Hoje estava no Flat da Redinha em reunião em reunião com os parentes e amigos, avaliando um texto evangélico e cada um dando sua opinião, quando uma das minhas companheiras vez a seguinte observação.
- Eu acompanho Rodrigues e por causa disso sou muito criticada. Por ele ter outras companheiras, minha família diz que eu faço papel de idiota e até no trabalho ninguém acredita que nosso relacionamento não implica em sexo. Mas eu tenho a consciência tranquila de que me sinto bem ao lado dele sem necessidade de sexo, gosto da companhia dele e da companhia dos seus irmãos. É tanto que a minha irmã falou para um senhor que pensava em casar comigo, que isso não iria dar certo, pois eu não deixava a companhia do meu ex-marido. E complicou ainda mais a situação, quando ele foi até a minha casa para me conhecer melhor e viu um retrato de Rodrigues em posição de destaque. Ele falou que isso confirmava o que minha irmã tinha advertido e parece que acabou o interesse no casamento. Então é isso que acontece comigo e não vou deixar de acompanhar Rodrigues por causa desses comentários. Eu só poderia deixar de acompanhá-lo se ele resolvesse morar com uma mulher, aquela que ele considerasse a mulher ideal. Nessa condição eu não voltaria mais a ficar em sua companhia em respeito a essa pessoa que estaria morando com ele.
Todos ouviram em silencio essas observações e ninguém fez nenhuma consideração. Nem mesmo eu. Mas como meu raciocínio é lento para situações como essa, geralmente eu fico remoendo o caso até chegar a uma conclusão. E quando chego a uma conclusão a situação já é outra. Foi assim que aconteceu com essa observação dela. Eu teria que dar uma resposta naquele momento, mas com certeza outro momento irá aparecer e eu já terei os argumentos amadurecidos na minha mente para responder e até esclarecer alguns equívocos, tanto para ela como para quem esteja ouvindo. Os meus argumentos seriam dessa forma e que eu poderia ter respondido naquela ocasião:
- Você está equivocada num ponto muito importante. Você está pensando que a mulher ideal para mim seria aquela que afastaria todas as outras. É exatamente o contrário. A mulher ideal para mim é aquela que pensa, sente e age como eu, com relação ao Amor Incondicional. Ela amará as pessoas que eu amo, talvez com mais intensidade do que eu amo. Procurará ver o bem estar delas, mesmo que para isso ela tenha que sentir a saudade da minha ausência, por saber que eu estou com qualquer uma delas, pelo tempo que for necessário, sem cobrança de nenhuma natureza. Então, se eu encontro a mulher com esse perfil, todas as outras se sentirão até mais confortáveis na presença dela do que na minha presença. Então, minha querida companheira, você estaria muito mais ligada a mim do que agora voce está, vivendo nesta convivência com minhas outras companheiras que se digladiam explícita ou implicitamente por minha companhia.
Era esse reparo importante que eu devia ter feito para mostrar que eu jamais irei abandonar nenhuma de minhas companheiras, como até agora eu me comporto. E ela mesma sabe disso, pois ela viu que eu senti uma grande paixão por outra pessoa quando estava casado com ela e não cogitei em nenhum momento em abandoná-la. Pelo contrário, foi ela quem me expulsou de casa.
Hoje sofri uma tentação inusitada quando retornava de Caicó para Natal, depois do trabalho que realizo naquela cidade. Comprei como de costume a passagem com a cadeira nos fundos do ônibus, pois como sempre não viaja lotado, eu teria oportunidade de usar a cadeira ao lado com meus livros, revistas e notebook. Infelizmente desta vez não tive a mesma sorte. O ônibus estava lotado e sentou ao meu lado um rapaz de cerca de 30 anos, usava óculos, e era gordo. Muito mais gordo do que eu me considero ainda neste momento. O rapaz tentou sentar normalmente na cadeira, mas não conseguiu encostar suas costas ao lado das minhas. A minha cadeira como era a última ficava ao lado do bebedouro do ônibus e assim fazia uma espécie de caixa onde os passageiros tinham que se encaixar. Era suficiente para duas pessoas normais, mas incompatíveis para dois gordos. Eu fui o primeiro a entrar no ônibus, já estava devidamente instalado, inclusive tive que tirar minha pasta e colocar no colo, para ele sentar. Agora não era interessante eu tirar as minhas costas para ele se apoiar. Ele ainda olhou para todos os outros assentos, mas todos estavam ocupados. Se resignou a ficar sentado sem apoiar as costas. Eu não fiz o mínimo gesto de ser solidário, de tirar as minhas costas para ele apoiar as dele. Não fiquei com remorsos devido a isso, pois alem de ser mais idoso eu havia chegado primeiro. O ônibus deu partida e quando ele cansou daquela posição incômoda procurou se apoiar no encosto da cadeira com o seu corpo virado para mim. Senti o seu abdome em contato com o meu corpo, mas não me incomodei, sabia que ele estava em situação difícil.
