Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
23/03/2019 01h01
DESARMONIA

            Na luta pela evolução, o espírito irá se defrontar, principalmente, com as forças do organismo biológico, traduzidas pelo egoísmo, que se diversifica por diversos ramos, como uma serpente de mil cabeças.

            Dentre esses ramos ou cabeças, a mais terrível, considerando os relacionamentos humanos, é o ciúme. Se um veículo da evolução espiritual é a liberdade, o ciúme tende a prender a pessoa dentro dos interesses de outra. Essa tentativa leva inevitavelmente à desarmonia. Se o ciúme prospera, ou o relacionamento deve ser desfeito ou ele persistirá na base da desarmonia, baixando em muito a qualidade de vida dos envolvidos e incapacitando a evolução espiritual.

            A tolerância é um aspecto que procura estabilizar a relação, mas essa também tem seus limites que devem ser respeitados, como vimos em texto publicado neste espaço há poucos dias. O espírito mais evoluído dentro da relação, percebendo a desarmonia, praticando a tolerância e não resolvendo, deve se afastar como forma de preservar o seu espírito. Se o amor desenvolvido pelo espírito que se afasta é na base da incondicionalidade, ele continuará amando a quem se afastou, procurando mostrar o motivo pelo qual partiu e a condição dele continuar o relacionamento: harmonia.

            Somente terá condições o contexto de voltar à harmonia, se o ciúme for vencido sem deixar rastros de ressentimento, de mágoa. Para isso, o perdão deve ser aplicado em todas as direções, e isso é outro obstáculo difícil de ser superado por muitas pessoas.

            O espírito mais evoluído, que não tem em si nenhuma carga de ciúme, e que tem de se afastar, não o faz sem consequências emocionais. Ele sofre também a dor do afastamento, mas reconhece que não pode comprometer a sua liberdade. Pode ainda temer a solidão, consequência do seu afastamento, mas essa é outra barreira que ele tem que vencer, viver sozinho e com qualidade de vida, sem culpa pelo sofrimento que deixou para trás em outras pessoas, pois, afinal, não foi ele que desencadeou a desarmonia com a força do ciúme, do egoísmo.

            Por estar fazendo o bem a outras pessoas, pode esse espírito ser tachado de bobo, de ser utilizado por pessoas de má fé. Acontece que o espírito que pratica a bondade pode correr esse risco, mas se estiver ligado com Deus, procurando fazer a Sua vontade, com certeza, se isso estiver acontecendo, será para Deus procurando provar ou educar alguns dos seus filhos. Da mesma forma que Jesus, tanto sofreu na carne e no espírito, para ensinar à humanidade a forma de amar. Não era bobo nem estava sendo utilizado com malícia por outras pessoas, estava simplesmente fazendo a vontade do Nosso Pai.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 23/03/2019 às 01h01
 
22/03/2019 01h01
CÍRCULO DO MAL DE HITLER (15) – A FORÇA DE UM ATOR

Interessante procurar saber como o mal pode se desenvolver e ameaçar todos os países do mundo. O que se passou na Alemanha Nazista sob o comando de Hitler e seus asseclas, abordado pela Netflix em uma série sob o título “Hitler’s circle of evil” serve como um bom campo para nossas reflexões.

XV

A cena se desloca para Landsberg, Baviera, 26-02-1924

Mas nas dez semanas antes do julgamento, algo notável acontece. Hitler passa por uma transformação.

Quando Hitler se recuperou de seu desânimo, seu senso político entrou em campo, e ele viu, que apesar de ser julgado, isso forneceria uma plataforma para espalhar ideias. Em vez de pedir clemência, Hitler ataca. Ele percebe que ali é o centro do palco. E onde mais Hitler adora estar do que no centro do palco? Então ele vira tudo a seu favor. Ele demonstra uma incrível capacidade de transformar desastre em triunfo. Ele transforma a humilhação nazista em triunfo ao apresentar-se como um mártir e uma salvação. E ele fez discursos em vez de responder às perguntas. Ele fazia discursos políticos... que geravam aplausos de quem estava no tribunal.

