Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
21/04/2019 00h59
LÁGRIMAS DA CASA

            Não sei como explicar. Sou feita de cimento e tijolos, não tenho movimentação e muito menos emoções. Mas hoje amanheci diferente. Talvez com o que aconteceu comigo nas últimas horas. A minha dona pareceu transtornada. Fechou todas as portas, inclusive o portão para o carro não entrar, se trancou em seu quarto e escreveu para meu amigo: não precisa você voltar para casa...

            Como assim? Fiquei a pensar... se ele é minha alma? Se com ele eu sinto minhas paredes internas cheias de calor afetivo, de amor, de solidariedade? Sou testemunha de quantas vezes ele falou com alguém, em grupo ou em particular, para elevar a alma, combater o sofrimento, ser solidário nas dificuldades? As minhas paredes externas, eu vejo o seu esforço para me encher de flores, arrancar com as mãos as plantas daninhas, podar o excesso das folhas, adubar, regar, alimentar beija-flores, tolerar os sapos e pererecas. Vejo quando ele vai dormir tarde sobre os livros, procurando aperfeiçoar a sua sintonia com o Divino, quando ele acorda cedinho ao toque do despertador e vai fazer exercício para disciplinar o corpo dado por Deus, vejo o suor pingando o esforço para cumprir a ordem da consciência. Não posso fazer nada, a não ser manter o meu chão firme e acolhedor ao esforço do corpo, mas vejo as plantas e aves se solidarizarem com seus esforços, jogando pétalas de rosas e penas branquinhas que o vento suavemente depositam ao seu lado.

            Agora eu vejo ele chegar, com toda boa disposição de festejar o aniversário dela que se realiza hoje... mas o que acontece? Parece que as trevas encontraram lima brecha em seu coração e o encheu de ciúmes, o monstro de olhos verdes da mitologia. Assim dominada ela me fechou toda. Vejo meu amigo tentando me abrir e consegue com a chave que ele possui, mas sua consciência não permite ficar onde alguém não lhe deseja. Eu não posso contar, não posso votar, nem mesmo falar. O máximo que posso fazer é derramar minhas lágrimas no ventre frio das minhas paredes e que se confunde com o vazamento de minhas torneiras.

            Vejo ele sair carregando os livros, companheiros de seu infortúnio, de quem quer obedecer ao Pai, não importando que tenha de pagar o preço da solidão, do golpe triste da ingratidão.

            Vai, meu amigo, segue o teu destino ao lado do Pai, pois sei que por onde andares estarás plantando flores, mesmo que regadas com suas lágrimas.

            Eu ficarei aqui disfarçando as minhas emoções que eu pensava não existir, com as lágrimas da chuva que agora te acompanha, como solidariedade da Natureza a que tu tanto ama.

 

Publicado por Sióstio de Lapa
em 21/04/2019 às 00h59
 
20/04/2019 00h18
O EVANGELHO E O FRUTO

            O Evangelho foi feito para dar frutos. Os frutos somos nós que iremos produzir, colocando em prática as lições do Evangelho. Mas, parece que ainda estamos na fase de evangelização, de levar aos povos as lições do Evangelho. Em fazer a sua prática, poucos estão dispostos.

            É interessante observar, que muitas pessoas dentro das igrejas, que tem uma presença constante, sempre estão indo às missas, aos cultos, mas não conseguem aplicar as lições evangélicas. É fácil observar isso, pois a aplicação do Evangelho implica a não aplicação do egoísmo. E é o egoísmo que vemos falar mais alto.

            Há pouco eu escutei de uma senhora bem idosa, muito católica, dessas que vai semanalmente a igreja, mais de uma vez. Pois bem, deveria estar dando os frutos do Evangelho, agir com compaixão, solidariedade, justiça, amor. Mas não observo isso.

            Ela mostra todo amor aos seus filhos, isso é muito justo e nobre. Muito biológico também, diretamente ligado ao interesse sanguíneo. Não serve como uma prova robusta. Como será o comportamento, quando os interesses de terceiros se confrontarem com os interesses dos seus filhos? Será que haverá justiça? Se os terceiros tiverem razão, será aplicada a justiça? Não tenho observado isso.

            Acontece que eu já possuo uma compreensão maior das lições de Jesus, já sinto as consequências do que pode acontecer comigo mesmo antes de fazer o que minha coerência exige que eu faça, a justiça, mesmo que implique ir de encontro aos meus interesses egoístas. É tanto que agi com tanta ousadia, que acredito, a maioria das pessoas não conseguem agir de tal forma.

            Para aplicar a justiça e poder namorar com outras pessoas, mesmo sendo casado, tive que aceitar racionalmente, que a minha mulher deveria ter o mesmo direito. Fiz isso e ela fez também. Levei o nome pejorativo de corno, fui criticado inclusive por minha mãe, que não queria ver o nome do filho enxovalhado.

