Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
23/04/2015 00h01
PINDORAMA

            Ontem, 22 de abril, foi lembrado o dia do descobrimento do Brasil, feito pelos portugueses, numa tarde do ano 1500. Este termo, descobrimento, que na época era usado achamento, evoca alguma coisa que estava encoberta na nossa consciência, mas que já tinha existência na realidade.

            Foi escrito por Pero Vaz de Caminha, o escrivão da Esquadra, aproximadamente assim: os habitantes dessa terra eram pardos, maneira de avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos. Andavam nus, sem cobertura alguma. Não faziam o menor caso de encobrir ou mostrar suas vergonhas, e nisso têm tanta inocência como em mostrar o rosto. As suas casas, em torno de nove ou dez, eram tão compridas cada uma como a nau capitânea. Eram de madeira e cobertas de palha, todas numa só peça, sem nenhum repartimento e tinham dentro muitos esteios (estacas, apoios). De esteio a esteio era atada uma rede pelos cabos, alta, em que dormiam, também embaixo, cerca de 30 a 40 pessoas. Comiam muito inhame e sementes que há na terra.

            A falta de arquivos precisos da época impede a afirmação de quantos indígenas havia, estima-se que entre 1 milhão e 8,5 milhões de habitantes. No século XVI esses nativos se dividiam em mais de mil povos, e cerca de 1300 línguas distintas, a maioria agrupadas em dois troncos linguísticos principais, o tupi e o macro-jê.

            O nome pelo qual os nativos chamavam as terras brasileiras quando do descobrimento, era Pindorama, que significa Terra das Palmeiras, o paraíso dos primeiros habitantes. Para colonizar o Brasil, esse paraíso foi maculado, muito sangue foi derramado, construíram os Navios Negreiros. Trouxeram da África homens que lá deixaram suas identidades... aqui eram escravos! Os índios nunca mais sentiram no vento o canto da liberdade!

            O mais extraordinário de tudo isso é que o nome Pindorama parece ter um significado mais profundo, originado na Índia. Pindo vem do Sânscrito que significa “Casa” e “Rama” é um dos nomes da personalidade de Deus. Mais conhecido como Ramachandra, Rama foi o 4º Avatar na era de “Satia” ou era de “ouro”, a Era da Verdade. Se invertemos a palavra rama (amar), formaremos a seguinte frase: Amar a casa de Deus! Assim como o nosso nome deveria ter um significado para se chegar a um propósito, a nossa casa, a nossa pátria tem um verdadeiro nome e um verdadeiro significado para ajudar-nos a chegar ao nosso verdadeiro propósito.

            Interessante como a vontade de Deus já está escrita no cosmo, na Natureza, e basta termos olhos para ver e inteligência para perceber. No mundo espiritual já existe a informação de o Brasil ser o coração do mundo e a pátria do Evangelho. Somos o maior país católico do mundo. A doutrina dos espíritos foi mais bem absorvida e desenvolvida em nossa pátria, apesar de ter sido iniciada na França.

            Agora existe a lição evangélica deixada por Jesus de que o Reino de Deus está próximo, que deve iniciar em nossos corações e se espalhar pelos diversos relacionamentos, sempre privilegiando o Amor Incondicional, frente a qualquer outro tipo de contaminação sofrida por essa energia divina, como por exemplo, o amor romântico, contaminado pelo exclusivismo e que ainda prevalece e gera tantas ações egoístas.  

            O Brasil deve agora descobrir essa vocação espiritual e lutar para construir o Reino de Deus em todas as comunidades, sempre motivado pelo Evangelho e pelas ações de caridade que deve sobrepujar qualquer outra linha de ação.

            Com todas essas informações, parece que o nosso Brasil, Pindorama, é a Casa de Deus, e Ele espera que os seus filhos atuais não sejam absorvidos e maculados pelos estrangeiros que dominam e escravizam os filhos do Pai, assim como aconteceu com nossos patrícios, os inocentes silvícolas. Que sejamos capazes de criar aqui o Paraíso Perdido”!