“O golpe foi pela Alemanha. Pelo meu povo alemão. Estou sendo julgado, mas o destino não me julgará mal.”

Hitler sempre foi tido como um agitador do sul da Alemanha, mas o tribunal o transformou em uma figura nacional. A audaciosa exibição de Hitler não é aplaudida apenas no tribunal. Vira manchete de primeira página no mundo todo.

Por atos de terrorismo como aquele, Hitler poderia ter pegado uma pena de muitos anos. A sentença dele foi de cinco anos. Ficou claro que as autoridades e figuras judiciais bávaras simpatizavam com a posição de Hitler.

Embora culpado, Hitler recebe uma sentença leve. E, principalmente, sua atuação no tribunal animou a direita. Até conquistou o extremamente cético aspirante a jornalista Joseph Goebbels.

O primeiro envolvimento de Goebbels com Hitler foi por meio das transcrições dos autos do julgamento realizado no começo de 1924, que foram amplamente impressos em jornais alemães.

Um escritor brilhante, Goebbels é um sujeito complexo, um jovem que tem muito a provar.

Alguém disse com crueldade que Joseph Goebbels era um aleijado físico e emocional. E embora seja crueldade, há verdade nisso, porque ele tinha um profundo complexo de inferioridade. E assim como Hitler, ele guarda rancor dos judeus. Acha que sua carreira de escritor foi reprimida por editores judeus.

Embora ainda demore meses para os dois se conhecerem, Goebbels e Hitler estão em rota de colisão que moldará o destino do país deles. Goebbels estava completamente inspirado. As anotações em seu diário em março de 1924 mostram uma fascinação crescente por esse personagem desconhecido, por suas ideias, e, nas semanas seguintes, ele desenvolve um idealismo sonhador quanto a esse homem e suas crenças.

Tudo muito parecido com a trajetória de Lula. Preso no regime militar, começa a criar o mito, baseado em uma realidade, mas com distorções internas que o povão não percebe. Começa a criar a imagem nacional, de uma pessoa que pode corrigir as injustiças sociais existentes no país. Poucas pessoas sabem do mal inerente a essa pessoa, chegam até a publicar livros nesse sentido, mas não alcança o imaginário social. Termina sendo eleito presidente do Brasil, onde tem condições de colocar em prática todas ideias perversas contra o país, deixando-o empobrecido com tanta corrupção, sem trabalho e cheio de divisões entre os mais diversos grupos, carregados de violência. Hoje, preso devidamente pela atuação da justiça que ele não conseguiu cooptar, permanece com milhares de pessoas carregando bandeiras e defendendo bordões, sem saberem o significado disso.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 22/03/2019 às 01h01
 
21/03/2019 01h01
CÍRCULO DO MAL DE HITLER (14) – HIPNOSE SOCIAL

Interessante procurar saber como o mal pode se desenvolver e ameaçar todos os países do mundo. O que se passou na Alemanha Nazista sob o comando de Hitler e seus asseclas, abordado pela Netflix em uma série sob o título “Hitler’s circle of evil” serve como um bom campo para nossas reflexões.

XIV

No inverno de 1923, um golpe nazista fracassado desmantelou o grupo de seguidores de Hitler. O golpe foi um verdadeiro desastre. Dezesseis nazistas foram mortos. Juntos com o Fuhrer deles, o descontrolado nacionalista Ernst Rohm e o discípulo dedicado Rudolf Hess também estão presos. Eles praticamente se tornaram criminosos políticos, terroristas. E acho que a opinião pública na Alemanha era de que tinha sido o fim de Hitler. Escondido e gravemente ferido, o ex-piloto de caça Hermann Goring se volta às drogas. Enquanto o jovem Heinrich Himmler fica na casa dos pais. Mas, do caos, surgirá uma nova voz que reanimará o partido e ajudará a montar as bases para um império do mal.

Esta é a história dos capangas de Hitler, da inveja, da luta pelo poder e dos bajuladores que criarão um monstro e alimentarão os horrores brutais do Terceiro Reich.

