Continuemos o estudo interpretativo da obra de Humberto de Campos / Chico Xavier... “Brasil coração do mundo, pátria do Evangelho”, continuando no quarto capítulo “Os missionários”.
Em 1531, após Portugal ter resolvido, sob a direção de D. João III, a primeira tentativa de colonização da Terra de Santa Cruz, alguns dos convocados, participantes daquela augusta assembléia, chegavam ao Brasil com Martim Afonso de Sousa e a sua companhia de trezentos homens, a tomar parte ativamente na fundação de S. Vicente e na de Piratininga.
Nóbrega aportava mais tarde, na Bahia, com Tome de Sousa, o primeiro governador-geral da colônia, em 1549, chefiando grande número desses irmãos dos simples e dos infelizes, a fim de estabelecer novos elementos de progresso e dar início à cidade do Salvador.
Anchieta veio depois, em 1553, com Duarte da Costa, e se transformou no desvelado apóstolo do Brasil. Designado para desenvolver, particularmente, os núcleos de civilização já existentes em Piratininga, aí se manteve no seu respeitável colégio, que todos os governos paulistas conservaram com veneração carinhosa, como tradição de sua cultura e de sua bondade. Alguns historiadores falam com severidade da energia vigorosa do apóstolo que, muitas vezes, foi obrigado a assumir atitudes corretivas no seio das tribos, que, entretanto, lhe mereciam as dedicações e os desveles de um pai. Anchieta aliou, no mundo, à suprema ternura, grande energia realizadora; mas, aqueles que, na história oficial, lhe descobrem os gestos enérgicos, não lhe notam a suavidade do coração e a profundeza dos sacrifícios, nem sabem que, depois, foi ainda ele a maior expressão de humildade no antigo convento de Santo Antônio do Rio de Janeiro, onde, com o hábito singelo de frade, adoçou ainda mais as suas concepções de autoridade. A edificadora humildade de um Fabiano de Cristo, aliada a um sentimento de renúncia total de si mesmo, constituía a última pedra que faltava na sua coroa de apóstolo da imortalidade.
D. João III teve a infelicidade de introduzir em Portugal o organismo sinistro da Inquisição. Com o tribunal da penitência, vieram os Jesuítas.
Não constitui objeto do nosso trabalho o exame dos erros profundos da condenável instituição, que fez da Igreja, por muitos séculos, um centro de perversidade e de sombras compactas, em todas as nações européias, que a abrigaram à sombra da máquina do Estado. O que nos importa é a exaltação daqueles missionários de Deus, que afrontavam a noite das selvas para aclarar as consciências com a lição suave do Mártir do Calvário. Esses homens abnegados eram, de fato, "o sal da nova terra".
Os falsos sacerdotes poderiam continuar massacrando, em nome do Senhor, que é a misericórdia suprema; poderiam prosseguir ostentando as púrpuras luxuosas e todas as demais suntuosidades do reino mentiroso desse mundo, incensando os poderosos da Terra e distanciando-se dos pobres e dos aflitos; mas, os humildes missionários da cruz ouviam a voz de Ismael, no âmago de suas almas; aos seus sagrados apelos, abandonaram todos os bens, para seguir os rastros luminosos d’Aquele que foi e será sempre a luz do mundo. Foram eles os primeiros traços luminosos das falanges imortais do Infinito, corporificadas na terra do Evangelho, e, com a sua divina pobreza, se fizeram os iniciadores da grande missão apostólica do Brasil no seio do mundo moderno, inaugurando aqui um caminho resplandecente para todas as almas, transformando a terra do Cruzeiro numa dourada e eterna Porciúncula.
Vejamos a crítica de Leonardo Marmo. Trata-se de uma contradição. O autor chama de condenável a instituição que elogia ao longo do livro. O capítulo termina com duas expressões tipicamente católicas: “...e, com sua divina pobreza se fizeram os iniciadores da grande missão apostólica (referência à Igreja Católica Apostólica Romana) do Brasil...” “...transformando a terra do Cruzeiro numa dourada e eterna Porciúncula.” Existe uma cansativa exaltação da “divina pobreza” e da humildade com a inauguração da missão apostólica.
