A espiritualidade superior fez com que eu tivesse oportunidade de receber pelo reembolso o livro “Ramatis – uma proposta de luz”, uma obra psicografada por Hercílio Maes. É uma coletânea das obras de Ramatis por meio da mediunidade de Hercílio Luz Maes. Ramatis é o mentor espiritual que mais me influenciou na época que eu vivia coberto de dúvidas quanto a existência de Deus e do mundo espiritual. Foi Ramatis com suas respostas bastante coerentes que dissipou minhas dúvidas e fez com que eu mudasse lentamente o foco de minhas atenções, do mundo material para o mundo espiritual. Daí, o conhecimento da implicação do que eu já estava fazendo com o modelo de evolução espiritual, e de que eu já estava aplicando a vontade do Pai, mesmo sem saber, fez eu assumir de forma peremptória e explícita essa condição.
Portanto, a chegada desse livro, resumo das obras feitas justamente pelo médium que psicografou os primeiros livros que li, me fez entender que era ele que eu devia ler durante esses 40 dias de quarentena/quaresma que se inicia hoje.
Ramatis viveu na Indochina, no século X, e foi instrutor em um dos inumeráveis santuários iniciáticos da Índia. Já havia se distinguido no século IV, tendo participado do Ciclo Ariano, nos acontecimentos que inspiraram o famoso poema hindu Ramaiana. Neste poema, o feliz casal Rama e Sita é símbolo iniciático de princípios masculino e feminino. Unindo-se Rama e Atis (Sima ao inverso) então resulta Ramaatis, como realmente se pronuncia em indochinês.
Ramatis foi adepto da tradição de Rama, naquela época, cultuando os ensinamentos do “Reino de Osíris”, o senhor da Luz, na inteligência das coisas divinas. Mais tarde, no Espaço, filiou-se definitivamente a um grupo de trabalhadores espirituais, cuja insígnia, em linguagem ocidental, era conhecida sob a pitoresca denominação de “Templários das Cadeias do Amor”. Trata-se de um agrupamento quase desconhecido nas colônias invisíveis do Além, junto à região do Ocidente, onde se dedica a trabalhos profundamente ligados à psicologia oriental.
Já estou familiarizado com as mensagens de Ramatis, mas não sabia ainda o que significava o nome “Rama-tys”, ou “Swami Sri Rama-tys”, como era conhecido nos santuários da época. É quase uma “chave”, uma designação de hierarquia ou dinastia espiritual que explica o emprego de certas expressões que transcendem as próprias formas objetivas.
Há informações que, após significativa assembleia de altas entidades, realizada no espaço, no século XX, na região do Oriente, procedeu-se a fusão entre duas importantes “Fraternidades” que dali operam em favor dos habitantes da Terra. Trata-se da “Fraternidade da Cruz”, com certa ação no Ocidente (que divulga os ensinamentos de Jesus), e da “Fraternidade do Triângulo”, ligada a tradição iniciática e espiritual do Oriente. Após a memorável fusão dessas duas Fraternidades Brancas, consolidaram-se melhor as características psicológicas e objetivo dos seus trabalhadores espirituais, alterando-se a denominação para “Fraternidade da Cruz e do Triângulo” Seus membros, no Espaço, usam vestes brancas com cintos e emblemas de cor azul-clara esverdeada. Sobre o peito, trazem suspensa delicada corrente como que confeccionada em fina ourivesaria, na qual se ostenta um triângulo de suave lilás luminoso, emoldurando uma cruz lirial. É o símbolo que exalça, na figura da cruz alabastrina, a obra sacrificial de Jesus e, na efígie do triângulo, a mística oriental.
Quando li que todos os discípulos dessa Fraternidade se encontram reencarnados na Terra e são profundamente devotados às duas correntes espiritualistas, a Oriental e a Ocidental, fiquei curioso, pois me sinto enquadrado nesse perfil, mesmo sabendo que ainda não tenho o gabarito espiritual para me considerar à altura dos nobres mentores da Fraternidade da Cruz e do Triângulo.
