Nesse ponto o Baghavad Gita dá uma boa orientação aos devotos. Onde existe uma massa geral de pessoas sempre predomina o lado material, mesmo que seja uma concentração de pessoas com objetivos religiosos.
Ninguém pode negar que, apesar do avanço do bem depois que o Cristo conseguiu plantar Sua mensagem na Terra, ainda continuamos sofrendo a influência maciça do mal. Basta olhar ao nosso redor ou ouvir as notícias alhures. Crianças abandonadas, escravizadas, prostituídas, fome, miséria, egoísmo desenfreado; nações em pé de guerra declarada ou na base do terrorismo, crime campeando em todas as latitudes e dimensões... As lições do Cristo apesar de bem divulgadas e aceitas estão ainda muito longe de serem praticadas. Por isso o conselho do Baghavad Gita tem muita razão de ser. Se queremos aplicar a justiça e a Lei de Deus, devemos ter cuidado com o efeito das massas sobre nossa consciência, pois sempre prevalece as tinturas do egoísmo que o coletivo exacerba. Tenho experiência própria desse efeito com as reuniões que promovo entre amigos e familiares. Mesmo tendo em minha consciência toda a clareza que Deus me deu com relação a missão que tenho de desempenhar no sentido de divulgar e exemplificar a Sua vontade, termino muitas vezes essas reuniões sem ter colocado uma vírgula sobre o interesse dEle em nossas vidas.
Por outro lado eu sei que devo me relacionar o mais amplo possível com a humanidade, a partir das relações afetivas, íntimas como forma de mostrar que a Lei de Deus pode ser aplicada em todas as dimensões da vida e que a formação da Família Universal como é a Sua vontade pode ser viável.
Já tentei me aproximar da massa na condição de candidato a um cargo público, como vereador, deputado estadual, federal e até como vice-governador. Por não me envolver com os interesses egoísticos que o cargo traria, nunca conseguia chegar nem perto de ser eleito. A minha mensagem de justiça social e dignidade humana, não conseguia chegar à consciência da massa e vencer os seus interesses egoísticos com a sobrevivência, de trocar um voto por qualquer benefício material que fosse oferecido. Felizmente passei por essas experiências sem me contaminar, mas também sem conseguir que a minha mensagem, as lições do Cristo e a vontade do Pai chegassem as consciências dos meus irmãos.
Acabo de saber que as forças do mal estão organizadas na Terra desde que chegaram aqui os expurgados de outros orbes, seres inteligentes, mas malvados. Identificados como dragões se espalharam no psiquismo da Terra, trouxeram progresso científico e tecnológico, alavancaram as civilizações, sabiam ser disciplinados, mas não éticos. Capitaneados por Lúcifer, imaginam que a Terra lhes pertence. A vinda do Cristo ao mundo foi uma grande derrota na concepção dos asseclas de Lúcifer. Fragilizados por não conseguirem impedir a vinda de Jesus, criaram cisões e se enfraqueceram. O próprio Mestre enfrentou Lúcifer no deserto por quarenta dias e noites. Essa batalha de que os homens nem sequer imaginam as nuances mudou o destino de toda a humanidade. Mas logo após a vinda do Cristo, a humanidade entrou na idade das trevas. A ausência de Sua luz em nossas atitudes levou o planeta ao declínio. Sua mensagem ganhou descrédito sob a lâmina da política interesseira. A politicagem criou o desvio do Evangelho. O poderio da maldade foi descentralizado em linhas distintas: O poder, cujo núcleo é o apego e a arrogância; o prazer, envolvendo as ilusões da fisiologia carnal; a vaidade, explorando o individualismo; a violência, voltada para vampirizar pela agressividade e pelo ódio; a mentira, insuflando a hipocrisia nas intenções; a descrença, fragilizando a fé nos corações e criando a sensação de abandono e impotência; e a doença, incendiando o corpo de dor.
Hoje estou militando nas relações interpessoais mais próximas, na família e no trabalho. Como soldado do Cristo e instrumento de Deus, sei de minhas graves limitações, entre elas a preguiça e indisciplina, mas tenho a vontade firme em cumprir à vontade do Criador. Sei que o Pai está me preparando, tanto com livros, com filmes, com lições às mais diversas que Ele me deixa ao alcance, como principalmente por pessoas que ele coloca ao meu lado e que toca as vibras dos nossos corações no sentido de despertar as afinidades poderosas da carne sob o controle firme do amor incondicional. São pessoas ainda envolvidas profundamente com o hipnotismo da maldade que circunda a Terra, sofrendo efeitos diretos das sete linhas desse poderio. Mas o Pai em Sua sabedoria colocou ao meu lado pessoas que, apesar de todo esse hipnotismo da maldade, possuem dentro dos seus corações a semente do amor divino pronta para desabrochar.
