Era plena madrugada. O celular toca. Três horas e 15 minutos. Reconheço o número que chama. SL, minha ex-companheira. Tocou apenas uma vez. Fico na expectativa de uma segunda chamada. Nada acontece. Fico a pensar... O que será que ela quer comigo neste horário? Ela que evita falar comigo em qualquer hora mais conveniente do dia? Ela que mesmo quando eu vou à sua casa para falar com nosso filho, evita me encontrar? Ela que pede para seus amigos e parentes não terem contato comigo? Ela que esqueceu a paixão que um dia nos incendiou? Ela que esqueceu que um dia fomos carne da mesma carne? Ela que não soube cultivar o amor que em mim se desenvolveu? Ela que talvez precisasse ouvir do Padre que devíamos viver juntos tanto na alegria quanto na tristeza? Ela que ainda não merece orar ao Pai como Jesus ensinou, pedir para perdoar suas ofensas, pois ainda não sabe perdoar as ofensas reais ou imaginárias de quem a tem ofendido?
Então, por que será que ela fez agora essa ligação? Será para me agredir com palavras referentes ao mal que se diz ter sido vítima por minha causa? Será que é para me testar, para saber se eu ligo de volta para saber se está existindo algum problema na vida dela ou de nosso filho? Da mesma forma que eu fiz quando a chuva castigou nossa cidade e fui até a sua casa para ajudar na remoção dos objetos e livros que precisavam ficar longe das goteiras? Ou será que ela está passando mal e não pode dar o segundo toque no celular, nem chamar o nosso filho que dorme na mesma casa que ela? Será que no fundo da sua alma ela percebeu num momento crítico que eu era a única pessoa nesse mundo, mais confiável, para lhe prestar uma ajuda numa situação de perigo?
No intervalo de cinco minutos que eu esperava pelo segundo toque, passaram na minha cabeça todas essas indagações. Agora surgiam outras questões... Devo ligar de volta para saber o que ela quer, o que está precisando? Mas por que me preocupar com ela, se ela não se preocupa comigo? Por que continuar amando-a se ela já não me ama, e talvez nunca tenha amado, já que o amor jamais esquece?
Mas logo o meu coração responde de imediato a essa interrogação: “É verdade, o Amor jamais esquece, jamais desaparece, jamais fenece. Todo o Amor que um dia foi criado aqui dentro de mim, nada se perdeu. Mesmo que eu tenha sofrido a dor da intolerância, da incompreensão, da agressão... Mesmo que eu sofra a dor da solidão, da injustiça, eu jamais deixarei de amar! Mesmo que o horizonte escureça, que a terra estremeça; mesmo que a lua não reflita o sol que me aquece, nem as estrelas sejam vistas no céu que me protege, eu deixarei de amar!”
Voltei à razão e verifiquei que o meu coração está certo. Jamais eu deixarei de amar! Todas a quem meu Pai me mandou, no passado, hoje e sempre... Jamais deixarei de amar! Mesmo que eu tenha cicatrizes que tantos amores me deixam e cada relacionamento que eu tenha mais uma chicotada na alma eu receba... Mas, jamais deixarei de amar!
Então peguei o meu celular e liguei de volta. Estava pronto a lhe acudir em tudo que fosse necessário, se assim fosse preciso. Sem nenhuma palavra de contestação, de condenação; sem nenhuma murmuração.
Meu celular chama na outra conexão, mas logo fica mudo. Não demora muito a chamar. Ninguém responde. Espero um pouco. É como se pessoa tenha ouvido o toque e tenha desligado de imediato.
Surge em seguida uma mensagem no meu celular, de forma árida, objetiva, explicativa: “Não é nada. Ligação errada.”
Respondo com o maior cuidado para não mexer em feridas que eu não posso curar: “Ok. Fiquem na paz.”
