Sempre fico atento ao que acontece ao meu redor, principalmente nos momentos de crise, pois acredito que o Pai sempre manda aquilo que preciso. Foi isso que aconteceu após a primeira crise depois que cheguei de Brasília e que me vi envolvido devido ao comportamento de minhas companheiras mais próximas. Ontem não tive inspiração para fazer este blog e logo que acordei hoje recebi de uma amiga, pela qual existe toda uma aura de sensualidade, um vídeo que encaminha a “Mensagem do Amigo” feita por Gabriel Chalita, professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Entendi que o Pai providenciou através dessa minha amiga a mensagem do Chalita e que Ele queria que eu assim desenvolvesse o meu raciocínio associado ao projeto de vida que Ele me deu e para o qual me envia tantas pessoas, todas inicialmente na condição de amigos, e que não devo perder essa característica ao longo da caminhada. Assim farei com cada parágrafo da mensagem:
“Há muito se diz que quem encontrou um amigo encontrou um tesouro precioso. Há muito se diz que amizade verdadeira dura para sempre.”
Sim, cada amigo que Deus envia para mim considero como um tesouro precioso, muitos deles dourados com a energia da sexualidade permitida.
“Não tem aquelas tempestades da paixão nem a calma exagerada do descompromisso. É o meio termo. É a bonita sensação de estar perto e, de repente, deixar o silêncio chegar. Não exige tanto. Exige tudo.”
Sim, mesmo que chegue por acaso a paixão com a sua tempestade, nunca se sabe, ela não terá força para inibir o Amor; terei sempre a beleza de estar perto do amigo, e também de respeitar o silêncio, as ausências. Sei que assim não irei exigir nada de ninguém, e por outro lado, exigirei tudo de mim para a compreensão e tolerância.
“As amizades nascem do acaso. Ou de alguma força que faz com que uma simples brincadeira, uma informação, um caderno emprestado, uma dor seja capaz de unir duas pessoas.”
Sim, reconheço que todas as minhas amizades vieram do acaso que Deus me proporcionou, nenhuma delas eu tive a intenção de criar. Foi a força de Deus que fez um gesto, uma ação, um olhar se tornar a semente da amizade.
“E a cumplicidade vai ganhando corpo. E o desejo de estar junto vai aumentando e, com ele, a sensação sempre boa do poder partilhar, de se doar.”
Sim, com o desenvolver da semente a amizade vai ganhando corpo, com todo o desejo de estar junto aumentando o compartilhar e a doação. É importante que os amigos antigos entendam a necessidade dos novos amigos que o Pai envia para esse compartilhamento.
“Há muito se diz que os amigos verdadeiros são aqueles que se fazem presentes nos momentos mais difíceis da vida, naqueles momentos em que a dor parece querer superar o desejo de viver. De fato, os amigos são necessários nesses momentos.”
Sim, esse é o momento que o amigo se faz mais necessário!
“Mas talvez a amizade maior seja aquela em que um amigo seja capaz de estar ao lado do outro nos momentos de glória e vibrar com essa glória; não ter inveja, não querer destruir o troféu conquistado. Aplaudir e se fazer presente. Ser presente.”
Sim, esse é o maior teste da amizade, vibrar com a glória do amigo, mesmo ele não estando presente, mesmo estando com outra pessoa; não ter inveja, ciúmes, aplaudir e se fazer presente na ausência de forma a não constranger.
“A amizade não obedece a ordem da proporcionalidade do merecimento. Não há sentido em querer de volta tudo o que com generosidade se distribuiu. A cobrança esmaga o espontâneo da amizade, e a surpresa alimenta o desejo de estar junto.”
Sim, nada do que eu distribuo com os amigos, exijo que seja devolvido para mim; mas seria muito gratificante para mim que pelo menos uma parcela do que eu faço fosse devolvido, não para mim, mas sim para os meus amigos, mesmo aqueles mais difíceis de conviver. Que fosse feito isso com a espontaneidade da amizade e com o desejo de contribuir para a felicidade geral. Isso é o que alimenta o desejo de estar junto daquele amigo que está distante.
