Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
20/06/2013 07h11
PSICOESPIRITUALGRAMA (PEG)

            Existe no arsenal da medicina um exame importante, o eletrocardiograma (ECG). Tem o objetivo de verificar como está a função do coração, o órgão responsável por impulsionar o sangue por todos os tecidos do corpo e assim proporcionar as trocas necessárias com o meio ambiente, receber glicose e oxigênio e por outro lado eliminar o gás carbônico, principalmente. Caso esta função do coração esteja comprometida, a fisiologia do corpo pode não mais dar sustentação a vida e dessa forma o indivíduo deixa sua condição de cidadão do mundo material, passa a ser um cadáver nesse plano.

            Seria muito bom que tivéssemos um exame semelhante que dissesse sobre a saúde espiritual, uma espécie de psicoespiritualgrama (PEG). Teria como objetivo verificar como está a função do espírito, o ente responsável pela condução do comportamento no sentido de adquirir virtudes e eliminar vícios e egoísmo.

O ECG funciona à base da eletricidade que as células do coração criam no exercício de suas funções. O PEG deve funcionar com base nos pensamentos que o espírito cria no exercício de suas funções. Da mesma forma que o ECG sinaliza sobre a viabilidade do indivíduo se manter hígido no mundo material, o PEG deve sinalizar sobre a viabilidade do indivíduo se manter hígido para uma nova forma de relacionamento, mais justa e fraterna, conhecida como o Reino de Deus.

Veremos que do ponto de vista material, o PEG não tem assim tanta importância. Pelo contrário, pode até impedir certas conquistas materiais que se contraponham à justiça e fraternidade. Por outro lado, do ponto de vista material, o ECG é fundamental, pois ele sinaliza a nossa existência ou não neste mundo físico.

Tudo é uma questão de ponto de vista, de paradigmas. Se o nosso ponto de vista está focado no mundo material e não seja considerado o mundo espiritual, ou até excluído da nossa compreensão como inexistente, então esse PEG não tem nenhum valor. Mas, se o nosso foco é no mundo espiritual, se reconhecemos que é nessa dimensão que se procede a verdadeira vida e aqui na dimensão material das formas efêmeras tudo é passageiro e tudo serve de aprendizado para a utilização na dimensão espiritual, então o PEG assume importância central. Não é que o ECG deixe de ser importante, claro que ele tem sua importância para sinalizar a capacidade de permanecermos no mundo material e usufruirmos de suas lições. Porém o PEG é quem vai sinalizar para a consciência a competência do espírito em usar as lições da vida material de forma apropriada as requisições necessárias para a evolução na dimensão espiritual. E fica claro que na dimensão espiritual, o valor enorme que damos aqui aos bens materiais perdem todo o sentido, já que para lá não conseguiremos levar nada disso.  

Nesse contexto, cada um de nós que estamos no momento matriculados na escola materialista da vida, devemos ter a consciência desses deveres nos dois campos dimensionais, material e espiritual. Quem já se apropriou da importância prioritária da dimensão espiritual, deve colaborar para o esclarecimento daqueles que ainda estão ofuscado pelas formas e sensações efêmeras do materialismo, sem pieguismo, sectarismos ou dogmatismos. Tudo conduzido à luz da ciência e dos processamentos cognitivos racionais.

Na minha condição de professor universitário e responsável pela disciplina de Medicina, Saúde e Espiritualidade, sinto que é de minha responsabilidade o desenvolvimento de tal ferramenta de avaliação de nossa conduta no mundo material, enquanto espírito em busca do aperfeiçoamento.

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19/06/2013 03h09
COMPANHEIRO AUSENTE

            Fico muitas vezes a refletir sobre o sofrimento que causo em minhas companheiras em função da minha ausência. Por diversas circunstâncias muitas vezes elas se encontram sozinhas em algum apuro e nem ao menos posso falar com elas. Elas criticam essa minha forma de companheirismo ausente e não encontro na minha consciência forte argumento para justificar. Sei apenas que cumpro a vontade do Pai e que essa é uma das consequências para aquelas que se dispõem a serem minhas companheiras na jornada que o Pai traçou para mim.

