Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
30/05/2012 00h22
AINDA NÃO APRENDI

            Como é difícil ser caridoso quando ainda se é portador de tantos pecados na consciência. Pensava que já havia avançado bastante e agora não teria mais dificuldade de praticar a caridade “incondicional” de dar a quem me pede independente do arrazoado que a minha mente queira fazer no sentido contrário. Falhei estrondosamente logo quando eu estava começando a ganhar confiança. Ao entrar no carro, após ter saído da padaria onde estava jantando com minhas companheiras, veio um rapaz mancando com um aparelho mecânico na perna do outro lado da rua em minha direção. Queria uma pratinha, talvez até com a justificativa de que estava pastorando o carro. De imediato assumiu em minha consciência toda a resistência anterior. Ignorei o rapaz, mesmo ele tendo parado na minha frente em atitude de expectativa. Lembrei do meu compromisso com a caridade, mas não tive forças para a evocar. Prevalecia reverberando na minha mente os argumentos de que o rapaz não devia procurar gorjeta naquela calçada, pois ele fica sempre do outro lado da rua, que estava se aproveitando de um acidente para sensibilizar os outros, que minhas companheiras iriam notar que eu tenho firmeza para resolver essas questões, que eu não seria enganado facilmente por aquele rapaz que não iria levar nenhum centavo meu. Logo que eu me afastei da “cena do crime” esses argumentos perderam força e assumiu à minha consciência o sentimento de culpa, de não ter feito meu dever, de não ter dado expressão à caridade da qual eu me digo aliado.  Observei também que eu ainda estou nos primeiros estágios desse aprendizado de ser caridoso, que ainda não aprendi nem o alfabeto básico. Talvez eu seja até um retardado sentimental, que não consiga aprender os sentimentos nobres. Mas acredito que não. Acredito que isso seja devido a falta de prática nesse campo. Da mesma forma que eu tenho dificuldade de fazer minhas preces, por tanto que eu me esforce. Mas isso jamais servirá de motivos para eu desistir da minha caminhada em direção ao Reino de Deus e sei que a caridade é um dos maiores caminhos pavimentados para o íntimo do Criador.

 

 

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29/05/2012 23h43
GRANDE NEGÓCIO

            Continuo na luta ferrenha a nível de consciência, fazer habitar em mim o anjo da caridade, deslocando o egoísmo, o medo, a arrogância, a prepotência, o medo, a vaidade, enfim uma série de sentimentos menores. Hoje tive uma vitória extraordinária. Uma criança dos arredores do hospital estava no estacionamento pedindo uma pratinha. Venci a resistência e falei com ele amistosamente, pronto a dar a pratinha desejada. Perguntei o que ele fazia, onde morava, e me dirigia para abrir o carro. Foi quando percebi que o menino olhava assustado para o final da escada onde vi surgir a figura do vigilante dizendo que não permitido ficar pedindo ali dentro. Notei que ele se encolhia e já procurava a saída. Disse baixinho para só ele escutar que me esperasse fora. Quando sai, dobrei a rua e deixei que o muro do hospital cobrisse do guarda a visão do meu carro. A criança se aproximou e dei a pratinha que ele esperava e fiz uma observação de que não era permitido ficar naquele local a pedir. Ele não disse nada, com um sorriso foi embora. Saí também a meditar que fiz uma ação contrária ao regulamento do hospital, infringi a lei, eu que enquanto professor e com um cargo de direção devia observar. Mas não me sentia como um criminoso, pelo contrário, estava exultante por ter feito essa proeza. Venci minha resistência de doar até mesmo num ambiente onde tudo favorecia eu me omitir. Senti até uma lágrima de satisfação rolar por meu rosto e de imediato lembrei que há poucos dias eu tinha derramado lágrimas também ao pedir perdão ao Pai por não ter auxiliado um irmão que havia me estendido a mão. Entendi que este meu ato agora me resgatava daquele pecado do passado, do peso em minha consciência. Vi que eu tinha feito um grande negócio, com uma simples pratinha fiquei quites com meu Criador.

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28/05/2012 22h33
FIEL À INTENÇÃO

            Continuo fiel à determinação de considerar os meus irmãos desfavorecidos que perambulam pelos cruzamentos e locais semelhantes, como representantes da Caridade. Continuo na doação de pratinhas quando eles estendem à mão, mas sei que devo fazer algo mais além disso. Algo que represente uma doação do coração. Sinto que esse meu ato tem muito de robotizado, algo mecânico e a caridade vai muito além disso. Tudo bem a pratinha pode ser o primeiro passo, mas muitas vezes se torna secundário, que a consideração, o tratar de igual para igual, de conversar, olhar nos olhos, trocar sentimentos. Tenho que permanecer firme na doação da pratinha, não importa que tenha um destino daquele que eu imagino, que me fazem pensar que é isso. Estou cada vez mais convencido de que não é uma pessoa ou mais de uma, que tem propósitos maus, que irá fazer dom que eu deixe de ajudar que mais precisa na realidade. Enquanto eu mantenho firme a intenção de doação da pratinha, espero que esse comportamento vá se consolidando ao longo do tempo e me deixar mais tempo para que eu invista na doação dos sentimentos que é a parte mais nobre da doação.

