Do CD de Moacir Laurentino e Sebastião da Silva, postado no Youtube, em Poetas e Repentes, tirei esta poesia para banhar nossos corações...
Numa noite de insônia e de saudade
A angústia invadir meu coração
E senti a maior recordação
Dos amores da minha mocidade
Lamentei, suspirei senti vontade
De beijar a mulher com quem sonhei
Mas sem esse direito eu já fiquei
E nem ela possui o mesmo encanto
Quem quiser ter saudade do meu canto
Sofra e ame o quanto que eu amei
Quem me fez padecer tanta ilusão
E deixou todos meus sonhos destruídos
O murmúrio do adeus nos meus ouvidos
E a tristeza rasgando o coração
Já tentei esquecer, mas foi em vão
Só eu sei quantas vezes já chorei
Já gastei todos lenços que comprei
Ensopado nas gotas do meu pranto
Quem quiser ter saudade do meu canto
Sofra e ame o tanto que eu amei
Não lamento por falta de dinheiro
Casas boas ou lojas de valor
Só lamento por falta do amor
O amor sincero e verdadeiro
Porque fui enganado no primeiro
E no segundo também me enganei
Perdi outros amores que arranjei
E hoje vivo isolado num recanto
Quem quiser ter saudade do meu canto
Sofra e ame o tanto que eu amei
Se me sento pra uma refeição
De estar de jejum, a fome é pouca
Sinto gosto de fel no céu da boca
Penso até que é veneno em cada pão
Mas não é nada disso, é ilusão
Pela fome de amor que já passei
De migalhas de amor me alimentei
E hoje em dia a saudade é arquejante
Quem quiser ter saudade do meu canto
Sofra e ame o tanto que eu amei
Ser feliz até hoje ainda não pude
E vejo o prazo já quase se vencendo
Sem amor aos poucos vou morrendo
Sem achar um vivente que me ajude
Nada resta da minha juventude
Fiquei velho depressa e não notei
No espelho da outra me olhei
Quanto estou vivo em espanto
Quem quiser ter saudade do meu canto
Sofra e ame o tanto quanto amei
Estou sendo obrigado do destino
A pagar as contas que não fiz
O que fiz foi amar pra ser feliz
Onde o amor fez de mim um peregrino
Talvez seja um castigo do Divino
Pelo mal que não sei se pratiquei
Muitas cruzes nos ombros carreguei
E quem sofreu como eu é quase santo
Quem quiser ter saudade do meu canto
Sofra e ame o tanto que eu amei
Este mundo cruel de desencanto
Porque sei a saudade o quanto custa
É horrível o fantasma que me assusta
Me maltrata, me fere, me suplanta
O meu grito está preso na garganta
E já quis explodir, mas não deixei
Até hoje essa mágoa eu dominei
Mas daqui para frente eu não garanto
Quem quiser ter saudade do meu canto
Sofra e ame o tanto que eu amei
Assim venho sofrendo há muitos anos
Carregando a bagagem do martírio
Cada sonho que tenho é um delírio
Destruindo as imagens dos meus planos
Retalhado de mágoa e desengano
Várias partes da terra visitei
O que quis procurei não encontrei
Resolvi regressar ao mesmo canto
Quem quiser ter saudade do meu canto
Sofra e ame o tanto que eu amei