, a desencarnação significa para nós um suave desafogo e mudança para melhor, que é o ingresso positivo no panorama delicado que já entrevíamos em nossa intimidade espiritual ainda reencarnada. E a vida humana, em lugar de significar o famigerado “vale de lágrimas”, torna-se breve promessa de felicidade, assim como no céu plúmbeo e tempestuoso podemos entrever as nesgas de nuvens que hão de permitir a passagem dos primeiros raios do Sol da bonança.
Quando sentimos vibrar no âmago de nossa alma os primeiros reflexos do futuro cidadão celestial, modifica-se também a nossa visão da vida humana e do esforço criador da natureza; pouco a pouco, sentimo-nos unidos à florinha silvestre perdida na vastidão da campina, ao pássaro no seu voo tranquilo sob o céu iluminado e ao próprio oceano que ruge ameaçadoramente. É a mensagem direta da vida cósmica que se expressa em nós, convidando-nos aos voos mais altos e à libertação definitiva das formas inferiores, para nos integrarmos ao espírito imortal que alimenta todas as coisas.
Quando me senti completamente desembaraçado do corpo físico, embora no meu perispírito ainda estrugissem os desejos e as paixões do mundo que deixava, não me deixei perturbar espiritualmente, porque já havia compreendido o sentido da vida material. Os mundos planetários como a Terra, não passam de sublimes laboratórios dotados das energias de que a alma ignorante ainda precisa para tecer a sua individualidade, na divina consciência de “existir e saber”.
Esta resposta é totalmente coerente com os ensinamentos do Senhor Jesus, que certamente concorda que possamos cuidar do nosso comportamento e procurar conquistar as luzes, aqui em nossa experiência corporal na dimensão material, para que quando, ocorrer a morte do corpo físico, cheguemos à dimensão espiritual em condições de dar mais um passinho em direção à divina essência do Pai.