Agora ao digitar esse texto logo após o ocorrido, faço outras reflexões. Tudo isso aconteceu na madrugada, justamente no período dos dois sonhos anteriores e que também digitei e coloquei neste diário de imediato para não esquecer. Naqueles dois sonhos eu intui que havia sido testado pelo Pai quanto as minhas intenções, se eu estava pronto para ser considerado um cidadão do Reino de Deus. Essa “ligação errada” que recebi pode ter sido mais um teste do Pai, desta vez um teste dentro da realidade. Será que eu estaria pronto a devolver com amor todo o mal, toda a injúria que recebi de forma perversa e injusta? Com certeza o Pai percebeu que quando eu liguei de volta, o meu coração não tinha um pingo de ressentimento, mas sim, cheio do imenso amor que Ele deixou que ficasse armazenado dentro do meu coração e que eu não desperdicei nenhum pingo. O Pai ficou satisfeito e eu também. Acho, sem falsa modéstia, que mereço um dez nessa prova.
Nesta data, 12-09-14, foi realizada mais uma reunião da AMA-PM com a presença das seguintes pessoas: Radha, Edinólia, Ana Paula, Costa, Paulo Góis, Kim, Dayse, Nivaldo, Paulo Henrique, Francisco, Rogério, Ezequiel, Gutemberg (menor) e Heriberto (compositor, primeira vez).
Iniciamos a reunião com os seguintes informes: recebemos alguns exemplares do “Panfleto do Bairro” onde consta uma nota da AMA-PM. Recebemos também a proposta de fazer outra nota para ser anunciada em outro panfleto que circula no aeroporto sobre a Associação e sobre as atividades que realizamos com as crianças. Foi informada da comissão composta por Nivaldo, Anilton e Damares, para reivindicar a reforma da Praça Maria Cerzideira e a instalação de uma academia pública da Terceira Idade. Ezequiel comunica as diversas ações que realizou dentro da comunidade como a instalação de lâmpadas nos postes públicos, tapação de buracos nas ruas e cobertura de parada de ônibus, através da cobrança aos órgãos públicos. Informa também que se sagrou campeão de Remo no campeonato que ocorreu na Lagoazul, com a participação dos clubes: Náutico, Sport, União e o seu clube, Potengi.
Em seguida foi relatada a experiência com os jovens na última reunião, onde alguns rapazes se mostraram muito arredios, mas terminaram colocando algumas sugestões de forma tímida. As moças que estavam presentes nem quiseram se aproximar. Avaliamos depois que seria útil a criação de atividades que fossem mais atrativas para os jovens. Ficou de ser trabalhada essa ideia na forma de uma gincana e que seria apresentada nesta reunião. Kim e Dayse apresentaram uma proposta de pequenas dimensões como forma de começar a atingir um pouco a comunidade. Costa sugeriu que fosse feito um evento de maior amplitude no dia 12-10, dia das crianças. Terminou prevalecendo a realização de um evento intermediário, realizado na Rua do Motor nesta data, como uma forma de Rua de Lazer, que seria feita de 14 as 19 horas dessa data que é um domingo. Ficaram na linha de frente dessa atividade, Rogério, Ezequiel e Paulo Henrique que fará os diversos ofícios para solicitar os recursos necessários a realização da atividade.
Em seguida tivemos a participação de Heriberto, morador da comunidade e que também é compositor. Ele explica que tem uma composição sua concorrendo a uma premiação pela internet, no EXPOSAMBA 2014. Entrega a cada um de nós um panfleto onde pede para votar no samba do compositor ZORRO, com o título: “Morro da Saudade”. Explica que para votar basta acessar a página “HTTP:WWW.FABRICADOSAMBA.COM” e entrar no tópico de votação. A votação vai ser de 06-09 a 15-10-14. Onde pedir o nome da música digitar o nome “Morro da Saudade”. Cada computador tem direito a um voto, no período de uma hora. Só poderá votar novamente após o término de uma hora. Aconselha para usar navegadores diferentes como Mozila, Google Chrome e Internet Explorer. Cada um de nós ficou de além de votar, distribuir os panfletos em suas áreas de atuação como no Hospital Universitário e Campus Universitário.
As 20:30h ficamos todos em círculo, de mãos dadas, e fizemos a oração do “Pai Nosso” dentro da nossa prática de prestar contas ao Criador. Depois nos preparamos para a foto oficial da reunião que deverá ser colocada no WhatsApp para divulgação entre os colegas que não puderam participar.