Hoje é o feriado de carnaval e amanhã inicia a Quaresma, período que na Igreja Católica prenuncia o tempo da Páscoa, a ressurreição de Jesus Cristo, que é comemorada no domingo e praticada desde o século IV. A quaresma começa na Quarta-feira de Cinzas e termina no Domingo de Ramos, anterior ao Domingo de Páscoa.
Antes de iniciar Sua vida pública, logo após ter sido batizado por João no rio Jordão, Jesus passou 40 dias no deserto. Esse retiro de Jesus mostra a necessidade que Ele teve em se preparar para a missão que O esperava. No deserto Jesus era conduzido pelo Espírito, sem deixar que os instintos biológicos interferissem com Seus objetivos, vivia em oração e recolhimento, discernindo a vontade de Deus para a Sua vida e como atuaria a partir de então. No tempo que passou no deserto Jesus teve uma profunda experiência com o Pai, tendo vivido intensamente esse encontro, apesar das tentações para se desviar do propósito da Sua vida.
As tentações que Jesus viveu e venceu são da mesma natureza dessas que eu vivo e preciso vencer. Jesus experimentou o encontro com o Pai em sua totalidade, no silêncio e na solidão do deserto. Estava, pois, cheio do Espírito que Lhe revelava com clareza o Amor Incondicional, essência do próprio Pai, e a dimensão inimaginável do poder desse Amor se o vivermos em plenitude. É aqui que a natureza humana se revela em fragilidade, pois tão grande poder que temos ao nosso alcance, termina obnubilado pelas forças efêmeras da biologia.
O diabo, Behemot, tenta Jesus nas coisas simples, nas vontades mais básicas: a saciedade da fome, o desejo de poder e riqueza, no querer ser superior a tudo e a todos. Sentimentos que todos, homens e mulheres, carregamos em nossos corações. Sentimentos que não são ilícitos se canalizados para os seus devidos fins, mas cuja linha que separa o bom do mau fim é tão tênue que só a sintonia com o espírito é capaz de reconhecer.
Aproveito esse período para ficar psicologicamente isolado do mundo, uma espécie de quarentena na qual busco a purificação dos excessos de impurezas que acumulei durante o ano. O foco da quaresma é sobre a caridade, a oração e o jejum. Desses o mais difícil é o jejum, pois vai direto sobre os interesses do corpo. Mas procuro desenvolver toda a sintonia do espiritual com o divino, nas várias esferas do pensamento, apesar de sentir o efeito do jejum sobre a mente, os instintos e a vontade.
Devido o Espírito de Jesus ser bem evoluído, considerado como puro, que Ele pode resistir as tentações na forma do diabo que vinha à sua consciência. Diabo não é uma figura lendária, mas o desejo que existe dentro do nosso próprio coração. A divindade que existe dentro de nós deve vencer o egoísmo que caracteriza o Behemot, monstro criado por Deus dentro de nós, para garantir a nossa sobrevivência, e que deve ser domesticado para o mal não prevalecer.
Essa experiência no deserto mostra que muito facilmente o mal nos invade e estraga a perspectiva que Deus tem para nós. Pode ser paradoxo, mas não é. Deus criou o Behemot, o monstro dentro de nós para garantir a nossa sobrevivência, mas não para interferir na sobrevivência dos outros, do próximo. Pelo contrário, devemos ter a força espiritual até para sacrificar os interesses do nosso corpo para ajudar na evolução do próximo, que por algum motivo se encontra em dificuldade. Jesus ensina com o seu comportamento que ele é apenas o Filho e que deve cumprir a missão confiada pelo Pai, de levar as lições do Amor cada um dos seus irmãos terrenos.
Mostra a certeza de que a vivência no Espírito é a salvação de um mundo cuja oferta de valores diverge em muito daquilo que o Pai oferece. Por isso é importante a experiência no deserto, para que possamos tomar distanciamento do mundo material e seus atrativos e possamos ver com mais clareza, com os olhos da alma, para que se possa sentir o calor do Espirito no coração, para, então, enfrentar a missão e poder ser testemunho vivo da vontade do Senhor.
