Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
08/01/2015 00h59
ENTREVISTA COM LÚCIFER

            Recebi um texto na forma de uma entrevista com Lúcifer e que acho interessante reproduzir para gerar reflexões.

            LÚCIFER (Anjo de Luz)

            P. Onde você morava?

            R. No Jardim do Éden e caminhava no brilho das pedras preciosas do Monte Santo de Deus (Ezequiel 28:13).

            P. Qual era sua função no Reino de Deus?

            R. Como querubim da guarda, ungido e estabelecido por Deus; minha função era guardar a Glória de Deus e conduzir os louvores dos anjos. Um terço deles estava sob o meu comando (Ezequiel 28:14; Apocalipse 12:4)

            P. Alguma coisa faltava a você?

            R. (reflexivo, diminuiu o tom da voz) Não, nada (Ezequiel 28:13)

            P. O que aconteceu que o afastou da função de maior honra que um ser vivo poderia ter?

            R. Isso não aconteceu de repente. Um dia eu me vi nas pedras (como espelho) e percebi que sobrepujava os outros anjos (talvez não a Miguel ou Gabriel) em beleza, força e inteligência. Comecei então a pensar como seria ser adorado como Deus e passei a desejar isto no meu coração. Do desejo passei para o planejamento, estudando como firmar o meu trono acima das estrelas de Deus e ser semelhante a Ele. num determinado dia tentei realizar meu desejo, mas acabei expulso do Santo Monte de Deus (Isaías 14:13,14; Ezequiel 28:15-17).

            P. O que detonou finalmente sua rebelião?

            R. Quando percebi que Deus estava para criar alguém semelhante a Ele e, por consequência, superior a mim; não consegui aceitar o fato. Manifestei então os verdadeiros propósitos do meu coração. (Isaías 14:12-14)

            P. O que aconteceu com os anjos que estavam sob seu comando?

            R. Eles me seguiram e também foram expulsos. Formamos juntos o Império das Trevas. (Apocalipse 12:3,4)

            P. Como voce encara o homem?

            R. (com raiva) Tenho ódio da raça humana e faço tudo para destruí-la, pois eu a invejo. Eu é que deveria ser semelhante a Deus. (1Pedro 5:8)

            P. Quais são suas estratégias para destruir o homem?

            R. Meu objetivo maior é afastá-lo de Deus. Eu estimulo a praticar o mal e confundo suas ideias com um mar de filosofias, pensamentos e religiões cheias de mentiras, misturadas com algumas verdades. Envio meus mensageiros travestidos, para confundir aqueles que querem buscar a Deus. Torno a mentira parecida com a verdade, induzindo o homem ao engano e a ficar longe de Deus, achando que está perto. E tem mais. Faço com que a mensagem de Jesus pareça uma tolice anacrônica, tento estimular o orgulho, a soberba, o egoísmo, a inimizade e o ódio dos homens. Trabalho arduamente com o meu séquito para enfraquecer as igrejas, lançando divisões, desânimo, críticas aos líderes, adultério, mágoas, friezas espirituais, avareza e falta de compromisso (ri às escaras). Tento destruir a vida dos pastores, principalmente com o sexo, ingratidão, falta de tempo para Deus e orgulho. (1Pedro 5:8; Tiago 4:7; Gálatas 5:19-21; 1Coríntios 3:3; 2Pedro 2:1; 2Timóteo 3:1-8; Apocalipse 12:9)

            P. E sobre o futuro?

            R. (com o semblante de ódio) Eu sei que não posso vencer a Deus e me resta pouco tempo para ir ao Lago de Fogo, minha prisão eterna. Eu e meus anjos trabalharemos com afinco para levarmos o maior numero possível de pessoas conosco. (Ezequiel 28:19; Judas 6; Apocalipse 20:10,15)                   

            Este texto foi elaborado com base nos versículos bíblicos e monta uma entrevista que poderia ser considerada verdadeira dentro dos princípios religiosos colocados na Bíblia por diversos autores.

            Sei que existem incoerências com o pensamento racional e com os ensinamentos espirituais dados pelos próprios espíritos. É ensinado que tudo na vida sofre os efeitos da evolução, tanto na dimensão material quanto na espiritual. Que nada regride neste fluxo evolutivo que tende à perfeição, à harmonização. Como é então que um anjo altamente evoluído, bem próximo de Deus, sofre os efeitos do orgulho e vaidade a ponto de se rebelar e sofrer um retrocesso em sua evolução e fica condenado às penas eternas, juntamente com quem o acompanhou? É uma história completamente incoerente!