A crítica de Leonardo continua severa nos pontos que lembra o catolicismo. Acredito que se mantivermos a compreensão que este livro é de natureza espiritualista e não espírita, evitamos alimentar tal crítica sem que o trabalho perca a essência do que deseja transmitir.
Continuemos o estudo interpretativo da obra de Humberto de Campos / Chico Xavier... “Brasil coração do mundo, pátria do Evangelho”, continuando no quarto capítulo “Os missionários”, onde Ismael fala aos novos missionários.
Um sopro de reformas se anuncia, impetuoso, no âmago das organizações religiosas da Europa e, em breves dias, Roma conhecerá momentos muito amargos, não obstante os sonhos de arte e de grandeza de Leão X, que detém neste instante uma coroa injustificável, porquanto o reino de Jesus ainda não é desse mundo; mas, temos de aproveitar as possibilidades que o seu campo nos oferece para encetar essa obra de edificação da pátria do Cordeiro de Deus.
Pregareis, em Portugal, a verdade e o desprendimento das riquezas terrestres e trabalhareis, sob a minha direção, nas florestas imensas de Santa Cruz, arrebanhando as almas para o Único Pastor. O característico de vossa ação, como missionários do Pai Celestial, será um testemunho legítimo de renúncia a todos os bens materiais e uma consoladora pobreza.
Quase todos os Espíritos santificados, ali presentes, se oferecem como voluntários da grande causa. Entre muitos, descobriremos José de Anchieta e Bartolomeu dos Mártires, Manuel da Nóbrega, Diogo Jácome, Leonardo Nunes e muitos outros, que também foram dos chamados para esse conclave no mundo invisível.
Vejamos as críticas de Leonardo Marmo neste trecho: A expressão “Cordeiro de Deus”, a qual, na missa católica, se completa com “...que tira os pecados do mundo...”, não consiste em uma expressão espírita e não tem o menor significado dentro da doutrina espírita, já que não acreditamos na “Salvação”, como é o caso do catolicismo e de outras religiões cristãs.
Como é possível perceber, analisando até o presente capítulo, já fica difícil aceitar o texto como obra propriamente espírita. Estaria mais para um livro meramente espiritualista ou ficcional. Entretanto, a situação fica mais grave se considerarmos que tal livro é exaltado como fundamental para o Espiritismo brasileiro e mundial. E é justamente por amar Chico Xavier e Humberto de Campos, respeitando e amando suas verdadeiras e extraordinárias contribuições, como elevadíssimos desenvolvimentos das obras básicas de Allan Kardec, que temos dificuldade em aceitar este livro como obra relevante doutrinariamente.
Neste ponto acredito que Leonardo Marmo esteja correto. Não podemos aceitar este livro como um suporte doutrinário como acontece com as obras de Allan Kardec e de André Luiz. Este livro que analisamos parece que extrapola os limites do espiritismo, da sua pureza doutrinária, e entra em caminhos conciliatórios incompatíveis com a doutrina, como considerar Jesus como o “Cordeiro de Deus que veio para a salvação, tirar os pecados do mundo”. Mas, do ponto de vista de relação com a humanidade, resta um grande serviço esse tom tolerante e apaziguador, trazendo de bom o que a igreja católica faz, mesmo com um ideário fantasioso para encantar mentes mais simplórias. Que mal há nisso, se o objetivo é levar as criaturas mais perto do Mestre? Pode não ser o caminho do Espiritismo que implica em pessoas de raciocínio mais vigoroso para suportar o compromisso de sermos responsáveis por nossa própria salvação, e não esperar a bondade de um Cordeiro que Deus nos enviou. Então, vamos considerar este livro um texto espiritualista de grande utilidade para o movimento espírita. Acredito que assim não estaremos denegrindo nem Chico Xavier nem Humberto de Campos.
