Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
22/02/2018 23h54
NARCOTRÁFICO

            O narcotráfico é uma poderosa força criminosa que faz girar uma fortuna nas mãos dos traficantes, quer sejam esses moradores das favelas ou aqueles, mais ocultos ainda, moradores em ricas mansões ou frequentadores das altas rodas.

            O Estado até agora tem se mostrado inócuo a essa força paralela, que evoluiu à ponto de dominar grandes áreas como as favelas e as vias que passam em seu entorno. O número de mortes encontradas entre os próprios envolvidos e entre os inocentes, aqueles que estão fora desse jogo, é enorme. Sem falar do alto nível de corrupção que é incentivado. Os jovens logo cedo percebem que podem ganhar mais dinheiro e serem respeitados entrando para o tráfico do que ser um trabalhador de salário mínimo. Isso é um forte atrativo para causar um arrastão entre nossos jovens para o crime organizado que logo cedo deixam de ser cidadãos para serem bandidos.

            O que fazer dentro deste contexto? Onde parece que cada vez mais, cada vez que as forças de repressão atuam mais fortalecem e valorizam o produto que os traficantes comercializam?

            Muito tempo passei defendendo as forças da repressão, defendendo a proibição de todas as drogas consideradas ilícitas, mesmo porque, trabalhando na área como médico e sabedor dos prejuízos trazidos pelas drogas, sei dos graves riscos à saúde mental dos usuários. Mas agora, estou me rendendo à força dos fatos, dos acontecimentos. Vejo que a grande quantidade de mortes causadas pelo tráfico das drogas e fortalecida pela proibição, tem de acabar. Como fazer isso? Acabando a proibição do uso de drogas e construindo instituições, um misto de hospital e supermercado, onde as pessoas poderiam comprar suas drogas de preferência do próprio Estado. Poderiam comprar suas quantidades e ir para casa, ou ficar internados usando a droga por maior tempo dentro da instituição. Poderiam correr risco de vida dentro dessa instituição? Sim, poderiam, mas todos eram informados desse risco e decidiriam, se queriam parar ou não... se queriam usar até a aproximação fatal da overdose.

            Com isso, todos saberiam que a principal fonte de uso da droga que a pessoa quisesse seria o próprio Estado. A pressão social que levava as pessoas em busca dos traficantes e deixar com eles suas moedas, deixaria de existir. A quantidade de recursos usados para montar e fazer atuar as forças da repressão, agora seriam redirecionadas para a contratação de técnicos que produzissem a Psicoeducação e o tratamento de desintoxicação e libertação da dependência para quem desejasse sair dessa condição.

            Saindo da minha posição de defensor das forças de repressão, agora eu serei defensor de um Estado que permita a liberdade do cidadão usar a droga que ele queira, dentro dos limites comerciais impostos pela própria lei do mercado. Certamente aumentará o número de mortes e de internações causados pelo uso das drogas, mas com certeza será compensado pela falta de morte dos inocentes que sairiam dessa linha de fogo do poder dos traficantes.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 22/02/2018 às 23h54
 
21/02/2018 23h04
COMPORTAMENTO MASCULINO

            Li um texto atribuído a Osho sobre o comportamento masculino, que irei reproduzir aqui para nossa reflexão, pois faz muita sintonia com o meu pensamento, porém com algumas fortes variações.

            Homens são homens.

            Eu tornei-me interessado em outras mulheres para além da minha mulher, mas quando a minha mulher mostra interesse num outro homem qualquer, eu fico com muitos ciúmes. Eu ardo num fogo terrível.

            Os homens criaram sempre liberdade para eles mesmos, mas obstruíram as mulheres. Os homes aprisionaram as mulheres dentro de quatro paredes da casa e permitiram a si mesmos a liberdade. Esses dias acabaram. Agora as mulheres são tão livres quanto você. E se você não quer arder em ciúmes há apenas dois caminhos: um caminho é você se libertar do desejo. Quando não há desejo, o ciúme não pode permanecer. E o outro caminho: se você não quer se libertar do desejo, então pelo menos dê os mesmos ao outro que os que você tem. Ganhe essa coragem. Eu gostaria que você se libertasse do desejo.

