Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
05/07/2013 05h57
SUPERALMA

            Diz na interpretação do Baghavad Gita (cap.13, verso 18) que:

            O Senhor está situado no coração de todos como Superalma. Acaso isso significa que Ele Se dividiu? Não. Na verdade, Ele é o mesmo. Dá-se o exemplo do sol: o sol no meridiano fica numa posição específica. E se alguém percorrer dez mil quilômetros em qualquer direção e perguntar: “onde está o sol?”, todos dirão que ele está brilhando sobre sua cabeça. Dá-se este exemplo na literatura védica para mostrar que, embora seja indiviso, Ele está situado como tivesse Se dividido. Também se diz na literatura védica que, por meio de Sua onipotência, o mesmo Deus está presente em toda a parte, assim como para diferentes pessoas, o sol aparece em muitos lugares.

            Esta comparação do sol com o poder de Deus em nossas vidas é muito importante, pois nos faz compreender melhor como um Deus bondoso pode estar presente no coração de um beato e de um criminoso, inclusive ateu, ao mesmo tempo. Assim como o sol tem a missão de a tudo iluminar para fermentar a vida na terra, independente da aparente maldade ou bondade de quem quer que seja, Deus, o Criador de tudo, está presente em qualquer minúsculo aspecto de Sua criação e dentro dela coloca a sua essência, a Superalma.

            Considerando o ser humano, levamos em distinção a inteligência e o livre arbítrio, que o capacita para a tomada de decisões de acordo com o seu raciocínio, mesmo que, por sua ignorância, vá de encontro à Lei de Deus. Como todo esse processo racional tem lugar no cérebro que é um dos tantos órgãos que o nosso corpo possui, os prognósticos e conclusões que chegamos é que devemos agir em benefício do interesse do corpo... surge o egoísmo, o ego animal que suplanta nossa alma e seus interesses!

            No primeiro momento a Superalma que também está presente em nós, não tem condições de se manifestar. Na linguagem dos evangélicos, é como se o diabo tivesse cegado o entendimento dos descrentes. O próprio Paulo já dizia que um véu espesso paira sobre suas mentes para que não vejam a luz do Evangelho de Cristo. Somente Deus, o criador, pode abrir os olhos que o diabo cegou. Assim Paulo conduz de volta ao começo de tudo, ao Gênesis, e recorda que a voz de Deus ecoou no meio das trevas dizendo: “Haja luz”. Assim como na criação a luz resplandeceu das trevas, na nova criação Deus mesmo resplandece em nossos corações.

            Assim, observo uma forte aproximação do Baghavad Gita com os Evangelhos, na compreensão de termos Deus dentro de nós e que precisamos de ensino e compreensão para que a Superalma possa nos iluminar; compreensão para entender que no momento que somos iluminados pela luz interna do Deus existente em nós, devemos levar esse esforço de compreensão aos nossos irmãos que continuam vivendo no meio da cegueira, ensinar que cada um possui uma Superalma que pode ajudar a nossa alma a controlar os interesses egoístas do corpo e partir todos juntos, para construir a comunidade fraterna, o Reino de Deus ensinado por Jesus.

 

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em 05/07/2013 às 05h57
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04/07/2013 08h00
A PONTE É SEGURA

            Na minha leitura diária encontrei hoje um texto no “Boa Semente, Devocional 2013” que diz o seguinte, com algumas adaptações minhas:

            Thomas Chalmers, conhecido pregador escocês do início do século XIX, certa vez visitou uma mulher que não conseguia ter paz com Deus. Ela constantemente pensava em si mesma e em suas falhas ao invés de descansar pela fé na perfeita obra de redenção realizada por Cristo e confiar nas promessas de Deus registradas em sua consciência.

            Em frente à casa daquela mulher havia um córrego sobre o qual estava uma estreita ponte de madeira. Quando Chalmers chegou ali, ele ficou receoso de atravessar aquela ponte que oscilava. A mulher o viu chegando, disse: “Você pode confiar na ponte! Ela é bastante forte e muita gente já cruzou esse córrego em segurança”. Então Chalmers tomou coragem e atravessou.

