Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
15/05/2018 18h43
AVALIAÇÃO DA ESQUERDA

            Encontrei um artigo publicado em 15-05-17 por Stephen Kanitz, em http://blog. Kanitz.com.br, que faz uma avaliação sobre as ações políticas classificadas de Esquerda e que serve para nossa reflexão:

            A ESQUERDA ACABOU. SAIBA POR QUÊ

            A Esquerda sempre precisou de dinheiro, de muito dinheiro para se sustentar. A Direita por sua vez, não. Isso porque a direita é composta de adolescentes que estudaram quando estudantes, trabalharam quando jovens, pouparam quando adultos, e portanto se sustentar não é um grande problema.

            A Direita progride, enquanto a Esquerda protesta nas ONGs e nos cafés filosóficos. Esquerda sempre viveu do dinheiro dos outros. Karl Marx é o seu maior exemplo, sempre viveu às custas de amigos, heranças e do companheiro Friedrich Engels.

            Não conheço um esquerdista que não viva às custas do Estado, inclusive os empresários esquerdistas que votam no PT e PSDB e vivem às custas do BNDES. Nos tempos áureos a Esquerda tomou para si até países inteiros. China, União Soviética, Cuba, por exemplo, onde a Esquerda se locupletou anos a fio com Dachas e Caviar.

            Essa Esquerda gananciosa foi lentamente sugando a totalidade do Capital Inicial usurpado da sua Direita, até virar pó. Foi essa a verdadeira razão do fim do muro de Berlim. A Esquerda faliu os governos que eles apoderaram.

            No Brasil, a Esquerda também aparelhou e tomou Estados e Municípios, e também conseguiu quebra-los. Socialistas Fabianos como Delfim Netto, Maria da Conceição Tavares ainda vivem às custas do Estado com duas ou mais aposentadorias totalmente imorais. Só que o dinheiro grátis acabou.

            Sem dinheiro a Esquerda brasileira começou a roubar, roubar e roubar co uma volúpia jamais vista numa democracia. Mas graças a Sérgio Moro, até esse canal se fechou para a Esquerda brasileira. Sem a Petrobrás, as Estatais, o BNDES, o Ministério da Previdência, o Ministério da Educação, a Esquerda brasileira não tem mais quem a sustente.

            O problema da Esquerda hoje é outro muito mais sério. Como esquerdistas irão se sustentar daqui para a frente? Como artistas plásticos, professores de Filosofia e Estudos de Gênero da FFLCH, apadrinhados políticos, vão se sustentar sem saberem como produzir bens e produtos que a população queira comprar?

            Que triste fim para todos vocês que se orgulhavam de pertencer à Esquerda brasileira!

            Os argumentos são válidos, podemos observar que isso acontece. Porém, a Direita, baseada no capitalismo, termina usando a democracia e os recursos que consegue acumular para alcançar mais poder, político e econômico. Nesse processo de crescimento, consegue ajudar muitas pessoas através de empregos, mas termina desviando da ajuda para a exploração, em nome do Capital. Esta distorção de um capitalismo cristão, que procura ajudar o próximo com a acumulação honesta e fraterna, termina degenerando num capitalismo selvagem que consome o ser humano sem piedade. É nesse momento que a consciência crítica se levanta em protesto e cria os movimentos de Esquerda, para corrigir as injustiças do sistema capitalista. Portanto, termina angariando a simpatia das massas ignorantes que sobrevivem sem dignidade em busca de um pedaço de pão, sem compreenderem as duplas intenções por trás dos benefícios.

            Esta crítica à Esquerda que é feita nesse texto de Stephen Kanitz, não considera a condição dos trabalhadores que produzem e que recebem uma miséria para a sua sobrevivência, e por isso, qualquer cidadão de bons sentimentos, logo se engaja nas diversas causas da Esquerda. Porém, como o texto coloca muito bem, a Esquerda tem os seus “pecados” que logo traz prejuízos, muitas vezes bem maiores, no lugar dos benefícios que queria trazer.

            Observamos isso no Brasil atual.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 15/05/2018 às 18h43
 
14/05/2018 00h01
MÃE, AMOR NA SOLIDÃO

            O segundo domingo de maio é dedicado à homenagem às mães. Todos tem mães, apesar de alguns não as conhecerem, outros as conhecem mas não tiveram tanto convívio. Estou incluído neste grupo. Não tive o convívio que a maioria teve com suas mães, mas sei que não foi culpa dela, nós não tínhamos condições de ficar juntos, iríamos passar fome juntos e assim, seu coração materno resolveu que era melhor suportar a dor de uma separação, deixando eu ir morar com minha avó, em uma casa distante, do que me ver a pedir um pão e não ter para me dar...