            Se você conheceu uma mulher, você conheceu todas as mulheres. Se você conheceu um homem, você conheceu todos os homens. Então as diferenças estão apenas na forma exterior. E aqueles que não conheceu todas as mulheres, ao conhecer uma mulher, entenda que ele está vivendo inconscientemente. Mesmo conhecendo inúmeras mulheres, ele não será capaz de conhecer, ele simplesmente nunca conhecerá. Conhecer acontece apenas através da consciência, e ele está inconsciente. Ele continuará perseguindo mulheres, abandonando uma para ir atrás de outra.

            Certamente você arderá, porque isso magoa o ego masculino. Você pensa que é completamente bom que você se torne interessado nas mulheres de outras pessoas, que não há problema nisso. Nós dizemos: “homens são homens”. Os homens criaram esse ditado porque eles pensam que um homem não ficará satisfeito com uma mulher, que o homem quer muitas mulheres, mas que uma mulher ficará satisfeita com apenas um homem. Esses são apenas truques masculinos. Uma mulher deveria ficar satisfeita com um homem – e esse homem é você! Mas você? – como é que pode ficar satisfeito com uma? Você é um homem! Você pensa que deveria ter mais liberdade para o homem...

            A sua mulher tem tanto direito à sua liberdade quanto você exige para você mesmo. E se você achar que, não, não é correto que a sua mulher se interesse por outros homens, então o seu interesse por outras mulheres também não é correto. Você deveria se tornar o que você espera da sua mulher, você deveria agir da mesma maneira. Somente aí você tem algum direito.

            Osho considera a liberdade entre homens e mulheres dentro de um ponto de vista do direito, da justiça, simplesmente. Não considera a marcante diferença biológica que existe entre homem e mulher, e isso leva ao machismo que ele tão bem identifica.

            A minha experiência nesse campo é muito diferente do que Osho defende. Primeiro ele considera que todas as mulheres são iguais, conhecendo uma conhece todas. Tive vários relacionamentos com mulheres, muitos deles que chegavam a intimidade sexual. Em nenhum desses eu encontrei uma mulher igual à outra, nem mesmo na simples mecânica do intercurso sexual. Tanto diferem na aparência externa e muito mais nos atributos internos: sentimentos, emoções, raciocínios, afetos, etc.

            Mesmo que sejamos tão diferentes na biologia e na psicologia, eu entendo que a liberdade deve ser de ambos, e que o desejo alcançado é uma das condições que contribuem para a nossa qualidade de vida. Então, se eu considero esse desejo importante para a minha qualidade de vida, o mesmo direito a minha mulher deve ter, mesmo que isso me faça arder de “ciúmes” como aconteceu com minha primeira esposa. Mas eu segurei o tranco e venci os meus sentimentos e emoções negativas, venci também os comentários maldosos dos que me chamavam de chifrudo e que “cantavam” minha mulher com hipocrisia, pois não queria que ninguém cantasse a mulher deles.

            Cheguei a aplicar as lições evangélicas a essa ousadia de libertar a minha mulher, de fazer ao próximo o que desejaria que fizessem a mim. Eu queria que minha mulher fosse amiga das amantes que por acaso eu viesse a ter, então procurei ser amigo dos amantes que a minha mulher arranjou.

            Mesmo que a minha mulher não tenha tido condições de levar esse estilo de vida por muito tempo, até hoje eu continuo agindo dessa forma, obedecendo aos desejos quando eles não interferem com a ética, quando não vão causar prejuízos morais, quando não extrapola os limites da confiança.

            Assim, mesmo que eu sinta a sintonia do pensamento de Osho com o meu, com relação a liberdade que devemos ter, homem e mulher, o que ele imagina não ser possível, eu realizei e até hoje me sinto satisfeito por ter enfrentado esse desafio.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 21/02/2018 às 23h04
 
20/02/2018 22h41
PATRIOTISMO, SIM SENHOR

            Reproduzo hoje um texto do jornalista, filósofo e cientista político, Olavo de Carvalho, para nossa reflexão:

            Como todos os meninos da escola na minha época, eu não podia cantar o Hino Nacional ou prestar um juramento à bandeira sem sentir que estava participando de uma pantomima. A gente ria às escondidas, fazia piadas, compunha paródias escabrosas.