Publicado por Sióstio de Lapa
em 23/04/2015 às 00h01
 
22/04/2015 00h01
A NATIVIDADE

            Assisti um documentário interessante na NETFLIX, “Os mistérios de Jesus”, que provocaram boas reflexões na minha consciência. Vou reproduzir na íntegra as legendas do primeiro trecho que aborda o tema da NATIVIDADE.

            Jesus Cristo talvez seja o homem mais famoso que já habitou neste planeta. Pensamos que já sabemos tudo que há pra saber sobre Ele, mas isso está muito distante da verdade. Sua vida ainda está envolta em mistérios, completa de acontecimentos estranhos e perguntas sem respostas. Este programa esclarece sete dos mistérios existentes no mundo cristão, há séculos.

            Os mistérios começam no nascimento de Jesus, no dia que hoje celebramos o Natal. A maioria de nós acha que a Natividade é só alegria e felicidade pelo nascimento de Jesus. Estamos muito errados. Há sinais claros de algo diferente. Então, qual é a mensagem sombria oculta em uma história que acreditamos conhecer tão bem? Dizem que a igreja da Natividade em Belém foi construída no local onde Jesus nasceu. Há séculos, centenas de milhares de peregrinos cristãos vêm rezar nesse local sagrado. Mas são devotos de uma Natividade obscurecida e pausterizada por mitos e lendas. O relato bíblico original é assustadoramente distinto. Levam-nos diretamente ao mundo real da Terra Santa há dois mil anos, uma terra sob o jugo estrangeiro dividida por diferenças políticas e religiosas. Segundo o evangelho de Lucas, a história da Natividade começa com José e Maria a caminho de Belém, onde ela dá à luz, Jesus. O Evangelho de Lucas diz que os pastores testemunharam o nascimento. Porém o Evangelho de Mateus possui mais minúcias dramáticas, como a estrela de Belém e os três Reis Magos. Há séculos todos esses elementos têm-se combinados.

            “Quando o Natal é celebrado, misturam essas duas histórias para gerar um grande relato.” (Professor Bart D. Ehrman)

            A natividade agora é uma das histórias mais conhecidas e mais descritas, com cenas lindas e até mágicas. Comunidades cristãs do mundo inteiro copiaram todos os detalhes. O problema é que essa imagem nos desviou do que os evangelistas queriam de fato dizer.

            “Acho que temos o desejo romântico de achar que algo fantástico deve ter acompanhado o nascimento, e assim acrescentamos coisas à história. Isso a torna mais romântica, mais empolgante.” (Professor Mark Goodagre)

            Ao longo dos séculos a mensagem mais profunda da Natividade foi revestida com chamadas de romantismo e sentimentalismo.

            “Acho que pausterizamos essa coisa toda, juntamos todas essas imagens e criamos uma imagem bela e afetada.” (Dra. Helen Bond)

            Os relatos dos Evangelhos são para oferecer consolo e alegria. Os símbolos famosos da cena da Natividade pretendem dar um soco paralisante que atinja o alvo logo no início, quando o nascimento de Jesus é representado sobre o céu noturno. A Estrela de Belém é um dos mais famosos símbolos da Natividade. Segundo o evangelista Mateus, ela é vista pelos sábios ou três Reis Magos do oriente, e os guia até Belém. Segundo algumas teorias eram dois planetas bem próximos, ou uma estrela distante se tornando supernova. Existe uma ideia que a vincula diretamente à mensagem real dos evangelhos.

            Há uma frase em especial no Evangelho de Mateus, que essa estrela que os Magos viram no céu parou sobre o local que a criança nasceu. Os Magos estavam viajando de Jerusalém para Belém. Durante a viagem viram essa estrela acima deles, mas como pode uma estrela parar sobre um lugar como Belém? Só existe uma única explicação, uma estrela que pode fazer isso é um cometa.” (Sir Colin Humpheys)

            Há dois mil anos quando aparecia um cometa no céu noturno todos paravam e prestavam atenção. Ninguém tinha a menor dúvida de que estava para acontecer um fato marcante, mas não eram boas novas.