            Foi assim que eu sai do seu convívio aos cinco anos de idade. Nem lembro como foi que isso aconteceu. Sei que quando eu dei por mim, já estava morando sozinho com minha avó, e minha mãe e meus irmãos morando distante, em outro bairro.

            A minha avó, coitada, era uma batalhadora pela sobrevivência. Trabalhava dia e noite com os recursos que tinha à sua disposição. Eu passei a ser mais um desses recursos. Aprendi a trabalhar duro logo cedo, tinha que ajuda-la na luta pela sobrevivência, e como bônus eu teria o direito de estudar, pois seria o futuro dela. A minha mãe não estava dentro desses projetos que a minha avó fazia para mim, pelo menos a prioridade seria dela.

            Mas eu sentia como se tivesse um imã dentro do meu coração que me fazia aproximar da casa da minha mãe, em qualquer oportunidade. Não importava que ao chegar na casa dela a encontrava trabalhando numa mesa de bolos, de roscas, de raivas, de suspiros... um forno a queimar lenha e a assar os doces que logo iriam para as mercearias e para a venda nas ruas por meu irmão que havia ficado com ela. Eu não me incomodava com isso, nem mesmo com o calor do forno que me fazia suar, pois eu sentia o calor do amor de minha mãe, que não tinha tempo de me afagar com os braços ocupados, mas o fazia com o olhar, quando o tempo permitia dela tirar os olhos dos assados.

            Engraçado, não lembro de ter ouvido dela palavras de carinho dirigidas pra mim, e sim para orientar os meus irmãos que brincavam sem cuidados com os produtos que ela logo iria vender, com a ajuda que aqui e acolá ela precisava. Eu era uma criança quietinha, ela não tinha tanta preocupação comigo, talvez vigiando para que eu não me queimasse na ajuda que eu queria fazer, mas sem saber. Como pode o amor florescer assim? Ela atarefada sem tempo para se dedicar a mim, nos poucos momentos que eu estava com ela; eu, sem jeito de chegar perto, pois ela não parava de se movimentar e eu não sabia bem o que fazer para lhe ajudar... mas o amor criou raízes entre nós, como uma flor do deserto, que resiste ao sol inclemente, a falta de chuva, a falta de adubo, e mesmo assim floresce mostrando a beleza de sua seiva.

            Mesmo assim era eu, a flor do deserto gerada por minha mãe, que tinha em meu sangue a sua seiva, que eu nunca iria exigir dela o adubo de seus carinhos, nem mesmo a agua de suas lágrimas que ela não deixava eu ver. Foi isso que ela percebeu ao deixar eu sair de sua casa aos cinco anos, que eu era uma flor do deserto, capaz de resistir à solidão de um carinho, de um amor tão importante quanto o amor de mãe. Ela sabia que eu iria crescer, fortalecer minhas raízes dentro do Evangelho e trazer a beleza do Pai ao meu redor, com minhas flores de todas as cores.

            Sim, mãe, tu era sábia, nunca exigiu nada de mim, pois sabia que eu precisava fortalecer minhas raízes para produzir minha flores...

            Lembro quando tu fostes para bem mais longe, para um estado distante, Rio de Janeiro, e eu ficava em Natal, dentro de uma farda militar, olhando com nostalgia sua figura se afastando levando consigo todos meus irmãos, como retirantes que fogem da seca...  eu sabia, com saudades, que tu estavas morando nos morros favelados de Niterói, que saia para trabalhar com meus irmãos no Rio de Janeiro na madrugada da segunda feira e só voltava à noite do sábado. As crianças pequenas ficavam em casa sendo cuidadas pela criança maior...

            Finalmente, minha raiz criou sustança, me formei em medicina e dei a minha primeira flor. Ofereci a minha mãe, a chamei para morar comigo em Natal. Ela não vacilou um só instante, veio com meus irmãos para meu lado e atenuou a saudade que eu sentia dela desde os cinco anos.

