Jesus falou que os Messias nada mais são do que instrumentos nas mãos de Deus. Ele mesmo desenvolveu o sentido messiânico ao longo da sua vida, quando percebia que em prece o seu espírito se exaltava e cada vez mais reconhecia o caráter de uma missão e até o seu desenlace final. Sabia dos obstáculos para sua realização, era amparado pelo Espírito Santo de Deus e sofria os efeitos dos desejos da carne como toda pessoa humana. Chegou a pensar em desistir da tarefa, chegou a suar gotas de sangue, tamanha a apreensão pelo que iria passar. Mas resistiu a todas as tentações, conseguiu ir até o fim de sua missão messiânica e hoje todos nós temos o benefício de suas lições e de seus exemplos.
Fico a pensar, no mundo conturbado em que vivemos, muita gente de posse dos ensinamentos de Jesus, procurando seguir com honestidade os seus passos pede em suas orações dirigidas ao Criador, para servir como instrumentos de Deus. Talvez façam isso até mesmo em ignorância do que está pedindo, como faço eu, confesso. Até hoje não tinha o conhecimento de que Messias é uma pessoa transformada por Deus em seu instrumento, que vai enfrentar tamanhos obstáculos que podem implicar o sacrifício, o martírio até do próprio corpo. Talvez o Pai tenha feito chegar em minhas mãos a leitura que levou à minha compreensão do que eu estava pedindo. Eu sei que Ele colocou em minha consciência a verdade das relações humanas, a incoerência da cultura quando defende o amor incondicional que Jesus nos ensinou e por lado aplica o amor condicional estruturado na família nuclear que tem como base o amor exclusivo. Ele colocou esse paradoxo com tanta clareza na minha cabeça que o meu senso de justiça não pode mais o omitir na minha prática na vida material e cultura. Sei que isso trouxe enormes benefícios à minha vida, sei que hoje estou muito sintonizado com Deus por saber que estou cumprindo sua Lei, mesmo que não obedeça a lei da minha cultura humana. Isto é bom, mas sinto que Deus quer que isso seja ampliado para a coletividade, que os benefícios que eu alcancei e que proporcionei ao meu redor, sejam ampliados ao máximo. Desenvolvi na consciência o conceito de Família Ampliada para materializar a relação interpessoal mais próxima do ideal divino e tenho ao meu lado diversas pessoas que sabem do meu comportamento, algumas entendem como funciona o meu pensamento e poucas tem conhecimento da missão que assumi. Pouquíssimas ainda, entende a missão com mais profundidade e aceitam participar dela como uma missão também de suas próprias vidas, sabendo que fazendo isso tem que matar a “pessoa velha” e deixar assumir apenas o interesse espiritual. Têm que assumir a batalha interna contra seus instintos animais, seus desejos carnais, seu egoísmo material... têm que vencer os monstros bestiais que residem dentro de cada um de nós, as fornalhas que alimentam o calor destrutivo do inferno.
Sei que construi tudo isso ao meu redor, a custa de muito sofrimento, sei bem, mas sempre sintonizado com os propósitos do Criador que está instalado na consciência. Então, é um sofrimento que conduz à elevação de todos os envolvidos, nosso acredito também, mesmo que em alguns momentos o calor das emoções derretam os laços afetivos, mas que o tempo com a ajuda decisiva da verdade, corrigira atitudes incoerentes de quem quer que seja, inclusive as minhas.
Sei agora do risco que sofro quando peço em orações para ser o instrumento do Pai para a transformação social, para ajudar aos meus irmãos saírem do campo da ignorância quanto ao conhecimento e aplicação da Lei Universal que disciplina o Amor Incondicional.
Sei agora que irei ser submetido à provação, serei humilhado, acusado, condenado; sei que poderei sofrer até dor física, martírios de toda espécie. Serei uma espécie de Messias que não foi enunciado, mas convocado a aceitar voluntariamente a expansão da missão que já está na consciência. Já tenho todos os recursos ao alcance de Deus para o cumprimento da minha missão. Basta agora a aceitação do Livre Arbítrio.