Em novembro de 1923, o Partido Nazista marcha história adentro. Em uma tentativa audaciosa de tomar o poder em Munique e começar uma revolução nacional. Mas foge do planejado. O golpe foi um verdadeiro desastre. Dezesseis nazistas foram mortos. A história teria sido diferente... se a bala fosse para a direita 30cm e atingisse Hitler, em vez do nazista ao lado dele.

O fracasso desorienta os seguidores de Hitler. Gravemente ferido no quadril e na virilha, Hermann Goring, o herói de guerra e queridinho das classes altas, foge.

Após o golpe, Goring teve um período infeliz. Ele estava muito ferido e correu para a fronteira da Áustria, onde a polícia alemã não podia tocar nele, e ficou viciado em Morfina.

Outro membro fundador, o sempre leal Rudolf Hess, também é forçado a fugir e vai para os Alpes Bávaros.

O golpe pode ter virado um caos, mas Hess estava emocionado por ter lutado ao lado do seu amado Hitler. Hess é um sujeito fascinante. Era o único entre eles que não tinha ambições pessoais. Ele tinha carinho pelo movimento, mas principalmente por Hitler, e isso ia além do mero julgamento político.

Para os outros, é pior. O valentão do partido, o paramilitar Ernst Rohm, está preso, aguardando julgamento na prisão de Stadellheim.

A posição de Rohm após o golpe fica estranha. Antes era um militar atuante e, agora, é um terrorista condenado.

Heinrich Himmler não serviu durante a Grande Guerra, então, mesmo segurar a bandeira no fundo da marcha virou motivo de orgulho. A reação de Himmler ao golpe é interessante. Ele saiu da Primeira Guerra decepcionado por não ter participado. Ele desejava receber algum prêmio militar. Viu no golpe a oportunidade. Himmler acha que é seu grande momento. O golpe era a primeira vez que ele via ação de verdade. E ele e o partido fracassaram por completo.

Desesperado para manter o sonho vivo, Himmler visita seu antigo chefe Ernst Rohm na prisão. Mas, por enquanto, o partido definitivamente acabou.

Na verdade, a humilhação é tanta que ele volta para Munique para morar com os pais. Longe do drama, na casa dos pais, perto de Colônia, mora um jovem PhD aspirante a autor ainda desconhecido pelos nazistas: Joseph Goebbels. Não impressionado com o golpe fracassado, ele anota em seu diário: “Outro golpe dos nacionalistas em Munique.”

O fracasso do golpe foi um desastre para Hitler e o movimento nacional-socialista. Praticamente se tornaram criminosos políticos. Eles esperavam que seria o começo de algo bem maior do que um movimento bávaro em Munique. Era para ser o primeiro passo de uma insurreição nacional.

Após dois dias escondido, Adolf Hitler é capturado e preso, podendo pegar pena de morte. O revolucionário agitador estava destruído. O comportamento de Hitler logo após o fracasso não foi do tipo formidável que se espera de um portador da Cruz de Ferro. Ele vê sua vida política desmoronar. Ele ficou muito desanimado, e muitos colegas disseram que pensava mesmo em se suicidar.

Interessante nesse contexto, é observar o movimento em torno de Hitler, e como ele conseguiu se sobressair frente a pessoas com mais distinção social, como militares e intelectuais. Tudo se deveu a sua capacidade de oratória e de colocar aspectos sociais a favor de seus interesses, mesmo que fossem de base mentirosa.

É um contexto parecido com aquele que produziu o sindicalista Lula da Silva numa liderança capaz de alcançar o posto mais alto do Brasil, também com base na oratória e em mentiras. Também foi capaz de cooptar pessoas com bem mais distinção social, como políticos, juízes e intelectuais. Mesmo que a maioria tenha interesses mantidos pelas iniquidades do chefe, muita gente honesta continua ligado de forma tão forte com esse criminoso, culpado pela justiça, com diversos processos a responder , que parecem estarem hipnotizados.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 21/03/2019 às 01h01
 
20/03/2019 01h01
TOLERÂNCIA (01)

            Tudo que acontece no mundo fica registrado em algum aspecto da natureza. Se alguma pessoa inteligente, munida de um bom aparelho captador de imagens, distante 2000 anos da Terra, direcionando suas lentes em nossa direção, iria perceber um homem caminhando nas estradas da Galileia, acompanhado geralmente por 12 discípulos, chamado de Jesus de Nazaré.