            Infelizmente, os conhecimentos médicos que adquiri não foram suficientes para a livrar da doença que a levou para o túmulo. Mas ela foi sábia até nisso, ela me ensinou a ama-la na distância, e hoje continuo a ama-la da mesma forma que a amava quando ela fazia os bolos, quando trabalhava como empregada doméstica... hoje o seu corpo não está mais entre nós, mas eu sinto sua essência dentro de mim, assim como sentia o seu olhar cuidadoso sobre mim quando eu ia quando criança em sua casa.

            Agora mesmo, ao escrever este texto, sinto que lágrimas caem dos meus olhos como se não fossem minhas, e minha mãe envergonhada, por deixar pela primeira vez eu sentir suas lágrimas, sai de imediato de minha presença, mas com sua energia ativa o alarme do meu carro. Vou até fora para verificar, a madrugada está fria, o jardim silencioso, e parece que cada flor, no sereno da noite, olha para mim como olhava a minha mãe.

            Sim, mãe, obrigado, tu me ensinou a amar na solidão, pois a distância pode afastar dois olhos, mas jamais afastará dois corações.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 14/05/2018 às 00h01
 
13/05/2018 02h31
HISTÓRIA DA PSIQUIATRIA

            No passado as doenças mentais não existiam, eram simplesmente loucura, os enfermos eram temidos e perseguidos. Como não existia a doença, não existia também o tratamento. Essas pessoas doentes eram contidas e geralmente torturadas, uma ação bem próxima do assassinato. A ideia que se tinha é que essas pessoas se comportavam de forma estranha porque estavam dominados por espíritos malignos, pelo próprio diabo.

            O pensamento evoluiu para se imaginar que a pessoa doente era atacada por forças externas, e daí veio a primeira tentativa biológica de tratamento, com a técnica da t

Trepanação, fazer uma abertura no crânio para tirar a influência que havia se interiorizado e que adoecia a pessoa.

            Em sociedades mais sofisticadas como a romana, podia-se pensar na influência dos astros, como a lua, daí o termo Lunático. A pessoa sofria uma influência que deixava o seu comportamento fora da normalidade, que a deixava exposta aos tratamentos da época, mas se a pessoa tivesse um cargo elevado, um poder social, então tudo era tolerado, como aconteceu com alguns imperadores dementes, como Nero e Calígula.

            A vinda do Cristo trouxe um divisor de águas para esse tipo de tratamento cruel para os doentes mentais. Ele usava frases amistosas e a imposição das mãos para tratar os doentes possessos pelas forças malignas. No entanto, os seus seguidores não tiveram essa mesma conduta, e muitos cristão, padres e assemelhados, promoveram a morte de milhares de pessoas nas fogueiras, acusando-as de feitiçaria e de pacto com o demônio.

            No século XVI da nossa era, se continuava à procura de uma solução para esses doentes mentais. Acreditava-se que nos fluidos vitais dos indivíduos estava o local onde se abrigava as enfermidades, e por isso a Sangria se tornou um tratamento muito popular entre os médicos. Também se usava o artifício de Ventosas para provocar uma congestão ou uma bolha que deveria ser perfurada em seguida para liberar os venenos.

            Com a mesma preocupação de expulsar os venenos corporais, foi inventada a Cadeira Rotatória, que sob o efeito da força centrífuga, deslocava as impurezas do corpo para a periferia e auxiliava na sua excreção.

            No século XVII era construído o Manicômio, Hospício, estabelecimento ou Hospital especializado na internação e no tratamento de pessoas loucas, com problemas mentais – que evoluiu para o atual Hospital Psiquiátrico.

            Essa terminologia termina por ser confusa até a atualidade pelo leigo e às vezes pelos próprios profissionais que trabalham na área. Na Reforma da Assistência Psiquiátrica isso ocorreu de forma abusiva. O Hospital Psiquiátrico foi acusado ter outras destinações, como Manicômio, para manter pacientes por ordem judicial, ou de asilo, para manter pacientes que não tinham outra destinação social.

            No século XVIII, 1796, o médico Phillipe Pinel assume o Hospício de Salpêtrière, e inicia a moderna psiquiatria, ao tirar o paciente das algemas e promover um tratamento mais humanizado.

            Podemos considerar também o início científico da Psiquiatria no começo do século XIX, também com Pinel que publicou o “Tratado médico-filosófico sobre a alienação mental ou mania”. Pinel foi o primeiro a classificar as diferentes formas de psicose e sintomas como alucinações, ausências, delírios e outros. Aboliu tratamentos como cárcere, sangrias, surras e banhos frios, propondo tratamento humanizado e amigável com o paciente.