“O amigo gosta de surpreender o outro com pequenos gestos. Coisas aqui e ali que roubam um sorriso, um abraço, um suspiro. E tudo puro, tudo lindo.”
Sim, essa é a minha essência, apesar de tantas ausências com os amigos.
“Há muito se diz que não é possível viver sozinho. A jornada é penosa e sem amparo é difícil caminhar.”
Sim, mesmo que eu viva sozinho, sinto a necessidade do compartilhamento na vida. Por isso o Pai sabendo dessa minha necessidade me deu como tarefa a construção de um caminho onde possam estar presentes diversos amigos. Mesmo que haja a dificuldade de compreensão da natureza dessa jornada, o caminho sem eles seria muito mais penoso.
“Juntos os pássaros voam com mais tranquilidade. Juntas, as gaivotas revezam a liderança para que nenhuma delas se canse demais. Juntos é possível os golfinhos comentarem a beleza de um oceano infinito. Juntos, mulheres e homens partilham momentos inesquecíveis de uma natureza que não se cansa de surpreender.”
Sim, essa é a importância da união, poder viver com mais tranquilidade, com o revezamento da liderança onde seja necessário, e assim aproveitarmos com mais intensidade a beleza da natureza que Deus nos deu.
“Eu te peço, Senhor, nesta singela oração, que me dês a graça de ser fiel aos meus amigos. São poucos e impossível seria que fossem muitos. São poucos, mas são preciosos.”
Sim, a fidelidade dentro do que se acredita é importante, sem falsas intenções ou interpretações.
“Eu te peço, Senhor, que me afaste do mal da inveja que traz consigo outros desvios. A fofoca. A terrível fofoca que humilha, maltrata, que faz sofrer.”
Sim, a inveja, o ciúme, a fofoca são germes patológicos que contaminam a construção da felicidade coletiva. Que podem afastar os amigos uns dos outros.
“Eu te peço, Senhor, que o sucesso do outro me impulsione a construir o meu caminho e que jamais eu tenha a ânsia de querer atrapalhar a subida do meu amigo.”
Sim, o sucesso do outro deve servir como modelo e devo evitar que surja o desejo de atrapalhar a felicidade do meu amigo, esteja onde ele estiver com quem esteja no momento.
“Eu te peço, Senhor, a graça de ser leal. Que eu saiba ouvir sempre e saiba o quanto é necessário falar.”
Sim. Mesmo que por natureza eu seja calado, devo falar nos momentos apropriados, da mesma forma que estou disposto a ouvir.
“Senhor, sei que a regra de ouro da amizade consiste em não fazer ao amigo aquilo que eu não gostaria que ele me fizesse. E Te peço que eu seja fiel a essa intenção. E sei que essa regra fará com que o que se diz há tanto tempo se realize em minha vida.”
Sim, essa é a regra de ouro que eu procuro aplicar sempre em todos os meus relacionamentos. Cada amigo meu que esteja feliz ao lado de outra pessoa, terei por isso a maior felicidade e farei tudo para essa relação se fortalecer e deixar essa outra pessoa feliz e confiante que eu sou mais amigo que adversário.
“Que eu tenha poucos amigos, mas amigos que permaneçam para sempre. Não poderia ter muitos; não teria tempo para cuidar de todos, e de amigo a gente cuida, amigo a gente acolhe, a gente ama.”
Sim, esse é o problema. Quantos mais amigos a gente tem, menos tempo podemos dedicar a todos. Mas essa é a missão que Deus me deu, de acolher tantos amigos quantos Ele me enviar, pois a família ampliada se sustentará na quantidade e na qualidade dos amigos; que todos entendam o processo que é possível e desenvolvam a tolerância e compreensão que é exigida para esse tipo de compartilhamento, de cuidado, de acolhimento, de amor.