Quando vou cedo para a hidroginástica, caminho cerca de 300 metros além do local do exercício, antes do professor chegar, e fico numa encruzilhada onde a agua represada pelas pedras volta para o mar.
Neste local eu paro voltado para o leste e encontro o sol que começa a surgir. Reconheço Deus nessa luz intensa a qual não posso olhar diretamente sob pena de cegar. Satisfaço-me em sentir a claridade se espalhando pelo firmamento, pintando as nuvens com precisos raios e me deixando sentir seu calor em meu corpo. Este é o abraço de Deus em meu corpo e o início das minhas orações.
Giro um pouco para a direita, no sentido dos ponteiros do relógio e fico de frente para o sul, para os edifícios que emolduram a orla marítima e sinaliza os efeitos tecnológicos da sociedade humana. Peço a Deus que me dê a sabedoria para discernir o certo do errado em tão complexo aglomerado de formas arquitetônicas e de modos de ver e conduzir a vida nos mais complexos relacionamentos humanos. É dentro dessa complexidade humana que o Pai confia que eu possa contribuir para ajuste de comportamentos que se aproximem mais do Reino que o Mestre Jesus anunciou.
No segundo giro que faço no mesmo sentido, sinto o sol às minhas costas e na frente as sombras que são formadas, tanto pelas pedras, plantas como pelo meu corpo. As sombras adquirem outro significado, as sombras que existem dentro de nós, não apenas aquelas físicas promovidas pelo sol ou por qualquer outra fonte de luz. São as sombras que existem no nosso psicológico, que se escondem nas mentiras comportamentais, muitas vezes absorvidas pela cultura, e que deixa o homem amedrontado do que fez e do que podem fazer a ele. Tenho um olhar de compaixão pelas sombras, pois sei que são reflexos do monstro que o Pai criou como uma obra prima e deixou dentro de nós para garantir a nossa sobrevivência. A energia do egoísmo que ele carrega para cumprir sua missão deve ser devidamente controlada por nosso espírito, sintonizado com os princípios espirituais do Amor Incondicional. Não deixar que a nossa luz interna, criada por Deus dentro de nosso espírito, não seja coberta por essas sombras que emergem constantemente do Behemot.
Finalmente faço o último giro e fico de frente para o norte, para o mangue que circunda o Forte dos Reis Magos, das dunas, da vegetação rasteira... Vejo então a expressão da Natureza e sinto que eu sou também uma parte dela. Entendo a Natureza como uma representação mais precisa do Criador, e como eu estou dentro dela, também o Criador está dentro de mim. Sinto a responsabilidade de cuidar dessa ampla Natureza, de não subjuga-la por causa dos meus interesses personalísticos.
Esta é a minha oração, integrada à Natureza, ao Pai, às minhas intenções de seguir as lições do Mestre Jesus, conforme os talentos que Deus me deu. Para realiza-la eu tenho que inicialmente vencer a preguiça, pois implica acordar as 5h e sair de casa as 6h para, correndo, chegar com pelo 15 minutos de antecedência no local descrito. Pode ser um sacrifício determinar o corpo para fazer essa ação, mas ao terminar, que retorno para o apartamento a sensação de dever cumprido é muito gratificante.
Vou reproduzir na íntegra o debate ocorrido na Universidade de Amherst entre o professor Dinesh D’Sousa e um aluno dessa escola, por trazer informações que são de interesse deste diário.
