Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
10/08/2015 00h01
O CAMINHO DAS PEDRAS

            A ideia do caminho das pedras sempre nos evoca o local onde podemos caminhar com segurança para não cairmos em nenhum tipo de abismo, de lodaçal. Mas pode existir outra versão desse caminho, como algo inseguro, cheio de perigos. Foi assim que observei com as pedras que estão no caminho entre a Praia do Meio e a Praia do Forte, no trajeto que faço para ir à hidroginástica.

            Na última quinta feira, dia da hidroginástica, levantei da cama no horário previsto, coloquei o meu calção de banho e desci do apartamento para a praia. Durante a caminhada notei que a maré já estava um pouco alta e tem um setor, com pedras, que a maré bate no paredão construído para proteger o calçadão da força das ondas. Vi que durante o fluxo e refluxo das águas, as pedras ficavam momentaneamente cobertas de água para logo em seguida ficarem a descoberto e mostrarem por onde devíamos pisar, pois sobre elas seria inconveniente e arriscado sofrer uma queda com sérios machucões. Eu poderia muito bem sair da areia e subir no calçadão, como sempre faço, para evitar esse risco. Mas neste dia eu decidi ir pela areia e enfrentar o caminho das pedras. Imaginei que isso poderia servir de lição para mim, pois não estou sempre na vida encontrando obstáculos dos quais eu deverei ter a sabedoria e prudência de evitar? Pensando assim continuei o meu trajeto pela areia.

            Ao chegar à área das pedras, observei que as pessoas que caminhavam pela areia ou davam meia volta e seguiam no retorno, ou subiam no calçadão e evitavam o trajeto perigoso. Mas eu queria justamente isso, me defrontar com o perigo, mesmo sabendo que eu estaria no comando, pois bastaria esperar o refluxo das ondas para eu continuar, vendo por onde deveria pisar.

            No começo tudo seguia como eu havia imaginado. Quando as ondas chegavam e cobriam as pedras, eu esperava que elas refluíssem e eu conseguisse ver novamente onde deveria pisar. Havia momentos que as ondas chegavam tão forte que molhava minha camisa e empurrava o meu corpo. Eu tinha que me firmar no chão, pois se vacilasse naquela altura, se perdesse o equilíbrio, muito provavelmente eu teria que pisar sobre as pedras ou mesmo cair sobre elas. Essa foi a primeira lição que ficou. Quando continuei no caminho eu não imaginava essa possibilidade de ser empurrado pelas ondas, perder o equilíbrio e cair. Agora que eu já estava dentro da jornada perigosa é que veio à mente essa possibilidade. Bem que eu poderia desistir, fazer meia volta e seguir por cima do calçadão. Mas avaliei também que esse risco extra que eu estava submetido agora poderia ser incluído nesse tipo de aula que eu decidi obter. Teria que prever a força de determinada onda e me firmar com mais força onde me encontrasse para não perder o equilíbrio.

            Com essa nova preocupação na mente segui adiante. Pouco mais na frente observei um local mais profundo onde o refluxo das águas não conseguia deixar a descoberto as pedras, onde eu poderia firmar meus pés na areia. Eu teria que tatear com os pés para sentir onde existia areia nivelada que eu pudesse colocar os pés. Quando existia uma pedra próxima, aprendi que a onda fazia uma espécie de escavação ao redor que eu poderia sentir com os pés. Eu teria que ficar bem atendo ao tatear com os pés a areia, pois nesse momento eu estaria apoiado apenas num pé e não poderia sofrer empurrão das ondas senão cairia. E cair ali seria cair fatalmente sobre as pedras. Machucões com certeza.

            Este era um risco bem maior e que eu não tinha tanto controle sobre ele quanto tinha sobre os outros. Seria outro momento de desistência, poderia ter me afastado desse risco e voltar ao caminho do calçadão. Mas imaginei que mais uma vez isso deveria fazer parte do aprendizado. Afinal de contas, o meu trabalho na comunidade de Praia do Meio, na Associação e Projeto que tenta ajudar as pessoas envolvidas com drogas e criminalidade, não são comparadas com pedras que trazem riscos que muitas vezes não consigo observar com clareza? Mesmo usando a prudência e serenidade, eu não estou sujeito a movimentos comportamentais que possam me machucar ou a quem caminha ao meu lado? Por esse motivo eu teria que deixar de lado essa caminhada e voltar para os caminhos seguros? Não! Deus não quer que deixemos de fazer a Sua vontade porque existem riscos pelo caminho. Ele nos protegerá nos limites do que seja positivo, tanto para mim quanto para os agressores, afinal todos somos os seus filhos.