Hoje mais uma vez acordei vindo diretamente de um sonho. Desta vez eu fui provado no plano espiritual na capacidade de fazer a caridade e aplicar a justiça. Vou descrever logo abaixo na forma de conto, e também aproveito para postar em outro espaço destinado a essa produção literária.
“Estava andando por um espaço livre de construções onde os jovens geralmente se reuniam para jogar futebol. Prestei atenção num buraco isolado, não profundo, que aparentava ter sido usado para colocar as traves do goleiro. Interessante que só havia um, e para colocar traves seriam necessários dois buracos. Desviei um pouco a linha da minha caminhada para passar por perto do buraco e procurar entender qual a finalidade pela qual foi feito o buraco. Não conseguia imaginar para que servisse. Foi então que uma ponta de papel que emergia na areia do fundo, aumentou a minha curiosidade, pois pareciam cédulas de dinheiro. Fui até lá e puxei o papel e vi sem dificuldade aparecerem diversas notas. Era um monte de dinheiro que estava dobrado em cédulas de cinquenta reais e dobradas, cobertas de areia, naquele buraco. Imaginei que alguém tinha guardado, mas como fazer isso nesse local tão precário? Ainda por cima deixou o buraco semiaberto como forma de identificá-lo quando voltasse. Mas essa pessoa não havia imaginado o risco de outra pessoa, como eu, ter despertado a curiosidade e ir até o local e descobrir o dinheiro, uma vez que não estava suficientemente coberto?
Guardei o dinheiro comigo, sabendo que a pessoa que fez isso logo iria se manifestar por sua procura e assim eu podia entregar ao verdadeiro dono.
Assim aconteceu. Como eu moro nas proximidades desse campo baldio, no dia seguinte vi uma movimentação de pessoas procurando algo, aflitas, em torno do local onde encontrei o dinheiro. Entre elas a mais aflita parecia ser um jovem de aparência diferente, parecia ser portador de um retardo mental. Ao me aproximar para saber o motivo de tanto alvoroço, descobri que aquele jovem havia pego o dinheiro que o seu pai, um pedreiro humilde, acabara de receber, 8.500,00 reais, fruto de um trabalho intenso que fizera durante três meses como forma de economizar para reformar sua própria casa que já estava sem condições de moradia. O seu filho de 22 anos que é retardado mental e mora consigo, por tanto ouvir falar da falta de segurança que existe no bairro, da invasão das casas e roubo de dinheiro e objetos domésticos, resolveu ajudar o pai e guardar o dinheiro em local mais seguro, onde somente ele sabia. Agora ele estava confuso, pois pensava ter colocado num buraco que fez nesse campo baldio e não encontra.
Pensei em entregar de imediato o dinheiro achado, mas percebi o clima de ansiedade e agressividade que existia no momento, com o pai vociferando palavras duras, de baixo calão, sobre a inocência do filho. Mesmo que isso representasse a perda do resultado de meses de trabalho pesado, não justifica perante Deus tamanha atitude, talvez justifique perante a maioria dos homens. Como eu me considero como instrumento da vontade de Deus, não poderia entregar o dinheiro nesse contexto, pois pareceria que eu estaria recompensando tanta violência naquele pai de família ferido.
Deixei para entregar no dia seguinte, depois da família ter saído daquele incêndio emocional e de eu ter encontrado a melhor forma de fazer essa entrega. Vi logo que essa entrega do dinheiro atendia a Caridade e a Justiça. Mesmo que em minha família eu percebesse necessidades entre meus irmãos de pagar suas dívidas mais perturbadoras e a doação desse dinheiro a eles iria resolver a situação de todos, inclusive com a compra de uma televisão nova que os meus sobrinhos tanto pediam ao pai. Mas, me lembrava das lições do Mestre Jesus, “não fazer ao próximo o que não queiras para ti”. E o meu próximo com relação aquele dinheiro que eu havia achado, não era nenhum dos meus parentes, por mais íntima que seja a nossa convivência. O meu próximo era aquele pai que acabara de perder o seu suor de três meses. Nem era tanto o filho que patrocinou a perda, pois ele não tinha o alcance cognitivo para avaliar adequadamente o que havia feito.