Então, nesta minha atual fase de vida, devo seguir o conselho do Baghavad Gita em me afastar das massas e me preparar, principalmente ao lado de minhas companheiras que o Pai me ofertou, e juntos todos nós, harmonizados com a vontade de Deus, podermos chegar até as massas mais fortalecidos para passar a mensagem de construção do Seu Reino com o modelo de aplicabilidade prática.
Ontem, 12 de junho, o calendário registra um dia dedicado aos namorados. Extrema exaltação do amor romântico! Com ele também ficam exaltados todos os sentimentos exclusivistas. Para mim que pretendo viver sintonizado com o amor incondicional obedecendo a vontade do Pai, por exercício pleno do meu livre arbítrio, é um dia de muita dificuldades. Todos os meus relacionamentos afetivos com potencial de intimidade, logo sintonizam com a mensagem que esse dia traz e mostram a importância que dão à exclusividade. Quando entram em contato comigo mostram como seriam “felizes” se me tivessem com exclusividade... pelo menos nesse dia simbólico!
O amor incondicional que sinto entra em cheque! Como me comportar assim com uma pessoa que amo e cuja ação se tornará de imediato uma fonte de sofrimento para as outras pessoas que também amo? É um dia que a minha rotina não pode ser alterada em função de nenhuma delas sob a pena de não ser honesto com quem estiver à distância. Até mesmo nos cumprimentos eu sou testado nas minhas convicções. Enviei uma mensagem a uma das minhas amigas que mora em Caicó, desejando um feliz dia dos namorados. Sei que ela é casada e esperava que ela sintonizasse o simbolismo do dia com o marido que é o seu companheiro legal e vivencial. Ela me respondeu simplesmente que “não tinha namorado”. Respondi de volta, imediata e intuitivamente que quem ama jamais deixa de ter namorado! Depois fiquei a pensar nessa minha resposta, se realmente era coerente, verdadeira...
Eu sinto dentro de mim uma imensa capacidade de amar, capacidade essa tão grande, pura e poderosa, que não temo desenvolver afeto por quem quer que seja, mesmo que exista o potencial de intimidade, mesmo que não seja aceito pela cultura dominante, mesmo que eu seja abandonado por pessoa que também amo e nunca deixarei de amar. Mas se o afeto leva ao crescimento pessoal de outra pessoa amada, a elevação da sua autoestima, a sua aproximação com Deus, que obedece aos princípios do amor incondicional, então não deixo que os pensamentos e preconceitos humanos obstaculizem o fluxo do amor divino.
Estou agora fazendo este texto sentado na janela do meu apartamento. Olho para o mar, as ondas, o barulho que fazem... O dia é chuvoso, as nuvens encobrem o sol que já deve ter nascido. Vez por outra caem gotas no vidro impulsionadas pela leve brisa que envolve uma manhã maravilhosa. Vejo as pessoas a caminharem de um lado para o outro no calçadão da praia, fazendo exercícios ou trabalhando. Outras passam rápidas em seus veículos... sinto o meu amor se derramar por tudo e por todos, da mesma forma que o Baghavad Gita orienta: uma devoção constante e imaculada a Deus. Vejo Deus em tudo e em todos, a quem meus olhos percebem, a quem minha memória lembra. Aí fico pensando na minha resposta: “quem ama jamais deixa de ter namorado”.
Então, quem eu posso considerar namorado neste exato momento? O mar, o vento, as nuvens, as pessoas visíveis ou lembradas? Tudo? Oh, meu Deus, é a Tú!!!! És Tu que és meu namorado! Se eu for para o mar agora e me abraçar com as ondas, eu estarei namorando Contigo; se eu estou aqui sentado e sinto a brisa delicada a me dar um prazer sutil que me acaricia o rosto, eu estou namorando Contigo; se eu sentir o pingo da chuva na minha pele e corro envolvido pelo prazer das gotas a tamborilarem em cada ponto do meu corpo, eu estarei namorando Contigo; se eu descer para o calçadão conversar com um caminhante, sorrir pra uma criança, lembrar de uma das minhas amadas, eu estarei namorando Contigo. Assim é verdade, que quem ama jamais deixará de ter namorado. O que deve causar confusão é o foco que cada pessoa desenvolve. Geralmente as pessoas se envolvem com o amor condicional, entre eles o romântico, e prioriza aquela pessoa como o seu foco fundamental do amor. Qualquer outro amor que surja é um concorrente, um adversário que deve ser identificado pelo ciúme e eliminado pela exclusão. Como a minha sintonia é com o amor incondicional cuja essência é Deus, isso permite que eu esteja namorando a qualquer momento qualquer pessoa sem a preocupação que existam outros afetos, tanto por mim quanto por ela. Meu foco não é a pessoa em si, é a Deus que ela representa nesse momento. Eu estou namorando Deus quando dou pleno amor a essa pessoa. A intimidade não serve de senha para a exclusividade, pelo contrário, deve ser vista como o pagamento generoso de Deus pelo cumprimento honesto de Sua vontade.
