Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
15/12/2017 00h59
PALAVRAS, INTENÇÕES E AÇÕES

            Jesus ensina numa parábola o devido valor das palavras, intenções e ações. Disse que um pai tinha dois filhos e os manda trabalhar na vinha. O primeiro diz que irá, mas não vai. O segundo diz que não quer ir, mas termina indo. Jesus conclui a parábola perguntando: “Qual dos dois filhos fez a vontade do Pai?”

            Com isso Ele demonstra que o importante não são as palavras, nem as intenções. O primeiro falou que ia, mas não foi. O segundo disse que não queria ir, não tinha intenção de ir, mas terminou indo. Então, prevaleceu a ação. O segundo filho fez a vontade do Pai.

            Também tem aquela parábola das 10 virgens onde 5 delas esperam o noivo à noite com sua lâmpadas abastecidas de óleo, enquanto as outras 5 não cuidaram desse abastecimento. Com o decorrer da noite faltou o óleo daquelas que não se precaveram, que não agiram para deixar também suas lâmpadas abastecidas. Em vão pediram as colegas o óleo necessário, pois elas não iriam ficar desabastecidas à espera de evento tão significativo. Elas tiveram que ir em busca do óleo e quando chegaram o noivo havia chegado e estava com suas colegas.

            Esta é outra lição que demonstra a importância da ação, e que cada pessoa deve agir para se capacitar a receber a devida honraria espiritual. Ninguém que faz suas ações e se torna capacitado, pode transferir essa capacitação a quem não agiu.

            Julgamos as outras pessoas pelas obras, pelo o que fazem ou deixam de fazer, pelo que dizem ou deixam de dizer, mas nós mesmos, nos julgamos, só pelas intenções e quase sempre nos justificamos.

            O padre Rodrigo Hurtado, diz que Santo Inácio desenvolve este tema numa meditação chamada “três binários” (que nós diríamos hoje dos três caminhos). É uma meditação termômetro, para medir como está nosso amor para com Cristo, nossa decisão de segui-lo.

            A ideia é a seguinte: “se você quer seguir Jesus, tem que desempoeirar algo que recebeu lá no seu batizado faz muito tempo”. Ou seja, reavivar a sua capacidade de discernimento entre o bem e o mal e o amor por Deus, acima de qualquer outra coisa no mundo. Isso porque, com o passar do tempo, nosso coração encontra “outros amores” e nossa capacidade de discernimento vai se nublando.

            Santo Inácio apresenta nessa meditação três cenários, nos quais pode se encontrar nossa vontade.

            O primeiro cenário é aquele que ele chama de “covardes”. São aqueles que não se atrevem ainda a tomar uma decisão por Cristo. Até gostariam, mas esse “gostaria” não é ainda um “quero”. É um estado de desejo ambíguo. Quer querer, mas ainda não quer.

            O segundo cenário é aquele das pessoas que tomaram a decisão de lutar contra o vício ou de mudar alguma conduta de pecado, mas querem mudar de tal jeito que o pecado continue. Poderíamos dizer que eles querem o objetivo: se livrar do vício do álcool, por exemplo, mas não querem os meios para alcançar esse objetivo, ou seja, se encontrar com os amigos que sempre bebem com ele, frequentar os Alcoólicos Anônimos, evitar ficar perto de bebidas alcoólicas, etc. É a luta pelo desprendimento. Queremos deixar algo mas estamos apegado aquilo. Santo Inácio chama este grupo de “trapaceiros”. Querem fazer a vontade do Pai, mas também a vontade deles. E isso não é possível. Este é o grupo dos que tentam muitas vezes deixar o pecado e voltam continuamente a repeti-lo. Querem o objetivo, mas não os meios.

            Em terceiro lugar está o cenário dos “comprometidos”. São aqueles que querem desprender-se do pecado e estão dispostos a utilizar-se de todos os meios que sejam necessários para alcançar este objetivo. Esses têm um amor verdadeiro por Jesus. Esses são os que conseguem testemunhar com os fatos, com obras, suas boas intenções.