            Franz Mesmer (1734 a 1815) defendia que se podia canalizar a energia mental do paciente através do magnetismo dos olhos, deixando os paciente em transe, criando assim o Mesmerismo. Foi o primeiro passo para a criação da Hipnose, pelo médico Jean Charcot (1825-1893) que deu maior credibilidade ao transe magnético e explorava os pensamentos mais profundos do paciente. A Hipnose fazia desaparecer sintomas histéricos de conversão (paralisia, cegueira), mas que duravam os efeitos terapêuticos enquanto persistisse o transe. Isso levou a conclusão que os sintomas, aparentemente neurológicos, não era devido a uma doença somática.

            Sigmund Freud, que chegou a estudar com Charcot, descobriu que não precisava da hipnose para atingir os problemas mais profundos do paciente. Deu o nome de Psicanálise ao trabalho que ele iniciou e pelo qual trazia à consciência do paciente o que havia de recalcado no seu inconsciente. Mostrava que a doença estava sendo gerada no psiquismo e que pela associação de ideias ele chegou a organizar o psiquismo em três instâncias: id, ego e superego Considerava assim o consciente, subconsciente e inconsciente.

            Mesmo assim, técnicas como a Hidroterapia, que levava o conforto do banho quente, mas também usada em jatos para servir como uma bofetada para impactar o paciente, continuavam a ser utilizadas.

            A neuro-sífilis terciária que levava a uma lesão neurodegenerativa do cérebro, que produzia encefalite, tremores, convulsão, afasia, paresia, paralisia, demência e morte, podia ser curada pela febre alta produzida pela Malária, a primeira vez que se observou a cura em psiquiatria.  

            A observação de que pacientes epilépticos tinham certa proteção contra sintomas psicóticos, levou a pensar que as convulsões podiam prevenir doenças mentais tipo esquizofrenia. A partir daí passou a ser usada a insulina e o cardiazol para a produção das convulsões, o que também melhorava os sintomas depressivos. Com esses sucessos, mas com uma técnica cheia de consequências biológicas, chegou-se a um método mais seguro, a eletroconvulsoterapia, que e usada até hoje com muito sucesso e segurança, apesar de cheia de preconceitos por parte de quem não conhece os seus benefícios e foca no uso abusivo e criminoso que foi feito no passado, como método de tortura.

            Nesse panorama de procura por técnicas mais apropriadas para o tratamento das doenças mentais, chegou-se às pseudociência como Penologia (estudo das penas, punições e medidas de prevenção de crimes), Frenologia (mapeamento do crânio), Quiromancia (leitura das linhas das mãos), Fisionomia (conjunto dos traços do rosto), Metoscopia (conjunto das linhas da testa associado aos planetas) e Demonologia (considerava a pessoa com demônio no corpo).

            A técnica mais próxima dos critérios científicos foi a Lobotomia, que chegou a dar o Prêmio Nobel ao seu criador, Egas Moniz, porém, era um procedimento afastado de critérios humanistas, com sérias sequelas comportamentais, cognitivas e afetivas.

            Finalmente chegamos a era da Psicofarmacologia com o uso pela primeira vez da Clorpromazina em 1952 e gerando o arsenal químico: antipsicóticos, antidepressivos, ansiolíticos, hipnóticos, anticonvulsivos, etc.

Dessa forma podemos elencar da seguinte forma os diversos recursos atuais em psiquiatria, primeiro do ponto de vista institucional: Hospital psiquiátrico, CAPS I, II, III, AD, Infantil, Residência Terapêutica, Hospital Geral, Hospital de Custódia, Clínica Especializada e Comunidade Terapêutica; e segundo, do ponto de vista pessoal: Psicofarmacologia, Psicoterapia, Terapia Ocupacional, Psicoeducação (diagnóstica, espiritual), Eletroconvulsoterapia e Psicocirurgia.

            Considerando o futuro, podemos imaginar que a maior arma que teremos no tratamento das doenças mentais, será a associação do mundo material com o mundo espiritual e na utilização do Evangelho como a melhor forma de integração do homem ao seu entorno e às motivações conscientes e inconscientes do seu psiquismo.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 13/05/2018 às 02h31
 
12/05/2018 00h01
SOB TESTES E EXAMES

            Quando conhecemos a doutrina cristã e procuramos seguir as lições evangélicas, iremos perceber que temos a responsabilidade de não nos envolvermos mais pela ira, pela cólera contra alguém, pois se isso acontece iremos ficar muito distante da paz. Se ficarmos envolvidos pela ira, e reconhecermos que isso é errado, iremos necessitar de muito esforço para nos livrar de tal malefício, e mesmo assim, a cólera sendo obrigada a sair, ainda deixa em nossa alma os seus miasmas. Portanto, o importante é não nos deixarmos envolver pela ira, e para isso devemos aprender a tolerar, a compreender e a perdoar, antes da ira se instalar.