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27/05/2012 00h17
O ANJO DA CARIDADE – O RETORNO

            O Pai tem infinita capacidade de misericórdia e de perdão para os seus filhos ignorantes, medrosos, incompetentes. Ele espera com paciência que essas almas tão pecadoras, mas que demonstre boas intenções, que tenham capacidade de ser erguer do lodo da indiferença para o jardim da ajuda aos mais necessitados. Assim, ele mandou o Anjo da caridade mais uma vez ao meu encontro. Na primeira vez eu até fiz um esforço para lembrar do meu compromisso e cumpri-lo, mas eu logo percebi que o automatismo tomou conta do meu comportamento mais uma vez. Assumi a máscara da indiferença e com um gesto seco com os dedos comuniquei que não queria que fosse lavado o vidro do carro, recurso que é empregado para justificar o ganho de uma moeda, por menor que fosse o valor. Saí do cruzamento e mais uma vez a consciência me bombardeou com críticas. Fiquei até envergonhado de falar com o Pai. Como é que falho em tarefa aparentemente tão fácil!  

            No outro cruzamento eu tive outra chance. Vi a distância o rapaz com rodo na mão se aproximando e fixei o propósito de minha ação em ir até a caixinha do carro e pegar uma ou duas das moedas ali e entregar para o rapaz. Consegui fazer isso, mas reconheço que foi uma ação mecânica, como se fosse feito um esforço para quebrar meus automatismos internos. Não tinha muito a ver com caridade, mas de qualquer forma eu agi no sentido da ação caridosa que eu quero realizar. Acredito que apesar de tudo o Pai tenha ficado satisfeito, é como se eu tivesse aprendendo a andar e tivesse conseguido dar o primeiro passo, cambaleante, bizarro, deselegante, mas foi o primeiro passo. Espero continuar evoluindo também nesse aspecto!

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26/05/2012 00h09
O ANJO DA CARIDADE

            Encontrei o Anjo da Caridade na forma de uma criança de rua que se aproximou do um carro com uma latinha na mão a espera de uma pratinha. Isso sempre acontece e eu evito dar qualquer coisa, pois sei da existência de pessoas inescrupulosas que abusam dessas crianças que ficam expostas nos perigos da noite, ou mesmo as próprias crianças que ficam juntando as pratinhas para comprar pedras de crack ou cola de sapateiro. Faço isso de forma quase automática, não consigo nem ao menos fitar nos olhos dessas crianças. Mas agora foi diferente. Acabo de vir de uma reunião evangélica, onde eu disse com palavras que foram intuídas em minha mente, que estamos em um planeta que serve de escola e de hospital para nossas almas. Temos que usar o pequeno tempo que iremos passar aqui para aprender lições importantes relacionadas ao Amor Incondicional e de nos curar das mazelas espirituais, dos vícios e pecados que residem no nosso íntimo; que nos reunimos com intuito de tratar de pessoas atormentadas que nos procuram, mas devemos ter a consciência de que também somos doentes da alma e que devemos ser solidários com os necessitados e aprender também com eles, com as dores das suas almas, como aliviar as nossas. Um dos recursos mais eficientes para isso é a prática da caridade. Então saí da reunião com o firme propósito de ser mais caridoso no meu ambiente. Pois fracassei logo no primeiro teste. Depois que acelerei o carro e vi pelo retrovisor o rosto triste da criança, caiu a ficha em minha consciência. Reconheci que logo que os céus receberam a notícia das minhas convicções na prática da caridade, enviaram o anjo para fazer o teste. Falhei fragorosamente. Deixei que o automatismo de minhas ações prevalecessem e mais uma vez eu partisse com as minhas convicções do passado, de não alimentar a ganância e perversidade dos adultos ou a dependência dos menores. Esqueci que o compromisso de ser caridoso estava acima disso, se os comportamentos negativos existissem eram por nossas próprias culpas, incompetências, de não saber ou não querer criar mecanismos de proteção para as crianças e evitar que elas se exponham na rua dessa forma. Então, se elas chegam até mim nessas circunstâncias, assume o papel do anjo da caridade e devo fazer aquilo que o Pai deseja, que eu cuide de cada um dos seus mais frágeis filhos. Se no momento o que está ao meu alcance é dar uma pratinha, um sorriso ou uma palavra de carinho, não devo me esconder na máscara da indiferença e partir.

            Assim pensando senti os olhos marearem a ponto de pingarem e embaçar a minha visão da estrada. Fiz uma prece ao Pai pedindo perdão pela falha e que me desse outra chance de provar que posso ser caridoso, que posso vencer o medo de ser usado como um bobo, um cúmplice de adultos malvados ou de facilitador para o uso de drogas. Devo considerar como verdade a fome de quem pede um pedaço de pão!

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em 26/05/2012 às 00h09
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