            Esta é uma boa classificação para enquadrarmos aqueles que já conhecem as lições do Mestre e pensam em segui-las. Do meu lado, fazendo uma auto avaliação, posso ver que tenho uma classificação no geral e outra  no particular, com cada um dos pecados que reconheço e que desejo enfrentar. Por exemplo, a gula e a preguiça. Já tomei a decisão de lutar contra eles, de mudar a conduta, mas continuo a agir de forma que eles continuam. Posso ser considerado como um trapaceiro. Por outro lado, o ciúme, que um dia eu exibia, hoje não existe nenhum vestígio. Aqui posso me considerar como comprometido.

            Então, fazendo um tipo de retrospecto de tudo que faço ou deixo de fazer no meu repertório comportamental dirigido às ações ensinadas pelo Cristo, me considero situado entre trapaceiro e comprometido, me esforçando a cada dia para deixar de ser trapaceiro e me tornar totalmente comprometido. O estágio de pureza espiritual. Sei que uma só encarnação não será possível atingir esse estágio, mas lutarei persistentemente em cada encarnação que o Pai me oferecer.

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em 15/12/2017 às 00h59
 
13/12/2017 19h18
SÃO TANTAS COISAS

            Somos seres de carne e osso cujo consumo no tempo dá uma luz resplandecente que chamamos sentimentos. Tais sentimentos tem seu fulgor máximo naquilo que chamamos de romantismo, uma atração muitas vezes inevitável, inexplicável e algumas vezes inadequado de um ser por outro. Uma das formas desse sentimento se expandir e ser sentido por diversas outras pessoas, á através das canções. Tenho o exemplo de uma, não tão famosas como algumas outras, mas que estava ao meu alcance quando me veio a inspiração para produzir este texto: “São tantas coisas”, interpretada por Roberta Miranda. Colocarei os meus sentimentos masculinos à serviço dos sentimentos femininos da cantora, na interpretação das estrofes.

Irei interpretar o sentimento de uma das mulheres que tentou conviver comigo, que sabia quem eu era e mesmo assim decidiu enfrentar uma convivência, que para ela não podia ser mais conjugal, mas iria tentar como amigos, mesmo assim...

            São tantas coisas

            Só nós sabemos o que envolve o sentimento.

             Sim, apenas duas pessoas que estão envolvidas podem avaliar o que envolve o sentimento de ambos, e assim mesmo com desníveis. Jamais um e outro irá saber com profundidade o que o outro sente a respeito de si. Podem imaginar que não são amados(as) e na verdade são... profundamente! Mas, vale o que cada um sente e não o que imagina o que o outro sente ou chega a dizer.

            O nosso amor está magoado, mas eu tento

            Dar a minha vida que entreguei em suas mãos

            Sim, o meu amor está magoado, sempre sonhei com um companheiro que fosse só meu, que não tivesse que dividir o seu amor com mais ninguém. Sabia que ele não era assim, mas mesmo assim entreguei a minha vida em suas mãos, pensava que o meu amor iria lhe transformar, que ele não tivesse mais necessidade de amar a mais ninguém.

            Nossos momentos

            As nossas brigas

            O nosso louco juramento

            Lembro dos nossos momentos felizes, inesquecíveis... também lembro das nossas brigas que ele nunca queria ter, mas que não conseguia se comportar de modo que eu não precisasse brigar. Procuramos evitar tanto desgastes com brigas, procuramos um louco juramento de viver como amigos, de deitar na mesma cama e não aproximar os nossos corpos, mesmo que tivessem ardendo em desejos.

            Este medo de perder você que amo

            Me faz tão fria, indiferente às situações

            Sim, tinha medo de perder você que amo... com tantas pessoas você a namorar, e eu, fria, sem ter ninguém pra me consolar nas suas ausências... fiquei indiferente as situações, às pessoas que diziam te ver a passear, a namorar com tantas outras... belas ou nem tanto!...

            Vou confessar

            Renunciei você de tanto louco amor

            Sim, de tanto te amar tive de renunciar... me sentia usada quando chegavas perto de mim, que me cobrias com o teu corpo, sabendo que estavas com outra pessoa... será que fazia isso comigo por dever? Por compaixão? Por necessidade fisiológica? Disse que me sentia usada, como um objeto, que renunciava você... meu amor, louco por exclusividade, não consentia a divisão... você entendeu, me respeitou... nunca mais me cobriu com o seu calor... nunca mais me tocou nas minhas intimidades...