            “Também temos a noção de que a estrela de certa forma poderia ser encarada como anúncio do nascimento de uma grande pessoa, mas as estrelas também podiam ser interpretadas como cometas, e cometas eram um mal sinal que geralmente significava morte.”

            Os Reis Magos eram considerados os maiores pensadores e meteorologistas dessa época. Eles sabiam que esse sinal das estrelas marcavam o nascimento de um novo rei dos judeus. Mas se era um cometa, seu futuro poderia ser negro. Então, eles a seguiram até Belém levando presentes repletos de significados.

            “Acho que a maioria nem imagina que exista esse simbolismo nos presentes. O ouro, o incenso, a mirra.”

            Não são presentes para uma criança comum. Primeiro, tem o ouro.

            “O ouro é algo de extraordinário valor e acho que significa que Jesus será um rei, e esse é um presente apropriado para um rei.”

            O próximo é o incenso.

“Sempre se oferece incenso a Deus. então demonstra, não a realeza de Jesus, mas a divindade de Jesus.”

Mas é o significado do terceiro presente que foi mais esquecido nos tempos modernos. A mirra é uma resina vegetal usada para preparar cadáveres.

            “Isso dá uma ideia de que Jesus vai morrer e que a morte fará parte de sua história.”

            Então a mirra nos adverte da morte de Jesus e os paleocristãos teriam captado essa mensagem essencial.

            Até o famoso cântico de Natal, “nós, os três reis do oriente somos”, escrito em 1857, se refere diretamente ao verdadeiro significado da mirra em seu quarto verso. As palavras assustadoras: “trancado em um frio túmulo de pedra”, são a referência clara à morte de Jesus.

            “Esta é uma coisa surpreendente que me faz pensar se estamos mesmo absorvendo tais coisas quando cantamos os cânticos.”

            O simbolismo do presente da mirra dos Reis Magos é claro, traz o espectro da morte ao nascimento da criança. E esse espectro não é só para o futuro. Ele paira sobre a Sagrada Família naquele mesmo momento na pessoa do rei Herodes, o Grande. Herodes é o rei da Judéia, o mandatário da nação judaica. Ele é também um tirano sanguinário que matou a esposa e três filhos quando achou que estavam conspirando contra ele. Por uma trágica ironia, os Reis Magos dão a Herodes o significado do sinal que nascera um novo rei dos judeus, quando passam por Jerusalém. O Evangelho de Mateus descreve a maneira sádica como Herodes tenta livrar-se desse novo rival pelo trono.

            “Acontece que ele organiza uma extraordinária, impiedosa, violenta e cruel chacina dos inocentes. Assim, todas as crianças com menos de dois anos de idade são assassinadas.”

            Quando um anjo avisa da chegada dos assassinos, Maria e José fogem de Belém com Jesus para se salvarem.

            “Essa história termina de forma horrível, com violência.”

            “Isso é horripilante. É uma realidade, e é claro que está maquiada. Porque se definir os fatos não é politicamente correta para cartões de Natal.” (Archpriest Andrew Phillips)

            A história brutal do massacre herodiano dos inocentes é um elemento importante do relato da Natividade, mas não é o que queremos ouvir no Natal.

            “Não queremos que nos lembrem que o nascimento de Jesus tem algum tipo de ligação com a morte de outras crianças.”

            A fuga de Belém da Sagrada Família, encerra o relato da Natividade feito por Mateus. O último detalhe põe em destaque como uma história mais sombria foi transformada numa espécie de conto de fada.

            O carneiro é o mais conhecido na cena tradicional da Natividade. Ele é inocente, humilde, inofensivo. Mas o cordeiro da Natividade foi despido de seu verdadeiro significado.