            Portanto, pedi a proteção de Deus e decidi enfrentar esse perigo, sem tanto controle da minha parte. Se não fosse o aspecto de lição que eu queria obter fazendo isso, com certeza, meu lado prudente já teria feito eu ir pelo caminho do calçadão.

            Chegou um momento que eu estava tateando com o pé por tempo demasiado e não encontrava onde apoiar o pé. Vi que estava chegando uma onda forte e que eu devia estar com os dois pés apoiados senão iria cair e aí seria pior. Então me vi obrigado a tentar me apoiar sobre a pedra esperando que a “sorte” fizesse com que o meu pé não se machucasse e que eu encontrasse um local para apoiar o pé logo em seguida. Senti que machuquei o pé que coloquei sobre a pedra, mas tive a sorte de encontrar apoio na areia para o outro pé. Consegui suportar o impacto da onda que chegou com muita força e barulho, sem cair. Terminei superando esse obstáculo perigoso com o pé dolorido, mas felizmente não ferido.

            Finalmente superei esse caminho das pedras e pude refletir sobre a lição que ficou. Claro, na minha vida material não poderei me expor dessa forma aos perigos. Não poderei ir à uma boca de fumo e tentar fazer a evangelização dessas pessoas de forma direta. O risco é muito grande e eu não terei nenhuma segurança do que possa acontecer. É como aquele momento que eu apoiei o pé sobre a pedra e tive a sorte de apoiar o outro pé na areia e não cair. Nada garante que eu encontre algum apoio numa boca de fumo e evite sério machucado.

            Por outro lado, não poderei deixar de fazer o trabalho na comunidade da Praia do Meio, mesmo que eu esteja próximo dessas pedras que podem me machucar. Devo ter a inteligência de aproveitar o “refluxo das águas” para observar onde colocar o próximo passo. Se eu observar uma área em que não tenho o controle, essa lição do caminho das pedras me ensina que devo voltar, não devo me arriscar onde eu não tenha um mínimo controle. Não posso deixar tudo sob a responsabilidade da providência divina.

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em 10/08/2015 às 00h01
 
09/08/2015 05h17
PEDRA ANGULAR

            Pedra angular é aquela que numa construção acomoda todas as outras. Qualquer pedra que não consiga ser encaixada nas disposições diretas ou indiretas da Pedra Angular será descartada. Posso fazer comparação dessa forma de construção de um espaço material, como uma casa, um edifício ou um templo, com a construção de um paradigma que disciplina um comportamento reto que evolui na direção do Divino.

            Ao ter conhecimento do mundo espiritual, da existência da força criadora conceituada como Deus, do meu papel dentro do contexto existencial que é a aproximação cada vez maior da energia divina, resolvi procurar essa “Pedra Angular” conceitual que pudesse ser a baliza pela qual eu pudesse estruturar um paradigma o mais próximo possível da perfeição.

            Foi com esse intuito que encontrei no Amor Incondicional a Pedra Angular conceitual que estava a procurar. A partir do reconhecimento da natureza dessa Pedra Angular, passei a procurar outras pedras que pudessem se encaixar com ela ou dentro dela, formatando os caminhos por onde eu poderia trilhar sem risco de me perder no cipoal de relacionamentos que inevitavelmente eu teria que participar.

            Consegui com Jesus Cristo uma bússola importante para essa jornada: “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a mim mesmo”. Com a Pedra Angular e com a bússola eu iniciei a minha caminhada. Não imaginava que nessa trilha eu fosse encontrar tanto sofrimento, representado pelas pessoas que se relacionam comigo e que possuem paradigmas muito diferentes dos que eu passei a possuir. Também não posso negar que me trouxe muitas alegrias e compensações e que, se coloco numa balança, os aspectos positivos são francamente superiores. Isso não quer dizer que eu fique imune ao sofrimento. Não, tanto ontem como hoje continuo a sofrer pela incapacidade das pessoas do meu relacionamento, principalmente os relacionamentos íntimos, não conseguirem sintonizar com os princípios de minha jornada. Aquela imagem simbólica da Bíblia quanto a transmutação do homem com a mulher se tornarem carne da mesma carne no ato sexual, até que eu consigo, mas se tornar alma da mesma alma, isso não! Talvez eu jamais consiga nesta encarnação. Mas eu já estou preparado, mesmo que eu não encontre uma companheira para pensar dessa forma, estou pronto para vir em outra encarnação e tentar novamente. Talvez eu venha na condição feminina, talvez eu como mulher possa enternecer o coração do homem na relação com vários homens, como as fêmeas dos macacos bonobos conseguem fazer.