            Poderiam me perguntar, e isso muitas vezes é feito, inclusive por minha primeira esposa que se sente a grande prejudicada, apesar da liberdade que ela tinha. Esse seu comportamento corresponde a um fruto vindo do pomar do Evangelho? Digo que sim, ela e muitas outras pessoas dizem que não.

            Na minha compreensão, a justiça que apliquei na questão, sob a luz do Evangelho, foi o fruto que eu produzi. Digo isso porque vejo a maioria dos homens se comportando dessa maneira, namorando fora do casamento, sem o devido cuidado com a namorada, com mentiras frente a esposa e a sociedade. Aí é que não vejo frutos do Evangelho, mesmo essa pessoa indo regularmente a igreja e dando suas esmolas quando conveniente.

            Pois bem, podemos fazer muitas ações que parecem frutos do Evangelho, mas devemos observar se por trás não existe interesses egoístas. Senão, não observamos quando o fruto está estragado.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 20/04/2019 às 00h18
 
19/04/2019 00h18
ANJO QUEBRA OSSOS

            Estamos todos na companhia do chamado Anjo da Guarda. Um espírito, geralmente familiar, que se compromete com a estratégia divina, de ser responsável pela segurança e desenvolvimento de alguém. Responsável em parte, pois a pessoa protegida tem o seu livre arbítrio que não pode ser subjugado pela vontade de ninguém, nem de Deus, pois assim é a vontade dEle.

            Fiquei pensando em como se procede a vontade de Deus dentro dos relacionamentos humanos, e me veio a ideia de que pode existir um anjo que, para fazer a vontade de Deus, desenvolveu a estratégia de quebrar ossos. Tive essa impressão com alguns fatos recentes que aconteceram comigo.

            Por estratégia divina, me aproximei de determinada família, muito religiosa, que tinha problemas diversos, e que Deus talvez resolvesse atender os seus pedidos e escolheu alguém que estava disposto a fazer Sua vontade e ao mesmo tempo ser testado, se suas convicções eram fortes ou não.

            A aproximação se dera por um viés espiritual, mas com componentes românticos. Logo foi gerada forte resistência a essa aproximação. Da minha parte mantive a serenidade e a compreensão de todo tipo de reação que passei a sofrer. Mas, do outro lado não havia a compreensão do meu modo de ser, de falar a verdade, de ser um condutor do bem e da solidariedade. Para sair desse impasse o que fez o anjo? Deixou cair um dos componentes da família, a pessoa mais caridosa, e quebrar o braço. Logo que fui chamado fiz todo o possível para ajudar na recuperação da função óssea. Esta forte ação começou a sensibilizar muitos, principalmente a mais interessada, que foi vítima do acidente.

            Porém, a matriarca, a mais resistente, continuava dura na resistência à minha aproximação. Agora foi a vez do anjo chegar perto dessa matriarca e faze-la cair sofrendo fratura da perna. Mais uma vez, no hospital, fui chamado para ajudar. Mesmo de forma clandestina, pois a interessada não queria o meu auxílio. Mesmo assim, a minha ação positiva dentro de um contexto negativo, trouxe uma compreensão melhor da árvore que eu era pelos frutos que estava produzindo. Foi só uma questão de tempo para que essa essência de amor que fluía de dentro de mim para todos que estivessem perto, que fez a transformação da água para o vinho, da raiva para o carinho, como o Mestre já ensinara antes, que só o amor pode causar esse tipo de transmutação.

            Mas era preciso ainda outro tipo de provação, a superação do ciúme. Mais uma vez o anjo “quebra ossos” entrou em ação e fez uma pessoa amiga quebrar o braço e pedir a minha ajuda. Como era esperado, o ciúme foi desencadeado de forma explosiva. Eu mantive a calma e a boa vontade de ajudar dentro de minhas possibilidades, indiferente a qualquer tipo de reação ou preconceito, que eu considerasse ir de encontro a ação caritativa que eu pudesse realizar, como parte do compromisso que eu tenho com o Pai, de construir o Reino de Deus com a prática do Amor Incondicional e formação da Família Universal.

            O desenrolar dessas circunstâncias continuam a se processar, vejo estremecimento nos relacionamentos que construí, mas continuo firme e deixando meu claro, que meu compromisso não é com A ou B, com alianças românticas ou de qualquer materialidade, meu compromisso é com Deus, para o qual existe o direcionamento da quase totalidade do meu afeto. Portanto, ninguém pode me desviar dessa rota, seja qual for o obstáculo que seja colocado na minha frente.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 19/04/2019 às 00h18
 
18/04/2019 00h13
MARIDO OU MISSIONÁRIO

            Quando deixamos a condição de animais e passamos à condição de humanos, verificamos a nossa condição de filhos de Deus, e que devemos cumprir a vontade desse nosso Pai em comum, fazendo uma missão que Ele coloca em nossa consciência.

            Dentro de nossa sociedade, resolvemos criar a instituição casamento, como forma de disciplinar o relacionamento homem-mulher e a criação e educação dos filhos. Muitos têm como missão cumprir essa determinação familiar, ser um bom marido ou uma boa esposa, para criar os filhos capazes de reproduzir o mesmo comportamento.