Durante o trajeto do ônibus a posição do sol entrou pela janela e atingia nós dois. Como eu estava no controle da janela, fiz a cortesia de fechar a cortina, apesar do sol não me incomodar. Notei seu ar de satisfação com minha atitude e com o ar de penumbra que se formou em nossa poltrona. Ele se aconchegou com mais satisfação onde estava, com sua mão um pouco acima do meu joelho. Eu continuava a ler minha revista sem disposição, como sempre estou, para muita conversa... ou pouca. Daí a pouco eu senti que a sua mão tocava o meu joelho. Eu imaginei que ele havia cochilado e sua mão havia descido involuntariamente. Não tive coragem para checar olhando para seu rosto. Vai ver que ele estava acordado e olhando para mim? Esse cruzamento de olhar poderia ser fatal. Bom... mas isso eram conjecturas com as quais eu não devia me preocupar. Continuei a minha leitura. Acontece que eu percebia que a mão do gordo descia e subia pela minha coxa. Comecei a ficar preocupado, a dúvida me atormentava, se ele estava acordado ou não, se aquela descida da mão era simplesmente o efeito da gravidade ou se existia outros interesses por trás... também continuava sem coragem de confirmar se o cara estava com o olho aberto ou não. Mas tive que reagir rapidamente quando percebi que aquela mão ganhava vida e os dedos como tentáculos se aproximavam perigosamente da minha área vital. Puxei instintivamente a minha bolsa para cima de minha área genital, não me preocupando em ser educado com aquela mão invasora. Ele se mexeu mesmo sem jeito no seu lado da poltrona, justificando com um risinho amarelo: apertado aqui, não é? Não respondi com a voz, mas o meu jeito meio com medo, meio com raiva, foi quem disse que eu não estava nada feliz. Ele não saiu da posição em que estava, apenas voltou a mão para colocá-la na posição original, acima do meu joelho. Vi que aquela mão nervosa poderia voltar a agir, e abri novamente a cortina da janela não me incomodando com a ação do sol sobre meu inconveniente vizinho. Foi como o efeito da luz do sol sobre um vampiro. O meu vizinho voltou a ficar na sua posição forçada longe do encosto da cadeira até a parada na próxima cidade onde desceram alguns passageiros e para a minha sorte ele se transferiu para outra cadeira.
Fiquei a pensar nessa tentação inusitada que sofri, se aquela mão tentadora pertencesse a um corpo feminino jovem, cheio de curvas e hormônios, se eu não teria sucumbido aos desejos obscuros, masculinos, naquela penumbra cúmplice. Percebi que Deus fora bondoso comigo e me fez passar por um teste onde eu tinha naturalmente um alto grau de rejeição.
Um pouco mais adiante o novo vizinho do gordo chegou perto de mim, como se tivesse fiscalizando o ambiente, dizendo que “aquele gordo saiu daqui e foi me imprensar na minha cadeira”. Mostrei a ele que aonde ele estava era pior ainda. Ele olhou sem muita convicção e voltou para a sua “via crucis”... Afinal, Natal já estava perto.
Este é o terceiro dia que estou caminhando no meu “deserto consciencial” em busca de uma maior aproximação com Deus, seguindo as lições de Jesus. Apesar de estar bem preparado mentalmente para o que irei encontrar, confesso que minha caminhada não está sendo fácil, as tentações e os testes surgem e eu tropeço neles como pedras inevitáveis. Caio e me levanto, olho para frente e peço perdão a Deus. Meu espírito que aparentava limpeza, começa a ficar sujo e molambento, pois a cada queda eu sinto a sujeira do pó do egoísmo a me impregnar e rasgar.
O Anjo da Caridade se aproximou de mim na forma de um pedinte, estirou sua mão e meu coração respondeu com raiva e com medo. Raiva porque todos podem ter uma “bolsa-família” paga pelo governo com o nosso dinheiro e essa pessoa ainda assim vem pedir parte do meu trabalho que já é retirado mais de um terço para a sustentação deles; medo por estar contribuindo com a vadiagem de alguém que prefere mendigar a aceitar um trabalho. Todos são argumentos lógicos que minha mente aceita como racionais e também são referendados pela sociedade. Mas acontece que o meu espírito não fica satisfeito. Depois da reação instintiva de negação, surge o sentimento de arrependimento. A mão que se estende em minha direção pedindo a minha ajuda tem um apelo muito forte. Algo que eu não encontro palavras ainda para explicar, para justificar a ajuda frente os argumentos da negação.