            Foi com a leitura do prefácio do livro “A força eterna do Amor”, escrita por Teresa de Calcutá pelas mãos de Robson Pinheiro, que encontrei esta passagem que me deu um grande alento para esse conflito que queria se instalar em minha mente:

            “Conta-nos São João da Cruz, o biógrafo de Teresa de Ávila, uma carmelita espanhola que viveu no século XVI, que a mística tinha visões de Jesus e dos apóstolos, sendo que muitas vezes, conversava longamente com Pedro, João Evangelista e Paulo de Tarso, entre outros.

            Certa ocasião, Teresa de Ávila levava mantimentos aos pobres das cercanias do convento onde ela se dedicava a vida religiosa. No trajeto um vendaval seguido de forte tempestade a surpreende atravessando uma ponte, destruindo-a e provocando a queda do animal, que carregava os víveres, no precipício. Teresa caiu junto com ele, no rio que corria abaixo, enquanto invocava, através de clamores, os apóstolos e o próprio Jesus, com quem ela tinha encontros frequentes em seu transe místico. Depois de extraviarem-se todos os mantimentos destinados aos pobres e vendo que nem os apóstolos nem Jesus respondiam ao seu chamado, ela conseguiu, a custo, chegar à margem do rio, onde desfaleceu. Eis que, após o silêncio – que lhe parecera demasiadamente longo – por parte dos apóstolos e de seu Senhor, aparece-lhe o próprio Jesus. Eleva-se acima dela e, com olhar profundo e penetrante, finalmente lhe diz:

            - Vede, Teresa, como trato meus seguidores?

            Ao que ela respondeu prontamente:

            - Ah! Senhor... Agora compreendo porque o Senhor os tem tão poucos!

            Foi então que compreendi melhor porque tenho tão poucas pessoas que se propõem a serem minhas companheiras, pois a consequência das minhas ausências principalmente em momentos críticos são fortes motivos para desistência. Aceitei melhor as consequências dessas ausências enquanto sigo a vontade do Pai. Mesmo que não consiga alcançar a compreensão completa de que essa situação seja necessária, mas somente o exemplo do Mestre, que não atendeu ao chamado da sua companheira dos momentos místicos por motivos que não consigo alcançar, é suficiente para eu me acomodar com esses momentos pelos quais devemos passar, de ter um(a) companheiro(a) e nos sentir sozinho em determinado momento. Agora mesmo, se fosse para seguir a minha vontade material, estaria ao lado de alguma companheira que melhor atendesse aos imperativos dos meus desejos carnais. Poderia até descer do meu apartamento até à beira da praia e contratar a mais bela e fogosa companheira para evitar a solidão da noite ao meu redor.

            Esta lição da solidão, da ausência de um companheiro, do sofrimento que isso trás, principalmente nos momentos dramáticos da vida, devo aceitar como uma das consequências por eu querer seguir, e também elas, a vontade de Deus e não a nossa.

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18/06/2013 09h10
NAMORANDO DEUS

            Por ocasião do Dia dos Namorados eu usei a expressão “Namorando Deus” e depois o meu racional a ficou achando estranha e talvez inapropriada. Eu estava sentindo o amor de Deus na Natureza e terminei fazendo a ligação direta, Deus-Natureza-Namoro. Para meu coração foi plenamente justificada a expressão; para a minha mente racional parecia um impropério. Na leitura de um texto do “Boa Semente – Devocional 2013” encontrei argumentos que tiraram da minha mente a critica que ficou instalada. Citando um versículo bíblico, dizia que “o amor tem sua origem em Deus. Ele procede somente de Deus. Nós, seres humanos, não amamos a Deus primeiro. Nem ao menos sentimos a necessidade desse amor. Não temos a menor ideia de que Ele é amor. No entanto, Deus é riquíssimo em misericórdia pelo Seu muito amor com que nos amou. Deus prova seu amor por nós enviando Cristo para nos ensinar a amar apesar de todo o Seu sacrifício pessoal nessa empreitada. Agora podemos experimentar o amor de Deus em Jesus Cristo.”