Posso chegar agora perto de minha amiga de Caicó e dizer-lhe que estou namorando também com ela, pois sinto prazer em fazê-la feliz com a minha conversa, em vê-la crescer com a leitura dos livros que dou ou empresto, com o respeito a sua condição de pessoa comprometida com seus valores e que o potencial de intimidade que temos pode nunca se realizar se assim não sinalizar os critérios do amor incondicional, os critérios de Deus, que afinal de contas passa a ser nosso namorado; nossos corpos servem apenas de instrumento para a Sua vontade.
Desta forma, hoje atingi uma compreensão mais clara do dia dos namorados, mesmo que seja completamente diferente daquela compreensão que a cultura defende, onde o sentimento de exclusão prevalece e os valores materiais na forma de presentes são considerados a prova de amor. Não necessito provar com bens materiais o amor que eu tenho e distribuo. Sou como um perfume que ao toque vou com a pessoa por onde ela for, mesmo que eu fique no meu frasco (corpo) por mais distante que seja. É essa essência que é o meu presente constante, que se renova a cada toque, a cada encontro, pois também já não sou eu, é o Deus que existe em mim!
Esta orientação do Baghavad Gita quanto o nosso nível de devoção constante para a aproximação com Deus, implica no momento em que alguém já se encontra adaptado ao modo de vida espiritual e essa pessoa não vai mais querer conviver com pessoas materialistas. Isto seria contra sua natureza. O devoto deve testar-se, diz o Baghavad Gita, vendo até que ponto está inclinado a viver num lugar solitário, sem associação indesejada. É claro que ele não se interessa por diversões desnecessárias ou ir ao cinema ou participar de algum acontecimento social, porque compreende que tudo isso é mera perda de tempo.
Essa orientação do Baghavad Gita entra em desacordo com a Lei de Deus que Ele já instalou na minha consciência, de ajudar a construir o Seu Reino na terra com base no amor incondicional. Para fazer isso eu tenho que entrar em relacionamentos os mais diversos, com as mais diferentes pessoas, inclusive encontros íntimos quando a vibração do amor assim sinalizar. Portanto, não posso aspirar a viver num lugar solitário, não posso considerar desnecessárias as oportunidades dos encontros, do lazer, dos acontecimentos sociais; não posso encarar tudo isso como mera perda de tempo.
Entendo que a convivência com pessoas materialistas, que ainda são dominadas pelos sentimentos egoístas, principalmente aqueles derivados do amor romântico que gera o ciúme e a exclusividade, formam uma grande dificuldade de convivência harmônica. Por esse motivo já vivo sozinho e satisfeito perante Deus, pois as companhias que chegam próximos de mim, quaisquer que seja o grau de parentesco ou de intimidade, sempre resvalam para os sentimentos e comportamentos de exclusão para com o próximo quando o considera adversário, uma real ameaça aos seus interesses individuais. Até aqui a missão que o Pai me deu se encaixa nas orientações do Baghavad Gita. Discorda com relação a aspiração de viver sempre num lugar solitário.
Eu vivo sozinho em um apartamento, como consequência de cumprir a vontade do Pai, na manutenção desse relacionamento afetivo que expresso com base no amor incondicional, na inclusividade, e não com base no amor romântico e sua exclusividade. Mas não sou uma pessoa solitária e que persegue como objetivo o isolamento. Dentro da minha missão é justamente o contrário. Eu desenvolvo diversos relacionamentos tantos quantos o Pai me oferta em minhas diversas atividades. Aplico em cada um deles o amor incondicional e procuro ensinar a todos a importância de se comportar assim como condição necessária para ser um cidadão do Reino de Deus.