            Fiquemos atentos, pois, após todo o esforço para nos livrar da ira, quando pensamos que já estamos livres da raiva, pode surgir os atos de maledicência, de dizer o que o outro fez de mal, difamar, murmurar, falar contra, caluniar... para que isso serve? Para nada! Observemos o que está escrito em Tiago (4:11-12) – Irmãos, não faleis mal uns dos outros. Quem fala mal de um irmão, e julga a seu irmão, fala mal da lei, e julga a lei; e, se tu julgas a lei, já não és observador da lei, mas juiz. Há só um legislador que pode salvar e destruir. Tu, porém, quem és, que julga a outrem?

            Quando estamos “matriculados” na Escola do Evangelho, deveremos estar disponíveis para os testes e exames que é feito em qualquer escola. Paciência é um item importante de avaliação. Devemos entender que tudo tem o seu tempo, que tudo vem a seu tempo necessário, para crescer, brotar, florescer. Devemos respeitar o fluxo do tempo e esperar o tempo certo para plantar, colher, agir... para seguir e aprender. Devemos ter cuidado com as motivações que surgem em nossa consciência, provocando o impulso de reclamar, de cumprir como uma missão, imposição, obrigação ou exigências da profissão.

            A Terra, planeta classificado como de provas e expiação, foi para onde viemos, certamente com um desses objetivos, ou ambos. A “prova” examina, experimentando o grau de preparação do aluno, lembra escolaridade, onde o aprendiz estuda e se prepara para a vida. A “expiação” ensina, com rigor, a lição desperdiçada na inutilidade ou no vício. Solicita enfermagem, pois o doente se reeduca e se prepara para uma nova vida.

            Fiquemos atentos, onde estamos inseridos: na escola fazendo as provas necessárias para aferir o conhecimento evangélico adquirido e capaz de ser submetido com sucesso na prática; ou no hospital onde iremos pagar pela expiação os erros cometidos, contra nós ou contra o próximo.

            Nos exames iremos ser testados quanto a paciência que adquirimos, da produtividade espiritual que conseguimos atingir; iremos ser testados quanto a humildade e tolerância, examinando a prática do amor; iremos ser testados quanto à bondade, examinando a prática da vigilância, não que seja da vida dos outros, e sim a nossa; iremos ser testados quanto a compreensão do Evangelho, examinando a palavra que é escrita ou falada.

            Não podemos esquecer que o Evangelho nos possibilitou a ver uma luz que vem do alto, e a cólera, a intriga, a incompreensão, e todas as tentações que afligem a humanidade, afligem com muito mais força a nós, estudantes do Evangelho, pois tendem a impedir a percepção dessa luz divina.

            Lembrar que a cólera conduz ao manicômio, a intriga leva à guerra, e a incompreensão provoca o crime. Nós, cristãos, somos uma espécie de lâmpada primitiva, onde a luz que emitimos na forma de oração, fé, emancipação e confiança, está sendo possível porque usamos no bojo da nossa alma o combustível da renúncia, perdão e abnegação.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 12/05/2018 às 00h01
 
11/05/2018 00h59
A SOLIDÃO DO MESTRE

            Ao vir à luz material neste planeta de provas e expiações, eu deveria saber que iria encontrar com facilidade o sofrimento por onde eu andasse. Mesmo porque eu não iria me comportar como um boi dentro de uma manada, seguindo os pensamentos e ações da maioria, sem crítica, sem contestações daquilo que eu considerasse incorreto, para mim ou para os outros.

            Assim aconteceu. Atravessei a infância, meninice, adolescência até chegar à idade adulta, me sentindo um “estranho no ninho”. Apesar de considerar tão bela esta natureza deste planeta azul, a natureza dos meus irmãos em espécie destoava muito da minha e me causava grandes impactos emocionais. Mesmo estando na companhia de tantas pessoas como gosto de estar, de interagir, de brincar, de comer, mesmo assim eu percebia que não devia colocar minha forma de pensar, pois isso traria sobre mim muito preconceito, desconfiança e até rechaço. Ficava calado... pra que conversar, a não ser futilidades?