            Mesmo morrendo sufoquei a minha dor

            Num quarto escuro do meu ego sem respostas

            Cometi o suicídio emocional. Senti a morte, mas sufoquei a minha dor. Ele não via lágrimas nos meus olhos, não ouvia reclamações. Eu me recolhi neste quarto escuro do meu ego, não tinha respostas. Nem Deus conseguia aliviar o meu sofrer, minhas orações caiam no vazio

            Não acredito, que conheci você acaso do destino

            Foi Deus que trouxe e te pôs no meu caminho

            Pra me mostrar que não sou nada sem você

            Passei a desconfiar de Deus. Não foi simplesmente o acaso do destino eu ter conhecido você. Ainda era uma menina. Você adulto e casado. O que Deus queria com isso? Mostrar que eu era nada sem você? Que Pai perverso é esse, que me mostra o príncipe encantado para logo em seguida eu perceber que era um sapo enfeitiçado? Que para eu ter o príncipe era necessário ter que beijar o sapo?  Que nessa lagoa da vida eu não era nada sem o sapo ou o príncipe?

            São tantas coisas

            Temos até plateia contra e a favor

            Apostadores da nossa grande dor

            Metade amigos que aplaude e nos devora

            O mundo continua a girar apesar de nossa dor... sim, vejo também nos seus olhos enxutos e nos lábios sorridentes, uma sombra de dor... não sou apenas eu que sofro, devo ser honesta com o que percebo. A plateia ao nosso redor também percebe, e chega a aplaudir a dor que nos devora, da mesma forma como no passado eram aplaudidos aqueles que morriam sob as presas dos leões, nos circos romanos... vou morrer como eles... cantando a minha dor!.

Só mesmo o amor

De corpo e alma pra vencer esta batalha

Seguirmos juntos e quebrar esta muralha

Eu falhei... somente o amor de corpo e alma poderia vencer essa batalha, e seguirmos juntos pra quebrar esta muralha... mas, expulsei você de minha vida! Seguimos agora separados, continuo cada vez mais desconfiada, mas sinto a força do seu amor, por mais longe que esteja... e me vem uma dúvida cada vez mais forte: joguei fora o grande presente de Deus para mim?

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em 13/12/2017 às 19h18
 
12/12/2017 08h47
CÓDIGOS E PADRÕES

            O posicionamento do autor, Dan Brown, no seu livro “Origem”, mesmo parecendo ateu, traz uma compreensão de Deus muito parecida com a que desenvolvo. Vejamos como ele coloca a questão no diálogo abaixo que o seu personagem, Robert Langdon, desenvolve com Ambra:

            - Códigos e padrões são coisas bem diferentes. E muitas pessoas confundem as duas. No meu campo de estudos é crucial entender a diferença fundamental entre elas.

            - E qual é?

            Langdon parou de andar e se virou para Ambra.

            - Um padrão é uma sequência nitidamente organizada. Os padrões acontecem em toda parte na Natureza: a espiral das sementes de girassol, as células hexagonais de um favo de mel, as ondulações circulares num lago quando um peixe salta, etc.

            - Certo. E os códigos?

            - Os códigos são especiais – disse Langdon, aumentando o volume da voz. – Por definição os códigos devem carregar informação. Devem fazer mais do que simplesmente formar um padrão; devem transmitir dados e significado. Alguns exemplos de códigos são a linguagem escrita, a notação musical, as equações matemáticas, a linguagem de computador e até símbolos simples como o crucifixo. Todos esses exemplos podem transmitir significado ou informação de um modo que as espirais dos girassóis não podem.

            Ambra captou o conceito, mas não como ele se relacionava com Deus.

            - A outra diferença entre códigos e padrões – continuou Langdon – é que os códigos não ocorrem naturalmente no mundo. A notação musical não brota de árvores e os símbolos não se desenham sozinhos na areia. Os códigos são invenções deliberadas de consciências inteligentes.

            Ambra assentiu.

            - Então os códigos sempre têm uma intenção ou uma percepção por trás.

            - Exato. Os códigos não aparecem organizadamente. Devem ser criados.

            Ambra o examinou por um longo momento.

            - E o DNA?

            Um sorriso professoral apareceu nos lábios de Langdon.

            - Bingo – disse ele. – O código genético. Esse é o paradoxo.

            Ambra sentiu uma empolgação. O código genético obviamente carregava dados, instruções específicas sobre como construir organismos. Segundo a lógica de Langdon, isso só poderia significar uma coisa.