Continuemos o estudo interpretativo da obra de Humberto de Campos / Chico Xavier... “Brasil coração do mundo, pátria do Evangelho”, continuando no quarto capítulo “Os missionários”.
De Portugal, somente aportavam no Brasil, de vez em quando, alguns aventureiros e degredados, obedecendo a um apelo inexplicável e desconhecido.
Foi, aproximadamente, por essa época, que Ismael reuniu em grande assembléia os seus colaboradores mais devotados, com o objetivo de instituir um programa para as suas atividades espirituais na Terra de Santa Cruz:
— Irmãos — exclamou ele no seio da multidão de companheiros abnegados — plantamos aqui, sob o olhar misericordioso de Jesus, a sua bandeira de paz e de perdão. Todo um campo de trabalhos se desdobra às nossas vistas. Precisamos de colaboradores devotados que não temam a luta e o sacrifício. Voltemo-nos para os centros culturais de Coimbra e de Lisboa, a regenerar as fontes do pensamento, no elevado sentido de ampliarmos a nossa ação espiritual. Alguns de vós ficareis em Portugal, mantendo de pé os elementos protetores dos nossos trabalhos, e a maioria terá de envergar o sambenito humilde dos missionários penitentes, para levar o amor de Deus aos sertões ínvios e carecidos de todo o conforto. Temos de buscar no seio da igreja as roupagens exteriores de nossa ação regeneradora. Infelizmente, a dolorosa situação do mundo europeu, em virtude do fanatismo religioso, tão cedo não será modificada. Somente as grandes dores realizarão a fraternidade no seio da instituição que deverá representar o pensamento do Senhor na face da Terra, a igreja que, desviada dos seus grandes princípios pela mais terrível de todas as fatalidades históricas, foi obrigada a participar do organismo mundano e perecível dos Estados.
Observemos a crítica feita por Leonardo Marmo Moreira neste trecho do livro: Ismael afirma que a Igreja “deverá representar o pensamento do Senhor na face da Terra”. Se isso fosse admitido no movimento Espírita como verdadeiro, deveríamos desenvolver estratégias para fomentarmos uma profunda aproximação com a igreja Católica e o Movimento Espírita se transformaria em uma “ordem da igreja Católica”.
O texto ainda afirma que a Igreja “foi obrigada a participar do organismo mundano e perecível dos Estados...” Em nossa opinião, a Igreja não “foi obrigada” a participar do organismo mundano, como afirma o texto. O que a História mostra é que os líderes religiosos cederam à tentação de compactuar com o poder humano, o que trouxe prejuízos graves para a instituição da mensagem cristã, simples e verdadeira, junto aos povos. Estes comentários não estão de acordo com o que os Espíritos da falange do Espírito de Verdade comentam sobre a Igreja Católica Apostólica Romana no livro “Obras Póstumas” [Kardec, 1998]. E não se trata de opinião pessoal, conforme podemos inferir dos seguintes trechos de duas mensagens de Obras Póstumas ("Futuro do Espiritismo" e "A Igreja") [Kardec, 1998]. Na primeira, o autor espiritual assevera "...cabe-nos retificar os erros da história e apurar a religião do Cristo, transformada, nas mãos dos padres, em comércio e em vil trafico. Instituirá́ (o Espiritismo) a verdadeira religião, a religião natural, a que parte do coração e vai diretamente a Deus, sem dependência das obras da sotaina ou dos degraus do altar". Na segunda mensagem citada é comentado que "Chegou a hora em que a Igreja deve prestar contas do depósito que lhe foi confiado; do modo como praticou os ensinos do Cristo, do uso que fez da sua autoridade, da incredulidade, enfim, a que arrastou os homens". E mais à frente o autor é ainda mais incisivo quanto ao futuro da Igreja estabelecendo que "Deus a julgou e reconheceu-a imprópria, de hoje em diante, para a missão do progresso, que incumbe a toda autoridade espiritual". Ainda sobre a Igreja Católica e o futuro da humanidade o Espírito d ́E... afirma que a Igreja "acha-se nesta alternativa: ou se transforma e suicida-se, ou fica estacionária e sucumbe esmagada pelo carro do progresso". Como se não bastasse, o autor ainda é mais peremptório asseverando que "a doutrina espírita é chamada a ferir de morte o papado..." e conclui seu artigo com a seguinte frase "A Igreja atira-se, por si mesma, ao precipício" [Kardec, 1998].