            Os símbolos do patriotismo, para nós, eram o supra-sumo da babaquice, só igualado, de longe, pelos ritos da Igreja Católica, também abundantemente ridicularizados e parodiados entre a molecada, não raro com a cumplicidade dos pais. Os professores nos repreendiam em público, mas, em segredo, participavam da gozação geral.

            Cresci, entrei no jornalismo e no Partido Comunista, frequentei rodas de intelectuais.

            Fui parar longe da atmosfera da minha infância, mas, nesse ponto, o ambiente não mudou em nada: o desprezo, a chacota dos símbolos nacionais eram idênticos entre a gente letrada e a turminha do bairro.

            Na verdade, eram até piores, porque vinham reforçados pelo prestígio de atitudes cultas e esclarecidas. Graciliano Ramos, o grande Graciliano Ramos, glória do Partidão, não escrevera que o Hino era “uma estupidez”?

            Mas tarde, quando conheci os EUA, levei um choque. Tudo aquilo que para nós era uma palhaçada hipócrita os americanos levavam infinitamente à sério.

            Eles sinceramente patriotas, tinham um autêntico sentimento de pertinência, de uma raiz histórica que se prolongava nos frutos do presente, e viam os símbolos nacionais não como um convencionalismo oficial, mas como uma expressão materializada desse sentimento.

            E não imaginem que isso tivesse algo a ver com riqueza e bem-estar social. Mesmo pobres e discriminados se sentiam profundamente americanos, orgulhosamente americanos, e, em vez de ter raiva da pátria porque ela os tratava mal, consideravam que os seus problemas eram causados apenas por maus políticos que traiam os ideais americanos.

            Correspondi-me durante anos com uma moça negra de Birmingham, Alabama. Ali não era bem o lugar para uma moça negra se sentir muito à vontade, não é mesmo?

            Mas se vocês vissem com que afeição, com que entusiasmo ela falava do seu país! E não só do se país: também da sua igreja, da sua Bíblia, do seu Jesus. Em nenhum momento a lembrança do racismo parecia macular em nada a imagem que ela tinha da sua pátria.

            A América não tinha culpa de nada. A América era grande, bela, generosa. A maldade de uns quantos não podia afetar isso em nada. Ouvi-la falar me matava de vergonha.

            Se alguém no Brasil dissesse essas coisas, seria exposto imediatamente ao ridículo, expelido do ambiente como um idiota-mor ou condenado como reacionário, um integralista, um fascista.

            Só dois grupos, neste país, falavam do Brasil no tom afetuoso e confiante com que os americanos falavam da América.

            O primeiro era os imigrantes: russos, húngaros, poloneses, judeus, alemães, romenos. Tinham escapado ao terror e à miséria de uma das grandes tiranias do século (alguns, das duas), e proclamavam, sem sombra de fingimento: “Este é um país abençoado!” Ouvindo-nos falar mal da nossa terra, protestavam: “Vocês são doidos, não sabem o que têm nas mãos.”

            Eles tinham visto coisas que nós não imaginávamos, mediam a vida humana numa outra escala, para nós aparentemente inacessível. Falávamos de miséria, eles respondiam: “Vocês não sabem o que é miséria”. Falávamos de ditadura, eles riam: “Vocês não sabem o que é ditadura”.

            No começo isso me ofendia: “Eles acham que sabem tudo”, dizia com meus botões. Foi preciso que eu estudasse muito, vivesse muito, viajasse muito, para entender que tinha razão, mais razão do que então eu poderia imaginar.

            A partir do momento em que entendi isso, tornei-me tão esquisito, para meus conterrâneos como um estoniano ou húngaro, com sua fala embrulhada e seu inexplicável entusiasmo pelo Brasil, eram então esquisitos para mim.

            Digo, por exemplo, que um país onde um mendigo pode comer diariamente um frango assado por dois dólares é um pais abençoado, e as pessoas querem me bater.