“Senhor, protege os meus amigos. Que nessa linda jornada consigamos conviver em harmonia. Que nesse lindo espetáculo possamos subir juntos ao palco. Sem protagonista. Ou melhor, que todos sejam protagonistas e que todos percebam a importância ali. No palco. Na vida.”
Sim, este é o pedido mais importante que tenho que fazer ao Pai. Que Ele nos ajude a viver em harmonia e que todos sejamos a cada momento protagonistas de algum aspecto que sempre é importante no palco da vida
“Obrigado, Senhor, pelo dom de viver e conviver. Obrigado, Senhor, pelo dom de sentir e manifestar o meu sentimento. Obrigado, Senhor, pela capacidade de amar, que é abundante e é sem fim. Amém.
Sim, agradeço ao Pai, com essas mesmas palavras!
Hoje completei 62 anos. Continuo com a compreensão que tenho uma missão a realizar de acordo com a vontade de Deus, assim como Ele também determinou a Jesus. Este ser especial, como era um espírito mais puro, aos trinta anos iniciou Sua tarefa e concluiu após três anos. Como sou muito mais atrasado, imagino que comecei a minha missão com o dobro da idade dEle, aos 60 anos, e deverei ter o dobro de tempo para fazer alguma coisa dentro da minha tarefa. Assim espero que aos 66 anos eu tenha definido de forma clara o que deverei fazer. Já se passaram dois anos e não consigo ver com nitidez o que eu fiz do ponto de vista coletivo, social, público. O que fiz até agora ainda se restringe ao campo íntimo dos relacionamentos mais próximos, sem nenhuma projeção social significativa.
No entanto a minha convicção permanece firme na tarefa que devo realizar, na aplicação do Amor Incondicional e construção de relacionamentos condizentes com a sociedade do Reino de Deus. Essa energia do Amor foi a que fluiu durante esta viagem que fiz à Brasília e fez com que pessoas antes desconhecidas para mim, se tornassem como membros da família. Colocou à nossa disposição todos os recursos que eles possuíam, apartamento, carro e alimentação sem nenhuma cobrança por causa disso. Cada uma das pessoas do nosso grupo que participavam dessa viagem se sentiu devidamente acolhida como se fosse acolhido por um legítimo familiar biológico. Como não existia nenhum laço de sangue entre nós, podemos caracterizar que essa família ampla assim reconhecida era de natureza espiritual.
A família ampliada que construo a partir dos relacionamentos interpessoais, ultrapassa os limites da família nuclear e esse Congresso que me fez ir à Brasília foi um bom exemplo de como isso é possível. Não foi necessário envolver o aspecto sexual que está livre dentro das diversas possibilidades do Amor Incondicional, sempre com respeito e justiça. É o caso da minha amiga que mora em Brasília, do seu carinho todo especial em nos receber e ciceronear por diversos lugares. O que antes foi construído com o forte apelo da energia sexual, hoje essa energia se difunde pelo Amor, na sua essência maior, que dispensa qualquer apelo sexual, mas sem dele fazer um dogma ou tabu.
Este é um aspecto importante na realização do meu trabalho, lidar com a energia sexual sem a ela ficar submisso, e sim colocá-la a serviço do Amor Incondicional. Assim devo costurar os diversos relacionamentos que o Pai coloca ao meu alcance, sempre com essa compreensão e que perpassa qualquer interesse menor, como por exemplo, o interesse político que estava em efervescência nessa época de minha visita a Brasília, mas que não contaminou em nada o relacionamento com todos ao redor, devido a prevalência do Amor.
Volto a Natal para retomar todas as atividades que ficaram sem a minha participação, mas que foram conduzidas com muita eficiência pelos diversos companheiros que também foram convocados pelo Pai para o trabalho nessa Seara.
A minha amiga de Brasília falou de uma missa totalmente em canto gregoriano que é realizada a cada domingo no Mosteiro de São Bento. Resolvi conferir.
