Quem é que vai por esse caminho chamado de trilha do Amor? Quem é esse peregrino que caminha sem parar, sozinho, pelas veredas que o caminho do Amor leva, superando os obstáculos que lhe jogam pela passagem? Quem é este de quem emana o Amor, mesmo que ferido e humilhado por quem não lhe entende a alma? Quem é esse que joga palavras em forma de poesia em resposta as injúrias que recebe de quem não sabe permanecer nas trilhas do Amor?
Quem é esse que busca alguém que a filosofia ética das estrelas diz para ele que existe em algum lugar, mas que ele não encontrou até agora nenhuma pista? Será que essa pessoa que ele tanto procura vai como um passarinho por entre as nuvens? Será que ela caminha aleatoriamente como uma cigana nas estradas turbulentas da vida? Será que ela tem interesse em trilhar junto com ele os caminhos do Amor?
Quem é esse que anda pelas estradas à procura do amor da sua vida? Quem é esse que tem noites mal dormidas, precisando desse Amor que tanto sonha, e que nunca, jamais, encontrou esse alguém que ama tanto quanto ele? Será que essa pessoa também existe e o espera em algum canto desses caminhos tão insistentemente percorridos? Será que essa pessoa sabe que ele a chama tanto e canta nos ouvidos do universo o seu nome que não sabe dizer qual, a esperar pela passagem do tempo, na vigília do dia ou no sono da noite, durante os sonhos ou pesadelos, que ela passe pelo menos ao alcance do seu olhar? Quem é esse que vive no mundo da imaginação, a procura dela que nunca vem, e que nunca a encontrará no mundo real? Quem é esse que vive na imaginação do Amor que nunca conseguiu encontrar, e que não saberá o que será de si vivendo em mundo tão grande, mas com tanto sentimento de desamparo?
Quem é esse que busca o Amor de toda uma vida, mas nunca o encontra? Que não se importa com a insônia nas vigílias da procura, ou nos pesadelos do sono do desencontro? Que jamais encontrará alguém que possa lhe dar o que espera, que jamais será amado da forma que ele ama? Que pode sonhar tantas coisas, mas não consegue alcançar nem esquecer o que procura? Que sofre com saudade de um bem que foi perdido, mas que nunca foi encontrado? Que só o acalenta, o saber que tudo passa, e que alguém no mundo pode passar por si e que possa ter o contato que ele tanto espera, da imagem da pessoa que tanto idealiza?
Quem é esse que procura consolar a sua dor com os sentimentos de compreensão, de tolerância, da falta de algo que jamais encontrará? Quem é esse cujo coração só espera aquela que possa lhe amar como ele ama a tudo e a todos? Quem é esse que quanto mais espera mais aumenta sua esperança de um dia alcançar a quem tanto procura, mesmo que encontre essa pessoa com outra ao seu lado, que fique tranquilo dentro da confusão que sofre por si sentir abandonado ou feliz, por saber que seu amor encontrou a felicidade nos braços de outra pessoa? Quem é esse cujo amor não sai do seu pensamento, que espera ele surgir na volta do vento agreste, no frio da sua mente, para retirar do pensamento, o que não sai do coração?
Quem é esse que sente todas as dores do mundo e no fundo da sua alma sente a alucinação da ausência do que nunca teve? Que fecha o sentido da sua existência no abismo da utopia? Que ver a sua imagem nas nuvens e no contorno do horizonte? Que para onde seu olhar se dirige, ai ver a imagem do Amor que procura, e corre para perto dele guiado pelos instintos? Que imagina o contato do seu corpo com o corpo do ser amado, mas não o alcança e só abraça o vento que lhe rodeia? Que não sabe para onde se dirigir e volta a se cobrir de saudade para dormir o sono da tristeza? Que não sabe para onde vai agora o seu pensamento? Que pensa voltar a amar o que nunca chegou a alcançar? Que nunca chegou a ter, mas sente a falta do que nunca teve? Que não sai do pensamento, apesar de nunca ter visto?
Quem é esse que leva consigo o meu coração, que busca no reino da utopia o Amor que do meu peito nunca saiu? Será que por nunca sair de mim o Amor que tanto ele procura lá fora, eu possa imaginar a saudade que ele sente se de mim escapasse o Amor que ele tão insistentemente procura? Será que eu possa ensiná-lo a amar como eu amo, se tanto sei amar, mas da mesma forma nunca ter sido amado?