            Acontece que algumas pessoas especiais, vem até nós para ensinar questões importante de relacionamentos e que necessitam ficar solteiros, como Jesus, um modelo perfeito e distante de nós no tempo e no espaço, como também Chico Xavier, um modelo mais simples e próximo de nós, no tempo e no espaço.

            Agora, tem outras pessoas que não recebem missão tão importante como esses dois personagens, mas que também sentem essa responsabilidade missionária dada pelo próprio Pai na intimidade da consciência. E essa missão pode ser incompatível com o perfil de marido definido pela sociedade e respaldado pela religião.

            Pois bem, acredito que recebi uma missão desse tipo. Não posso ser o marido de nenhuma pessoa. A minha primeira mulher já percebeu isso, após muito sofrer durante nossa convivência e a perceber como me comporto depois que ficamos separados. Ela diz que eu sou o seu melhor amigo, que faz tudo para me ver bem, mas que jamais me terá como marido. Sei que ela está certa, e digo isso a quem queira se aproximar de mim com a perspectiva de convivência dentro de uma relação conjugal. Jamais isso irá acontecer, pois o meu afeto está indo em direção o Amor Incondicional, que não atende aos preconceitos sociais, civis ou religiosos. Para que não haja sofrimento nem situações de puxar a justiça para resolver os conflitos, é importante que saibam todos da minha missão, incompatível com o papel de marido. Eu posso viver a vida toda com qualquer pessoa, homem ou mulher, com intimidades sexuais ou não, na condição de amigo, que eu tenha a liberdade preservada para que o Amor se manifeste onde ele seja evocado, com as consequências que advier desse relacionamento.

            Portanto, este é o meu manifesto filosófico e espiritual: sou um missionário incompatível com o papel de marido.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 18/04/2019 às 00h13
 
17/04/2019 00h13
HUMANOS E ANIMAIS

            Moro numa cidade grande, uma capital, uma chamada selva de pedra. Fiquei a pensar nisso quando hoje ao dirigir para o trabalho, fui ultrapassado por um motociclista que olhou para mim por dentro de seu capacete com um olhar que identifiquei como perigoso. Logo veio os pensamentos de tantos casos de criminalidade, roubos, assassinatos, muitas vezes por motivos fúteis, e muitas vezes causados por pessoas em motocicleta, que parecem andar caçando pelas ruas outras pessoas mais fragilizadas para as tornarem suas vítimas.

            Então, somos caçados? Por seres humanos como nós? Acredito que exista uma diferença. Se existe um caçador e a presa, entre eles deve existir alguma diferença.

            Vamos ver... somos animais, nascemos com os instintos que todos os mamíferos possuem para sobreviver. Devido a nossa capacidade de racionalização, alcançamos um novo patamar psíquico onde o nosso pensamento não fica somente na luta pela sobrevivência. Alcançamos novo patamar psicológico com valores morais. Aprendemos a controlar nossos instintos e isso nos distancia cada vez mais da condição animal, pelo menos no aspecto psicológico.

            Acontece que tem pessoas que não passam por esse processo de educação e permanecem a vida toda motivados pelos instintos animais. Dessa forma podemos distinguir, pelo menos racionalmente, dois tipos de seres: um que seria animalizado, pela falta de educação, e outro humanizado pela absorção da educação que recebeu.

            Portanto, passa a existir na selva de pedra os seres animalizados, que não receberam educação moral, e os seres humanos devidamente moralizados. Os seres animalizados, as feras, vivem a caçar os seres humanos, os moralizados. Como devemos nos comportar? Como presas que pode ser alcançada a qualquer momento pelas feras.

            Agora surge um dado interessante. Se vamos na selva, na natureza, é necessário que estejamos armados para nos defender do ataque de qualquer fera. No entanto, na selva de pedra, os as feras são bem mais sofisticadas e perigosas, algumas civilizações como a brasileira proíbe o porte de armas aos cidadãos moralizados. Consequência: quem anda armado pelas ruas, que por índole não tem nenhum respeito pelas leis, são as feras com aparência humana, colocamos grades nos comércios, muros altos, cães de guarda, cerca elétrica, toda parafernália de defesa, mesmo assim estamos indefesos, desarmados dentro de casa. Se uma dessas feras resolve invadir nossa casa, não temos nenhuma forma de reação, a não ser que exista em algum deles uma réstia de compaixão.

            Esta é uma falha na racionalização dos seres humanos, que nos deixa fragilizados frente as feras. Interessante que as pessoas que defendem tal coisa, como presidentes, juízes, eclesiásticos, todos eles caminham com uma série de guarda-costas devidamente armados em sua defesa. Que doideira! E quem termina pagando por todo esse aparato de defesa, são justamente as coitadas vítimas das feras assassinas.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 17/04/2019 às 00h13
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