Então, no dia seguinte, certamente intuído durante a noite de sono por meus “amigos” espirituais que também desejam ser instrumentos do Pai, fiz as seguintes providências.
Comprei dois envelopes, um pequeno e um maior. No maior eu coloquei uma carta endereçada a um locutor de rádio bastante popular na cidade que é ouvido com certeza por todos os bairros humildes. Escrevi o seguinte: “Sr. D.J., neste envelope pequeno encontra-se o valor integral do dinheiro que achei enterrado no campo baldio do bairro onde moro, junto com uma carta dirigida à família. Como agora sei quem o perdeu estou entregando ao senhor para que chegue as mãos dos seus legítimos donos. Resolvi fazer assim, pois entendo que esta é uma ação de justiça e caridade, e como Jesus ensinou, a caridade perfeita é aquela que é feita no anonimato. Portanto, fazendo isso eu espero a recompensa de Deus e não dos homens. Podia ter entregue a carta da família por baixo da sua porta, mas entregando a você a quem eu peço que leia esta carta no ar, eu também colaboro com a evangelização dos meus irmãos que lhe ouvem. A importância disso é que essa história ao ser contada, a pessoa que conta não sabe se aquela que ouve foi ela mesma quem fez a lição do Cristo. Isso fortalecerá o sentimento de fraternidade na comunidade, que é o desejo do Pai. Agradeço a você, caro D.J. pela divulgação do caso e entrega da carta, e a todos os meus irmãos pela atenção na lição evangélica”.
A segunda carta que era dirigida ao pai do jovem, juntamente com o dinheiro perdido, tinha o seguinte conteúdo. “Senhor X.Y. Eu o conheço, moramos no mesmo bairro e acompanhei todo o dilema de sua perda. Podia ter lhe entregue ontem mesmo o dinheiro perdido, mas vi que sua mente e coração estavam tumultuados pela violência e desespero de tão grave perda para seus projetos materialistas. Mas como sei que voce é um homem de bem, prova tanto o esforço em ter economizado tão alta quantia para os seus padrões, achei que o seu coração iria se voltar a Deus durante o sono e pedir a Ele ajuda nessa dificuldade. O Pai que sempre está atento ao que se passa com seus filhos, observou as boas intenções do seu filho especial que Ele deixou sob sua guarda e me intuiu como seu instrumento para ir até o local, fazer o resgate do seu dinheiro e lhe entregar como estou fazendo. Deus não quer que eu também seja identificado, pois a recompensa que voce podia me dar como parte do seu dinheiro, ou mesmo um olhar ou um sorriso de agradecimento, voce fica obrigado a dar a todos que se aproximarem de você, pois entre eles eu posso estar presente. Fique sempre na proteção de Deus e que nada neste mundo de aparências tenha o poder de lhe roubar a paz ou a fé.”
Assim termina mais um teste a que sou submetido no campo espiritual e no qual acredito ter passado conforme as lições do Cristo.
É Interessante como as lições do Evangelho passam a ter uma aplicação prática, até mesmo em sonhos.
Sonhei que estava em Mossoró numa festa com amigos. Estávamos todos brincando e quem estava bebendo estava mais alterado, falando alto e com o som do carro mais alto ainda. O carro da polícia passou uma vez e de forma prepotente abordou a todos nós. Seguiu em frente depois de ter dado os seus conselhos e ordens, defendendo a paz pública. Bem que eles não estavam corretos em fazer essa abordagem. O erro era na forma.
Continuávamos a beber e brincar apesar disso, e pelo excitamento que o álcool provoca devido a inibição dos controles mentais que possuímos, voltaram alguns a falar alto criticando a ação policial que sofreram e o som voltou a ter o seu volume aumentado.