- Boa noite Sr. D’Souza. Meu nome é T.R. Eu sou calouro aqui e estou no grupo de estudos políticos que é um dos grupos que organizou esse evento. Queremos agradecer novamente por vir aqui. Após a segunda guerra mundial, a classe média branca alcançou alguma prosperidade como resultado de políticas como a lei G.I. (lei que concedia benefícios a veteranos de guerra). E, bem... afro-americanos que estavam voltando da guerra não tiveram acesso a esses benefícios simplesmente por serem negros. O departamento de estado americano negou o acesso a esses benefícios simplesmente por causa de sua raça. Você está correto ao dizer que ninguém hoje em dia precisa lidar com esse tipo de problema em particular. Dito isso, entretanto, houve uma desproporção de riqueza como resultado desses programas que persistem até hoje. Quando penso sobre o seu exemplo de um indivíduo que trabalha como zelador e vê pessoas jantando em cafés luxuosos no caminho de volta do trabalho... eu gostaria de perguntar se você acredita que essa indignação, dado essas circunstâncias, talvez seja justificada? Simplesmente porque, essas pessoas vem sendo sistematicamente impedidas ao longo da história americana? Não terminando após o fim da escravidão, não terminando após o fim das leis de segregação, não terminando, alguns diriam ainda hoje quando ainda vemos discriminação institucional. Tudo isso para dizer que.. Você descobre que durante a era da guerra fria houve um grande boom de prosperidade entre a classe média branca, e o mesmo simplesmente não aconteceu para os afro americanos. Não por uma questão de mérito, mas porque eles foram discriminados. Essa foi a minha primeira pergunta. E se você não se importa, eu gostaria de fazer outra sobre o “inimigo interno”. Se você olhar nas páginas 48 e 49 do relatório da comissão sobre o 11 de setembro, você descobre que o motivo de porque existe essa torrente de antiamericanismo no mundo islâmico. Não tem nada a ver com homossexualidade e sim porque os EUA tem estado lá.. na Arábia Saudita, com bases militares na península arábica desde a primeira guerra do golfo. Nós instituímos sansões contra o povo iraquiano o que provocou a morte de milhares de pessoas e crianças! Antes da invasão americana do Iraque as pessoas estavam iradas conosco por termos apoiado tiranos por todo oriente médio, como nosso suporte a Hosni Mubarak no Egito. Você não acha que essa seria uma explicação mais plausível de porque existe tanto anti-americanismo no oriente médio? Obrigado.
- Primeiramente... Iraque... Eu acreditava, não tinha nada a ver com o 11 de setembro. Quando Bush decidiu invadir o Iraque, havia um coro que dizia: “Os iraquianos não tem nada a ver com o atentado. Por que você está invadindo o Iraque?” Mas agora aparentemente, eu escuto você dizer que tudo é um efeito colateral de sanções que datam da primeira guerra do golfo. Criaram de fato uma militância islâmica no Iraque e francamente, eu acho que você está enganado. Eu acredito com a visão de que o Iraque não tinha nada a ver com o 11 de setembro. Então, aqui é onde quero chegar, eu não quero exatamente... Eu li esse relatório de ponta a ponta, incluindo as páginas 48 e 49. O próprio Bin Laden enviou uma carta aberta aos EUA datada de 2002. Você descobriria melhor as motivações de Bin Laden se lesse... o Bin Laden! Do que lendo o relatório oficial. Logo após o atentado, Bush chamou os terroristas de “covardes”. Eles podem ter sido muitas coisas, mas não isso. Com muita frequência, se você quer entender pessoas de outras culturas, de ouvidos a ELES. Não dê ouvidos apenas a seus próprios preconceitos. Eu concordo que talvez seja desconfortável para você pensar que os radicais mulçumanos estejam aborrecidos não meramente com a presença de soldados americanos na Arábia Saudita, mas também com a massiva expansão da cultura pop americana para o resto do mundo. Nesse exato momento há uma ideia poderosa se espalhando pela Ásia, África e América do Sul que diz: modernização Sim, ocidentalização Não. Isso não são apenas muçulmanos. São hindus, confucianos, e são todos pessoas dizendo: queremos modernidade, tecnologia, celulares, Ipads, mas... Há muitas coisas da cultura ocidental que NÃO gostamos. Quando as olimpíadas de inverno de Sochi (Rússia) estavam rolando recentemente, houve uma declaração atribuída a Putin onde ele teria dito: Gays são bem vindos, mas não ousem tocar nas nossa crianças. Eu mencionei isso apenas para sugerir que isso é uma atitude amplamente difundida em culturas não ocidentais. Você pode não gostar, mas faz parte da educação, estar disposto a ouvir coisas incômodas para tentar entender o que fazer a respeito. Então, o pior tipo de etnocentrismo é projetar suas próprias fantasias a respeito de uma cultura sobre ela. Então, você não quer que os EUA invadam o Iraque? Não finja que é isso que incomoda os muçulmanos, isso incomoda VOCÊ! Então, proteste o quanto quiser, você não gosta dos acordos mundiais de comércio? Vá protestar contra eles... Mas você não vai ver muitos chineses e indianos protestando! Exceto talvez Aaron Daddy Roy! Mas a verdade é que a maioria dos chineses e indianos adoram companhias estrangeiras! E formam filas enormes quando a Nike ou a Oracle abrem vagas! E os indianos estudando em centros de tecnologia correm atrás dessas empresas para entregar currículos. Então, de novo, os preconceitos da esquerda americana nem sempre correspondem ao conceito de bem estar das pessoas no terceiro mundo. E isso se aplica aos muçulmanos também. Agora me permita responder a sua outra pergunta. Que era? Me lembre...
