Quem acredita ter um Pai acima e além, muito além do biológico, que apesar de estar nos confins do Universo está sempre presente em nossa consciência e na imanência de cada criação da Natureza, JAMAIS ESTARÁ SOZINHO!
Posso estar constantemente ocupado com minhas tarefas materiais, posso até esquecer nesse momento da existência do meu Pai, mas logo que algo quer me atingir, quer me fazer sofrer, vem logo a consciência que tenho um Pai e que Ele está ao meu lado. Isso pode ser em qualquer local ou condição, no meu apartamento, no cinema, na caminhada, no banho de mar... e até num restaurante cheio de gente, mas sem ninguém ao meu lado. Caso queira me atingir a sensação melancólica de solidão, chega logo na minha compreensão que estou na companhia de Deus. Posso até entrar no clima da melancolia, mesmo porque eu tenho uma essência melancólica, mas entro nesse clima acompanhado por Deus. Existem técnicas de concentração em Deus, manter a mente focalizada de preferência em local isolado sem a perturbação de objetos externos. É uma forma! Mas eu tenho uma outra maneira de fazer essa sintonia com Deus. Vejo em cada aspecto da Natureza uma obra da Sua criação, desde um por de sol até a exuberância de uma flor e seu perfume, mas o mais importante é a interação com outro ser humano. Vejo em cada um a presença de um irmão, pois é filho do mesmo Pai. Compreendo as suas virtudes e limitações como alunos em gradações diferentes na escola da vida, cada um em busca de aperfeiçoamento. Procuro me aproximar de quem sabe mais amar e assim aprender um pouco mais; também me aproximo de quem não sabe amar, quando isso é permitido e conveniente, para ensinar o que sei da arte de amar. Fazendo isso, mesmo em pensamento, sinto que estou totalmente sintonizado com o Pai, pois é isso mesmo que Ele desejo, que toda sua criação evolua, principalmente os humanos, Sua imagem e semelhança, como nos foi ensinado. Fazendo assim, também não me apego a nada, tudo pertence a Deus e o que tenho comigo é permissão dEle para que eu administra com a maior parcimônia, justiça e equidade. Antes quando eu não tinha essa compreensão o sofrimento me atingia duramente a alma. Hoje, com esta compreensão, a solidão nunca me pega sozinho, pois ao meu lado sempre está o Pai!
Sei que a âncora é um dispositivo fundamental para barcos de qualquer calibre. Serve para os manter estabilizado em algum lugar sem o risco de sair à deriva e se perder pelo mar adentro. Assim também precisa nossa alma de algum elemento que a estabilize no mar da vida e não a deixe vagar ao sabor dos ventos e correntezas. Desde o início de minha educação, venho tentando encontrar essa âncora que me deixe estabilizado e pronto para seguir meus paradigmas quando isso for conveniente. Encontrei os valores da comunidade, da cultura, a ética, a moral, todos são elementos importantes, mas correm o risco de serem violados na sua integridade pelos interesses mesquinhos do homem. Assim a âncora perde o seu valor, o barco corre o risco de entrar na deriva. Encontrei uma âncora mais confiável, mais segura e coerente com os princípios morais universais. Essa âncora foi disponibilizada por um homem há mais de dois mil anos, chamado Jesus o Nazareno e que se dizia ser filho de Deus. Nasceu com humildade entre os animais, mas se mostrou capacitado em discutir com os doutores da Lei em seus templos. Nunca escreveu nada, mas seus discípulos escreveram o que Ele ensinava e testemunharam o que viram dos seus exemplos. Até o fim da sua vida manteve a coerência com o que pregava e numa extrema prova de fidelidade aos desígnios do Pai em sua vida, deixou que o levassem ao sacrifico máximo da crucificação. Dessa forma Ele formatou uma âncora poderosíssima com a qual posso atracar a minha alma frente a qualquer tempestade em minha vida. Agora sei que tenho um Pai amantíssimo que me criou do seio da ignorância, me dotou do livre arbítrio para que eu possa evoluir com o meu próprio esforço e que está sempre disposto a me ajudar nas minhas dificuldades. Tenho o exemplo de Jesus, meu irmão maior, como o representante dessa âncora espiritual a qual posso lançar mão com a fé raciocinada e assim me sinto seguro em qualquer nível de tempestade que me atinja.