A preguiça é outro adversário que está sempre me jogando ao chão. Não consigo colocar o corpo em regime de trabalho forçado para atualizar o que preciso fazer na vida prática e com os compromissos espirituais. Esperava que essa entrada no “deserto” me desse a motivação suficiente para isso acontecer, mas continuo com o mesmo padrão de dormir e acordar, de procrastinar, como vinha acontecendo.
Outro tropeço aconteceu hoje. Fui convidado para um jantar de confraternização do término de residência em psiquiatria do Hospital Universitário e não consegui deixar a essência do cristão se manifestar de forma efetiva. Estava no terceiro dia de Jejum, mas por obediência à cortesia eu teria que quebrar esse jejum que pensava estender até o quinto dia. No aspecto da gula não cometi grandes excessos, apesar ter evitado tomar tanto líquido. O que mais me incomodou foi não ter falado para meus colegas do sentido cristão desse período e da minha participação dentro dele, sem demonstrar com isso qualquer vaidade. Mas permaneci a maior parte do tempo calado, ouvindo conversas irônicas sobre músicas, escritores, filmes... Poderia eu ter falado sobre a importância de Jesus em nossa sociedade, da possibilidade de construirmos o Reino de Deus com o conhecimento que já possuímos, de como fazer para nos livrar dos instintos egoístas que herdamos... enfim, tanta coisa que eu tinha domínio e poderia colocar em debates, não fiz. Este foi o meu grande tropeço nesse início de caminhada no “deserto”.
Espero que o Pai tenha piedade de mim, me dê forças e sabedoria para que eu possa enfrentar os outros desafios que tenho pela frente.
Em 19-02-15 foi feita mais uma reunião da AMA-PM e Projeto Foco de Luz com a presença das seguintes pessoas: 1. Adriano 2. Rosário 3. Ana Paula 4. Edinólia 5. Washington 6. Silvana 7. Nivaldo 8. Davi 9. Aninha 10. Zélia 11. Radha 12. Adriana 13. Paulo Henrique 14. Francisco Rodrigues 15. Roberto (convidado de Davi – Música) 16. Maciel (convidado de Davi – Informática) 17. Luzimar 18. Raulinson 19. Damares 20. Nazareno 21. Ezequiel. Foi lido o preâmbulo espiritual com o título “Conselhos do Papa Francisco” e logo em seguida o relatório da reunião anterior, que foi aprovada sem correções. Rosário informa que o Prof. Raimundo disponibiliza a quadra de esportes da UFRN para a os alunos do futebol. Zélia informa que pode viabilizar um ônibus para a condução dos alunos se for concretizado um projeto. Também informa que ainda não houve a eleição no colégio para o Conselho Escolar devido os feriados do Carnaval e doença na família. Deixa uma previsão dessa realização na próxima terça feira, as 17h. Adriano, advogado coloca-se como voluntário para fazer uma consultoria jurídica uma vez por semana na Escola Olda Marinho, com um atendimento médio de 20 pessoas. Radha se dispôs a atuar como auxiliar nesta atividade, já que fez estágio na prática jurídica durante o seu curso. Adriano também orientou sobre as datas e a forma da eleição da diretoria da AMA-PM, que deverá ser realizada depois de 15 dias de divulgado o Edital, assim como a compra de dois livros, um de atas e outro de ações das diretorias. Em seguida foi feita a discussão para a montagem da chapa que será votada ou aclamada no dia da eleição. Depois de várias considerações a chapa ficou montada da seguinte forma, mas com a possibilidade de ser alterada até o dia da eleição, de acordo com as conveniências de cada candidato: Presidente: Paulo Henrique; Vice-Presidente: Luzimar; Secretário: Costa; Vice-Secretário: Ezequiel; Tesoureira: Edinólia; Vice-Tesoureira: Anynha. Conselho Fiscal: Titulares: Davi, Nivaldo e Cíntia; Reservas: Estela, Zélia e Radha. Também ficou sinalizado que na construção das coordenações e das diretorias após a eleição, Rosário ficará com a coordenação de Projetos e Damares com a coordenação Social. As 20:30h foi encerrada a reunião com a oração do Pai Nosso conduzida por Aninha e uma oração do coração feita por Luzimar. Todos posaram para a foto.