Em busca da palavra de Deus em dia muito apropriado (07-07-17), onde predomina o número 7, algarismo que parece formar limites na Natureza (setenário), como os 7 dias da semana, as 7 notas musicais, as 7 cores visíveis do arco-íris, etc., deparei-me com a fala do Cristo à Pedro, no livro “Boa Nova”, de Humberto de Campos/Chico Xavier.
Pedro se mostrava, talvez como eu, disposto a seguir e defender o Cristo em quaisquer circunstâncias. O que Cristo respondeu a Pedro talvez se aplique a mim como comunicação de Deus. Com Pedro era relacionado com a figura física de Jesus; comigo com relação aos ensinamentos que ele deixou. Dizia o Cristo:
- Não queiras ser melhor que os teus irmãos de apostolado em nenhuma circunstância da vida. Em verdade, sem meu auxílio não participarás com meu espírito das alegrias supremas da redenção.
É uma boa advertência para mim, pois mesmo eu exibindo uma natural humildade, sinto que em algumas ocasiões o sentimento interno é que eu sou o melhor em determinado setor.
- Vós ainda estás disperso. Ainda não estás preparado, senão para aprender. Vou deixar contigo o mandamento de amar ao próximo como eu amei. Que sejas reconhecido como meu discípulo, não pela superioridade no mundo, pela demonstração de poderes espirituais, ou pelas vestes que envergais na vida, mas pela revelação do Amor pela qual vos amo, pela humildade que deverá ornar a vossa alma, pela boa disposição no sacrifício próprio. Ainda não te encontras preparado para seguir-me. O testemunho é de sacrifício e de extrema abnegação e somente mais tarde entrarás na posse da fortaleza indispensável.
Recebo esta lição como uma comunicação direta de Deus para comigo, neste momento que tento uma maior aproximação pelo exercício do jejum. Tenho entrado em dúvidas algumas vezes se estou no caminho correto ou não, as pessoas mais próximas de mim, que também são espiritualizadas, perguntam se essas comunicações que recebe vêm de Deus realmente ou não. Tenho convicção que são de Deus, que Ele escreve sua vontade na minha consciência, mas não refuto todas as dúvidas e procuro formas de esclarecer sem renegar minhas convicções. Por esse motivo, sabendo que o jejum é uma forma de aproximação com Deus, associado com a oração e uma boa convicção, é que decidi fazer isto durante esta semana.
Esta lição que Jesus deu a Pedro e que se aplica ao meu atual momento, traz alívio às minhas preocupações de não está sendo eficiente naquilo que Deus espera de mim. Devo manter a postura amorosa perante o relacionamento com meus irmãos e reconhecer que ainda estou na fase de aprendizado, que ainda não tenho a fortaleza necessária para seguir os passos do Mestre.
No cenário da última ceia de Jesus com seus discípulos, descrito pelo espírito Humberto de Campos através do médium Chico Xavier, no livro “Boa Nova”, chegou um momento de empolgação onde todos lembravam da entrada triunfal do Mestre em Jerusalém. Jesus ouvia à distância, o burburinho do falatório. Os filhos de Alfeu examinavam com Tiago as possíveis realizações dos tempos vindouros, antecipando opiniões sobre qual dos companheiros poderia ser o maior de todos, quando chegasse o Reino com as suas inauditas grandiosidades. Filipe afirmava a Simão Pedro que, depois do triunfo, todos deveriam entrar em Nazaré para revelar aos doutores e aos ricos da cidade a sua superioridade espiritual. Levi dirigia-se a Tomé e lhe fazia sentir que, verificada a vitória, se lhe constituía uma obrigação a marcha para o Templo ilustre, em que erigiriam seus poderes supremos. Tadeu esclarecia que seu intento era dominar os mais fortes e impenitentes do mundo, para que aceitassem, de qualquer modo, a lição de Jesus.
O Mestre ficou incomodado, as discussões iam acirradas. As palavras “maior de todos” soavam insistentemente aos seus ouvidos. Parecia que os componentes do sagrado colégio estavam na véspera da divisão de uma conquista material e, como os triunfadores do mundo, cada qual desejava a maior parte da presa. Com exceção de Judas, que se fechava num silêncio sombrio, quase todos discutiam com veemência. Sentindo-lhes a incompreensão, o Mestre pareceu contemplá-los com entristecida piedade.