            Enquanto isso, mesmo acompanhado esporadicamente por A, B, ou C, vou caminhando na minha trilha, sem conseguir encaixar nenhuma outra consciência com ela, mas aproveitando de forma magnífica a proximidade com o Criador que a cada dia fica mais estreita. Sei que meus paradigmas estão construídos de forma sólida e que nenhuma tempestade será capaz de destruí-los, pois a minha Pedra Angular é perfeita!

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em 09/08/2015 às 05h17
 
08/08/2015 01h55
COMPROMISSO

            Existe uma lição muito dura que Jesus disse aos discípulos: “Se alguém quiser vir comigo, renuncie-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-me. Porque aquele que quiser salvar a sua vida, irá perdê-la; mas aquele que tiver sacrificado a sua vida por minha causa, irá recobrá-la. Que servirá a um homem ganhar o mundo inteiro, se vem a prejudicar a sua vida? Ou que dará um homem em troca da sua vida?”

            Essa lição é muito forte para todos aqueles que vivem dentro desse mundo material, sofrendo as pressões do corpo para a sobrevivência, individual e da sua descendência. O nosso primeiro interesse e compromisso são com o mundo material no sentido de eu poder garantir a sobrevivência do meu corpo. O mundo espiritual não faz parte dos meus receptores, não é identificado pelos meus mais diversos órgãos dos sentidos. Dentro dessa compreensão eu antevejo a morte no final da minha vida e posso imaginar que tudo se perde para mim, deixarei de existir.

Jesus veio ensinar que isso não é verdade. Veio dizer que além do mundo físico existe o mundo espiritual e que é de lá que tudo provém e de onde tudo se origina. Inclusive a nossa consciência. Nós viemos para o mundo material, encarnando o espírito num corpo material e sofrendo dele os mais diferentes impulsos e motivações. Esquecemos do mundo espiritual der onde viemos e os compromissos assumidos. Como então podemos fazer para ser salvos da morte eminente, uma vez que, se eu não tiver esse discernimento, eu irei voltar quantas vezes sejam necessários para completar esse aprendizado?

            Faço essa avaliação me colocando dentro desse contexto. Se eu não tivesse nenhum professor ou não tivesse oportunidade de encontrar nenhum livro que tratasse do assunto, eu chegaria ao momento da morte sem saber que a minha consciência não sofreria esse efeito da morte e passaria a existir em outra dimensão.

            Jesus veio a Terra com essa missão específica, nos ensinar sobre o Amor e explicar que somos seres eternos, que essa matéria biológica e os seus valores efêmeros não são exclusivos para nossa existência. Logo mais chega a morte e nos transfere para as outras dimensões e quando isso acontecer devemos estar preparados com a bagagem que podemos levar conosco, e nada dessa bagagem se aproxima dos bens materiais.

            Por isso é que o Mestre é muito duro na sua lição, pois sabe que o nosso tempo é curto e quanto mais o perdermos, mais voltaremos aqui na Terra para refazer tudo de novo. É um círculo que só podemos quebrar com essa compreensão que os bens materiais não são os objetivos que devo alcançar. Jesus mostra como agir de forma desapegada com os bens materiais, mostrando o compromisso dele com o Pai e que todos nós temos interesses semelhantes. Se temos que passar por dificuldades, por sofrimentos decorrentes de nossa ignorância, que assim seja. Devemos pegar a nossa cruz e seguir adiante sem olhar para trás.

            Adquiri esse compromisso com Deus, mas ainda estou temeroso em pegar a minha cruz e seguir adiante, como Jesus ensinou, seguindo os passos dele. Ainda sou muito apegado à carne, aos prazeres mundanos que se verifica em vários tipos de tentações ao meu redor. Tenho bastante clareza do que Jesus quis dizer, já sei qual a trilha a caminhar, falta no entanto a coragem. Sei que o tempo urge, e que no pequeno espaço que eu tenho de vida biológica, não conseguirei atingir a coragem e determinação suficiente para alcançar a minha meta, segundo a vontade do Pai.