            A conversa deles confirmou que o pensamento sobre as falhas da mulher a faziam duvidar de sua salvação. O pregador então lhe disse: “Faça o que acabei de fazer! Eu confiei em sua palavra quando me falou para atravessar a ponte, e eu atravessei em segurança. Você disse que a ponte iria aguentar e aqui estou. Deus afirma em Sua palavra que quem crê não será confundido. Creia na palavra de Deus! Confie nEle! Ele vai lhe ajudar”.

            A mulher compreendeu que remexer nos pecados dos quais já havia sido perdoada roubava a paz que seu coração tanto ansiava. A obra de redenção cumprida por Cristo é o fundamento da nossa paz. A partir daí a paz de Deus encheu o seu coração.

            Eu não tenho mais o problema dessa mulher. Entendi que todos os meus pecados já foram perdoados por Deus e a minha preocupação agora é não cometer novos pecados e fazer a Sua vontade. No entanto, estou constantemente lidando com pessoas com esse mesmo problema, tanto clientes quanto pessoas do meu relacionamento. Pessoas que eu sei, possuem uma profunda fé em Deus, mas por outro lado sofrem intensamente com suas dúvidas.

            Essa comparação da fé em Deus com a segurança da ponte é muito pertinente. Quando nos deparamos com uma ponte dessa e precisamos atravessar, a primeira preocupação é com a segurança. Será que ela vai aguentar o meu peso e não vai desabar? Eu não tenho nenhuma certeza quanto a isso. Mas se alguém me diz com firmeza que ela é segura e que eu posso confiar e fazer a travessia, então eu adquiro a fé suficiente para ir ao meu destino. Da mesma forma é com relação a Deus que significa a ponte entre minha vida atual e meu destino futuro. Sei que tenho que ir a algum lugar, a minha vida deve ter um objetivo. Mas eu sozinho não consigo encontrar para onde ir, e a tendência da minha biologia é de evitar situações duvidosas e de risco, é de me envolver nos aspectos egoístas do comportamento para privilegiar os meus interesses, e os interesses da minha família nuclear, dos amigos, do meu grupo em particular, para preservar e facilitar a minha vida. Então chega Jesus e ensina com segurança que devemos atravessar a ponte do amor incondicional, que ela é segura para formatar uma nova comunidade cheia de fraternidade, onde a família tem um caráter universal, onde o sofrimento é atenuado por todos e a felicidade é uma construção permanente.

            Foi assim que adquiri a uma fé tão forte que não fica a rebuscar o meu passado em busca dos erros que cometi. Vou em busca do futuro prometido por Jesus e não tenho medo de atravessar a ponte do amor incondicional, mesmo que eu me sinta sozinho nessa travessia e veja tantos que acreditam em Deus e em Jesus a ficarem do outro lado somente a observar e muitas vezes a sofrerem em busca dos seus passados.

            Para essas pessoas posso apenas colaborar com os objetivos de Jesus e dizer: venham, é seguro, vejam, estou atravessando... Basta deixar do outro lado a carga de orgulho, vaidade, intolerância, preconceitos, raivas, ressentimentos... tudo que você carrega no saco do egoísmo. Vocês vão ver como se tornam mais leves e que a ponte é muito segura!

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em 04/07/2013 às 08h00
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03/07/2013 03h17
EFEITOS EGOÍSTAS

            O antropólogo e um dos principais pensadores contemporâneos, Edgar Morin, diz o seguinte sobre a crise das sociedades:

            A própria civilização ocidental, que produz as crises da globalização, encontra-se em crise. Os efeitos egoístas do individualismo destroem as antigas solidariedades. Um mal estar psíquico e moral instala-se no coração do bem-estar material. As intoxicações consumistas das classes médias se desenvolvem, enquanto a situação das classes desvalidas se degrada e as desigualdades se agravam. A crise da modernidade ocidental torna derrisórias as soluções modernizadoras para as crises. (A via – para o futuro da humanidade, Ed. Bertrand Brasil, Rio de janeiro, 2013)

            Essa visão pessimista de Morin, quanto a sociedade humana, referenda o que observamos séculos após séculos: o individualismo humano corroendo o potencial de fraternidade que possuímos. O contraponto que obtivemos com as lições do Mestre Jesus, se devidamente aplicadas, é o fator que pode tirar a humanidade dessa crise e construir o Reino de Deus como Ele previa.

