Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
22/09/2012 00h09
AUDITORIA ESPIRITUAL III – CARIDADE

            Percebi que eu estava sendo auditado no campo espiritual em diversos aspectos. Então me preparei para o que viria a seguir. Foi a Caridade. Parei no sinal e os meninos estavam na sua labuta, com balde e rodo nas mãos limpando vidros, mesmo sem ser autorizados e depois estender a mão em busca da pratinha. Notei a resistência vir em minha direção. Sei de todas as qualidades para a febre ser digna do seu nome, e uma delas é considerar e respeitar, elo menos, o ser humano que se mostra necessitado. Não era isso que percebia naquelas crianças, eram pequenos aproveitadores explorando a caridade dos mais bondosos. Lembrei por outro lado, de que eu estava sendo auditado, lembrei de São Francisco que dizia que cada esmola servia como a água para lavar os pecados. Com toda essa argumentação me preparei para ser abordado, de olhar carinhosamente para o pequeno, lhe dirigir alguma palavra de solidariedade. Mas o sinal abriu e não chegou o meu teste real. Tudo se passou no campo da consciência e mesmo assim não consegui ter um bom desempenho. Notei que minha caridade não tem nada de espontânea, pelo menos nesse contexto das ruas. Mas esse é o único caminho que tenho para aperfeiçoar essa faceta da minha espiritualizada. Tenho que manter sempre esse comportamento de caridade forçada, sabendo que a devo fazer com alegria e simpatia, solidariedade e compaixão para quem sofre, mesmo que seja uma criança e não se veja lágrimas de dor em suas faces, muito mais se ver sorrisos debochados, indiferentes ao sofrimento que ronda a vida de todos eles.

            Cada vez mais percebo a minha incompetência espiritual em todos os aspectos da auditagem que estou sofrendo até o momento. Já reconheci com humildade a minha deficiência e agora peço apenas ao Pai forças para que eu possa me defrontar com os próximos testes e com a minha fragilidade com toda a hombridade possível. 

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21/09/2012 22h13
AUDITORIA ESPIRITUAL II – CONFIANÇA

            Surgiu outro evento que fez compreender que a auditoria não estava restrita somente ao Perdão. Uma das minhas companheiras sofreu ameaça no meio da rua, foi auxiliada por um vigia, mas entrou em crise emocional, tremores, náuseas, vômitos... tentou entrar em contato comigo, mas não conseguiu. Mandou uma mensagem que serviu como lamento: “você não me atendeu e eu só entro em contato com você quando é muito necessário”. Bem que eu tentei fazer o contato quando vi a chamada no meu celular, porém só fiz uma tentativa. Mas isso me levou a fazer um retrospecto do meu relacionamento com minhas companheiras, a base da confiança naquilo que eu defendo e pratico. Defendo a família ampliada onde as minhas companheiras mais íntimas fazem da estrutura mais interativa onde fatos dessa natureza devem ser de imediato compartilhados e desencadeado a rede de solidariedade por todos os membros, principalmente os mais próximos.

            Verifiquei assim que estou falhando também nesse aspecto que é da maior importância para mim, pois faz parte da minha missão nesta fase da minha vida na terra. Defendo a inclusão de todas as pessoas dentro de uma rede de família ampliada, onde todas pessoas que dela participem sejam tratadas com respeito, justiça e igualdade. Sei que as minhas companheiras tem muita dificuldade em incorporar esses conceitos e os praticar, no entanto, eu como o propositor, com maior tempo de reflexão sobre a coerência racional e espiritual de sua aplicação, não posso a essa altura ter pruridos de varão da família nuclear. Tenho que deixar de lado a delicadeza de não causar constrangimento a quem está ao meu lado devido eu me comportar dentro dos critérios da inclusividade. Se alguém fica constrangida por eu me comportar dentro da inclusividade, é porque ainda não está preparada para fazer parte da minha caminhada, de ombrear comigo na jornada. Tenho que seguir em frente exibindo o comportamento que Deus colocou na minha consciência como o mais correto.

            Então, esse foi mais um teste aplicado em mim e que não me sai dele à contento. Resta o consolo de que o descobri e que estou disposto a superá-lo, para ser digno da confiança de minhas companheiras em qualquer contexto, social ou particular. Peço ao Pai sabedoria para ser firme, mas sem perder a ternura, jamais!

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20/09/2012 11h24
AUDITORIA ESPIRITUAL I – PERDÃO

            Logo que declarei a minha superioridade no campo do perdão, inclusive com o merecimento de uma medalha de ouro caso houvesse uma competição nesse sentido, sou colocado em teste. Considero o evento que aconteceu como uma auditoria da espiritualidade naquilo que eu disse com tanta confiança.

            Estava saindo do trabalho dirigindo meu carro novo, recém tirado da loja, quando paro no sinal e sou abalroado na traseira. Desligo o carro, desço com minha bata branca de médico e vou ver o que aconteceu. Era uma carroça cheia de lixo dirigida por dois meninos. Vejo que foi amassada a lataria. Pergunto cheio de raiva o que foi que aconteceu. O mais velho, por volta dos 14 anos, justifica que o burro é novo e ainda não está acostumado. Meus pensamentos incendiados pela raiva procuravam uma alternativa... não adiantava chamar os guardas de trânsito, aqueles meninos ou seus familiares não poderiam pagar o prejuízo; eu poderia causar algum prejuízo a eles também, cortar as correias do burro, rasgar os sacos do lixo... o ponto senso prevaleceu. Voltei para o carro ainda incendiado pela raiva e da impossibilidade de não ter podido fazer nada. Procurei acalmar os pensamentos e foi aí que chegou à memória do que eu escrevera há dois dias sobre o perdão. Avaliei de imediato que a medalha de ouro eu ainda não mereço. Em evento tão simples, sem grandes prejuízos materiais, sem nenhum dano físico, eu perco o controle de minhas emoções e deixo a raiva tomar conta dos meus pensamentos e comportamento, é porque eu tenho muito que aprender, inclusive não ser tão orgulhoso e deixar de lado a modéstia quando percebo facilidade em desenvolver determinada virtude. A medida que o tempo passava, essas reflexões tomavam conta dos meus pensamentos, os valores espirituais iam prevalecendo sobre os impulsos animais. Ainda fazia considerações sobre a situação difícil que a cidade atravessa, com lixo acumulado em todos os bairros, com buracos disseminados pelas ruas, impotência dos cidadãos em resolver a situação...