            Pronto! Fiz assim a conexão racional. Que é experimentar o amor? Namorar! Posso namorar Deus amando Jesus Cristo. Posso assim fazer com qualquer aspecto da Natureza, pois todos somos criação de Deus, e Deus ama toda Sua criação. Assim eu posso amar qualquer pessoa, até a mais profunda intimidade, e assim namorar com Deus. Pode parecer profano, mas segue rigorosamente a coerência racional da aplicação da Lei de Deus, a lei do amor, e o seu mandamento fundamental: amar ao próximo como a si mesmo. Não posso deixar de cumprir esse mandamento sob quaisquer pretextos. Se couber no momento amar ao próximo, com todos os matizes necessários que a mim mesmo fosse conveniente, então não é a construção de leis secundárias, de culturas ocasionais ou de opinião e sentimentos de terceiros que podem por obstáculo nesse projeto.

            Existe um problema. Quando o relacionamento afetivo entre homem e mulher se aprofunda, passa a ter forte influencia um dos derivativos do amor, o romantismo, que implica no ciúme e na exclusividade para com terceiros. Só que a vida não se resume somente na existência dos dois amantes ocasionais. Eles terão que se envolverem com outras pessoas e necessariamente essas outras pessoas passarão a ser o próximo que eu devo amar como a mim mesmo. E se as circunstâncias favorecem dentro do amor incondicional um novo aprofundamento afetivo até a intimidade sexual, isso é problema ou responsabilidade dos dois que estão se envolvendo e não de terceiros que estejam a distância, possuam ou não qualquer tipo de parentesco. Mas o ciúme foi e sempre será o grande obstáculo para que se atinja o nível de fraternidade necessário para a construção da família universal ou Reino de Deus, como foi ensinado por Jesus.

            Acredito que com essa comparação de namorar a Deus em toda a Natureza, possamos vencer um pouco a força do ciúme. Quando estou namorando alguém, estou namorando em primeiro plano a Deus, a pessoa é apenas instrumento para a realização material desse amor, assim como Jesus o foi para a materialização do amor de Deus em outro plano. Então, a vaidade da pessoa ter sido escolhida para esse enlevo afetivo devido aos seus atributos físicos ou psicológicos, deve ser dissipado na sua arrogância, pois é Deus que está sendo namorado através dela. Quando ela vir a pessoa querida namorando outra pessoa, deverá também entender que não é aquela pessoa em particular que está sendo amada, e sim a Deus. E que essa pessoa que está a observar o enlevo de sua pessoa amada com outra, deverá sentir dentro da mente e do coração todo o direito de amar também outras pessoas com o mesmo sentido espiritual, não mais material em primeiro plano. Daí teremos uma oportunidade talvez melhor da construção dos alicerces do Reino de Deus baseado na fraternidade, pois, afinal, independente de quem estejamos amando em determinado momento, sempre estaremos namorando Deus em primeiro plano.

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em 18/06/2013 às 09h10
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17/06/2013 23h59
AOS QUE FICAM

            Falei ontem dos que partem deste lado da vida de forma inesperada, com um acidente qualquer nas estradas da vida, do que sabe que vai encontrar do outro lado, dos amigos, dos parentes que o esperam.

            Hoje vou falar dos que ficam e dentro deste grupo eu me incluo. Estamos aqui pra cumprir uma missão que assumimos no mundo material antes de ser encarnados na vida material. Cada um tem um roteiro a cumprir sob a chancela do Criador. Alguns sintonizam na mesma vibração e podem caminhar juntos até onde reinar harmonia no relacionamento.

            Eu tenho meu caminho já bem delineado na consciência, é uma tarefa difícil esta que o Pai me deu. Tenho a incumbência de praticar o amor incondicional em todos os meus relacionamentos, incluindo os íntimos. É difícil, pois implica na prática da inclusão nos relacionamentos enquanto todos estão condicionados a prática da exclusão, motivada pelo ciúme.  

            Procuro seguir por esse caminho destinado pelo Pai para mim, mas me sinto como um desvalido na tempestade. Não consigo praticar minhas responsabilidades nos momentos propícios, de divulgar a natureza do mundo espiritual e dos motivos de nossa vinda ao mundo material, apesar de todo o preparo informacional e intelectual, e até boa compaixão, mas me falta algo... determinação, constância, coragem!