            Não imaginam o que possa ter sido sonhar com um frango na Rússia, na Alemanha, na Polônia, e alimentar-se de frangos oníricos.

            Elas acreditam que em Cuba os frangos dão em árvores e são propriedade pública. Aqueles velhos imigrantes tinham razão: o brasileiro está fora do mundo, tem uma medida errada da realidade.

            O outro grupo onde encontrei um patriotismo autêntico foi aquele que, sem conhece-lo, sem saber nada sobre ele exceto o que ouvia de seus inimigos, mas temi e abominei durante duas décadas: os militares.

            Caí no meio deles por mero acaso, por ocasião de um serviço editorial que prestava para a Odebrecht que me pôs temporariamente de editor de texto de um volumoso tratado “O Exército na História do Brasil”.

            A primeira coisa que me impressionou entre os militares foi sua preocupação sincera, quase obsessiva, com os destinos do Brasil.

            Eles discutiam os problemas brasileiros como quem tivesse em mãos a responsabilidade pessoal de resolvê-los. Quem os ouvisse sem saber que eram militares teriam a impressão de estar diante de candidatos em plena campanha eleitoral, lutando por seus programas de governo e esperando subir nas pesquisas junto com a aprovação pública de suas propostas.

            Quando me ocorreu que nenhum daqueles homens tinha outra expectativa ou possibilidade de ascenção social senão as promoções que automaticamente lhes viriam no quadro de carreira, no cume das quais nada mais os esperava senão a metade de um salário de jornalista médio, percebi que seu interesse pelas questões nacionais era totalmente independente da busca de qualquer vantagem pessoal.

            Eles simplesmente eram patriotas, tinham o amor ao território, ao passado histórico, à identidade cultural, ao patrimônio do país. E consideravam que era seu dever lutar por essas coisas, mesmo seguros de que nada ganhariam com isso senão antipatias e gozações.

            Do mesmo modo, viam os símbolos nacionais – o hino, a bandeira, as armas da República – como condensações materiais dos valores que defendiam e do sentido de vida que tinham escolhido. Eles eram, enfim, “americanos” na sua maneira de amar a pátria sem inibições.

            Procurando explicar as razões desse fenômeno, o próprio texto no qual vinha trabalhando me forneceu uma pista.

            O Brasil nascera como entendida histórica na Batalha dos Guararapes, expandira-se e consolidara sua unidade territorial ao sabor de campanhas militares e alcançara pela primeira vez, um sentimento de unidade autoconsciente por ocasião da Guerra do Paraguai, uma onda de entusiasmo patriótico hoje dificilmente imaginável.

            Ora, que é o amor à pátria, quando autêntico e não convencional, senão a recordação de uma epopeia vivida em comum?

            Na sociedade civil, a memória dos feitos históricos perdera-se, dissolvida sob o impacto de revoluções e golpes de Estado, das modernizações desaculturantes, das modas avassaladoras, da imigração, das revoluções psicológicas introduzidas pela mídia.

            Só os militares, por força da continuidade imutável das suas instituições e do seu modo de existência, haviam conservado a memória viva da construção nacional.

            O que para os outros eram datas e nomes em livros didáticos de uma chatice sem par, para eles era a sua própria história, a herança de lutas, sofrimentos e vitórias compartilhadas, o terreno de onde brotava o sentido de suas vidas.

            O sentimento de “Brasil”, que para os outros era uma excitação epidérmica somente renovada por ocasião do carnaval ou de jogos de futebol (e já houve até quem pretendesse construir sobre essa base lúdica um grotesco simulacro de identidade nacional), era para eles o alimento diário, a consciência permanentemente renovada dos elos entre passado, presente e futuro.

            Só os militares eram patriotas porque só os militares tinham consciência da história da pátria como sua história pessoal.

            Daí também outra diferença. A sociedade civil, desconjuntada e atomizada, é anormalmente vulnerável a mutações psicológicas que induzidas do exterior ou forçada por grupos de ambiciosos intelectuais ativistas apagam do dia para a noite a memória dos acontecimentos históricos e falseiam por completo a sua imagem do passado.