            Assim seguia minha vida achando por um lado bom, quando explodia no meu peito alguma paixão e toda minha alma se voltava para a figura amada. Mas logo que esse encantamento passava, voltava a prevalecer a minha forma de pensar que entrava em conflito com o pensamento de minha companheira, e daí para a minha expulsão do seu convívio era apenas um passo.

            Passei a me adaptar com essa situação e já ficava preparado a mais dia, menos dia, ser expulso da presença daquela pessoa que num determinado momento me dedicava tanto bem. Era até paradoxal, pois mesmo eu percebendo que ela ainda tinha grande afeto por mim, não vacilava em me expulsar da sua frente quando se achava exageradamente ofendida. Eu compreendia a razão de cada uma delas e a ninguém eu culpava por esse acontecimento e me preparei para viver na solidão, procurei ser amigo dela, e até deslocar os meus sentimentos afetivos para ela, pois sabia que ela nunca iria me abandonar.

            Porém a sensação de que eu era único no mundo veio ser aliviada quando eu soube da existência de Jesus que esteve conosco há 2 mil anos. Também Ele tinha uma forma diferente de pensar, não quero dizer que seja igual a minha, mas ninguém com quem Ele se relacionou pensava como Ele. Mesmo entendendo que Seu raciocínio era muito correto e coerente, mesmo assim não chegava a sintonizar com o Mestre na dimensão que seria o esperado.

            A passagem da Sua vida que mais me emocionou e me colocou nas atitudes bem próximo dEle, foi quando ele já estava prevendo a sua prisão, suplício e morte sob tortura na cruz. Se eu estivesse no lugar dEle, também estaria muito ansioso e podia até suar sangue como aconteceu com Ele. Gostaria de ter alguém ao meu lado, que me entendesse, que partilhasse comigo os motivos de tais acontecimentos. Mas isso não aconteceu com Ele. Apesar de toda a aura divina que emergia dEle e influenciava quem estava próximo, os discípulos, que eram as pessoas mais íntimas do Mestre, estavam dormindo nesse momento tão trágico, mesmo o Mestre tendo pedido que eles ficassem acordado, que lhe fizessem companhia.

            É este momento que ficou gravado na minha alma. O Mestre sozinho, angustiado ao extremo, orando ao Pai com muita humildade e até tocado de alguma forma de medo, pedindo para aquele cálice de tortura ser afastado, que Ele iria sofrer muito, mas se essa era realmente a vontade do Pai Ele estaria disposto a cumprir. Jesus já sentia antecipadamente o que logo iria se realizar. A prisão, a humilhação, ser esbofeteado sem nenhuma justificação, cuspido, desmentido, ironizado, ter suas roupas rasgadas, sua pele lacerada pelo chicote de ponta de aço, uma coroa de espinhos na cabeça suarenta que se tornou sanguinolenta, os pregos lhe fixando no madeiro da cruz...

            Tudo isso se desenrolava na mente do Mestre, enquanto Ele orava ao Pai e seus amigos, discípulos... dormiam! O Mestre estava sozinho, estava na solidão dos seus pensamentos, de suas ações. Tanto amigos, tantas pessoas beneficiadas, que foram curadas de cegueiras, de aleijões, de possessões... mas não tinha ninguém ao seu lado neste momento e logo Ele iria verificar que também estaria sozinho naquelas vielas de Jerusalém carregando o pesado tronco na costas.

            Quando costumo conversar com o Mestre, eu tento algumas vezes consolar à sua solidão ao invés de pedir para Ele consolar a minha, pois reconheço que a dEle foi muito maior no passado do que a minha é hoje. Sei que Ele continua conosco, somente não o vemos materialmente pois ele está na dimensão espiritual. Sei que Ele não tem tanta solidão agora como antes, pois já existem pessoas como eu, que entende o que Ele queria dizer e procura colocar as suas lições em prática.

            Talvez agora eu esteja ganhando do Mestre neste item solidão. Cada vez mais eu vejo pessoas que compreendem melhor o Mestre e procuram praticar o que Ele ensinou, mas eu continuo a não encontrar ninguém que pense como eu. Pelo menos eu sei que o Mestre me entende e me atenua a solidão.   

Publicado por Sióstio de Lapa
em 11/05/2018 às 00h59
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