            No entanto serve para a instrução dos espíritos atrasados e encarnados na Terra para entenderem de forma alegórica a pressão que todos sofrem dos instintos animais. São instintos egoístas e perversos, que foram criados por Deus para garantir a nossa sobrevivência, principalmente nos primeiros dias do nascimento do corpo no qual eles se expressam. Esse instintos primitivos é quem podem ser identificados como a Luz que o Pai nos dá ao nascer, por Lúcifer. São esses instintos que devem desempenhar uma tarefa dupla e aparentemente contraditória. No primeiro momento deve garantir a sobrevivência do corpo, o primeiro papel de Lúcifer que o Pai deseja que ele realize. Ele assim o faz. Num segundo momento, o Pai espera que ele desempenhe o papel de ajuda ao próximo, às vezes com o sacrifício de sim mesmo. É neste momento que o Lúcifer interno se revolta, não quer ajudar ao próximo, pelo contrário, procura prejudicar de todas as maneiras. Tem orgulho de si mesmo e vaidade; e inveja de quaisquer benefícios que o outro consiga.  É esta a revolta do anjo Lúcifer (Luz) que Deus colocou dentro de nós. É este demônio interno que nos atenaza e procura nos manter longe de Deus, como o texto tão bem identifica.  

            Mas ele não está condenado ao fogo eterno do inferno como o texto ameaça. Esta luz que pode está contaminada ainda pelos efeitos mais diversos do egoísmo que gera as trevas ao redor, pode sofrer a transformação do Amor que Deus também colocou dentro de nós e que pode ser acessado pelo livre arbítrio associado ao coração. O corpo é apenas um detalhe nessa luta que teremos ao longo do tempo, por diversas vivências corporais; nosso espírito terá que enfrentar as trevas para reorientar o Lúcifer interno, deixar a Luz brilhar também em direção ao próximo e criarmos a comunidade do Reino de Deus, como o texto sinalizou que já existiu, e que pode voltar a existir, como Jesus ensinou. 

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em 08/01/2015 às 00h59
 
07/01/2015 00h59
GRATIDÃO

            Hoje é considerado o dia da Gratidão e também dedicado a reverência dos três Reis Magos que foram à procura de Jesus, recém-nascido, para homenageá-lo. Não deixa de ser um ato de Gratidão à Deus por Ele ter enviado o seu filho mais preparado, mais perfeito, para nos ensinar. Como é feriado em Natal, tenho tempo para me debruçar sobre os textos atrasados para este diário e fazer esta reflexão sobre a quem devo mostrar gratidão neste dia. Sei que vou fazer essa tentativa, mas muitas pessoas vão escapar à minha memória e a estas pessoas peço desculpas antecipadas por minha indesejada ingratidão.

            Em primeiríssimo lugar devo agradecer a Deus, nosso Pai, Criador, que me deu a oportunidade da vida, de desenvolver a consciência e de estar agora neste lugar fazendo esse texto.

            Agradeço à minha mãe por servir de instrumento para esta atual vida, deixando a minha carne surgir da sua carne, por sua dedicação, paciência e desapego ao me deixar viver com minha avó, longe dos seus afetos, por saber ser essa a melhor alternativa ao meu desenvolvimento.

            Agradeço ao meu pai por servir de instrumento de Deus para colocar dentro do meu corpo os gens necessários a força de aproximação sexual que serve de alavanca importante para o Amor Incondicional.

            Agradeço á minha avó por ter aceitado assumir a minha criação e educação, ter me mostrado o valor do trabalho, do estudo e ter me afastado das tentativas precoces dos prazeres do corpo, tanto cm relação ao sexo e as drogas.

            Agradeço às namoradas que tive e me iniciaram nos afetos sensuais, nas moças conhecidas ou desconhecidas que incentivaram na solidão da minha intimidade a descoberta dos prazeres sexuais.

            Agradeço aos diversos professores, tanto no campo material quanto espiritual, com destaque para Jesus de Nazaré, e que cada um ao seu modo colocaram na minha mente e consciência os tijolos que hoje formam os meus paradigmas de vida.