- Err... bem... a sua primeira pergunta... Eu só queria dizer em resposta a segunda, eu não estava falando da globalização do ponto de vista das corporações. Eu estava falando especificamente de ações militares. Com respeito a primeira pergunta, eu estava dizendo que após a segunda guerra mundial houveram benefícios disponíveis aos veteranos brancos que não foram...
- Ah... Lembrei! Você estava falando dos efeitos presentes de vantagens do passado. Certo?
- Correto.
- Ok. Então... Deixe-me perguntar... Estamos numa faculdade excelente e vale a pena discutir essas questões. Existem americanos cujos os benefícios presentes, são originados de vantagens passadas. Aliás, essa vantagem passada que frequentemente se assume começar com o “homem branco”. Na realidade se estende até o começo. Os índios americanos que estavam aqui primeiro. Certo? Tiveram uma enorme vantagem. Nós presumimos que eles eram donos do país. Aliás, vamos pausar por um instante... Como se faz para ser dono de um país? Se tivéssemos Caim e Abel, onde Abel é um pastor e Caim um agricultor. E Caim diz: “Eu irei colocar uma cerca ao redor do mundo”. “Eu sou o dono”. “Porque eu sou o único cara aqui”. “Você é um pastor”. “E os meus descendentes irão herdar a terra” E qualquer um que apareça será um usurpador. Rousseau uma vez disse que o primeiro cara que apareceu levantando uma cerca e alegando ser o dono daquele pedaço é necessariamente um golpista. Então... os índios americanos vieram, eles por acaso foram os primeiros? Eles vieram em formas de tribos. A tribo Navajo conseguiu a terra tomando-a da tribo Hopi, que havia tomado da tribo Pueblo. Sua lei da selva se deu na base da conquista. Foi assim que eles conseguiram a terra. Houve uma grande batalha nos “Black Hills” que mostro no filme. A tribo Sioux que conquistou as colinas, a tomou dos Cheyenne. Então eles dizem: “Nos devolvam nossa terra”. E você vai devolvê-la para os Cheyenne? “Ohhh não... ela é nossa!” Tem certeza? Como pode ela ser sua para sempre? Então, o que estou tentando dizer é: a história é muito complicada. Deixe-me usar a Índia como exemplo, para que possamos olhar o problema de forma mais genérica. Ok? A Índia foi invadida pelos britânicos, mas antes disso pelos afegãos e pelos Persas, e pelos Mongóis, então temos essas sucessivas invasões... Certo? Você realmente acredita num princípio de justiça social (hoje em dia), que diga de maneira global... Vamos olhar para isso como um princípio global de justiça. Vamos descobrir que ancestrais fizeram o que contra os ancestrais de quem. E iremos tomar de volta, bens que foram ilicitamente tomados no começo para os donos originais. Você acredita que essa seja uma maneira viável de organizar a sociedade? Você acredita... deixe-me fazer uma pergunta direta... ser um beneficiário de um “privilégio branco” por estudar aqui em Amherst? Sim ou não?