            “O cordeiro e a ovelha são simbólicos. Simbólicos porque eram sacrificados e se tornaram o símbolo de Jesus, que será sacrificado como um cordeiro ou uma ovelha. (Father Mario Murru)

            Os pastores que aparecem no nascimento de Jesus não estão na cidade por acaso. Belém era o local onde se criavam carneiros usados em sacrifícios religiosos, principalmente durante a festa judaica da páscoa. E isso não é coincidência.

            “O relato do Evangelho de João é bem claro, que Jesus foi crucificado exatamente na mesma hora que os primeiros cordeiros da páscoa foram abatidos, portanto, a simbologia é bem exata para que Cristo seja visto como um cordeiro sacrificatório.”

            Do início ao fim a história da Natividade está repleta de símbolos. A estrela de Belém que pode ser um cometa significando a morte; os três Reis Magos trazendo a mirra, usada para embalsamar cadáveres; Herodes e o massacre das crianças; e o cordeiro, uma imagem de sacrifício. A mensagem não poderia ser mais clara.

            “O personagem principal da história, ainda bebê, vai morrer horrivelmente. Existe algo desagradável em tudo isso. Há algo que no faz parar e dizer: espere aí, essa não é dessas histórias do herói que marcha para a vitória. É um tipo de história bem diferente. Os paleocristãos que tivessem lido ou ouvido essas histórias da Natividade não teriam dúvidas de que de fato essa não é uma história cheia de ternura para que voce se sinta bem em 25 de dezembro.

“É a história do nascimento de um salvador e toda questão da vida dEle que se pronuncia na própria cena da Natividade é que ele vai morrer e é a sua morte que realmente importa.”

Assim, há séculos o sentimento e o comercialismo quase sempre mascaram o verdadeiro sentido da cena da Natividade. Longe de oferecer calor, conforto e tranquilidade, essa história tão conhecida, que está no âmago das nossas celebrações do Natal, é de fato uma profecia da morte brutal de Jesus.

Eu já conhecia essa história e um pouco do seu simbolismo, mas não com essa profundidade e direcionamento para o verdadeiro significado de tudo que estava acontecendo naquela ocasião. Costumava focar a importância do nascimento do Mestre, mas sem realçar a importância da morte brutal e como cordeiro, uma maneira que iria fazer a repercussão desse fato em toda a humanidade e se tal não tivesse acontecido a importância do seu nascimento se perderia após a sua morte natural. Irei agora ajustar a importância do nascimento de Jesus à importância da sua morte e que todos os fatos simbólicos ao seu redor ressaltavam mais essa parte funesta.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 22/04/2015 às 00h01
 
21/04/2015 00h01
SEBO AMBULANTE COMUNITÁRIO

            Não tenho mais dúvidas. Toda minha vida está dentro dos projetos de Deus, os meus projetos são inspirados por Ele que oferece as soluções dos problemas que crio da forma mais inesperada que encontro. Dessa vez foi como dar seguimento à proposta de criar um Sebo Comunitário com a grande quantidade de livros que possuo. Como tornar isso uma atividade rentável, ampla e motivadora na comunidade. A resposta veio com a leitura do livro “O réu e o rei”, de Paulo César de Araújo, que conta a sua vida a partir do imbróglio que teve com Roberto Carlos. Nesse livro ele fala de suas dificuldades de moço pobre, de comprar livros, CDs e revistas, o que mais lhe interessava, e que encontrou na feira central de sua cidade um movimentado ponto de venda e troca que funcionava aos domingos pela manhã. Quem quisesse se desfazer de um galo de briga, filhote de cachorro, um violão ou uma espingarda, levava-o a este lugar para oferecer a quem estivesse lá. Inclusive havia quem levasse discos usados, velhos livros e revistas.