Na volta da ronda do carro de polícia, novamente eles desceram e dessa vez dispostos a fazer prisões. Estava algemando quem estava presente e embriagado. Quando chegaram perto de mim notaram que eu não estava embriagado e desistiram de me colocar as algemas. Mas como eles queriam levar o máximo de pessoas possíveis para a cadeia, voltaram e já iam colocar as algemas nos meus pulsos devido o som do carro, quando mais uma vez perceberam que o meu carro não estava com o som ligado. Tiveram de desistir de me autuar sem um motivo.
Nesse decorrer de tempo, um colega que não estava embriagado o suficiente para ser levado por esse motivo, nem possuía carro naquela reunião festiva, resolveu abordar os policiais e fazerem o confronto com a mesma prepotência que eles estavam praticando. O policial respondeu de forma mais ríspida ainda no que foi confrontado dessa forma por nosso colega, que era esse o mesmo erro da polícia, de agir com tanta brutalidade com o grupo. Um dos policiais perdeu o controle e esmurrou o nosso colega, fazendo-o cair no chão de areia batida em que nos encontrávamos.
Foi nesse momento que entrei em ação, com a autoridade de quem não era acusado de nada, não estava embriagado e o meu carro não estava com o som ligado. Eu dizia para ele que realmente o meu colega estava com a razão, que ele não fora correto na forma de aplicar o dever que tinha por obrigação fazer. Dizia que tudo isso acontecia porque eles, a polícia, estava usando o poder que a lei lhe atribui para promover a paz na comunidade de forma truculenta. Nem mesmo as leis humanas estavam sendo cumpridas, pois não consta nos códigos legais que possa ser tratado o cidadão com tanta brutalidade. As leis cristãs também não foram obedecidas, pois se tal acontecesse todos eram tratados como irmãos, e certamente aquele a quem devemos amar como a nós mesmo, não seria esmurrado como foi.
Agora, o que podemos observar? Vocês que deveriam ser o exemplo de conduta, de ser o promotor de justiça nos relacionamentos em conflito, de ser o juiz para apontar o réu, vocês se tornam agressores, uma espécie de réu invertido.
O sonho estava acabando... por baixo das brumas da consciência que começava a entrar na realidade do dia, eu ouvia os comentários dos colegas da festa, sobre o conteúdo do discurso que eu acabara de fazer.
Neste momento, ao digitar esse sonho de imediato para não perder o seu conteúdo, faço as reflexões do meu comportamento naquela situação que não tinha nenhum controle da minha vontade racional. Eu estava num campo onde a fantasia podia muito bem ser utilizada e colocada condições fantásticas fora do contexto real. No entanto tudo se passou dentro de uma esfera que poderia muito bem ser encontrada dentro da realidade. Talvez eu não tivesse a inteligência de fazer aqueles comentários ou a coragem de enfrentar a brutalidade policial com uma fala de características educativas, sem se perder dentro do campo emocional.
Talvez tudo isso tenha sido mais um teste promovido por Deus dentro do campo espiritual, onde não tenho a influência do corpo, pois o espírito está livre para fazer bem melhor o que vai dentro de suas convicções. Talvez por isso eu tenha obtido a coragem e a inteligência que talvez acordado dentro da realidade o corpo tivesse impedido. Fiquei feliz com o resultado e acredito que o Pai também.
Interessante como o mundo está a nos ensinar constantemente. Nele existem diversos professores, de todas as áreas de todas as inclinações. Depende da sintonia da nossa alma para escolher quais dos professores devemos nos aproximar e aos quais seguir suas lições. Já fiz minha decisão de evoluir no mundo espiritual ao invés de ficar marcando passo com os valores efêmeros do mundo material. E nesse contexto o meu professor mais graduado é o Mestre Jesus, do qual recebo lições diretas ou indiretas, através de pessoas como eu, que escrevem os seus pensamentos sintonizados com as lições do Amor Incondicional transmitidas pelo Mestre. E o resultado desse aprendizado constante é que a cada dia eu sinto que o meu psiquismo se ajusta de forma mais conveniente ás diversas lições e tenho uma melhor percepção de como elas aconteceram, tanto agora como no passado.