- Bem... sim
Pausa
- Se você é... deixe-me aprofundar minha pergunta.
- Ok, pera... Eu não disse isso apenas para me enaltecer ou algo do tipo.
- Ok, prossiga.
- Eu realmente tento não ser... Eu só respondi porque você me perguntou. Eu enxergo o reconhecimento dos próprios privilégios como uma empatia pela mudança das coisas. Eu não simplesmente digo “eu sou privilegiado por ser branco”. Eu tento ajudar aqueles que não tenham se beneficiado desse privilégio.
- Como? Ok... Vamos insistir nisso por um instante. Você diz, isso é realmente importante porque existe uma certa psicologia nisso.
- Bem... Veja... Eu vou responder sua pergunta. Eu realmente não estou tentando te atacar ou tentando te provocar. Eu apenas acredito que a essência desse discurso tenta cercar uma espécie de hipocrisia. Talvez você esteja tentando demonstrar que eu sou um hipócrita por dizer que sou privilegiado e não fazer nada a respeito. Mas eu vou recuar um pouco e dizer: o maior dos vícios é a crueldade, e eu... eu não quero ser hipócrita, então, respondendo sua pergunta... Eu comecei no ensino médio... Vocês querem mesmo ouvir isso?
- Sim! Eduque-o! (pessoa da plateia)
- Deixe-me dizer onde quero chegar com isso...
- (reclamações da plateia)
- Deixe-me concluir... Não é como se eu tivesse escolhido alguém específico para ajudar com base na cor da pele. Eu dei algumas aulas de reforço para estudantes pobres durante o ensino médio. Acho que isso seria uma resposta direta para sua pergunta. Muitas vezes, diferentes oportunidades de educação são fundadas em sistemas econômicos desiguais, sistemas econômicos que produzem desigualdades de renda. Então talvez esse tenha sido um jeito de combater isso num nível individual.
- Tudo bem... Onde eu quero chegar com isso? Um dos benefícios de uma boa educação é ter a oportunidade de ler pessoas como Nietzsche, é começar a entender o quão profundo é o desejo humano por auto justificação moral. Auto justificação moral. Agora... Você disse... Eu não disse isso... VOCÊ disse isso! “Eu sou beneficiário de um privilégio branco ilícito”. Ok?
- Ilícito?
- Não seria o privilégio dos brancos ilícito? É merecido?
- Errr... bem... No sistema atual... há legalidade.
- Por ilícito eu quero dizer imoral, privilégio branco imoral, ok? Então se eu dissesse a você... Há certamente muitas merecedoras minorias que gostariam de estudar em Amherst, mas que herdaram desvantagens da história americana, portanto, uma vez que você reconheceu ser beneficiário de um privilégio ilegítimo, você estaria disposto a abandonar, voluntariamente, colocando suas atitudes morais de acordo com sua virtude autoproclamada? E dar sua cadeira... SUA cadeira, não a minha! Eu sei que você está disposto a ser supergeneroso a respeito das vantagens alheias e ser a favor de cotas que tirarão a cadeira de outros garotos brancos tentando entrar em Amherst, para abrir espaço para as minorias. Mas eu não estou falando sobre você exercer sua virtude nos outros. E sim sobre você exercer suas virtudes em você mesmo. Você está disposto a abrir mão do seu lugar ilegítimo nessa faculdade, que de acordo com seu discurso, você não merece está aqui em Amherst, para um membro de uma minoria em desvantagem? Sim, ou Não?
- Deixe começar dizendo de como você foi parar em ações afirmativas.
- Seguindo a lógica do seu raciocínio.
- Eu nunca disse acreditar que ações afirmativas baseadas em raça sejam a melhor forma de corrigir o sistema de injustiça que...
- Por que você não pratica, saindo fora? Por que você não vai até a secretaria amanhã, dizer que você está se retirando da Amherst...
- (Barulho na sala)
- Escutem... Ok, vá em frente...