            Foi essa dica que fez eu refletir na operacionalidade do meu projeto. Existe na Praia dos Artistas, anexo da Praia do Meio, um quiosque que já foi sinalizado para a nossa utilização em favor da AMA-PM e promoção do bairro e da cidade junto aos moradores e principalmente aos turistas que nos visitam. Posso colocar dentro desse quiosque os livros que disponibilizo, junto ao material de divulgação comunitária e turística. Inclusive, por ação mais ampla de Deus, foi colocado um político de nossa terra como titular do Ministério do Turismo. Esse fator pode fomentar de maneira magnífica todo o nosso potencial turístico e comunitário dentro de nossas ações evangélicas, ações essas que não podem ser perdidas de vista.

            Pode ser colocado dentro desse quiosque uma quantidade de livros para serem comercializados, com preços definidos na contracapa. A receita desse empreendimento poderá ser assim fracionada: 60% para o dono dos livros; 20% para o vendedor e 20% para a Associação que arcará com os custos da operação. Também será informado aos interessados a existência de uma loja no Shopping do Artesanato Mãos de Arte, que trabalha com livros novos e usados exclusivos de autores do RN. A população também pode deixar os seus livros e assemelhados para venda nessa base percentual. Também pode levar sob empréstimo qualquer livro pagando o valor de dois reais por semana, a primeira semana sendo paga mediante cadastro obrigatório. Os sócios da AMA-PM terão um abatimento de 10% no valor de suas compras, porcentagem essa que será absorvida pelo dono do bem, pelo vendedor e pela Associação. Também pode ser criado uma amostra volante do serviço que será apresentado nas praias vizinhas através de carro de mão com sonorizador. O quiosque deve ficar aberto todos os dias de 8 as 22h, mas de forma mais completa nos feriados e fins de semana, com o apoio dos carros e da loja no shopping Mãos de Arte.

            Este projeto deve ser apresentado o mais rápido possível ao Secretário de Turismo do Município, associado à outras atividades nessa área, como por exemplo, a ativação do Hotel Reis Magos e a mobilização organizacional dos comerciantes da Praia do Meio com relação a manutenção e valorização do novo calçadão.   

Publicado por Sióstio de Lapa
em 21/04/2015 às 00h01
 
20/04/2015 00h01
MOVIMENTO ALFA E ÔMEGA

            Descobri um movimento espiritual que atua nas universidades, chamado de Movimento Estudantil Alfa e Ômega. É um ministério internacional e interdenominacional, formado por estudantes universitários cristãos evangélicos comprometidos em levar a mensagem do evangelho de Jesus Cristo a cada estudante.

            Como sou coordenador da disciplina opcional Medicina, Saúde e Espiritualidade, fui à busca do site do Movimento e copiei todo o material que ele disponibiliza. Verifiquei que o Movimento tem como alvo trabalhar para ajudar as pessoas em seus relacionamentos com Deus, a crescerem espiritualmente, desenvolverem liderança e relacionamentos interpessoais saudáveis.

            Vejo assim que o foco do Movimento é ligeiramente diferente da Disciplina. A Disciplina procura mostrar os fundamentos lógicos do mundo espiritual, quer sejam ou não reconhecidos pela ciência. Não privilegia nenhuma religião em particular, mesmo que reconheça a doutrina dos espíritos como a mais coerente e a autoridade espiritual de Jesus de Nazaré a mais superior e que serve como o modelo mais perfeito de comportamento para o ser humano. A Disciplina é ministrada por professores voluntários de qualquer religião, desde que informem sem proselitismo os fundamentos espirituais da fé que professam e a sua aplicação nos cuidados com a saúde.

            A existência desse Movimento é mais uma prova de que o interesse sobre o mundo espiritual está entrando cada vez mais no mundo acadêmico, mesmo que ainda existam críticas contundentes sobre essa possibilidade que se torna cada vez mais uma realidade. A forma de eliminarmos essas críticas que bloqueiam a entrada dos conhecimentos espirituais na academia é a de evitarmos os dogmas que existem em cada religião e que são inalcançáveis pela lógica e incorrigíveis pela razão.