            Agradeço aos amigos que demonstraram comigo como se deve amar ao próximo como a si mesmo.

            Agradeço às mulheres que despertaram em mim forte paixão fazendo com que eu experimentasse um maior desempenho do meu afeto, sentimentos, inspirações e vitalidade.

            Agradeço às mulheres que ofereceram seus corpos como terrenos férteis para a semeadura, germinação e educação dos nossos filhos.

            Agradeço às mulheres que comigo caminharam ou que caminham dividindo a ajuda mútua e colaborando com a formação da Família Universal como projeto de Deus.         Agradeço aos Anjos da Guarda que, sob a orientação do Pai, me protegeram ao longo da vida, de perigos percebidos ou não percebidos.

            Agradeço aos irmãos biológicos e espirituais que me dão o aconchego físico e sintonia psicológica, fortalecendo os meus momentos de melancolia quando sei que mesmo na solidão estou cercado de afetos.

            Agradeço a todos que me servem nas mais diversas posições, desde o gari que limpa a rua onde transito, até os artistas, cantores, atores, escritores que preenchem com seus trabalhos a pavimentação dos caminhos por onde eu deva passar.

            Agradeço aos meus filhos a capacidade precoce de tanto amar, capaz de perdoar as ausências do pai tão preocupado com sonhos talvez inalcançáveis.

            Por fim, quero agradecer aos tantos que favoreceram à minha existência e que a minha fraca memória não conseguiu evocar a grandeza dos seus atos.

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em 07/01/2015 às 00h59
 
06/01/2015 00h59
SOLDADO DE DEUS

            Quando me defini como cristão, que devia seguir as lições do Mestre Jesus o qual anunciou a vinda do Reino de Deus, logo percebi que estava engajado numa batalha entre o mal, representado pela ignorância, e o bem, representado pela Verdade. Vejo ao meu lado um bom número de igrejas cristãs, que divulgam a mensagem do Mestre, mas que ainda são pobres em ações comunitárias que visem a transformar cada uma dessas comunidades em propostas do Reino de Deus. A minha constante leitura dos conceitos cristãos e espiritualistas de toda espécie, que sintonizam com a vontade de Deus, serve como capacitação para a minha ação no meio social como um verdadeiro “Soldado de Deus” sob o comando de Jesus.

            Na liturgia de hoje, um trecho de Mateus (4, 12-17.23-25) diz que após a prisão de João Batista, Jesus foi para Cafarnaum, a Galiléia dos gentios, terra vizinha ao mar, com um povo que vivia nas trevas. A partir daí resplandeceu uma grande luz e surgiu uma aurora para os que jaziam na região sombria da morte. Desde então Jesus começou a pregar, orientava para a penitência, pois o Reino dos Céus estava próximo.

            Epifania é a súbita sensação de entendimento ou compreensão da essência de algo, e sinto essa epifania como a manifestação de Cristo e de sua mensagem ao mundo. Essa mensagem chega como uma grande luz, uma lição de libertação para os corações. Implica numa conversão dos interesses do mundo material, dos desejos da carne, para os interesses do mundo espiritual, como pré-requisito. Fazendo assim assumimos o trabalho que o próprio Cristo faria se estivesse entre nós.

            Vejo uma grande multidão de pessoas que vivem como manadas, lutando pela sobrevivência, de forma digna ou indigna. Apesar de existir lideranças cristãs, como o Papa, pastores, padres, etc., mas todas essas pessoas parecem no cotidiano de suas vidas, como ovelhas sem pastor. A luta pela sobrevivência cria guetos de miséria humana, tanto nos indigentes como nos multimilionários. As pessoas, criaturas de Deus, se comportam como animais colocados na selva, onde a agressividade, o crime, a impunidade, o roubo dos “sem camisas” ou dos “colarinhos brancos” imperam a cada momento, em cada local. Constitui um verdadeiro campo de batalha onde o outro é visto como um competidor, como o adversário, e muito raramente como irmão, filho do mesmo Pai.