            Isso tudo dentro de uma perspectiva material, sem colocar aspectos transcendentais, espirituais, que são muito mais abrangentes que nossos recursos físicos.

            Há vários autores espirituais que trazem informações da época de jesus, que o conheceram pessoalmente, como Ramatis, que tem um livro muito interessante, “O Divino Peregrino”, colocando com detalhes a vinda do Mestre à Terra.

            Irei. A partir deste artigo, trabalhar as informações trazidas pelo espírito Shaolin através do médium João Nunes, das reuniões instrutivas que Jesus fazia com os discípulos na cidade de Betsaída, quando voltava de suas caminhadas, ensinando e curando, por vilas, cidades e sinagogas.

            No primeiro encontro, registrado por Shaolin, uma pergunta foi feita por Filipe, aquele que já tinha recebido uma resposta meio dura do Mestre e que foi registrada por João, 14, da seguinte forma: ...“Se vós, de fato, tivésseis me conhecido, teríeis conhecido também a meu Pai; e desde agora vós o conheceis e o vistes.” Solicitou-lhe Filipe: “Senhor, mostra-nos o Pai, e isso é suficiente para nós.” Então Jesus ministrou-lhes: “Há tanto tempo estou convosco, e tu não tens me conhecido, Filipe? Aquele que vê a mim, vê o Pai, como podes dizer ‘mostra-nos o Pai?’”... Foi mais uma bronca do Mestre, pois Ele acabara de falar sobre isso, que alguém estando a ver Ele, estava vendo o Pai.

            Desta vez, Filipe foi mais cuidadoso com a pergunta: “Mestre, era nossa intenção saber com mais propriedade espiritual, o que significa Tolerância, pois as vezes me confundo por desconhecer seus limites.”

            O Mestre explicou com paciência.

            - É um estado de alma que todos nós deveremos conquistar.

            - Ela por si só tem múltiplos valores, mas denuncia algum perigo. É como uma massa forte no alimento da vida, que pode exagerar a fermentação.

            - Não podemos viver sem a força da Tolerância que nos faz acalmar alguns impulsos inferiores.

            - Junto a ela devemos colocar a razão em evidência para que não passe dos limites.

            - A impaciência pode ser fatal, da mesma forma que o veneno disciplinado pode ser fonte de vida.

            - Sem controle, a Tolerância forma uma interrupção na mente que desconhece a disciplina, fazendo esquecer a justiça. Ela não pode passar das fronteiras delimitadas pelo bom senso.

            - Quando toleramos um desequilíbrio, aprovamos a desarmonia. Passamos a alimentar uma força contrária que elimina a paz.

            - Tolerar sem conhecimento de causa é estimular efeitos que podem ser perniciosos, favorecendo a conivência.

            - Desaprovar um ato alheio, ou mesmo nosso, não implica em usar a violência, tampouco o escândalo.

            - Pelas tuas próprias feições, ao conversar com alguém, é fácil de notar, no silêncio do coração, que não apoias tais ou quais atitudes.

            - Tolerância é palavra mais ou menos solta, que carece do empenho do coração e da inteligência enriquecidas na experiência do tempo e nas bênçãos do Pai Celestial.

            - Não esqueçais nunca da condescendência (que cede a vontade ou opinião alheia), mas se esquecer da educação, que cede na hora que a caridade deseja e que nega no momento em que o abuso quer dominar a humildade.

            - No instante em que duvidas até que ponto pode ir a Tolerância, procurai os recursos da oração com respeito e fé, que a inspiração divina vos dará a resposta, como o instinto de comer e de beber.

            - Aqueles que se esforçam em direção à Luz, tem a assistência dos Anjos.

            - Se queres viver em paz com os outros e com a própria consciência, procura disciplina a vossa Tolerância para convosco e para com vossos semelhantes, desde que faças tudo isso com e por amor.