            - Você acha que o DNA foi criado por uma inteligência!

            Langdon levantou a mão fingindo se defender.

            - Ei, vamos com calma! – disse rindo. – Você está pisando em terreno perigoso. Só me permita dizer o seguinte. Desde que eu era criança, sempre tive uma sensação profunda de que há uma consciência por trás do Universo. Quando testemunho a precisão da matemática, a confiabilidade da física e as simetrias do cosmo, não me sinto observando a ciência fria. Sinto que estou vendo uma pegada... a sombra de alguma força maior que está fora do nosso alcance.

            Ambra podia sentir o poder das palavras dele.

            - Eu gostaria que todo mundo pensasse como você – disse finalmente. – Parece que brigamos muito por causa de Deus. Todo mundo tem uma versão diferente da verdade.

            - E é por isso que Edmundo esperava que a ciência pudesse um dia nos unificar. Nas palavras dele: “Se todos adorássemos a gravidade, não haveria discordância sobre para que lado ela puxava.”

            Pois é... este é o meu pensamento descrito de outra maneira, mas bastante próxima. Esta “sombra de alguma força maior” que está fora do nosso alcance, já está designado como um dos diversos nomes de Deus: Força Maior, Poder Superior, Alá, Jeová, Krishna, etc. Tenho apenas um reparo a fazer. Dan Brown tem a sensação que esta força está por trás do Universo; eu entendo que ela está por trás e em qualquer lugar, inclusive dentro de nós.  

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em 12/12/2017 às 08h47
 
11/12/2017 09h41
PREFIRO... DEUS?!!!

            Encontrei na leitura do livro de Dan Brown, “Origem”, um trecho que me trouxe fortes reflexões:

            - Robert, posso fazer uma pergunta pessoal?

            - Claro!

            Ela hesitou.

            - Para você. Pessoalmente... as leis da física bastam?

            Langdon a encarou como se tivesse esperado uma pergunta totalmente diferente.

            - Bastam em que sentido?

            - Espiritualmente. Basta viver num Universo cujas leis criam a vida espontaneamente? Ou você prefere... Deus?

            Esta pergunta redirecionei para mim. Por isso o título deste texto está desta forma. A resposta... Deus, com uma interrogação, reflete o nível de dúvidas que eu tinha muito forte no passado e que ainda perdura com bem menos intensidade. Pois hoje a minha certeza da existência de Deus é muito forte, por isso as três exclamações.

            A interrogação ainda tem espaço pra ela, pois a minha forte certeza da existência de Deus não anula a crítica e a consideração de argumentos contrários

            Após emergir de tantas dúvidas sobre a existência de Deus, vivendo dentro de um mundo material, segui determinadas informações, preenchidas com a mais coerente lógica, impecável, que deve existir. Onde a explicação materialista para por falta de argumentos científicos que expliquem determinado problema, vejo de imediato a solução oferecida por Deus.

            Tenho a conceituação de que Deus existe na forma de energia que permeia tudo, está em volta de tudo, é tudo. Esta energia, cheia de sabedoria e poder, como está em tudo que existe na Natureza, detectável ou não por meus sentidos ou instrumentos, também está em mim, faz parte de mim.

            Acontece que tenho uma consciência que permite a expressão da inteligência e do livre arbítrio. Este livre arbítrio pode direcionar a minha inteligência para aceitar argumentos que considere mais poderosos na afirmação de uma convicção, mesmo que isso seja errada. Não é o meu caso, mas sei de muitas pessoas que agem assim, principalmente no meio político.

            O comportamento de políticos corruptos, que mesmo dizendo ser cristãos e tementes a Deus, mostra na realidade que sua convicção da existência de Deus, se tal existir, está totalmente voltada para vantagens no mundo material, onde a mentira é o recurso mais constantemente usada para atingir os seus fins. Esta, é mais uma crença utilitária da existência de Deus, do que uma real aceitação da Sua presença e a procura por seguir a Sua vontade.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 11/12/2017 às 09h41
 
10/12/2017 09h05
ENFRENTAMENTO ESPÍRITO X MATÉRIA - RESULTADO

            O homem, cujo espírito estava em enfrentamento com os impulsos instintivos da materialidade, foi para a conversa que havia combinado com a mãe e os dois filhos, inclinado para decidir pelo lado espiritual, fazer o empréstimo que eles estavam pretendendo. Porém, sem esquecer a advertência feita pelo Mestre, de ser “simples como as pombas e prudentes como as serpentes”.