            Eu, como Soldado de Deus, revestido da epifania do Cristo, passo a agir na batalha com a espada do Amor e o escudo do perdão. Mesmo que saiba que sou uma pessoa cheia de defeitos, que ainda sou subjugado aos desejos do corpo em muitos aspectos, mas a minha vontade e convicção estão sempre voltadas para Deus, para a realização de Sua vontade. Como eu, existem outras pessoas com a mesma convicção e determinação, começamos a fazer patrulhas, e cada vez mais sentimos a chegada de novos reforços. É como se o Pai sentisse após a sondagem em nossos corações que pode confiar neste trabalho que pretendemos realizar e toca no coração de seus filhos mais sensibilizados para se incorporarem ao trabalho.

            Espero que a tolerância seja uma virtude ao alcance de todos, pois as diversas falhas que ainda apresentamos irão com certeza machucar o companheiro que trabalha ao nosso lado, com as mesmas intenções nobres de ajudar ao próximo. 

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em 06/01/2015 às 00h59
 
05/01/2015 00h59
A GRAÇA DE DEUS

            Na liturgia de hoje foi lida em todas as igrejas católicas um trecho de Isaías (60, 1-6) muito interessante:

            Levanta-te, sê radiosa, eis a tua luz! A glória do Senhor se levanta sobre ti. Vê, a noite cobre a terra e a escuridão, os povos, mas sobre ti levanta-se o Senhor, e sua glória te ilumina. As nações se encaminharão à tua luz, e os reis, ao brilho de tua aurora. Levanta os olhos e olha à tua volta: todos se reúnem para vir a ti; teus filhos chegam de longe, e tuas filhas são transportadas à garupa. Essa visão te tornará radiante; teu coração palpitará e se dilatará, porque para ti afluirão as riquezas do mar, e a ti virão os tesouros das nações.

            Sei que a Bíblia é tida como um livro sagrado que reflete a palavra de Deus, mas que foi escrito pela mão de diversos homens, que mesmo inspirados pela divindade, podem ter colocado nos seus escritos todas as tendências de suas convicções pessoais. Mesmo assim, posso ver nas mensagens, algo da inspiração divina, caso eu consiga atravessar com algum nível de percepção o sombreamento da luz.

            Esse texto aponta para a presença da luz que está ao nosso redor e que podemos alcançá-la com os bons propósitos do coração. Fazendo assim a glória do Senhor se aproxima e podemos ver nas entrelinhas da natureza os caminhos que são apontados. Quem não consegue atingir esse estágio, consegue sentir a atratividade das pessoas que o conseguiram e assim procuram ficar à sua volta, algumas vezes desejando ou lutando por sua posse. Essas pessoas perceberão os tesouros disponíveis, ao seu alcance, mas deles não darão a prioridade de suas ações, pois é ao Senhor que toda a sua atenção está dirigida, e todos os tesouros do mundo só serão úteis se estiverem dentro dos propósitos divinos.

            Eu sei que essa possibilidade de percepção divina e profunda da natureza pode existir e se constituir uma verdadeira glória de Deus ao alcance, mas infelizmente não tenho as condições psicológicas necessárias para perceber com a intensidade suficiente essa glória divina, de ser digno dela em toda plenitude. Tenho dificuldades em manter focado o interesse de Deus em meus pensamentos e termino desviando o caminho para meus interesses pessoais. Sei que isso não é o que prevalece nas minhas ações, mas é o suficiente para não ocorrer o preenchimento cognitivo capaz de perceber e aplicar essa glória.

            O tempo urge, as oportunidades surgem e se esvaem... Tenho formado os paradigmas suficientes para colocar em prática a vontade do Pai, no entanto a força dos instintos ainda não estão suficientemente domesticadas. Até mesmo a preocupação com o meu status social entra em cena quando imagino a decisão de colocar em prática determinadas orientações que imagino partirem do Pai. Portanto, sei por tudo isso, que essa glória de Deus que está à disposição de todos de bom coração, necessita de uma capacitação psicológica livre dos instintos animais e dos preconceitos sociais.

            Pelo menos é mais uma identificação que faço de minhas fraquezas e isso torna menos difícil a minha recuperação.

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em 05/01/2015 às 00h59
 
04/01/2015 00h59
PESCARIA AO ...AMOR...

            Devo fazer uma retrospectiva para fazer essa pescaria mental em busca do conceito do Amor. Primeiro, devo afastar aquilo que deixei de aceitar como verdade, o que seria mais importante no relacionamento íntimo.