            Para que isso aconteça é necessário que façamos combate ao egoísmo que mora dentro de nós e consigamos reformular todas as nossas relações com base no amor incondicional, principalmente as relações afetivas que são estruturadas com base no amor romântico que constrói a base da família nuclear, ciumenta e exclusivista.

            Apesar de a maioria conhecer o Evangelho de Jesus e reconhecer a importância de aplicá-lo como roteiro de vida que ele oferece, quase ninguém tem a preocupação de o colocar em prática. Até mesmo os sacerdotes e pastores, aqueles que se colocam como discípulos e propagadores do Evangelho, não conseguem aplicar os princípios do amor incondicional em suas vidas. Observamos a corrosão de o egoísmo ocorrer dentro dos próprios templos faraônicos. E quem se propõe a viver o Evangelho de Jesus com integridade, termina por se tornar isolado dentro da comunidade, longe dos conluios humanos que favorecem a grupos minoritários em detrimento da coletividade.

            É assim que eu me sinto, solitário pelos caminhos do amor incondicional. Meus diversos amigos e companheiras, apesar de reconhecerem a prevalência do amor incondicional frente a qualquer uma outra derivação do amor, não conseguem aplicá-lo em suas vidas e dessa forma entram em conflito comigo, geram sofrimento, e me deixam sozinho dentro dos meus paradigmas.

            Por mais que exista o amor nas relações, se o egoísmo não é erradicado dos corações, sempre haverá o ciúme e o exclusivismo a solapar o projeto de fraternidade para a construção do Reino de Deus que Jesus tanto nos ensinou.

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em 03/07/2013 às 03h17
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02/07/2013 08h29
O ESPÍRITO DE UNIDADE

            O anúncio do Reino de Deus feito por Jesus leva em consideração o remanejamento das relações humanas em direção ao espírito de unidade, à família universal. Para isso acontecer é necessário que façamos a reformulação da atual base da sociedade humana, a família, pois esta é construída atualmente nos critérios do amor romântico que são exteriorizados no egoísmo, na exclusividade, tanto parental e principalmente conjugal, no ego pessoal.

            Quando o Mestre exige: “Quem não renunciar a tudo que tem não pode ser meu discípulo”, visa Ele, em primeiro lugar, não a renúncia aos bens objetivos, mas ao bem subjetivo do nosso ego, que é o grande mal. Quem não renunciou ao seu ego pessoal não pode renunciar aos objetos impessoais ou pessoas significativas. E ainda que a estes renunciasse não seria uma renúncia perfeita, mas uma renúncia forçada e dolorosa. Uma renúncia feita com dolorosidade não é uma renúncia garantida. Renúncia perfeita é somente aquela que se faz com alegria e espontaneidade – e esta renúncia aos objetos impessoais e seres significativos só é possível na base de uma renúncia ao ego pessoal. Quem renunciou ao seu ego subjetivo não encontra nenhuma dificuldade na renúncia aos bens objetivos ou pessoas que ama, que é uma simples consequência direta daquela.

            Nos relacionamentos de natureza egoísta uma simples pergunta que leva a uma resposta de envolvimento do ser amado com outra pessoa, já é suficiente para criar uma forte fonte de mal-estar; uma simples observação de uma situação que pareça sinalizar o envolvimento da pessoa amada com outra é uma forte fonte de sofrimento. Tudo isso acontece, pois a pessoa mantém o seu ego pessoal ativo e este não quer perder nada que considere seu, seja bens objetivos ou pessoas amadas. Isso antipatiza a todos que constituam uma ameaça aos seus interesses egóicos, que favorece a raiva e a inimizade, o ciúme e a exclusão. Com essa disposição jamais será alcançado o espírito de unidade necessário ao Reino de Deus.

            É necessário que reconheçamos uma bipolaridade em nossas vidas, se queremos nos reformular para criar novos relacionamentos condizentes com o espírito de unidade, com a família universal, com o Reino de Deus. Somos pecadores somente no ego humano, mas também possuímos o Eu divino capaz de promover a nossa autorredenção.

            Este é o esforço que o Mestre espera que possamos fazer com consciência e firmeza, a renúncia subjetiva do nosso ego pessoal para sermos capaz de renunciar com alegria a tudo que imaginamos possuir, bens materiais e pessoas amadas.