            Ele chegou pontualmente no horário combinado. Apenas a mãe estava pronta, na expectativa da conversa. Os filhos foram chamados, só veio um, atrasado. Esta foi uma primeira observação, o envolvimento dos principais interessados. Parecia que o benefício solicitado, seria recebido sem qualquer demonstração de empenho. Foi informado que o outro irmão havia desistido do negócio, mas que um primo iria participar e com mais importância, pois ele era quem tinha a carteira de motorista.

            Esta nova condição que estava surgindo, desmontou no raciocínio do homem o mínimo grau de segurança que existia. O homem sentia que a força materialista agora subjugava as intenções espirituais. Colocou as suas argumentações e preocupações.

            - Existem dois problemas nesse negócio que vocês querem fazer: o primeiro é a questão do crédito bancário para ser feito o empréstimo; o segundo é a capacidade financeira de honrar os pagamentos das parcelas durante os 4 anos vindouros. O primeiro pode ser resolvido com facilidade com o crédito que tenho do banco. O segundo é o mais difícil. Como honrar esse pagamento durante os quatro anos, se eu não posso fazer isso caso vocês não possam, por qualquer motivo? Tenho também os meus compromissos financeiros, posso conceder o crédito, mas não o pagamento dessas parcelas. Vocês contam com o trabalho no Uber para honrar os pagamentos. Isso será possível, se vocês estiverem trabalhando com harmonia e o carro não apresentar nenhum problema. A dependência do trabalho estará nas mãos de outra pessoa, já que você não tem a carteira de habilitação. Seu irmão desistiu do negócio. O carro pode apresentar um defeito qualquer e ter necessidade de parar na oficina, é custo a mais e dias parados. Sem falar que pode se envolver em acidente de trânsito com as mesmas consequências. Portanto é um investimento de altíssimo risco, sem nenhuma garantia desse pagamento.

            Foi notado que o filho não apresentou nenhuma contra argumentação capaz de viabilizar o negócio, de garantir que o pagamento seria feito, mesmo que o carro não estivesse produzindo. A mãe foi quem colocou o argumento de que a avó poderia fazer esse pagamento, caso o carro ficasse parado. Pediu para o filho entrar em casa e pedir a avó, que se encontrava deficiente física, se poderia fazer esse compromisso, de honrar esse pagamento. Ele entrou e voltou com uma resposta positiva. Achei muito fácil essa decisão, como se fosse feita no escuro, sem saber na realidade do que se tratava. Perguntei se não era a avó que com os seus recursos bancavam as necessidades da casa e se ela fosse tirar para fazer esse pagamento, como é que eles ficariam? O filho ficava calado com a força dos argumentos, mas a mãe procurava escapar com novas possibilidades, sem consistência.

            O homem notou que havia uma necessidade enorme de atender os desejos do filho na compra desse carro para esse objetivo, sem considerar o risco que estaria colocando o seu amigo. Afinal, os recursos financeiros que cada pessoa que se inclui dentro do Reino de Deus possui, pertence ao próprio Deus, deve ter o cuidado de não os dispersar, pois ao seu lado pode surgir outras necessidades mais coerentes com a vontade do Pai.

            Falou com firmeza sobre a obrigação que temos de ser realistas com as situações que nos envolvem, para não desperdiçar os poucos recursos ao nosso alcance e não deixar os nossos amigos em dificuldades intempestivas.

            Finalmente, a decisão foi pela busca da paciência e prudência. O filho terminar o curso de bombeiros, fazer sua carteira de motorista para não depender de terceiros, a mãe procurar um emprego para que possa colaborar em qualquer necessidade financeira, e os amigos ficarem fora de riscos que podem ser contornados.

            Acredito que mesmo a decisão espiritual não tendo sido tomada, a condução da conversa e as circunstâncias observadas, deixou satisfeito o espírito, pois sentiu que estava pronto para servir ao próximo, mas deixando os interesses do Pai em primeiro lugar. Daí ficou entendido a sabedoria das lições do Mestre: “Amar a Deus sobre todas as coisas, e ao próximo como a ti mesmo”.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 10/12/2017 às 09h05
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