Vejo essas críticas feitas por Leonardo Marmo muito ácidas, mesma com o suporte dos escritos de Allan Kardec. A fala de Ismael é mais conciliatória, mas que não deturpa a mensagem e missão do Cristo. Mesmo que a igreja tenha seus tantos defeitos, não são a eles que deveremos focar nossas atividades e sim ao que de positivo ela pode emprestar aos primeiros missionários que chegam à Terra Prometida, um novo capítulo do que poderíamos chamar “Novíssimo Testamento”.
Acredito que o Pai tenha me chamado a atenção com seriedade, fazendo bronca... ameaça? Não, não acredito em ameaças. Um pai doce sereno, infinitude de sabedoria e amor, não iria ficar melindrado por meu comportamento, minhas constantes falhas, minha ameaça de fracasso no planejamento espiritual, de me aproximar cada vez mais dEle.
Sonhei que tinha falhado na realização da minha missão, de construir uma maquete da família universal, pré-requisito para o Reino de Deus.
Deus falava que havia me dado todas as condições, mostrado todos os caminhos, e eu, por causa dos meus erros, meus pecados capitais, como gula, luxúria e principalmente a preguiça, não havia tido sucesso.
Tanto que tive oportunidade de me capacitar, consegui evoluir academicamente até o doutorado, professor universitário; consegui estudar o mundo espiritual com os principais mestres e ter uma boa compreensão filosófica do mundo material e mundo espiritual, da lei de causa e efeito e da oportunidade evolutiva que a reencarnação traz para corrigirmos nossos defeitos e burilar nossa alma.
Tive conhecimento da missão que eu teria que desenvolver, nada tão complexo ou exigente de sacrifícios físicos, de penitências exageradas, de mortificação da carne... bastava ter empenho e seguir avante com o projeto bem delineado à nível de realização.
Recebi a convivência de tantas pessoas que o Pai me enviou para a minha convivência, íntima ou solidária, mas não tive a habilidade de mostrar o que eu precisava fazer e alcançar delas a solidariedade, o empenho e o engajamento em ações que se tornariam também delas, como era o desejo do Pai. Não tive competência!
Não consegui a habilidade mental e comportamental para implementar o que deveria ter sido feito com maestria, eu que era o doutor das funções mentais. A família universal não floresceu, o Reino de Deus ficou cada vez mais distante. Fui envolvido pelos prazeres da carne, principalmente a tendência de não sair da zona de conforto.
Agora, não havia mais tempo disponível. Todos os meus predicados, minhas virtudes, entravam em atrofia. Minha esperança fenecia e eu me recolhia, derrotado, à exclusão dentro do meu apartamento, aposentado, sem hormônios, sem mais ânimo para sair, organizar, ajudar... tantas pessoas que dependiam de mim e não tive a competência de mostrar o Reino de Deus que eu tinha na consciência, da missão que eu havia recebido e que não consegui mostrar a ninguém da sua realidade.
Este isolamento social que caía sobre a minha consciência, como um castigo divino, eu entendia que não era ação do Pai, e sim uma omissão da minha parte. Isso era uma consequência da lei de causa e efeito que eu tanto compreendia.
Minha alma estava abatida dentro do corpo, não conseguia mais gerencia-lo. Os próprios desejos da carne também estavam sem ter a quem acionar para adquiri-los. As lágrimas que desciam por minha face, pagavam o tributo da minha inoperância.