Tudo isso é para mostrar ao meu leitor, com o qual tenho compromisso de mostrar esse passo-a-passo consciencial e comportamental; uma mudança que identifico chegar agora na consciência com uma maior clareza de sua função no meu psiquismo. É o que diz respeito aos apelidos. Uma atitude criada por muitos, quase sempre para ironizar o próximo e causar nele reações divertidas. Confesso que gosto de me divertir com essas situações, mesmo sabendo que não é correto provocar assim os outros. Mas de certa forma essas pessoas que reagem de forma negativa e divertida, terminam por mostrar o que existe nas suas essências, e pagar assim o seu preço. Por mais que eu ficasse chateado com os apelidos que colocavam em mim de forma irônica, quando eu era ainda uma criança, quando eu era bem mais jovem, lembro que jamais eu reagi de forma tão negativa como eu vejo aqueles que são atingidos pelo humor de Mução reagirem. A minha tendência era a de sofrer calado a força do impacto da ironia, sofrer calado os risos e chacotas que surgiam nesse momento tão prazeroso para os meus “amigos”. Essa minha atitude prevenia que eu não entrasse num clima de desarmonia tal que proporcionasse a minha entrada no campo da agressividade, da violência, da vingança. Até porque tudo na vida tem um sentido, mesmo que não possamos percebê-lo de uma primeira vez.
Assim acredito que aconteceu com os apelidos que recebi desde cedo na vida. O primeiro foi “Dr. Satã”, uma forma engraçada de me comparar com um personagem do filme “O satânico Dr. Nô”. Não lembro bem como era esse filme ou série, sei que devido a minha semelhança com o ator eu ganhei essa alcunha. Satã ou Lúcifer, tem relação com o anjo caído das graças de Deus. Com o significado de “adversário” ou “portador da luz”, segundo a mitologia, perdeu a companhia de Deus por querer ensinar sobre o bem e o mal aos homens, como está escrito em Gênesis, o primeiro livro da Bíblia. Talvez esse primeiro apelido tenha vindo para despertar o meu psiquismo, não para ser adversário de Deus, mas sim ter o meu corpo que é o templo de Deus como o meu grande adversário, cumprindo a vontade do próprio Deus. Assim, sou uma espécie de adversário, de acusador, de Satã, para o meu corpo, mesmo que o respeite como expressão do próprio Deus sobre o meu domínio. Devo também levar a luz desse conhecimento aos meus irmãos, como Lúcifer tentou fazer com a humanidade. O trabalho com este diário serve a esse objetivo.
O segundo apelido, esse foi obtido mais tarde quando eu estava servindo ao Serviço Militar, engajado na Marinha do Brasil. Nessa ocasião, por eu destoar dos demais colegas de farda, que gostavam de farras, bebedeiras e mulheres, acrescido do fato de meus olhos grandes e mortiços, característicos do povo da Índia, fui apelidado de “Já Morreu”. Como acontecia quando criança, suportei o peso da ironia sem despertar comportamento agressivo e dentro de minhas características de solidariedade, de apoiar os mais fracos, mesmo não sendo tão forte, terminei como companheiro de quarto de outro jovem ridicularizado pelo apelido de “Cheira Pomba”. Apesar de nessa época eu procurar desesperadamente a ajuda de Deus, de entrar em igrejas evangélicas, de ler livros os mais diversos, eu não conseguia entender o significado mais profundo desse apelido que hoje eu compreendo ter tido uma mensagem visionária para mim. Não é que eu tenha morrido materialmente, que o meu corpo esteja deteriorado e que eu fique caminhando como um zumbi, o que a ironia dos colegas podia querer fazer compreender. Mas o que eles não sabiam por suas ignorâncias das leis espirituais, e talvez nunca venham a conhecer, é que eles foram instrumentos de Deus para dizer o que eu iria ser ao assumir fazer a Sua vontade. Eu iria fazer morrer dentro de mim o homem velho, iria viver neste mundo, mas não seria mais deste mundo. Nunca um apelido seria para mim uma espécie de coroação frente ao Pai, ao ser reconhecido por mim, por todos e por Deus, que realmente eu atingi esse estágio que o Cristo nos ensinou a alcançar: o de “Já Morreu”!