Nesse instante os apóstolos observaram que Ele se erguia. Com espanto de todos, despiu a túnica singela e cingiu-se com uma toalha em torno dos rins, à moda dos escravos mais íntimos, a serviço dos seus senhores. E, como se fossem dispensáveis as palavras naquela hora decisiva de exemplificação, tomou de um vaso de água perfumada e, ajoelhando-se, começou a lavar os pés dos discípulos. Ante o protesto geral em face daquele ato de suprema humildade, Jesus repetiu o seu imorredouro ensinamento:
- Vós me chamais Mestre e Senhor e dizeis bem, porque eu o sou. Se eu, Senhor e Mestre, vos lavo os pés, deveis igualmente lavar os pés uns dos outros no caminho da vida, porque no Reino do Bem e da Verdade, o maior será sempre aquele que se fez sinceramente o menor de todos.
Esta simbologia do “lava-pés” se estende até os dias atuais pela igreja católica, que pretende levar avante todos os ensinamentos do Cristo. A simbologia serve para nos lembrar da importância da humildade e de praticá-la no dia-a-dia. Infelizmente muito param somente na simbologia e esquecem da prática da humildade. Esse é um dos motivos pelos quais a sociedade humana pouco avançou em direção ao Reino dos Céus. A letra do Evangelho, a simbologia dos ensinamentos, pouco afeta as relações humanas e a Terra continua infestada pelo mal nas suas formas mais diferentes, quer seja por violências, quer seja a fome ou as guerras.
É importante que as lições do Cristo sejam realmente praticadas e não usadas para a conquista de mais poder e prazeres que atende apenas aos apelos do ego, até mesmo por religiosos que trabalham e sobrevivem através dos recursos da divulgação do Evangelho.
Na última ceia que Jesus fez com seus apóstolos, ele partiu o pão com eles e disse para comer, pois aquele era seu corpo; da mesma forma fez com o vinho, dividiu, pediu para todos beberem, pois aquele era seu sangue.
Pedro, que era o mais rude e impulsivo, logo perguntou a Jesus – Mestre, que vem a ser isso? Jesus respondeu com emoção:
Amados, está muito próximo o nosso último instante de trabalho em conjunto e quero reiterar-vos as minhas recomendações de amor, feitas desde o primeiro dia do apostolado. Este pão significa o banquete do Evangelho; este vinho é o sinal do espírito renovador dos meus ensinamentos. Constituirão o símbolo de nossa comunhão perene, no sagrado idealismo do Amor, com que operaremos no mundo até o último dia. Todos os que partilharem conosco, através do tempo, desse pão eterno e desse vinho sagrado da alma, terão o espírito fecundado pela luz gloriosa do Reino de Deus, que representa o objetivo santo dos nossos destinos.
Este simbolismo do Pão e do Vinho perdura através dos séculos, mesmo que a compreensão de muitos seja ainda a representação mais próxima do corpo e do sangue físicos de Jesus.
Foi boa a intervenção de Pedro pedindo explicações ao Mestre, pois senão essa dúvida seria muito mais profunda até os dias de hoje.
O corpo que o Mestre nos oferece na forma do Pão, é o corpo do Evangelho onde estão escritas as suas lições, onde devemos alimentar nossa alma diariamente com o exemplo de Sua vida dedicada ao Amor.
O sangue que o Mestre nos oferece na forma do Vinho, é o espírito renovador que está presente na essência dos ensinamentos. Cada vez que eu pratico as lições do Evangelho, procurando a pureza dos sentimentos e longe da hipocrisia, fortaleço o meu espírito com a essência divina e me aproximo do Criador.
Também não é necessário ou imprescindível todo o ritual das igrejas para a absorção do corpo e do sangue do Cristo como forma de apagar os pecados e garantir uma vaga no Céu, pois o mais importante, a purificação do espírito pode não estar acontecendo.
O mais importante é que reconheçamos a importância do Evangelho, das lições que o Cristo deixou e que podemos acessar por diversas fontes, estar disposto a praticar com empenho e dedicação, burilar o nosso coração, fazer a reforma íntima. Dessa forma estaremos nos alimentado do Pão e do Vinho que o Mestre tão solicitamente veio nos ofertar.
Quando nos voltamos para Deus e decidimos colocar os nossos corpos, nossas vidas à serviço de Sua vontade, precisamos de um contato constante com Ele. Muitas vezes as atribulações da vida material cria uma espécie de barulho mental que obnubila essa comunicação com o Criador.