            Agora, 24 horas depois de ter passado o evento, não sinto mais aquela raiva que incendiava os meus pensamentos. Vejo a ocorrência como mais um fato da vida, não percebo sentimentos negativos a me incomodar. Posso dizer que agora perdoei aquelas crianças, ao prefeito por permitir tanto tráfego de carroças pela cidade e até o burro por não ser mais calmo no trânsito. Mas agora sei que ainda estou muito distante da medalha de ouro.  

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em 20/09/2012 às 11h24
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19/09/2012 02h31
DISCERNIMENTO

            “Examinai tudo: abraçai o que é bom. Guardai-vos de toda espécie de mal.” (1Ts 5,21-22). Este sábio conselho está num dos últimos livros da Bíblia: Tessalonicenses. Acredito que eu tenha seguido esse conselho desde cedo. Hoje, evito renegar qualquer coisa sem antes examinar. Isso eu faço em todos os campos da experiência humana. Com respeito aos relacionamentos, pode até ser que eu vá ao encontro de alguém de posse de alguma prevenção conforme fui avisado. Mas sempre deixo aberto a possibilidade do exame e decidir com os valores da consciência o que é bom e o que é ruim. No aspecto filosófico o exame se espalha pelo campo das teorias e concepções existente em todos os agrupamentos humanos. Aqui o exame também se torna complexo e emocional muitas vezes. Os grupos se dividem em sua forma de pensar e sentir nas diversas religiões, partidos políticos, times de futebol, etc. Daí o pensamento torna-se refém de estruturas rígidas de crenças, dogmas, tabus. O próprio grupo faz pressão para que o indivíduo não examine outras formas de pensar. Este é um dos maiores crimes que se comete contra a humanidade, tirando do indivíduo a sua liberdade de pensar, diagnosticar, julgar e decidir. Crime porque a verdade não é refém de nenhum grupo, por mais sábio ou místico que sejam os seus membros. Sempre existe alguma parcela de verdade no pensamento de qualquer grupo, de qualquer indivíduo.

            Aplicando este conselho do Livro de I Tessalonicenses ao Livro de Gênese no caso de Abraão, Sara e Agar, já abordado no dia 17, podemos examinar o que é bom para cada um dos envolvidos. Vejo que tudo foi feito no interesse principal de Abraão e Sara, Agar ficou prejudicada, foi feito um mal a ela. Neste exame a minha consciência continua a seguir o conselho de Tessalonicenses, de me guardar de todo o mal. Por isso tenho que encontrar uma solução para que os interesses de Abraão e Sara se harmonizem com os interesses e bem estar de Agar. A solução que vejo nesse problema do passado, mas que também se encontra nos dias atuais, é transformar a família nuclear baseada no amor exclusivo, na família ampliada baseada no amor inclusivo. Isso, é claro, para aqueles que sintam essa necessidade que Abraão e Sara sentiram de sair dos critérios da família nuclear.

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em 19/09/2012 às 02h31
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18/09/2012 23h56
DIA DO PERDÃO

            Hoje é o dia do perdão. Deixo de lado a modéstia afiro a medalha de ouro no meu peito. Se existe uma competição no mundo espiritual, de quem á mais capaz de perdoar, me considero o campeão. Sei que é um exagero, muitas outras pessoas que passaram por este mundo tem uma capacidade muito maior de perdão do que a minha, tendo como ícone dessa capacidade o exemplo de Jesus, que do alto do madeiro, com o corpo cravejado de torturas e a alma escarnecida pelos brutos, irradiava dos píncaros do sofrimento ondas de perdão pela massa ignorante. Mas vamos dizer que estou na competição da terceira divisão, como nos jogos de futebol. Então eu acredito que mereço minha medalha de ouro. Volto a atenção para minha consciência e não vejo nada ou ninguém que eu tenha ódio, raiva ou queira o mal. Todos que me tratam mal, que me ameaçam, que evitam ficar ao meu lado, não me recebem, que me agridem, maldizem ou injuriam, mesmo sabendo que tudo é injusto, perdoo de imediato ao agressores. A minha alma está limpa, a ação detergente do perdão limpa a cada momento que é preciso todas as câmeras do coração, muitas vezes com as lágrimas mudas do sofrimento.

            Nesse ponto me congratulo com Deus e sei que Ele me observa com satisfação, por eu conseguir cumprir tão nobre ação. Isso traz também uma boa compensação para aquilo que faço ou deixo de fazer pela fraqueza no combate à preguiça e à gula. Da mesma forma que consigo, mesmo não sendo tão perfeito, a perdoar todos que me injuriam sem razão, o Pai, que é a total perfeição, com certeza estará me perdoando das minhas fraquezas.

Rogo por aqueles que, por ignorância, cometem tantas barbaridades comigo, e procuro nas oportunidades ensinar a verdade que tão sabiamente o Cristo nos educou. E peço perdão ao Pai também por estas palavras que exaltam o meu ego, pois mesmo sendo justo o que é dito, a modéstia deve prevalecer para que não prevaleça o orgulho.

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em 18/09/2012 às 23h56
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