Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
05/07/2025 00h01
KARL MARX

Vamos verificar agora outro ícone que também é cultuado em tantos países e que os resultados práticos de sua ideologia traz tanto sofrimento para a humanidade.



O ensaio mais devastador talvez seja “Karl Marx: gritando maldições colossais”. Depois de ler Johnson, que demole Marx, é preciso consultar pelo menos algumas biografias e estudos mais equilibrados. “Karl Marx — Vida e Pensamento” (Vozes, 525 páginas, tradução de Jaime A. Clasen), de David McLellan, e “Karl Marx” (Record, 404 páginas), de Francis Wheen, são competentes e críticas mas evitam o sensacionalismo típico de Johnson. Uma biografia pequena, mas interessante, é “Karl Marx — O Apanhador de Sinais” (Brasiliense, 126 páginas), de Horácio González. Para entender a grande história de parceria e amizade entre dois intelectuais é fundamental ler “Engel — Comunista de Casaca” (Record, 462 páginas, tradução de Dinah Azevedo), de Tristram Hunt. São biografias simpáticas a Marx, mas esclarecedoras e com certeza ajudarão o leitor a entendê-lo de modo mais nuançado. Johnson às vezes parece exagerado e discutível, não raro é tremendamente idiossincrático, o que, quando se trata de um historiador gabaritado, não é positivo. Vale a pena ler “O Marxismo de Marx” (Arx, 647 páginas), de Raymond Aron. O filósofo francês escreve um livro crítico mas ponderado a respeito do marxismo.



Para Johnson, o maior talento de Marx era como jornalista polêmico. Utilizava epigramas e aforismos de forma brilhante, embora muitos não tivessem sido inventados por ele



A seguir, não vou discutir, pró ou contra, as “teses” de Johnson. Vou expor suas curiosas interpretações. O taurino Karl Marx nasceu a 5 de maio de 1818 numa família judia e morreu em 1883. Era e é considerado um erudito. “Mas num sentido mais profundo, ele não era realmente um ‘scholar’, nem tampouco um cientista. Não estava interessado em achar a verdade, mas em proclamá-la. Havia três elementos constitutivos em Marx: o poeta, o jornalista e o moralista. Cada um deles tinha sua importância. Juntos, e combinados com sua enorme vontade, tornavam-no um escritor e um profeta formidável. Mas não havia nada de científico nele: na verdade, em todos esses aspectos ele era anticientífico.”



Trecho de um poema de Marx: “Nós estamos acorrentados, alquebrados, vazios, amedrontados/Eternamente acorrentados a esse bloco marmóreo do ser…”. Johnson afirma que Marx gostava de citar o verso de Mefistófeles, do “Fausto” de Goethe: “Tudo o que existe merece perecer”. “Utilizou-o, por exemplo, em seu pequeno tratado contra Napoleão III, ‘O 18 Brumário’, e ele manteve por toda a sua vida essa visão apocalíptica de uma catástrofe imensa e pronta para se abater sobre o sistema vigente: estava na poesia, foi o pano de fundo do ‘Manifesto Comunista’ de 1848 e foi o clímax do próprio ‘O Capital’.” A leitura de “Missa Negra — Religião Apocalíptica e o Fim das Utopias” (Record, 353 páginas, tradução de Clóvis Marques), do filósofo britânico John Gray, ajuda a entender o marxismo como uma espécie de pregação secular tão apocalíptica quanto algumas religiões. A análise é mais competente e complexa do que a de Johnson, que é mais, digamos, militante.



Irei interromper a resenha neste ponto, mas mostrando a importância de conhecermos realmente as obras que estamos utilizando e de quem são na verdade os seus legítimos donos.


Publicado por Sióstio de Lapa
em 05/07/2025 às 00h01