            Meu compromisso com o Pai e com o Filho se resume nessa compreensão que tenho do que me foi ensinado e da minha resignação em voltar quantas vezes sejam necessárias até que eu consiga êxito. Espero que numa próxima reencarnação, eu não demore tanto quanto demorei agora em adquirir essa compreensão. Talvez o meu esforço em evangelizar dentro das comunidades as pessoas que vivem na ignorância, seja já uma forma de eu receber na minha próxima vinda o ensino do Evangelho e sua devida compreensão, mais cedo do que aconteceu nesta atual vivência que experimento.  

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em 08/08/2015 às 01h55
 
07/08/2015 23h54
FOCO DE LUZ (64)

            No dia 06-08-15 foi realizada mais uma reunião da AMA-PM e Projeto Foco de Luz, na Escola Olda Marinho, as 19h, com a presença das seguintes pessoas: 1. Luzimar 2. Edinólia 3. Radha 4. Marlene 5. Paulo Henrique 6. Nivaldo 7. Francisco 8. Netinha 9. Damares 10. Ana Paula 11. Ivonaldo 12. Maria de Lourdes (1ª vez – Quiosque) 13. Washington 14. Silvana 15. Davi 16. Maire 17. Aluisio 18. Suely 19. Paulo Madureira e 20. Ezequiel. Foi feita a leitura do preâmbulo, uma mensagem do filósofo Omraam Mikhael Aivanhov, e logo em seguida a leitura da ata da reunião anterior que foi aprovada por todos sem correções. INFORMES: Francisco informa que os documentos ficaram com Damares no Departamento de Medicina Clínica que combinou de pegar a assinatura e os documentos de Aninha amanhã; fez também indagações de como anda a questão da sede e como não tem ainda nada definido foi feito uma comissão composta de Paulo, Luzimar e Edinólia, que junto com quem mais queira se agregar, irá avaliar as diversas possibilidades de uma sede, alugada, doada ou comprada dentro da comunidade. Ivonaldo disse que participou da reunião da Secretaria de Educação que ocorreu no dia anterior na Escola Olda Marinho. Apesar da informação ter sido colocada no grupo do whatsapp, nenhum membro da Associação compareceu. Foi colocada a importância de cada membro que tenha disponibilidade em determinada ocasião não deixar de participar das reuniões. Essa reunião foi importante, pois tinha o objetivo de capacitar a comunidade para atuarem como conselheiros escolares. Também foi colocado a importância de ser marcada nova reunião com a Secretaria de Educação para devolvermos as decisões que já tomamos com relação as necessidades da comunidade na relação com a Escola. Ezequiel informa que as crianças do futebol foram jogar nas Rocas e venceram duas partidas e perderam uma. Francisco informa que fez contato com a dentista no Centro Cruzada dos Militares quanto ao acidente ocorrido com a criança do futebol e ela avisou que pode ser usado o serviço de urgência da Ribeira. Caso não seja possível pelo tempo e pela necessidade de restauração, ela ficou de agendar na Odontologia da UFRN logo que tenha início o período das aulas. Washington disse que havia convidado vários comerciantes dos quiosques, e só se fizeram presentes Maria de Lourdes e Marlene. Foi explicado a quem tinha vindo pela primeira vez quais são os objetivos da AMA-PM  e Projeto Foco de Luz e foi decidido que seria feito um convite formal para o responsável pelo setor do comércio na praia da SEMSUR para comparecer na reunião do dia 20-08-15 para explicar à comunidade quais os projetos que existem para a área e os comerciantes colocarem suas reivindicações. As 20h30min a reunião foi encerrada com a oração do Pai Nosso conduzida por Paulo Henrique, Maria de Lourdes que conduziu a Ave Maria, e Luzimar com a oração do coração. Todos posamos para a foto oficial e em seguida todos degustamos o lanche trazido por Luzimar e uma sopa em homenagem ao dia dos pais trazida por Netinha.  