É a quem o espírito de Deus se apodera fazendo a realização de maravilhas e mostrando a todos sua autoridade divina. Implica também na espera de um libertador para o povo de algum flagelo que o atinge. Alguém que dotado da iluminação divina promove a inovação e mudanças, conseguem convencer a multidão a agir conforme a vontade do Senhor e caminha na frente dela. O mais conhecido Messias em nossa cultura é Jesus Cristo. Na condição de filho de Deus trouxe o ensinamento do amor como ferramenta básica na construção do Reino de Deus aqui na terra, no campo material. Depois que Ele foi morto, nenhum outro assumiu essa característica tão ampla, coerente e definitiva. Mas, hoje como ontem, a multidão continua imersa em valores materiais, apesar de ter construído regras que tenta minimizar a influência do animal sobre o homem espiritual. Fico a perguntar: será que nós não temos necessidade, também hoje como ontem de um novo Messias?
Para quem atingiu um nível de espiritualidade, esses dois sentimentos não são desconhecidos, pelo contrário, muito comuns. Quem é espiritualizada caminha sempre ao lado da verdade e isso muitas vezes machuca quem está ao redor, principalmente pessoas que amamos, e o sofrimento delas causa sofrimento em nós da mesma intensidade. Ainda tem outro agravante, é que na relação o lado menos espiritualizado tende a gerar raiva, ressentimento e sentimento de vingança, de retaliação e de potencial realização. O lado mais espiritualizado ver toda essa movimentação de sentimentos negativos e de hostilidade e desenvolve o sentimento da compaixão. Compaixão pelos seus carrascos, pois eles não têm a dimensão espiritual para tirar a venda de ignorância que lhes cobrem os olhos; fazem o mal sem saberem a dimensão que isso tem. Então o espiritualizado tem uma carga dobrada de sofrimento e somente a compaixão por todos os envolvidos, inclusive ele, faz a devida compensação: quanto maior o nível de sofrimento, maior o nível de espiritualização adquirido, mais perto de Deus nos colocamos.
A verdade pode ser uma companheira inconveniente em determinadas situações, se a apresentarmos irá causar constrangimentos e sofrimentos a quem estar ao nosso lado, até mesmo pessoas que amamos. Tem momentos que é justificado a sua omissão ou mesmo a negação em função da harmonia que desejamos ter ao nosso redor. Isso corresponde ao que chamamos hoje tecnicamente de habilidade social. É uma habilidade positiva que tira a crueza da assertividade, mas por outro lado, se persistir por muito tempo, gera uma realidade falsa amadurecida e aí reside o perigo. Vejamos só os passos: em nome da harmonia aplicamos a habilidade social; montamos ao nosso redor uma farsa que amadurece ao longo do tempo; essa farsa se dissolve ao menor contato com os fatos reais com grande prejuízo aos seus autores. Se somos pessoas boas, com boas intenções, a habilidade social que escamoteia a verdade não pode se cronificar. É elegante e digno que, antes da realidade destruir o falso mundo que está em construção, nós mesmos, os seus construtores, armados com a coragem de pedir perdão, colocar os motivos pelos quais isso foi feito, apresentar os ideais que justificaram os nossos atos até esse ponto. Com essa explicação o conflito se instaura, a harmonia se perde. Mas por outro lado a verdade impera! E isso é o mais importante. Pois, se o fato que causou o afastamento da verdade é realmente importante, ele deve ser trazido à luz da verdade com todos os detalhes; caso esse fato não seja importante, também não é importante que ele seja repetido, fortalecido e amadurecido, o próprio tempo se encarregará de sua destruição por inanição, e aquela omissão/mentira inicial perde importância também.