            Depois de explicações tão pertinentes e profundas, quase ninguém no círculo da reunião, ouviu as murmurações de Filipe:

            “Meu Deus! Como é trabalhoso ser bom! Como é problemático ajudar aos outros dentro dos princípios da justiça e do amor! Talvez a Tolerância dentro dessas normas, não agrade a ninguém!

Publicado por Sióstio de Lapa
em 20/03/2019 às 01h01
 
19/03/2019 01h01
O CORAÇÃO DE JOÃO MARIA

            Ele nascera de uma mãe solteira, sem família, em área de forte promiscuidade, iniquidades. Mas ele tinha um coração bondoso. Aquela tese de que o homem é fruto do meio, parecia ser destroçada ao se observar a trajetória de João Maria.

            Conseguiu estudar em escola pública, apesar de ajudar a mãe em tarefas domésticas e trabalhar fora de casa para contribuir com a subsistência. Ao entrar na adolescência, introvertido, sem amigos, construía seu mundo com a leitura de gibis, histórias em quadrinhos, ficava encantado com a luta do bem contra o mal, se sentindo gratificado e empolgado com as histórias de contos de fadas, onde o bem sempre vencia e os mocinhos viviam felizes para sempre.

            Não conseguia namorar, sua introspecção potencializada com a timidez lhe deixava afastado daquelas por quem mais seu coração palpitava. Mas era esse coração tão prejudicado por não receber os prazeres da vida, que termina sendo o protagonista desta história. Pois era ele que fazia João Maria se envolver em situações enrascadas que levavam perigo à sua vida.

            Certa vez acontecia um incêndio na favela em que morava, a casa estava se consumindo pelo fogo e os bombeiros ainda demoravam a chegar. Ele ouviu um choramingar dentro das labaredas, e sem titubear mergulhou no meio delas trazendo uma criança a salvo, protegendo-a com o próprio corpo. Essa façanha não lhe deixou incólume, ganhou uma cicatriz no rosto que mais deformou a pouca beleza que ele possuía.  

            Outra situação, tinha ido ao passei da escola numa praia ornamentada de pedras. Um dos colegas chegou bem próximo das fortes ondas e fora derrubado com o risco de ser tragado para a profundeza do mar. João Maria mais uma vez, percebeu o perigo e correu sobre as pedras, sem avaliar o casco das ostras que lhe cortavam os pés, segurou o colega, protegendo o corpo dele com o seu, deixando-o a salvo, mas saindo com o corpo tricoteado com os diversos cortes. Mais uma vez as cicatrizes que ficaram deformaram ainda ais o seu corpo.

            Assim era sua vida, a cada ano que passava, mais ossos quebrados, cicatrizes, amputações deformavam seu corpo e lhe davam uma aparência monstruosa. Poderia causar asco em quem lhe via pela primeira vez, que não acompanhou a sua trajetória. Mas, mesmo assim, tendo oportunidade de chegar perto e conversar com ele, podia sentir em seu olhar uma vibração muito diferente de um monstro e muito mais próximo de um anjo. Do seu coração que ninguém podia ver, mas sentir, se expandia uma aura luminosa que aliviava quaisquer pensamentos sombrios de quem se aproximava. Aquele corpo tão deformado, mostrava simplesmente os caminhos de bondade apontados pelo coração.

            Alguém já escreveu sobre um caso parecido, mas de forma inversa. Dorian Gray, um jovem vaidoso e orgulhoso, fizera um pacto com o demônio, para que sempre fosse jovem e bonito, e que as ações do tempo e suas maldades, fossem retratados num retrato que ele sempre mantinha escondido. Esse retrato mostrava a aparência monstruosa de Dorian Gray, enquanto ele gozava de sua beleza; com João Maria acontecia o inverso: a consequência de sua bondade se expressava no corpo e o deixava com aparência monstruosa, mas por dentro, longe dos olhares curiosos, se encontrava um coração de beleza radiante, tão próximo de Deus quanto os anjos.

            Por esse motivo, o cuidado popular tem sua justificativa: “as aparências enganam”. O que é visto como um anjo pode ser um demônio, e vice-versa.

 

Publicado por Sióstio de Lapa
em 19/03/2019 às 01h01
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