            O Movimento Alfa e ômega está recheado desses dogmas religiosos que são refratários às criticas e portanto não podemos usar a lógica com eles como fazemos em qualquer outro aspecto da Natureza. Isso distancia a prática acadêmica da prática espiritual, quando esta é desenvolvida nesse formato. Já cheguei a ver em outro momento um cartaz do Movimento Alfa e Ômega aqui de nossa universidade, que convidava os estudantes para um momento de oração e reflexão, ter sido criticado duramente à lápis, por cima do cartaz, com a assinatura de um professor.

A minha postura de defensor da espiritualidade dentro da academia não pode está atrelada a nenhum dogma, pois eu não posso deixar de enfrentar esse confronto dentro do campo da lógica e da razão, que é o campo da ciência. Como o meu campo é o campo da Verdade e que essa abrange todos os aspectos da realidade da Natureza, visível ou invisível aos nossos olhos, mas alcançáveis pela lógica e dimensionados pela razão, entendo a própria Ciência como um universo que está contido dentro do conjunto da Verdade, e portanto, pela lógica racional, o meu campo é o mais amplo. Devo está pronto, assim, para mudar meus preconceitos ou paradigmas quando eles se tornarem indefensáveis frente à lógica dos argumentos e a verdade dos fatos à minha frente.

Os conceitos espirituais que devo oferecer aos meus alunos devem estar desde as primeiras aulas dentro da mais rigorosa lógica. Mesmo que eu saiba que dentro do próprio hospital que eu trabalho e onde funciona a minha disciplina, exista uma capela ligada à Igreja Católica e que está cheia dos dogmas eclesiásticos refratários a qualquer tipo de lógica. Devo entender aquela capela como uma ilha religiosa que procura dar o conforto espiritual a quem necessita e a procura. Jamais um ambiente de discussão acadêmica como é a minha sala de aula. Todos os conceitos que eu ou qualquer convidado venha a apresentar na sala de aula do curso que administro, devem estar sujeitos à crítica e a possibilidade de mudança de direção se os argumentos apresentados tiverem força racional para isso.

Esta postura acadêmica, racional do curso, sintoniza com os argumentos da Doutrina Espírita, que deixa bem claro em seus princípios, que seu compromisso primeiro é com a Verdade, e se qualquer argumento que ela defenda entre em choque com essa Verdade, a Doutrina está pronta para readaptar seus argumentos incluindo assim a Verdade identificada. Não posso, por outro lado, criticar ou tentar eliminar qualquer religião por causa dessa rigidez na defesa dos dogmas, pois devo entender que cada pessoa tem a liberdade e o direito de direcionar a sua vontade para a fé que melhor atenda as suas necessidades espirituais. Porém, no âmbito acadêmico, as necessidades individuais devem estar subordinadas às necessidades coletivas, do conjunto, e esse conjunto sempre está associado à Verdade, mesmo que essa Verdade, não atenda por algum motivo à necessidade de qualquer indivíduo em particular. O que não posso deixar que venha acontecer é subordinar a Verdade que interessa ao coletivo à necessidade que interessa ao particular.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 20/04/2015 às 00h01
 
19/04/2015 00h01
O PODEROSO CHEFÃO

            Este filme de 1977 sempre me atraiu por algum motivo. Acredito que seja devido ao tipo deferente e ao mesmo tempo tradicional de se relacionar em família. Retrata uma família mafiosa cujo chefe tem seus princípios bem construídos. Quer ser respeitado, mas não mercenarizado, apesar de suas atividades criminosas. Existe uma ética dos negócios por trás de qualquer ação, mesmo que seja fora dos limites da lei. As pessoas se agregam à sua família numa relação de compadrio e tende a ampliá-la cada vez mais, criando assim uma forma de família ampliada, como eu defendo.