            Sei que o Pai colocou pessoas valorosas ao meu lado, que me estimulam, ensinam, protegem... Mas por outro lado ainda são cheias das ramificações do egoísmo, ciúme, inveja, raiva, ressentimento, vingança, exclusividade... não conseguem gerar a fraternidade dentro do relacionamento plural.

            A fraternidade é o objetivo pragmático, aos que ficam, de alcançá-la para servir como base da construção do Reino de Deus, trazê-lo dos céus para a Terra, como diz na oração do Pai Nosso. Nós que ficamos no mundo material temos de continuar nesse trabalho diuturno e para isso temos que nos transformar, fazer uma completa reforma intima e sermos pessoas fraternas.

            Eu procuro ser assim, fraterno do fundo do meu coração, e tenho Deus como testemunha, pois Ele me sonda a cada dia. Quero deixar espraiar dos meus olhos a cordialidade sincera, o acolhimento; quero envolver meus irmãos sem desejo de convencimento aos meus prazeres particulares; quero exterminar o medo ameaçador de perda, porque não quero me julgar ser dono ou proprietário de algo; quero respeitar o direito de todos de escolher a forma de pensar e de agir na seara do Cristo.

            Sei a que a minha causa e de todos que aqui permanecem na Terra, é o amor e tudo em volta não passarão de caminhos, atalhos ou desvios, mesmo assim, com atalhos e desvios chegaremos a meta um dia!

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em 17/06/2013 às 23h59
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16/06/2013 23h59
AOS QUE PARTEM

            A morte leva de forma regular as almas que aqui vem para estagiar no corpo físico, de volta à pátria espiritual. Como a massa humana ainda é muito ignorante nesse aspecto da Natureza, apesar de toda religiosidade que alguns possuem, isso se torna um evento dramático, principalmente quando ocorrem com pessoas queridas e de forma inesperada.

            Hoje recebi a notícia de que um senhor simpático cuja casa frequento quando passo por  sua cidade do interior, veio a falecer num acidente de carro, quando este se dirigia de uma cidade para outra. A sua filha, que também é minha amiga, me deu a notícia por telefone, ao mesmo tempo que meu sobrinho já estava vendo a notícia na internet. Não teve oportunidade de se despedir de ninguém. Acredito que tenha tido também dificuldade de se desvencilhar do corpo físico; acredito que tenha tido auxilio espiritual, por todos os seus parentes que no mundo espiritual já se encontravam, e também pelos missionários cujo trabalho consiste na acolhida e orientação dos que chegam.

            No livro “A nova Ordem de Jesus” tem a informação de que o Mestre está preocupado com a grande quantidade de almas que retornam ao mundo espiritual totalmente ignorantes do que vão encontrar. Ele diz que as religiões não ajudam nesse esclarecimento, apesar de ser a instituição mais capacitada para isso. Orienta que nós, desde que tenhamos conhecimento dessa dinâmica entre os dois mundos, façamos a orientação no nosso círculo de influências, sem quaisquer conotações religiosas.

            Vejo que fui falho nesse aspecto. Por diversas ocasiões nós tivemos oportunidade de sentar e conversar. Abordamos diversos assuntos, desde a educação, o trabalho, as relações familiares, o lazer, mas tudo dentro do campo material. Não lembro de ter em nenhuma ocasião levado a conversa para o mundo espiritual, para avaliar o que fazemos aqui e que pode ser levado conosco, pois a maior parte do nosso trabalho, expresso na forma de bens materiais, tudo fica aqui mesmo neste plano. O nível de ignorância que ele vai levar na sua partida inesperada vai ter nos seus registros a minha omissão. Nas minhas orações pedindo ao Pai para ajudá-lo e também toda sua família nesse momento doloroso, devo incluir também um pedido de perdão para mim, por mais uma vez ter sido omisso nas minhas responsabilidades espirituais, de ter comigo a candeia e ter deixado “debaixo da mesa”.

            Vai, meu amigo, seja bem recebido na pátria espiritual por todos aqueles que vos ama e perdoa aos amigos que aqui ficam que não se comportaram à altura de sua bondade.

 

 

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em 16/06/2013 às 23h59
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