            Iniciei a minha vida entendendo o amor romântico como o ponto mais alto desse sentimento e que deveria guardá-lo com fidelidade para a mulher que aceitasse dividir a vida comigo e que dividisse o mesmo sentimento de amor.

            Logo percebi que o Amor Incondicional era a forma de Amor mais pura, que representa a energia do Criador, e que o amor romântico devia a Ele ser subordinado. Com essa compreensão, a exclusividade exigida pelo amor romântico perdeu o sentido. Quebrei todos os preconceitos sobre isso, inclusive os fortes sentimentos machistas que existiam dentro de mim. Dei à minha companheira o mesmo direito de se relacionar com quem ela tivesse desenvolvido algum afeto, como acontecia comigo. Nesse contexto tornou-se viável a prática do swing, e desenvolvemos iniciativas nesse sentido, mas não foi concretizado nenhum encontro nesse sentido. No entanto desenvolvemos Relações Livres, afetos, paixões e intimidades sexuais com diversos parceiros, e assim também procedia minha esposa. Caracterizava assim o Relacionamento Aberto, onde tínhamos nossas relações afetivas na condição de serem secundárias. Aconteceu de ser desenvolvido por mim um forte sentimento por minha prima e nesse momento coloquei a proposta de viver equilibradamente com as duas. Foi uma proposta de Poliamor dirigida as duas, mas de Relacionamento Aberto com relação as demais. Como a minha esposa não aceitou, passei a conviver com minha prima, defendendo o Relacionamento Aberto, mas sem ser aceito por ela. Até que chegou o momento que ela não conseguiu tolerar mais as minhas experiências afetivas fora do lar e me expulsou literalmente de nossa casa.

            Passei a viver sozinho, mas com a proximidade maior de uma companheira que sabia de todos os detalhes da minha forma de amar e de manter o relacionamento e que pretendia se ajustar tentando se comportar como Radharani, uma princesa indiana da espiritualidade oriental que acolhia todos os afetos femininos do seu amado Krishna, sem nenhuma rejeição ou ressentimento. Era mais uma vez a tentativa do Relacionamento Aberto, onde as outras relações afetivas se desenvolveriam de forma secundária. Ela não conseguiu manter o “padrão Radharani” e suas constantes recaídas em rusgas e rejeições dos meus afetos, terminou esse tipo de relacionamento e ela perdeu a convivência explícita comigo.

            Hoje eu sei, depois de tantas experiências, que não encontrei nenhuma mulher que desenvolvesse o sentimento básico capaz de garantir a convivência comigo, de amar sem fingimento a pessoa que me ama, de cuidar da pessoa que cuida de mim, de defender a pessoa que me defende... da mesma forma que estou capacitado a fazer com qualquer afeto extra que minhas companheiras desenvolvam.

            Dentro dessa atual circunstância a forma de amar que eu apresento é o Poliamor, com a possibilidade de ter diversas relações afetivo-sexuais ao mesmo tempo, todas com a mesma importância.

            Sei que o ideal ainda não é este perfil comportamental e afetivo. Com a compreensão de que este afeto deve servir para a construção do Reino de Deus, compreendo que o Relacionamento Aberto seja o mais adequado, desde que a companheira prioritária consiga acolher com afeto e fraternidade todas as novas companheiras que surjam no caminho. A prioridade conseguida pela companheira deveria ser em função do tempo de companhia, mas que ela aceite como natural toda a força do afeto, e suas consequências, que surge por uma nova pessoa, sem qualquer rejeição ou intolerância.

            Enquanto a companheira compatível não surja, e talvez isso nunca aconteça comigo, desenvolverei o Poliamor, onde todas que desenvolvem afeto por mim de forma recíproca têm a mesma importância. Ressalto apenas que as companheiras mais recentes tem uma força afetiva maior por está mais próxima do instinto sexual, enquanto as companheiras mais antigas têm um compromisso maior por manterem a convicção ao longo do tempo.

            Estou muito longe ainda de atingir esse estágio ideal de relacionamento, pois não depende de mim. São as minhas companheiras que não conseguem desenvolver um comportamento de solidariedade uma com as outras e termino dentro de um campo de conflito onde prevalece a separação do que a união. Mas tenho que tolerar essa falta de maturidade espiritual necessária para conter os impulsos instintivos do egoísmo inerente à condição humana, que ainda é mais prevalentemente animal.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 04/01/2015 às 00h59
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