- Eu quero dizer, eu só continuo respondendo, porque você continua insistindo. Eu quero ouvir as perguntas de outras pessoas, mas em resposta a isso o que você está fazendo é basicamente querendo mostrar que todo mundo aqui é hipócrita. Que estamos todos com culpa no cartório nisso. Nenhum de nós é 100% moralmente consistente. Eu não disse absolutamente nada sobre ações afirmativas. Eu acredito que cada um nessa sala é hipócrita em algum nível. Isso não significa que não deveríamos lutar por um sistema mais justo e igualitário. Houve sim, momentos na minha vida em que eu abri mão de privilégios que eu recebi simplesmente porque eu percebi que era a coisa certa a se fazer. Ao mesmo tempo eu acredito que todos precisamos sobreviver e que nós entendemos que existimos sob um sistema imperfeito e que deveríamos conduzir nossos negócios de maneira a atender não só nossos padrões morais, mas pelos padrões impostos pelo sistema em que vivemos. Eu acredito que devemos ser generosos e nos esforçarmos para não sermos hipócritas, fazer nosso melhor, mas isso não significa que devemos jogar fora a ideia de que não deveríamos ter esses padrões. Essa seria minha resposta a você, mas eu ainda estou esperando uma resposta para a minha pergunta... a respeito da desigualdade que eu falei sobre... envolvendo o departamento de Estado. Ou seja, uma riqueza que foi distribuída, e é riqueza documentada. Assim como a riqueza produzida, ou roubada, por meio da escravidão também está documentada. Nós temos números demonstrando exatamente quanto foi tomado. Dinheiro que de certa forma, poderia ser devolvido. Mas se você diz que é impossível devolver esse dinheiro, porque seria muito difícil rastrear, teríamos que dar dinheiro a tribos africanas, e para linhagens que não existem mais, sem problemas, mas precisamos entender que ainda não resolvemos a injustiça que foi perpetrada, e se admitirmos que ninguém... que ninguém tem direito a absolutamente tudo que nossos ancestrais roubaram, então também teremos que admitir que atualmente existem pessoas que se beneficiam do fato de seus avós e bisavós lucraram por meio desse sistema imoral. E a maneira de lidar com isso é oferecer uma rede de segurança social que garanta que todos possam prosperar. Eu termino aqui.
- Sim... Bem... O núcleo do sistema americano, isso responde à sua pergunta diretamente. É que... O que podemos fazer a respeito dos desvios éticos do passado? E aqui temos duas opções. Há duas opções. A primeira opção é.... Estabelecermos direitos iguais perante a lei. Essa foi a solução do movimento dos direitos civis. Havia discriminação baseada na raça. Havia hierarquia racial... Vamos parar! Vamos tratar as pessoas de acordo com o conteúdo do seu caráter... Direitos iguais perante a lei. Direitos iguais perante a lei. A outra opção, a que você está defendendo, você poderia chama-la essencialmente de: “Vamos corrigir em nome da história.” “Vamos corrigir em nome da história”. Vamos tentar descobrir quem são as pessoas sob posse de bens roubados e retorná-los. Agora, a primeira coisa que estou tentando dizer é que esse é um princípio profundamente controverso, porque na verdade envolve destruir a liberdade de uma sociedade livre. Você teria que (sendo franco), se fôssemos levar isso a sério, ir até as casas das pessoas e tomar suas coisas. Tomar seus carros, seus móveis... Você não parece ter colhões pra fazer isso. Você não tem a autoconfiança moral para fazer você mesmo! Talvez, se eu estivesse advogando um princípio de justiça social, e querendo aplica-lo a toda a sociedade... Antes de persuadir todo mundo... Digamos que eu seja um cristão e acredito que todos deveriam dar 10% do seu dinheiro para ajudar os pobres. E digo: “Querem saber? A Bíblia diz isso... a Bíblia diz aquilo” ... “Todos deveriam dar 10% do seu dinheiro para ajudar os pobres”. E alguém me pergunta: “Dinesh, você está dando 10% do seu dinheiro?”. E eu respondo “Na verdade, não...”. “Mas eu dei umas aulas de reforço...”