            De uma geração para outra, os registros desaparecem, o rosto dos personagens é alterado, o sentido todo do conjunto se perde para ser substituído do dia para a noite, pela fantasia inventada que se adapte melhor aos novos padrões de verossimilhança impostos pela repetição de slogans e frases feitas.

            Toda a diferença entre o que se lê hoje na mídia sobre o regime militar e os fatos revelados no site de Ternuma vem disso. Até o começo da década de 80, nenhum brasileiro, por mais esquerdista que fosse, ignorava que havia uma revolução comunista em curso, que essa revolução sempre tivera respaldo estratégico e financeiro de Cuba e URSS, que ele havia atravessado maus bocados em 1964 e tentara se rearticular mediante as guerrilhas, sendo novamente derrotada.

            Mesmo o mais hipócrita dos comunistas, discursando em favor da “democracia”, sabia perfeitamente a nuance discretamente subentendida nessa palavra, isto é, sabia que não lutava por democracia nenhuma, mas pelo comunismo cubano e soviético, segundo as diretrizes da Conferência Tricontinental de Havana.

            Passada uma geração tudo isso se apagou. A juventude hoje, acredita piamente que não havia revolução comunista nenhuma, que o governo João Goulart era apenas um governo normal eleito constitucionalmente, que os terroristas da década de 70 eram patriotas brasileiros lutando pela liberdade e pela democracia.

            No Brasil, a multidão não tem memória própria. Sua vida é muito descontínua, cortada por súbitas mutações modernizadoras, não compensadas por nenhuma daqueles fatores de continuidade que preservava a identidade histórica do meio militar.

            Não há cultura doméstica, tradições nacionais, símbolos de continuidade familiar. A memória coletiva está inteiramente a mercê de duas forças estranhas: a mídia e o sistema nacional de ensino.

            Quem dominar esses dois canais mudará o passado, falseará o presente e colocará o povo no rumo de um futuro fictício. Por isso o site de Ternuma é algo mais que a reconstituição de detalhes omitidos pela mídia.

            É uma contribuição preciosa reconquista da verdadeira perspectiva histórica de conjunto, roubada da memória brasileira por manipuladores maquiavélicos, oportunistas levianos e tagarelas sem consciência.

            Perguntam-me se essa contribuição vem dos militares? Bem, de quem mais poderia vir?

            Artigo bem escrito e coerente com a realidade que estamos vivendo. Sinto que também fui enganado por muito tempo, até mesmo nos bancos escolares, com relação à escola, principalmente na questão do regime monárquico no qual vivemos os melhores anos de nossa vida, enquanto nação.

            Hoje, por onde andamos encontramos a hipocrisia ao lado, mentiras, tentativas de ocultar a verdade, de distorcer os fatos. Essas ações ainda prevalecem em todos os níveis de relacionamento, inclusive nos círculos do poder. As pessoas que assumem os cargos públicos, que deviam ter a sensibilidade e a ética para defender a nação e a sua história, são os primeiros que promovem a desinformação para se perpetuarem no poder.

            Para conseguirmos ser a Pátria do Evangelho e o Coração do Mundo, devemos privilegiar a Verdade e deixar para sempre o egoísmo que gera os mais diferentes tipos de corrupção, crimes de todos os tipos.  

Publicado por Sióstio de Lapa
em 20/02/2018 às 22h41
 
19/02/2018 08h37
GNOSTICISMO

            O escritor Richard D Foxe publicou em seu blog no Wordpress um texto muito interessante para a compreensão da vida e de nossa posição dentro dela. Como meu trabalho dentro deste espaço no Recanto das Letras tem o sentido de apreender as lições vindas de todas as direções para aperfeiçoar os meus paradigmas de vida e ao mesmo tempo repassar essas informações dentro da maior transparência possível dentro de minha vida cotidiana, servindo como uma espécie de cobaia para instrução concomitante dos leitores, irei reproduzir o trecho que melhor contribui para esse aprendizado.

            De acordo com a filosofia platônica, o progresso de criação nada é se não a cópia de “ideias” ou “imagens” existentes, antes da origem do tempo, na Mente de Deus. Para os Gnósticos, esse conceito é expresso por meio do termo “emanação”: Deus, localizado no centro do Universo não cria, mas emana, entidades chamadas Éons (faíscas divinas) cuja perfeição vai diminuindo na medida em que se afastam dele assim como acontece com a luz que enfraquece quando se distancia da sua fonte.