Conforme compromisso assumido ontem com o sonho que foi a raiz de minhas convicções, vou esclarecer mais uma vez o projeto de vida que o Pai incutiu na minha mente e ao qual associo a minha vontade e determinação. Isso parece que obedece a uma cronologia que está acima das minhas elucubrações, pois hoje começa a Quaresma, período em que pretendo entrar numa espécie de “deserto psicológico” onde eu possa ficar bem mais próximo do Pai e seguindo as lições de Jesus. Nada mais apropriado do que eu passar em revista os momentos e cognições que fizeram eu me afastar da pratica mundana, cultural, e me aproximar do mundo espiritual e colocar os seus valores associados ao Amor Incondicional como prioridade em minha vida.
Lembro que antes eu era uma pessoa como qualquer outra pessoa, com desejos e vontades de montar uma família nuclear e viver com fidelidade a esse projeto até o fim da minha vida, junto a minha companheira na saúde e na doença como havíamos jurado perante o altar. As circunstâncias da vida começaram a forçar a minha compreensão no sentido da minha mente e racionalidade alcançar um nível de compreensão onde o Amor Incondicional fosse superior ao amor romântico e todos os condicionamentos que ele exige. A força do instinto sexual criado por Deus dentro de nós fez com que fosse criado um clima de simpatia entre mim e uma colega de trabalho. Logo começaram os convites que ela fazia para aprofundarmos o afeto que nós sentíamos na intimidade sexual, sem qualquer tipo de compromisso a não ser gozarmos do prazer que isso iria nos trazer. Tanto eu como ela sabíamos de nossa atual situação familiar e não existia nenhuma proposta de mudar isso. Era simplesmente aprofundar o afeto que desenvolvemos na base da simpatia, desejo e que poderia fortalecer o Amor... Amor Incondicional, que estaria sendo feito sem condicionamento de qualquer espécie.
Relutei muito a fazer isso, pois entendia que estava traindo a minha esposa. Por outro lado eu não via o mal que isso poderia causar a ela, se o que estava sendo proposto dizia respeito apenas a mim e a minha colega. Claro, podia acontecer algum tipo de acidente, como um filho, alguém que nos descobre e vai denunciar algo que ele também considera incorreto, e assim por diante. Mas na hipótese de que nenhum acidente desse tipo aconteça, eu não via nenhum prejuízo que estaria causando em terceiros por causa dessa minha interação sexual que eu poderia fazer com minha colega, com todos os cuidados para evitar acidente.
Foi este raciocínio que terminou prevalecendo e serviu como gatilho para disparar toda uma sequência comportamental que deveria ser seguida em obediência a lógica, a coerência e a justiça. Primeiro e o mais importante, a minha esposa poderia também ter a mesma experiência que agora eu estava aceitando para mim. A simpatia, afeto, desejo, amor que eu estava desenvolvendo por outra pessoa agora, ela poderia também sofrer o mesmo processo e, portanto, deveria ter o mesmo direito que agora eu estava defendendo e praticando.
Essa situação no início tinha a força maciça do instinto sexual, que era disciplinado dentro de mim pelo senso da justiça. Com o passar do tempo fui percebendo com clareza a diferença entre o amor romântico, fortemente ligado a sexualidade e cheio de condicionamentos, com o Amor Incondicional, influenciado pelo instinto sexual, mas não se submetendo a ele, se mantendo como prioridade no campo comportamental. Dessa forma destruiu a família nuclear que eu havia formado e comecei a construir uma família ampliada que eu sentia muito mais próxima do amor Incondicional, muito mais parecida com a família universal que Jesus ensinou que deveria construir o reino de Deus.
Assim foi que, se as circunstâncias favorecem, é permitido que junto de mim existam mais de uma companheira e que assim possamos formar uma família ampliada, mesmo que por força dos condicionamentos e pressão cultural, tenhamos que morar em casas separadas. Isso não implica que junto de mim possam existir apenas companheiros, pois como as mulheres tem o mesmo direito e sentimentos que eu tenho, elas podem também em alguma ocasião incluir um companheiro dentro do seu campo de interação e que se junta à família ampliada.
Portanto, longe do que muitos pensam que estou construindo um harém no formato do oriente, onde um homem (sultão) tem varias mulheres (odaliscas) esta família ampliada não deve exigir a exclusividade de um único homem, pelo contrário, é a existência de outros homens dentro da família ampliada baseada no amor Incondicional, que irá dar a característica de família universal com o devido respeito, fraternidade, solidariedade e capaz de acabar com o egoísmo preponderante hoje dentro da humanidade, da cultura, e nas diversas relações sociais. Teremos assim alcançado o Reino de Deus.
Então, esta foi a reflexão que o Pai exigiu que eu fizesse para entrar no período da Quaresma, onde eu vou estar mais próximo dEle, e com certeza Ele que ouvir de mim o que vai no meu coração, nos meus pensamentos e nas minhas ações.