A temperança é a virtude que modera a atração pelos prazeres e equilibra o uso dos bens. Procuro exercer a temperança, dar direção aos instintos e manter os desejos dentro daquilo que é honesto. Busco o justo equilíbrio evitando os excessos. Tenho relativo sucesso nesse campo, mas tem um setor sempre me provoca o desequilíbrio e perco a temperança. É na alimentação. Sofro o pecado da gula e tenho que fazer frente a esse adversário com bastante energia, com o jejum. Os cidadãos do Reino do Deus devem ser virtuosos e exercer a temperança em todos os setores. A temperança traz o gosto pela vida, a alegria de viver, pois estarei equilibrado com a natureza. Equilibra as energias que possuo. A temperança exercida com naturalidade irá superar os desequilíbrios que funcionam como destemperos. Sou como o cavaleiro que montado nos desejos e impulsos uso o cabresto, o freio e as rédeas. Sei que ao mantê-lo sob domínio posso viajar sem tropeço ou quedas. Procuro atingir esse nível, de exercer a temperança com naturalidade, pois no momento que a exerço, no caso da alimentação, é sob um regime de força, de não me alimentar com nada, porque ao ingerir a primeira colher perco o controle. É ainda um primarismo selvagem esse tipo de correção e mesmo assim o tempo passa e continua a falta de controle. O ideal seria esse controle ser mantido sem a restrição alimentar, o jejum. Enquanto não atinjo esse nível, ofereço todo esse esforço do jejum ao Pai e peço a Ele a força para que eu possa superar o adversário interno e assim limpar o meu perispírito dessa mancha e ficar dessa forma capacitado para exercer a cidadania no Reino de Deus. Também não deixarei que essa fragilidade no campo da gula, interfira com minha capacidade já reconhecida de temperança em diversas outras áreas, principalmente no uso de drogas, seja lícita ou ilícita, medicamentosa ou recreativa.
Deus me deu a vida e continua a dá proteção e segurança. Também me dá a exortação para assumir uma tarefa, uma missão no contexto da vida. Essa missão surge de um momento para outro, como se de repente tudo ficasse claro na consciência. Meu comportamento passou a ficar diferenciado do padrão cultural quando eu me encontrava leal a um conjunto de pensamentos e limitações dentro da estrutura do casamento. A força do amor incondicional associado ao sentido de liberdade e de justiça levou para que eu levasse ao rompimento com o amor exclusivo, a base do amor romântico que justificou o casamento. Resolvi praticar o amor inclusivo (não-exclusivo) e isso quebrou as bases do romantismo e também das estruturas culturais que me traziam fiel aos critérios do casamento. O casamento deixou de fazer sentido, com todas as limitações que ele fazia ao exercício do amor. Percebi depois com mais clareza, a exortação de Deus para que eu continuasse a praticar esse comportamento com base no amor incondicional e construísse um novo tipo de família, mais solidária e vacinada contra a prática perversa do egoísmo que tanto mal causa à sociedade. Caminho agora à margem da cultura de minha comunidade, mas sintonizado com a vontade do Criador, cuja Lei se encontra em minha consciência e tenho convicção de que a estou cumprindo fielmente, apesar de estar em conflito com as leis culturais. Também sinto que essa exortação que recebo para motivar o meu comportamento para o amor inclusivo, também é aplicado em diversas pessoas na comunidade e que já chegam para o grande púbico na arte, na literatura, no cinema, nas novelas. Também nas comunidades de menor nível sócio-cultural verificamos a aplicação desse comportamento de amor inclusivo, mesmo que seja contaminado por forte egoísmo, com o sentimento de posse, de ciúme... é necessário que essa exortação ao amor inclusivo, incondicional, seja trabalhado de forma acadêmica, racional e mostrar com precisão os benefícios que pode trazer na construção de uma sociedade mais solidária e justa, com base na família ampliada que caminha sua evolução para a família universal.
Preciso esclarecer a luta desses dois gigantes dentro de nossa mente e que chegam a influenciar e decidir o comportamento. O motor que os impulsiona é a necessidade, seja real ou artificial. A necessidade no campo material tem o objetivo de manter e reproduzir os corpos e assim perpetuar a vida ao longo do tempo. A necessidade no campo espiritual diz respeito a destinação de evolução moral do espírito. Essa necessidade assim dicotomizada, surge na mente como desejo e vai direcionar a vontade para que seja ou não realizado os comportamentos. Nascemos com as necessidades profunda de alimentação e proteção, sob pena de não sobrevivermos se não cumprir. Com a educação aprendi que devo manter sob controle os desejos que não são convenientes, que são perversos, egoístas ao extremo. Os desejos surgem continuamente e clamam por satisfação, por atender a necessidade, qualquer que seja ela. Mas devo preponderar a vontade daquilo que é necessário para a minha sobrevivência e que não prejudique terceiros.