Capela humilde, sem luxo, mas de bom gosto. Pequeno espaço circular onde são colocados à disposição dos fiéis os livros de cantos que serão seguidos na missa. Sou um dos primeiros a chegar, mas logo os bancos ficam ocupados com pessoas simples, serenas e com pouco barulho pegam os seus cadernos de canto e ocupam os seus lugares.
Um acordeão ao lado entoa as melodias que fazem o meu espírito Sintonizar com o divino. É o momento que o céu desce à terra e nossos sentidos materiais perde importância. Agora é a intuição e o coração que levam à mente a essência de Deus.
Lembro que no dia anterior, sábado, assisti um espetáculo inesperado de beleza, em frente à Torre da Cidade. Um balé das águas onde um chafariz bem sincronizado com luzes, cores, jatos de água e melodias jogava imagens de Brasília no meio da nuvem de gotículas que eram formadas. Era uma beleza sinfônica e tecnológica onde os meus sentidos materiais ficaram encantados, inclusive pelo frescor e umidade que me proporcionava nessa cidade tão seca e quente.
Mas agora, nessa Capela, o espetáculo era diferente. A emoção não vinha dos sentidos materiais que meus órgãos sensoriais diagnosticam, mas sim de uma sensação interna de sintonia com o divino. A coreografia feita pelos monges de entrarem em fila indiana e cada um se colocar em seus devidos lugares, e as melodias do órgão e dos cantos gregorianos servem apenas de estímulo para criar o momento de sublimidade os quais não quero perder e sim potencializar.
Quando os monges pedem para que desliguemos os celulares serve para mim como uma senha para sair do mundo material ao mesmo tempo que os sinos repicam em sintonia com o órgão, como a senha de entrada no mundo espiritual.
A missa é um ritual que lembra a vida e os ensinamentos de Jesus. Nesse dia o ensinamento recai sobre as armadilhas que fariseus e herodianos sempre estão a armar contra o Mestre. Perguntam a Ele se é lícito pagar impostos à Cesar, pois se o Cristo respondesse sim ficaria condenado pelos judeus, se respondesse não ficaria condenado pelo poder romano. Jesus pede a moeda pela qual se paga o imposto e pergunta o que está escrito e de quem é a imagem nela gravada. Ao ser dito que era de César, então o Mestre responde: “Daí a César o que é de César e a Deus o que é de Deus.”
A sabedoria do Mestre não implicava em fugir da condenação, do suplício e da morte pela qual Ele sabia que iria passar, mas sim de ensinar em cada oportunidade a relação que existe entre o Céu e a Terra. Enquanto o monge fazia as considerações desse ensino de Jesus frente ao povo daquela época, eu entrava em reflexão de qual seria a resposta de Jesus se semelhante pergunta fosse feita hoje pelos sábios e sacerdotes atuais, contrariados pelo sentido libertador das palavras de Amor do Mestre.
Hoje a questão do imposto não é tão discutida, todos compreendem que o Estado precisa de impostos para realizar as necessidades coletivas do povo. Hoje o que está sendo mais combatido é o egoísmo desenfreado em busca dos prazeres da matéria, como causa dos pecados mais diversos, combatidos pelas igrejas e reforçado pelo Estado.
Poderiam perguntar assim: “É lícito ter os prazeres da matéria?”. Jesus poderia usar a mesma metodologia de ensino e apontar para uma pessoa: “A quem pertence esse corpo?” Ao obter a resposta de que o corpo pertence a matéria, o Cristo poderia então dizer: “Daí a matéria o que é da matéria e a Deus o que é de Deus.”
Seria assim, daí ao corpo os prazeres que é próprio da matéria, pois isso não é abominável, mas entendendo que tudo pertence a Deus e Ele exige equidade e justiça nos comportamentos, de não fazer ao outro o que não quero para mim.
Essa quebra de preconceitos para que o Amor Incondicional flua em todas as direções talvez seja o que Jesus previu que irá acontecer quando as Suas lições forem devidamente praticadas.