            Deus não emana Éons singularmente, mas em pares ativo-passivo (ou masculino-feminino) complementares que, juntos, constituem as Sigízias que, por sua vez, podem emanar outras Sigízias. Em sua totalidade as Sigízias configuram o domínio divino do Pleroma (a região da Luz) e caracterizam em si os diversos atributos de Deus.

            Das primeiras quatro Sigízias, totalmente espirituais, descendem os Éons inferiores até chegar à Alma e à Matéria que constituem o ser humano terrestre.

            Infelizmente, a Alma entrando em contato com a Matéria, foi corrompida por ela caindo nas trevas e tornando-se escrava do mal, da dor e da morte. Uma deterioração reforçada pelo olvido e pela ignorância da própria origem divina, mas que pode ser revertida mediante a Gnose.

            Dependendo do grau de consciência existem três categorias de seres humanos.

            Os Hílicos, escravos das paixões e das fraquezas da carne; os Psíquicos, ainda não totalmente perfeitos e os Pneumáticos, que renegaram a matéria e optaram pelo espírito. Cristo exorta os seus discípulos a tomarem consciência da origem divina de todos com essas palavras: “Jesus disse: Mas se não vos conhecerdes, então vivereis na pobreza e sereis a pobreza.” (Tomé, 3)

            Mas qual foi a origem do mal, de quem a culpa? Um estudo mais aprofundado da filosofia gnóstica revela detalhes intrigantes. O terceiro Éon inferior, cujo nome é Sophia, teve a presunção de gerar sozinha sem a ajuda do consorte. Como resultado, Sophia deu vida a um monstro, o primeiro arconte, o Demiurgo malvado (identificado com Jahvé do Antigo Testamento). O Demiurgo criou o mundo da matéria e criou também o homem tendo, como modelo, o Adão celeste (sempre presente na mente de Deus), mas dessa vez preso dentro de um corpo material.

            Em seguida, Sophia se arrependeu e Deus, visando o resgate da humanidade, enviou Cristo formando uma nova Sigízia cujos dois Éons eram: Soter (Cristo, o Salvador) e a própria Sophia (o Espírito Santo, a Noiva de Cristo).

            Então, para os Gnósticos, o Espírito Santo é expressão da potência e da vontade de Deus, sem deixar de ser hipóstase (substância) dele.

            Em síntese, Cristo foi enviado à Terra na forma de um homem (Jesus) para dar aos homens a Gnose necessária para que eles se libertassem do mundo físico e retomassem ao mundo espiritual.

            É óbvio que Jesus, sendo um Éon, era constituído de puro espírito; portanto não nasceu, não morreu e nem sequer ressuscitou.

            Jesus apareceu repentinamente na Galileia na forma de um ser humano, mas sendo intimamente uma entidade exclusivamente divina; o seu corpo, igual um Avatar, não passa de mera aparência. Consequentemente, morte e ressurreição representam eventos puramente simbólicos e o verbo ressuscitar significa “acordar para uma nova vida”, sendo que todo homem deve, com a ajuda de Sophia (o Espírito Santo) acordar e se conscientizar da sua origem divina.

            Não temos certeza científica da existência de Deus, da formação do mundo, da vida... Nossa mente sofisticada, comparada aos demais animais, elabora teorias que pretendem explicar tudo isso com o máximo de racionalidade. Temos assim a filosofia platônica tentado atingir esse objetivo.

            As faíscas divinas (Éons) são boas bases para sustentar uma compreensão do inatingível cientificamente.

            Deus emana essas faíscas que perdem perfeição a partir do distanciamento. Mas como é uma emanação, por natureza devem se afastar dEle, mesmo que percam a sua luminosidade quanto mais distante ficam, mas continuam pertencendo ao reino da Luz.