Então, não posso cumprir essa orientação do Baghavad Gita, senão deixarei de cumprir a orientação que o Pai já me reservou. Não quero dizer assim que o Baghavad Gita está errado, não é isso. Apenas cada ser humano tem um caminho a seguir e ninguém tem tarefas iguais a algum outro. Pode ter tarefas e sentimentos parecidos e isso viabiliza o companheirismo e até a convivência, se não existir algum aspecto de conflito que possa trazer desarmonia ao relacionamento. O meu caminho é este, já está bem definido na minha consciência e aceito por meu livre arbítrio. Todas as orientações que se harmonizarem com essa diretrizes do Pai, eu aceitarei e aquelas que não o fizerem eu não considerarei. É o que farei com esta orientação específica do Baghavad Gita, mas com todo respeito e a procura de cumprimento das demais devoções constantes quanto à viabilização de um melhor relacionamento com Deus.
Voltando aos aspectos da devoção constante a Deus, propostos no Baghavad Gita, desenvolveremos hoje a ideia da devoção constante ao próprio Deus. É a este Deus, força máxima e inteligência suprema do universo, deveria ser a devoção mais praticada, mas comigo não acontece assim. Talvez por eu ter tomado a consciência da verdadeira natureza de Deus, aquela que se adéqua melhor ao meu raciocínio, à minha exigência crítica, somente agora há pouco tempo. Até mesmo as minhas rezas decoradas tiveram outra compreensão, que a ligação que eu tinha com Ele era algo mecânico, robotizado, não entrava na dinâmica da minha vida.
Hoje eu adquiri essa melhor compreensão de Deus e quando o Baghavad Gita coloca essa devoção constante a Ele como uma prática diária que devemos ter, eu compreendo perfeitamente a sua importância. Porém fico admirado como essa prática ainda está distante desse nível que o Baghavad Gita coloca, de uma devoção constante e imaculada de Deus. Se eu conseguisse colocar num gráfico o tempo que eu passo pensando em Deus na rotina de minha vida, acredito que ficaria abaixo dos 5%. Sem falar ainda da qualidade de “Imaculada” que o Baghavad Gita acrescenta. Então estou muito aquém do exigido.
Posso agora mesmo tomar a decisão de a partir de agora dedicar o máximo do tempo a esta devoção constante e imaculada de Deus, mas eu acredito que não poderei cumprir com esse nível de exigência. Se até mesmo a oração que é uma coisa mais pontual, que exige pelo menos duas vezes no dia, um pequeno período de tempo, eu não consigo realizar a contento! Mas pelo menos eu poderei agora prometer me esforçar para aumentar mais tempo para essa prática, mesmo que eu consiga alcançar apenas mais alguns pontos além dos 5%, coisa que até mesmo duvido que já esteja nesse nível. Mas enfim, me esforçarei para olhar o mundo de forma diferente, de ver tudo o que eu via antes com a participação de Deus em cada detalhe da Natureza, em cada comportamento, em cada sentimento. É uma coisa estranha, eu sei, pois olho agora para além da janela do meu apartamento, vejo o mar à distância e as pessoas mais próximas caminhando no calçadão... Mas como colocar Deus em cada aspecto dessas minhas percepções? Até consigo fazer com os aspectos macros da natureza, o mar, o vento, as ondas, as estrelas... Posso colocar Deus em todas elas. Mas com relação ao ser humano, por exemplo, é tão mais difícil ver Deus naquela pessoa que está se intoxicando de cachaça na mesa da barraca, aquele que já vai cambaleando e semi-nu para destino ignorado, aquela que desfila a espera de clientes para o sexo... É bem mais difícil ver Deus de forma imaculada nessas circunstâncias, a minha mente se associa aos meus preconceitos e instintos e fica a imaginar ideias de repulsa ou aproximação, mas um tanto longe, muito longe de encarar eles como reflexos de Deus.
Meu Deus, como tenho que aprender!
Desde ontem, após o jantar solidário que participei, alguma coisa espetava a minha consciência, mas eu não conseguia identificar o quê. Pensava até em fazer esse diário às primeiras horas do dia, mas não consegui... afinal, não consegui fazer nada, nem leitura, nem oração, nem meditação... bem meditação, até que tentei, mas a minha mente estava um tanto quanto nebulosa.
Hoje ao acordar com o despertador à 06 horas, fui percebendo à medida que a mente clareava com o clarear do dia, o que espetava a minha consciência: o aguilhão do pecado! Não é que eu tenha feito nenhuma ação pecaminosa, mas por omissão pequei gravemente!