Para mim o Amor é tão simples de ensinar e praticar... isso quando estou funcionando dentro de minhas diretrizes cognitivas, dos meus paradigmas conceituais. No entanto, quando entro em contato com outras formas de interpretações do Amor, mesmo que seja feita por pessoas que sintonizam com a liberdade, com a justiça, com a transparência, da mesma forma que eu, mesmo assim sinto muita dificuldade em colocar o meu pensamento sobre o Amor de forma que corrija caminhos equivocados.
Isso aconteceu no encontro que tive com minha amiga que mora em Brasília e que nos ciceroneou na noite de ontem. Sentamos num barzinho para assistir uma apresentação de chorinhos, no Clube do Choro de Brasília. Ela passou a discorrer da sua tese que desenvolve sobre o Amor e fez críticas a pensadores como Platão e Sócrates. Cita autores novos com os quais desenvolve o pensamento central de sua Tese e do trabalho que realiza com mulheres grávidas. Eu sinto que o seu caminho segue diferente do meu, apesar de eu não encontrar paradoxos que inviabilize a forma de pensar. Tentei ainda colocar as linhas gerais do meu pensamento como forma de levantar algum paradoxo entre o meu e o pensamento dela. Notei que o pensamento que exibi foi muito bem absorvido pelo pensamento dela, mas a linha que eu sigo é totalmente diferente, no aspecto da prioridade que eu dou aos interesses espirituais, em contraponto ao valor que ela dá aos interesses corporais.
No entanto, apesar de minha segurança naquilo que eu percebo como verdade e que coloco os interesses evolutivos que devemos ter em ambos os aspectos da vida, não consegui deixar bem claro uma diretriz onde ela pudesse perceber a fragilidade do seu pensamento, se tal realmente existe. Os argumentos que ela coloca são racionais e coerentes com o seu pensamento. Isso implica que existem argumentos os mais diversos onde a expressão do Amor pode se manifestar. Mesmo sabendo que existe apenas uma verdade e que os derivativos dessa verdade em algum aspecto se tornam inferiores ou superiores uns aos outros, numa verdadeira rede de complexidade na construção dessa hierarquia de valores.
Sinto-me frustrado quando não consigo colocar com clareza aquilo que eu percebo como verdade, não encontro os argumentos necessários para sustentar a minha tese. Mesmo que, se devido a isso, eu fosse perseguido e machucado como aconteceu com Jesus. O Mestre colocou com sabedoria toda a verdade que veio ensinar, e, no entanto, as pessoas não compreenderam que tipo de Amor era esse que ele dizia ser o cimento de construção do Reino de Deus. Tanto é verdade que numa votação entre Ele e um assassino confesso, as pessoas possuidoras do poder temporal, os sacerdotes de Sua religião, principalmente, fizeram tudo para que à força dos cargos e de dinheiro distribuídos votassem contra Ele e a favor de Barrabás. A simplicidade com que Jesus ensinou o Amor adquiriu tal complexidade que nenhuma daquelas pessoas que votaram em sua crucificação sabia o que era isso.
Até hoje esse Amor que Jesus ensinou não consegue ser praticado devido a complexidade de leis e regulamentos que impedem a liberdade do homem. Tudo bem que essas leis e regulamentos devam existir para conter o egoísmo de muitos homens que ainda vivem num clima de selvageria. Mas hoje, num mundo civilizado onde encontramos pessoas bem educadas em todos os ramos do conhecimento humano, ainda observamos eleições conduzidas com o mesmo critério dos tempos de Barrabás. Os votos são influenciados pelos cargos oferecidos ou dinheiros distribuídos entre os eleitores. O Amor que Jesus ensinou está perdido num emaranhado de complexidades onde os condicionamentos são os fatores que distorcem a verdade, seja para que lado for.