Percebi que este era o meu apocalipse pessoal. Aos três cavaleiros originais, gula, luxúria e preguiça, vinha se juntar o quarto: a inveja. Inveja daqueles que apesar de obstáculos muito maiores que os meus, conseguiram alcançar seus objetivos.
O tempo que me resta de vida, fica sendo consumido por essas lamúrias, pelos olhares condescendentes ou acusadores de tantos que dependiam de mim, e agora se veem jogados à própria sorte.
Acordei com tudo isso na minha mente, e da mesma forma que João Evangelista recebeu o seu sonho intuído por Jesus e escreveu o Apocalipse da humanidade, recebi o meu sonho intuído por Deus e vim a escrever este texto, o meu apocalipse pessoal.
Resta agora saber, eu entrei na rota deste apocalipse pessoal ou ainda tenho tempo de sair dela? Terei forças para vencer adversário tão forte da minha alma, como a preguiça, ou já estou abatido por ela? Ainda posso pedir ajuda a Deus, ou Ele já fechou os ouvidos à minha voz? Será que o arrependimento de minhas fraquezas será suficiente para o resgate de minhas esperanças?
Continuemos o estudo interpretativo da obra de Humberto de Campos / Chico Xavier... “Brasil coração do mundo, pátria do Evangelho”, continuando no quarto capítulo “Os missionários”.
OS MISSIONÁRIOS
D. Manuel I recebeu sem grande surpresa a notícia do descobrimento das terras novas. Seu espírito se achava voltado para os tesouros inesgotáveis das índias, que faziam da Lisboa daquele tempo uma das mais poderosas cidades marítimas da Europa.
Contudo, o êxito do capitão-mor provocou um largo movimento de curiosidade no círculo dos navegadores portugueses. Quase todas as expedições que se dirigiam aos régulos da Ásia tocavam nos portos vastos de Vera Cruz, cujo Nordeste já centralizava as atenções dos comerciantes franceses, que aí se abasteciam de vastas provisões de pau-brasil.
Geralmente, as caravelas lusitanas que demandavam Calicut traziam consigo grande número de exilados e de aventureiros. Muitos deles foram abandonados no extenso litoral do país inexplorado e desconhecido, ao influxo das inspirações do mundo invisível; essas criaturas vinham como batedores humildes, à frente dos trabalhadores que, mais tarde, chegariam às terras novas.
A situação oficial perdurava com a indiferença do monarca, distraído pelas suas conquistas no Oriente; mas, entre as autoridades administrativas do Reino, comentava-se a questão da nova colônia abandonada aos exploradores franceses e espanhóis. Compelido pela opinião do seu tempo, D. Manuel providencia as primeiras expedições oficiais, a fim de que se colocasse nas suas praias extensas o sinal das armas portuguesas. Preparasse a expedição de Gonçalo Coelho, que, além de alguns cosmógrafos notáveis, levava consigo Américo Vespúcio, famoso na história americana pelas suas cartas acerca do Novo Mundo, nas quais, infelizmente, reside grande percentagem de literatura e de pretensiosa imaginação. Chegando ao litoral baiano, Gonçalo Coelho organiza a Feitoria de Santa Cruz, primeiro núcleo da civilização ocidental nas plagas brasileiras. O nome do país é agora Terra de Santa Cruz, pelo qual se faz conhecido nos documentos da metrópole.
Depois de graves incidentes, nos quais Vespúcio se entrega a aventuras pelo interior da colônia, sedento de posição e de glória, o expedicionário português, pobre de possibilidades e com raros companheiros, lança marcos de Portugal ao longo de toda a costa brasileira. Uma das emoções mais gratas ao seu espírito é o quadro maravilhoso da Baía de Guanabara. Julgando-se no estuário de um rio esplêndido, denomina Rio de Janeiro o local, em virtude de se encontrar ali nos primeiros dias do primeiro mês do ano.