Eu tenho gravada em minha consciência uma missão dada pelo Pai, de colaborar na construção do Seu Reino com a aplicação do Amor Incondicional em todos os relacionamentos, em todos os momentos que eu tiver oportunidade. Com essa compreensão eu deveria me sentir ungido pela graça de Deus e me portar como um bispo, um pastor no meio das ovelhas, das pessoas que carecem por uma melhor compreensão desse Reino que é a vontade do Pai e que foi a missão de Jesus nos ensinar como alcançar com as primeiras letras.
Então, eu deveria ir para essa reunião, não preocupado com o tempo que se fazia chuvoso, com os perigos da estrada... poderia até pensar nisso, mas não poderia esquecer a minha responsabilidade maior junto ao Pai. Deveria ter escolhido um livro espiritual para leitura de um texto e abrir para fazer as devidas reflexões sobre nosso papel na Terra enquanto filhos de Deus.
Nada disso aconteceu! Fiquei plenamente envolvido com frivolidades, participando das tiradas irônicas e lascivas capitaneadas pelo meu irmão biológico e desperdiçando todo um tempo precioso para falar do Reino de Deus. Mesmo que eu tenha esquecido de levar uma leitura específica, mas eu tinha dentro do carro o livro que o Pai já havia me orientado, O REINO DE DEUS. Bastava ir até lá o trazer e ler o primeiro capítulo que fala justamente da Tolerância, o que o Pai está tendo em excesso comigo. Fui até o carro sim, em busca de algum jogo que pudesse animar mais ainda a nossa festa com os aspectos mundanos.
O mais grave de tudo isso, existiam três pessoas que demonstravam claramente a não sintonia com o nosso tipo de alegria. Uma criança e uma adolescente que logo saíram para outro local da casa onde pudessem se envolver com outras atividades. Certamente o Anjo da Guarda delas as intuiu quanto a isso, nada de construtivo existia em nossas conversas e piadas que fossem edificantes para uma evolução saudável. A outra era uma senhora que não se deixava envolver com as ironias e gracejos de duplo sentido entre “movimentos” e “higiene mental”, logo pediu para ir embora e foi considerada como uma “velha chata”, mais ou menos assim, por meu irmão biológico, o capitão da animação no jantar.
Com essas reflexões consegui perceber a dimensão do meu erro em minha consciência. Somente a tolerância magnânima do Pai e compaixão infinita por minha imensa fraqueza, é que me sinto perdoado por Ele e incentivado a aplicar o auto-perdão. Mas isso não impede de sentir na consciência a dor do aguilhão cada vez que penso no erro. É claro que o meu irmão biológico era o convidado especial para aquele jantar, mas eu também sabia que era um convidado importante, e que se eu não fosse o jantar não seria realizado. Afinal fui eu que ajustei toda a programação de partida e de chegada, que levei e trouxe todos os convidados. Então eu era um convidado também importante. E mais importante ainda porque tinha um mandado de Deus e que deveria ser aplicado na ocasião. Todas as pessoas que estavam presentes não iriam se recusar em ouvir e refletir por um momento na palavra de Deus, inclusive as três que se sentiram deslocadas, excluídas... logo eu que defendo tanto à inclusão! Acredito que até mesmo o meu irmão biológico não iria se opor, pelo contrário, iria se beneficiar, pois ele também é uma ovelha querida pelo Pai, que precisa saber dos seus conselhos, que por onde ele anda pouca oportunidade tem de ouvir essas mensagens do Pai, e eu como o “Pastor ungido” pelo Pai me esquivei, inconscientemente de minha responsabilidade, ficando como que hipnotizado pelos risos recheados de lascívia onde os apetites carnais das promessas do sexo se misturavam com os apetites da fome que no momento estavam sendo saciados.
Pensei também em Jesus e nas tentações que sofreu no deserto. O demônio oferecia para o Mestre todas as delícias e prazeres desse mundo, mas Jesus com serenidade dizia o que era mais importante, de fazer a vontade do Pai e que não só de pão vive o homem! Esqueci completamente! Esqueci que vivemos constantemente sendo tentados por todas as circunstâncias ao redor, inclusive por pessoas que nos amam, inclusive parentes os mais próximos! Esqueci tudo!
Mas lembro agora a advertência de Jesus: orai e vigiai! Por que não fiz uma oração ontem antes de sair de casa? Apenas falei para o Pai, como se Ele estivesse sentado na sala assistindo televisão: “Pai, proteja a minha casa e os meus caminhos enquanto vou para um jantar”. Isso é uma oração? Estou querendo fazer de Deus um empregado das minhas vontades e desejos?
Não, tenho que orar de verdade!