            Talvez essa forma de viver em família ampliada que tem um paralelo com o que acredito, seja o motivo da minha atração por esse filme. Quero deixar claro que a violência que é empregada como meio de viabilizar os relacionamentos e sua hierarquia nessa família ampliada é totalmente diferente da que procuro fazer.

            Na família mafiosa a força que prevalece é a violência associada ao egoísmo de conseguir o maior nível de poder político e financeiro e assim ampliar a sua influência. Tudo isso atende aos desejos da carne, aos instintos biológicos. A ética que se observa está atrelada ao cumprimento desses princípios egoístas onde os grupos entendem que, para sobreviver, devem obedecer alguns princípios que evitem o mútuo extermínio.

            A família ampliada que procuro construir tem um caminho totalmente diferente. A força matriz dessa família é o Amor Incondicional, a solidariedade, a justiça, a verdade, a abnegação, todos esses valores aplicados ao próximo que deve ser considerado e amado como a mim mesmo. O potencial financeiro e político perde importância, pois agora prevalece relacionamentos harmônicos e justos, onde o mais forte ajuda o mais fraco, o mais sábio ensina o menos instruído, tudo isso sem esperar recompensa de quem está sendo beneficiado pela ação.

            Tenho pedido a Deus orientações de como fazer para construir essa família ampliada com a força básica do Amor Incondicional. Toda relação que desenvolvo em qualquer nível ou qualidade, sempre está contaminada pelo amor condicional, que gera todas as complicações de abusos e falsidades, atrito e violência, injustiça e indiferença. Quando levanto a espada do Amor Incondicional vejo a crise surgir dentro de meus próprios relacionamentos parentais, os relacionamentos mais íntimos.

            Na própria comunidade da Praia do Meio onde desenvolvo a militância cristã, também sinto essa dificuldade. Parece que o trabalho que estou oferecendo até agora junto com os companheiros, não passa de um assistencialismo tradicional que mantém as pessoas nas mesmas condições, apenas com suas dores atenuadas devido os atos de caridade. Como construir uma família ampliada, em direção à família universal, ao Reino de Deus?

            Talvez Deus tenha começado a oferecer os meios para isso acontecer na comunidade. Em nossa última reunião da AMA-PM veio até nós uma mãe que teve o filho assassinado e que deixou todos os parentes traumatizados e uma criança órfã. No estilo da família mafiosa o nosso apoio a essa família era promover a vingança e também eliminar o assassino. Mas em nossa família ampliada o apoio deve ser dado a ambas famílias, do assassino e do assassinado, principalmente dessa última na qual aconteceu uma perda real e valiosa: uma vida!

            O nosso olhar para essa família vitimada deve ser de um membro dessa mesma família, mesmo que não existam laços consanguíneos, deve prevalecer a compreensão de que somos irmãos espirituais, filhos de um mesmo Pai (Deus) e de uma mesma Mãe (Natureza). Aquela criança que perdeu o seu pai biológico, deve ganhar de imediato um pai espiritual! O mal que retirou da vida material aquela pessoa do seio da família biológica, o bem automaticamente inclui uma pessoa para assumir todos os laços parentais criando o seio da família espiritual.

            Teremos encontrado assim um Poderoso Chefão dentro dos princípios espirituais, muito mais forte e lindo que o Poderoso Chefão dos princípios da violência. E veremos que não se identifica apenas um Poderoso Chefão, como no filme, mas, cada pessoa que adquire essa consciência de filho de Deus e que age na comunidade como um irmão que pode se transmutar em pai, filho, neto, mãe, amigo, de acordo com as necessidades, essa pessoa é infinitamente mais forte!  

            Parece que este é o desafio que Deus lança para mim que tanto admirei o filme O Poderoso Chefão... Estás pronto, Francisco, para ser a contraproposta espiritual de O Poderoso Chefão?

Publicado por Sióstio de Lapa
em 19/04/2015 às 00h01
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