            Encontramos assim a Alma e a Matéria corporificados no ser humano. A Alma associada à Luz, à Deus, e a Matéria associada às Trevas, ao Demônio. Como o processo no qual estamos é uma emanação de Deus, é esperado que cada vez nos afastemos dEle e nos aproximemos das Trevas. Para reverter esse processo e fazer a Alma deixar a inercia de seguir para as trevas, era necessário um raciocínio superior às amarras da Matéria, representadas pelos instintos e impulsos. Esse raciocínio superior é adquirido pelas diversas experiências da alma nos corpos materiais. Neste momento o raciocínio se aproxima da Doutrina Espírita. Os diversos demônios significam apenas almas ainda presas dentro das energias materiais, e os avatares, como o Cristo, significam almas desapegadas da Matéria, que reconhecem a origem divina e fizeram o movimento de aproximação à Deus; que recebem dEle a missão de ensinar (gnose) aqueles mais sensibilizados o movimento de aproximação à Luz divina, cuja base é o Amor Incondicional.

 

Publicado por Sióstio de Lapa
em 19/02/2018 às 08h37
 
18/02/2018 21h51
CRISTO GUERRILHEIRO E O REINO DE DEUS

            Existem posições sólidas do ponto de vista racional, colocando Jesus como mais um guerrilheiro do que um rabino professor do Amor. Esta última visão foi mais divulgada por Paulo de Tarso, o que criou o Cristianismo e divulgou pelo mundo, além das muralhas de Jerusalém.

            Acredito que esses autores possam ter razão, pois estão armados de diversos fatos registrados, inclusive nos Evangelhos. Porém, a visão do Cristo armado apenas de Amor ao próximo como a si mesmo, é muito importante para a nossa evolução espiritual.

            Construí um paradigma de que tenho uma alma que administra um corpo material, que ambos são criação de Deus e que, não sei por qual motivo, fui criado simples e ignorante, mas com a missão de me aprimorar e de me aproximar mais uma vez do Pai.

            Dentro deste paradigma, a imagem do Cristo que mais se aproxima de minha conduta consciencial, na qual Ele é o meu líder, professor e protetor, é a do Cristo angelical, capaz de amar aos inimigos.

            Será que minha visão romântica se afasta da realidade do Cristo? Sim, se o Cristo guerrilheiro é o verdadeiro e o Cristo desenhado por Paulo de Tarso é fruto apenas de sua imaginação, então tenho que seguir essa fantasia de Paulo. Não é que o Cristo perca a sua importância dentro da minha consciência, mas o seu lado militarista, guerrilheiro, fica em segundo plano. Digo assim, pois o aspecto guerrilheiro do Cristo que é realçado, é contra o poder romano que dominava os judeus, uma situação muito individualista.

            O Cristo que assume importância dentro dos meus paradigmas de vida, é aquele que ensinou que devemos construir o Reino de Deus, inicialmente corrigindo as forças do egoísmo que todos possuímos. Essa limpeza do egoísmo do nosso coração nos faz sentir como cidadãos deste reino divino, mesmo que estejamos sozinhos dentro desta perspectiva. Mas com a divulgação deste ensinamento, iremos ter cada vez mais pessoas com a mesma conduta dentro do Amor Incondicional, e formaremos aqui na Terra este comunidade harmônica, o Reino de Deus.

            Na posição guerrilheira de Israel, esse Reino de Deus deveria estar dentro da nação Judéia, que os outros seriam considerados idólatras, incapazes de serem cidadão deste reino divino. O Amor nessas circunstâncias seria condicionado a nacionalidade de cada um, e por aí percebemos que não atende ao Amor Incondicional que é o cimento necessário para a construção da família universal, e por conseguinte do Reino de Deus.

            Por esse motivo, o Cristo guerrilheiro não atende minhas expectativas, pelo menos no contexto isolado dos judeus. Posso até considerar um aspecto guerrilheiro no Cristo, mas somente se isso for de natureza universal e se for para se confrontar com o mal que pode estar dominando um ser humano, deixando-o na condição de animal selvagem, capaz de destruir o semelhante sem nenhum pudor. Neste caso, a posição de guerrilheiro, de matar um animal desses antes que eles nos destrua, faz sentido.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 18/02/2018 às 21h51
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