Embora estejamos envolvidos em tantos conflitos ao redor do planeta, que favorecem a perda da sintonia com o Pai, Ele tem colocado à nossa disposição meios mais fáceis de perceber a Sua vontade. Também podemos favorecer essa comunicação, assumindo algumas atitudes como o jejum, que é uma prática que nos coloca em mais intimidade com Deus.
A mais fascinante experiência que podemos ter nessa nossa fase atual de humanidade na Terra, é ser considerado um instrumento nas mãos de Deus, pois dessa forma Ele executa muitas das suas obras maravilhosas.
Quando buscamos Deus com jejum e oração, não mudamos a mente de Deus, mas a nossa. O jejum nos faz mais aptos para receber, do que faz Deus mais pronto a conceder.
Temos exemplos vívidos do poder que advém do jejum na vida de homens como Moisés que jejuou 40 dias (Êxodos 34:28), Esdras – 3 dias (Esdras 10:6), Elias – 40 dias (1 Reis 19:8), Daniel - 21 dias (Daniel 10:3), Paulo – 3 dias (Atos 9:9), e o próprio Cristo – 40 dias (Lucas 4:2). Quando essas pessoas passavam dias sem se alimentarem, ou noites gastas em oração, voltavam desses períodos mais fortalecidos do que antes, mais dispostos do que se tivessem gasto essas horas dormindo. Podemos dizer que eram verdadeiramente sustentados pelo poder divino. Ainda não atingi essa condição, apesar da prática do jejum que estou sempre fazendo. Certamente ainda me falta a fé suficiente para entrar na sintonia com o Pai, mas não desistirei. Procurarei compreender cada vez mais os objetivos do jejum na intenção de aproximação com Deus, e dessa forma encontrei as seguintes orientações.
1º) Ter a mente desimpedida da sobrecarga que o processo digestivo exige, facilita a comunhão, a meditação e a reflexão com Deus. Não posso simplesmente parar de comer e esperar que tudo aconteça. A minha mente deve estar voltada para essa aproximação e a oração é um forte atrativo para isso.
2º) Mostrar a Deus e provar a mim mesmo que aquilo que peço, ou a vitória que almejo, é realmente de suma importância para mim. Muitas vezes não sei exatamente o que pedir, às vezes não sei nem como iniciar a conversação com o Pai. Esse período de jejum a mente fica mais aberta, vigil, ouço com mais clareza o coração e certamente a voz de Deus.
3º) Devo separar um momento do dia que me desligue do trivial, do rotineiro, do material e me coloque numa atmosfera espiritual mais intensa.
4º) Serve para que eu adquira uma disciplina espiritual, um maior controle sobre meus desejos e vontade. Quando eu domino meu apetite, assumo um domínio saudável sobre a minha vontade e a coloco em submissão à vontade Divina.
5º) concedo ao sistema digestivo uma pausa para descanso. Muitas enfermidades podem ser evitadas e até curadas, com um período saudável de abstenção de alimentos.
6º) Acima de tudo, não posso esquecer, devo me colocar num íntimo e intensivo contato com Deus. Quando perturbado pela tentação, quando com necessidade de vencer um pecado habitual, quando diante de uma grande provação, uma grande dúvida, confusão mental, nada se torna mais efetivo do que a aproximação com o Pai.
7º) Devo obedecer ao tempo que o meu organismo já se adaptou para essa prática, pois tem pessoas que não conseguem fazer um dia de jejum, e eu já consigo fazer três dias seguidos sem maiores repercussões fisiológicas. Não serei tão radical como imaginava no início que deveria ser. Posso comer frutas, sucos ou pequenas porções de alimentos leves que não sobrecarreguem o organismo, contanto que eu esteja exercendo o pleno exercício do controle dos desejos através da vontade direcionada para a sintonia com o Criador.
É importante lembrar que a forma e a duração do jejum só podem ser estabelecidos pela própria pessoa, sem jamais ser legislado e imposto pelos outros. Também não é preciso que seja anunciado publicamente por palavras, nem por um rosto abatido e triste, pois esta é uma experiência particular entre o Pai e o filho. Sendo assim, o jejum deve trazer alegria, confiança e entusiasmo na vida daquele que participa desta experiência maravilhosa com o seu Criador (Mateus 6: 16-18).