Depois de tudo esclarecido, o conflito formado, resta agora lutar pelo restabelecimento da harmonia, agora sob a luz da verdade. Vamos verificar que os lados opostos possuem opiniões diferentes sobre os fatos praticados, cada um com seus argumentos sólidos. Caso esses fatos estejam cumprindo metas do meu ideal de vida, não posso abandoná-los, a não ser que os argumentos contrários venham trazer motivos para uma mudança de opinião. Caso isso não aconteça, nem de um lado nem de outro, o único recurso que viabilizará a convivência entre os contrários será a TOLERÂNCIA. Não existindo, o lado mais forte tende a subjugar o mais fraco, o que abre as portas para diversos sentimentos e atitudes negativas: medo, raiva, prepotência, ansiedade, depressão, vingança, etc. Para evitar que chegue a esse nível, o lado mais forte do relacionamento tem duas opções: a ABNEGAÇÃO ou o ROMPIMENTO.
Na abnegação a pessoa renuncia, faz o sacrifício do seu próprio interesse em função do interesse alheio. A pessoa vai negar voluntariamente seus desejos e ideais em função dos desejos e ideais do outro. Pode oferecer sua vida a uma causa religiosa, política, familiar, social de qualquer natureza, mas que não é a sua causa. Então passa a viver de forma robotizada, sem sentido próprio, esperando de Deus apenas o seu término e às vezes o acelerando com ações diretas ou indiretas.
O rompimento é o outro caminho que parece ser o mais saudável, de acordo com a independência financeira e emocional. Não é que esse rompimento leve obrigatoriamente a uma perda do relacionamento, e sim à quebra da convivência. Convivência essa que poderia estar existindo do nascimento até esse instante. Por isso é um momento doloroso, muito difícil, mas necessário. As partes devem compreender, à luz da razão, que cada um tem o direito de viver os seus ideais, ninguém tem o direito de impor o seu ideal sobre o ideal do outro.
Deve ficar também claro que toda essa movimentação de sentimentos, emoções e razões, só têm condições de levar crescimento a todos os envolvidos, se estiver sempre ao lado da verdade. Pode até ser que falte tolerância, compaixão, perdão, mas jamais deverá faltar a verdade!
Existem momentos que mesmo sendo especiais as circunstâncias os tornam apagados, sem brilho, que gostaríamos até que fosse adiado para outro momento. Mas os trilhos da vida que correm em consonância com o tempo é quem decide o momento de chegar ou não qualquer situação negativa com potencial de cobrir e enevoar o evento mais alegre e importante que estaria em nossa programação. Assim é um aniversário. A cada ano elegemos o dia que nascemos como importante, que motiva receber os amigos, de receber presentes, elaborar festas e por aí vai. Mas quando coincide de uma circunstância negativa acontecer no dia do aniversário, tudo isso perde a importância. Não há mais tanto motivo para riso, alegria... A vontade agora é de ficar isolado do mundo, não falar com ninguém e num extremo, pensar até em auto-destruição. Sei que essa sensação é ruim, mas não podemos deixar que isso consiga desviar nossa rota de vida, muito menos a exterminar. Do mesmo jeito que o tempo trouxe essas circunstância ruim, da mesma maneira irá levar para longe e outra circunstância surgirá, geralmente de natureza oposta. É o velho segredo que devemos ter em mente: TUDO PASSA!
Enquanto perdurar a circunstância negativa e ficarmos exposto ao sofrimento, devemos aproveitar o momento e procurar ver qual o aprendizado que teremos. Sempre há! Então não vamos encarar isso como um castigo gratuito. Vamos entender como uma aula e que se isso acontece é porque de alguma forma eu contribui para sua ocorrência. Vale a pena verificar se a minha contribuição para o surgimento da circunstância é algo que fiz com a consciência tranquila, então devo suportar o sofrimento como uma consequência de algo que quero construir. Mas se é devido a algo que fiz de forma contrária a minha consciência, então vou suportar o sofrimento como uma espécie de castigo para purgar a minha culpa. Caso eu não seja o protagonista direto, mas sim um elemento que contribuiu para o sucesso ou insucesso do outro, passarei a ficar alegre ou triste, respectivamente. Pode até parecer um paradoxo, ficar alegre com o sofrimento de alguém, mas se é para o crescimento... justifica!