            Então, volto a enfatizar a importância dessa condição se quisermos seguir a lição do Mestre: somos portadores de bipolaridade na nossa natureza humana, admitimos tanto o homem-pecador como o homem-redentor. Assim, podemos partir para o espírito de unidade, amando ao Pai acima de todas as coisas, e ao próximo como a nós mesmos!

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em 02/07/2013 às 08h29
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01/07/2013 06h20
DEVOÇÃO CONSTANTE – BUSCA FILOSÓFICA

            Hoje ao entrar no segundo semestre de 2013, estou registrando a última devoção constante a Deus orientada pelo Bhagavad Gita. Devemos nos elevar a uma plataforma tal que possamos obter compreensão sobre a Suprema Personalidade de Deus e assim ocupar-se no serviço devocional, nos diversos aspectos como descritos antes. Esta é a perfeição do conhecimento.

            Começando pela prática da humildade e indo até o ponto de compreensão acerca da Verdade Absoluta, a Absoluta Personalidade de Deus, este processo é exatamente como uma escada que começa no térreo e vai até o último andar. E nesta escada há muitas pessoas que alcançaram o primeiro andar, o segundo ou o terceiro, etc., mas quem não alcança o último andar, que é a compreensão acerca de Deus, está numa fase de conhecimento inferior. Se alguém quiser competir com Deus e ao mesmo tempo tentar progredir em conhecimento espiritual, ele se malogrará. Afirma-se claramente que, sem humildade, a compreensão realmente não é possível. Julgar-se Deus é muita pretensão. Embora esteja sempre sendo chutada pelas rigorosas leis da natureza material, mesmo assim, devido a ignorância, a entidade viva pensa: “Eu sou Deus”. O despontar da sabedoria, portanto, é humildade. Devemos ser humildes e saber que somos subordinados ao Senhor Supremo. Devido a rebeldia contra o Senhor Supremo, ficamos subordinados à natureza material. Todos devem saber esta verdade e estar convictos dela.

            Esta lição do Bhagavad Gita é fundamental para quem deseja evoluir nos conhecimentos espirituais. Principalmente na colocação da humildade como a base em que está montada a escada de nosso crescimento. Sei que com a aquisição de muitos conhecimentos materiais, terminamos por desenvolver certa arrogância e assumindo o papel de um deus, determinar a inexistência de Deus. Sei disso, pois também passei por esse processo como tantos outros. O fato de eu não poder comprovar através dos meus cinco sentidos a existência dessa Absoluta Personalidade de Deus, fez com que eu desacreditasse nEla. Felizmente o meu racional terminou convencido pelos caminhos da lógica, que eu jamais iria encontrar essa Absoluta Personalidade de Deus antropomorfizada em qualquer aspecto humano ou limitada a qualquer aspecto da Natureza. O máximo que eu poderia entender dessa “Personalidade” é na forma de energia que toscamente posso explicar como inteligência suprema do Universo com base no Amor Incondicional. Isso é o máximo que a minha inteligência, que representa a doação de uma parcela ínfima dessa inteligência, pode argumentar e acreditar racionalmente, firmar uma convicção. Para acontecer isso tive que derrotar a minha arrogância, de querer destruir aquilo que eu não conhecia, e desenvolver a humildade de reconhecer a minha imensa ignorância frente à criação, quanto mais frente ao Criador.

            Não tinha como eu negar a minha condição de criatura e comigo todos os demais aspectos da Natureza. Se eu nego o Criador fico na condição de um deus dentro da natureza e sofrendo todos os efeitos do que produzo e do que ela produz. Que deus é esse que não tem controle nem do que pode ou não pode fazer, quanto mais do que pode sofrer pelas ações ou reações da natureza? É por isso que o Bhagavad Gita diz que esse indivíduo está sempre sendo chutado pelas leis da natureza e na sua arrogância ainda se considera um deus. Quando passamos a ser humildes e aceitar a existência de Deus como Criador de tudo, não é devido a isso que deixaremos de sofrer as consequências de nossas limitações e das leis da natureza, elas continuarão a existir e a influenciar a todos, crentes ou não crentes, humildes ou arrogantes. A diferença é que passamos a saber dos limites de nossa inteligência, que somos um dos inumeráveis seres da criação, que existe uma inteligência bem maior e acima da nossa e que a vida não se resume apenas ao plano material onde nossa arrogância prospera.

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em 01/07/2013 às 06h20
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