Ao chegar a Brasília, Capital Federal, prestei atenção na forma de acolhimento que sentia em cada setor que eu me dirigia. Em todos os lugares posso dizer que o acolhimento sempre foi positivo, principalmente na casa dos amigos e nos templos religiosos. A hipocrisia de falar uma coisa e fazer outra não observei nesses ambientes. Agora, para minha surpresa e de meus companheiros de viagem, na casa que deveria ter um acolhimento superior, por ser debatido à exaustão nas campanhas políticas como a casa do povo, o Congresso Nacional, isso não aconteceu. Só a título de comparação farei algumas considerações. Por exemplo, o amigo do marido da minha sobrinha, por indicação deles, minha sobrinha e o seu marido, acolheu o nosso grupo com a maior delicadeza e atenção possíveis. Ele foi nos pegar no seu carro no aeroporto, e mesmo extrapolando o número de passageiros para o seu carro não se preocupou em pagar uma pesada multa se fosse abordado pela polícia. Nos preparou um café da manhã com todo esmero, deixou sua casa à nossa disposição, inclusive deslocou os seus filhos de um dos quartos para que o ocupássemos durante todo o período de nove dias de nossa estadia em sua cidade. Fomos nós que verificamos o desconforto que eles iriam ficar e combinamos em permanecer no hotel. Mesmo assim ele nos entregou o seu carro dizendo que iria o trabalho no carro do amigo e que isso não iria lhe causar transtorno, pois esse era o argumento que eu estava colocando para não ficar com o carro. Fomos para o apartamento com o seu carro e ele ficou de sobreaviso para qualquer necessidade que tivéssemos ligar para ele ou a esposa.
Nos templos religiosos não fomos recebidos com tanta dedicação, mas nos sentimos prestigiados da mesma forma. No templo do Vale do Amanhecer fomos abordados por um voluntário e suas auxiliares que nos levaram a todos os espaços do templo, contando as diversas histórias e explicando como funciona a irmandade.
Agora, no Congresso Nacional, tivemos a maior dificuldade de estacionar e tentamos até pegar um táxi para deixar o carro e cobrir o grande espaço que teríamos que fazer a pé e no sol. O taxista não aceitou levar nosso grupo de cinco pessoas, pois a lotação do carro era de quatro pessoas, sem contar com ele. Tivemos que ir assim mesmo a pé, e ao chegarmos na recepção encontramos um cartaz de boas vindas, mas a moça que nos atendeu disse que não podíamos entrar. Era necessário fazer um agendamento a priori, pela internet, e caso fossemos aceitos é que teríamos acesso aos espaços do Congresso Nacional. Voltamos para onde deixamos nosso carro estacionado, fazendo o mesmo percurso a pé e no sol.
Ora, se nas campanhas políticas é defendido essas instituições como a casa do povo, e nós como povo, mesmo bem instruídos e politizados, não tivemos acesso, quanto mais àqueles cidadãos que não tem noções dos direitos da cidadania. Posso considerar esse tipo de atitude uma hipocrisia que de tanto ser exercida parece ter se tornado natural. Sei que devem ser preciso os cuidados de segurança para que pessoas más intencionadas não causem estragos no bem público ou ameacem os seus funcionários. Mas algo deve ser feito para que a acolhida dos cidadãos seja feita com mais sintonia com o que é defendido na praça pública, que a hipocrisia não fermente. Principalmente no trato com aquelas pessoas que como nós viemos de lugares distantes.
Talvez eu esteja sendo muito severo nesta crítica, afinal a recepcionista nos indicou os caminhos pelos quais eu poderia me habilitar a visitar aquela casa, mas comparando com os templos religiosos eu senti uma diferença brutal. Será que é porque nos templos o modelo de comportamento é em direção à construção do Reino de Deus, onde todos são considerados como irmãos? E naquelas casas onde predomina o exercício do poder através dos partidos políticos onde somente os amigos são dignos de consideração e apreço especial? Mas não foi isso que aconteceu com meus amigos e eles com certeza não iriam agir assim com quem não considerasse amigo ou amigo do amigo?
Enfim, o Reino de Deus não terá esse perfil de falta de acolhimento. Acredito que todos serão acolhidos em qualquer lugar como irmãos, amigos por natureza. O fermento da hipocrisia deixará de existir no caldo de nossas relações coletivas.