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em 07/08/2015 às 23h54
 
06/08/2015 23h59
DERROTA ACACHAPANTE

            Posso dizer que hoje, sem nenhum exagero, sofri uma derrota acachapante para a gula. Hoje foi dia de hidroginástica, então nada melhor do que iniciar o dia com uma boa proposta para educar o corpo. Exercícios físicos pela manhã e controle alimentar durante o dia. Cheguei da hidroginástica e depois do banho tomei um pouco de vinho, com duas finalidades: a primeira como elemento de purificação da corrente sanguínea, evitando acumulo de colesterol nas paredes dos vasos; a segunda imaginar de forma mística, a aplicação da lição de Jesus quanto beber o vinho como uma forma simbólica de beber o seus sangue para absorver a pureza da Sua alma.

            Dessa forma saí do apartamento de forma confiante no controle alimentar durante todo o dia. Estava determinado a fazer isso. Imaginava que só iria me alimentar à noite, após a reunião da AMA-PM, durante o lanche que nós estávamos levando.

            Tudo seguia como eu imaginava até a tarde, depois que terminei os atendimentos no consultório. Estava me dirigindo para o apartamento e a ideia era trabalhar nos documentos que estavam espalhados à espera de organização, até as 19h quando iniciaria a reunião. Lembrei que iria passar em frente a padaria e que lá existia uma boa opção de petiscos e que eu poderia levar alguns. Incrível como essa ideia se instalou e passou a prevalecer. Não me lembro de ter resistido a ela. Simplesmente ficou reverberando na minha cabeça enquanto eu dirigia. Já estava programado em parar o carro na padaria e levar o que existisse de salgado para comer antes da reunião. Parei o carro e entrei na padaria. Fui logo ao setor da comida mantida em banho Maria. Vi diversos tipos de sopa, carne de sol frita com cebola e o frango a passarinho. Não me contive em escolher uma dessas opções. Escolhi todas!

            Cheguei no apartamento carregado, carne, frango, sopa, pão, bolo... sem nenhuma resistência coloquei tudo sobre o balcão da cozinha e liguei o micro-ondas. Enquanto esquentava ia comendo. Nenhuma lembrança do que havia planejado no início do dia vinha à minha mente. Comi tudo que trouxe, não deixei nada guardado para o dia seguinte. E eu sabia que, caso eu comesse com moderação, ficava muita alimentação para ser guardada e usada em outro dia.

            Mais tarde, após o término da reunião, mais uma vez fiz uso da alimentação sem controle. Comi mais uma vez a sopa que foi levada e também achocolatado, bolo, batgut, etc. estava me sentindo farto. Mesmo assim, na volta, ainda parei na farmácia e comprei picolés e sorvete à vontade. Cheguei ao apartamento carregado dessa maneira e fui logo para a cama, coloquei o apoio para assistir a televisão enquanto chupava os picolés... chupei dez!!! além disso, ainda chupei uma garrafinha de caldo de cana que eu mantinha guardada há semanas.

            Depois de toda essa proeza realizada, foi que fiz a reflexão do que eu havia me determinado fazer e o que terminei por fazer. Vi toda a engenharia da mente em anular um propósito inicial em função de adquirir um prazer corporal. Imaginei então que seria dessa forma toda a pressão que os dependentes sofrem para recair em suas dependências, mesmo estando altamente determinados na abstinência. Abriu uma compreensão dentro da minha mente do que está acontecendo no cérebro dos dependentes que também usam os seus cérebros na busca de prazeres, assim como o meu. Felizmente o meu não está sensibilizado por uma substância química, mas está sensibilizado pela alimentação, que também é uma forte fonte de prazer, assim como o sexo. Devo entrar nessa engenharia da mente, usando a própria mente com essa finalidade. Parece uma atuação de espionagem, onde a minha consciência, monitorada por meu espírito é o agente que vai comandar essa operação. Irei ter mais atenção à esses aspectos nos próximos desenvolvimentos da minha luta contra a gula, contra os interesses do corpo que usa a mente em busca do prazer trazido pelo alimento ou pelo sexo.  

            Sim, sofri uma derrota acachapante para a gula, mas por outro lado, descobri um padrão usado pelo corpo no uso da mente para atingir os seus propósitos. Talvez essa descoberta me leve a algo bem importante no campo das dependências. Se algo já foi publicado nesse sentido, eu não tenho conhecimento. Devo colocar todo esse pensamento de forma organizada e didática no papel.  

Publicado por Sióstio de Lapa
em 06/08/2015 às 23h59
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