No sítio encantado, instala uma nova Feitoria — a da Carioca, da qual não ficaram largos vestígios, passando aí meses a fio, a retemperar suas energias em contato com a paisagem magnífica. Prossegue na sua tarefa de reconhecimento e volta depois à metrópole, sem conseguir interessar o monarca no que se referia à exploração da terra nova. Limitou-se o rei português a permitir o estabelecimento de feiras de pau-brasil, na colônia longínqua, o que facultou aos elementos estrangeiros o mais largo desenvolvimento de comércio com os indígenas da região litorânea.
O Rio Carioca é um rio localizado no município do Rio de Janeiro, no Brasil. Nasce na Floresta da Tijuca, percorre os bairros de Cosme Velho, Laranjeiras, Catete e Flamengo e deságua na Baía de Guanabara, na altura da Praia do Flamengo. A maior parte de seu curso é, atualmente, subterrâneo: em apenas três trechos, suas águas correm a céu aberto. O primeiro, na sua nascente, na Floresta da Tijuca; o segundo, junto ao Largo do Boticário, no Cosme Velho e o terceiro, na sua foz na Praia do Flamengo, junto à estação de tratamento de efluentes.
O rio Carioca está intimamente vinculado ao desenvolvimento urbano da cidade, tendo sido usado como fonte de água doce desde os inícios da época colonial. Em 1503, na sua foz, onde hoje é a Praia do Flamengo, foi construída, a mando de Gonçalo Coelho, uma casa que ficaria para sempre marcada na memória do Rio de Janeiro. Os índios tamoios que viviam na região passaram a chamá-la de akari oka, que significa "casa de cascudo". "Cascudo" seria o apelido dado pelos índios aos portugueses, por causa da semelhança entre as armaduras dos portugueses e as placas características do corpo desse peixe. Segundo alguns, o termo teria dado origem não só ao nome do rio mas também ao nome do natural da cidade do Rio de Janeiro.
Outra interpretação, porém, remete o nome do rio a uma aldeia tupinambá que existia no sopé do outeiro da Glória, numa das duas fozes do rio (a outra era na Praia do Flamengo). Essa aldeia foi mencionada pelo francês Jean de Léry (1536-1613) em seu relato sobre a França Antártica. O nome da aldeia, Karîoka, Kariók ou Karióg, significava "casa de carijó".
As águas do rio foram canalizadas e desviadas já nos séculos XVII e XVIII, durante a construção do Aqueduto da Carioca. Terminado em 1750, o aqueduto alimentava várias fontes e chafarizes do Rio de Janeiro colonial. Uma das principais dessas fontes localizava-se num largo no centro da cidade, o que deu origem à denominação do Largo da Carioca. O rio foi, durante toda a época colonial, a principal fonte de água doce para a população. Na altura do atual Largo do Machado, formava a lagoa do Suruí (termo proveniente do tupi siri 'y , que significa "rio dos siris"), da Carioca ou de Sacopiranha.
Da lagoa da Carioca, uma parte das águas seguia até a foz do rio na Praia do Flamengo e outra parte se desviava para a esquerda, formando o rio Catete, que desaguava na Praia do Russell, que é atualmente a Rua do Russell, no bairro da Glória. Posteriormente, tanto a Lagoa da Carioca quanto o rio Catete foram aterrados. Desde 1905, após obras do prefeito Pereira Passos, o rio corre subterraneamente na maior parte de seu curso, visando a prevenir inundações. Em 2003, começou a entrar em operação uma estação de tratamento de efluentes na foz do rio, na Praia do Flamengo. O tratamento da água é necessário devido aos esgotos clandestinos jogados no rio ao longo de seu curso, através da rede pluvial. (Wikipedia, 26-09-2020).
Observamos a formação do atual contexto político e geográfico pela ação dos portugueses que tinham atrás de si, os desígnios espirituais. Importante seguir essas trilhas até os dias de hoje para programar o futuro sintonizado com a liderança espiritual do Cristo e seus missionários.