. E você responde: “Espera aí, você não está defendendo isso?”. “Você não está dizendo que existe um dever moral em fazer isso?”. “Por que você não faz isso?”. “Antes de nos convencer, faça você mesmo.”. E você responde: “Eu não acho que deva fazer isso porque a sociedade é muito complexa, então não preciso fazer a menos que todo mundo faça.”. Não! Se você acredita nisso, que você faça isso. Uma vez que você tenha feito, talvez nos impressione e talvez possa nos convencer de que nossa riqueza também é indevida. Mas você não consegue fazer isso... E não estou tentando acusar todo mundo de hipocrisia, só você! Porque... porque... Foi você... foi você que disse: “Eu sou o beneficiário de um privilégio ilegítimo”. Então você seria um excelente ponto de partida, porque eu estou perguntando: Se você reconhece ter a posse de bens roubados, por que VOCÊ não está disposto a devolvê-los? Então, é fundamentalmente assim que enxergo sua caridade, como aquela piada do cara na guerra civil. “Estou muito feliz em sacrificar...”. “Eu sacrifiquei três primos pela guerra e estou pronto para sacrificar meu cunhado.” Essa é basicamente a sua ética. Você quer uma justiça social paga pelos outros, mas você não está disposto a pagar, esse é o problema! E esse é o problema dos esquerdistas que marcham em nome da justiça social enquanto protegem seus próprios privilégios... Lembra do que você disse? “Todos nós precisamos sobreviver”. É sério? Você precisa está em Amherst pra “sobreviver”? Você não precisa estar na Amherst pra sobreviver! Você precisa estar em Amherst para ter um benefício! Você precisa estar em Amherst porque aqui você está tendo oportunidades que a maioria não tem. Então, se você diz que acredita em oportunidades iguais, você é um hipócrita! Porque você está aproveitando uma oportunidade indisponível para outras pessoas. Mas...Para você, essa hipocrisia é totalmente justificada porque você está “militando“ em nome dos pobres. Mas se você é realmente contra “privilégios”, esta faculdade é um privilégio! Então há uma evidente hipocrisia, e você nunca vira seu espelho moral para si mesmo e diz: “O que eu estou fazendo a respeito?”. Esse é o meu ponto. Para você, a sociedade tem que agir antes de você para forçar o SEU código moral. Mais algumas perguntas? ...
Apesar do aluno ter feito perguntas interessantes, o professor foi brilhante em sua conclusão de que devemos praticar aquilo que defendemos, sob pena de não termos autoridade para orientar tal comportamento a ninguém. Isso se aplica bem ao que defendo, na construção do Reino de Deus baseado no amor inclusivo do Amor Incondicional. Com esse pensamento eu passo a ser crítico do amor romântico, mas tenho autoridade de fazer a crítica, pois abri mão dos meus privilégios da família nuclear, para ficar sob as consequências negativas da família ampliada, universal, onde nem mesmo as minhas companheiras mais próximas me entendem e tendem, uma a uma se afastarem de mim, quando percebem em algum momento que seus interesses estão contrariados no mesmo tempo que eu exercito os meus direitos.
Portanto, a exortação do professor para que pratiquemos aquilo que defendemos veio corroborar perfeitamente com aquilo que penso e procuro fazer.
A reinserção social quando aplicada em psiquiatria, tem o objetivo de dar uma nova oportunidade ao paciente após este sofrer os efeitos de um transtorno ou doença psíquica, geralmente obrigando à hospitalização e afastamento do convívio social durante um período variável de tempo, de acordo com o tipo de diagnóstico e circunstâncias sociais e biológicas do indivíduo. As vezes o termo é mal colocado, pois alguns pacientes vivem o tempo todo afastado do convívio social, e portanto precisam de uma “inserção” social que nunca tiveram.
A reinserção social se refere ao processo que integra o paciente novamente ao convívio social, com a consciência de sua doença e a necessidade de permanecer fazendo o uso frequente das indicações terapêuticas, farmacológicas, psicoterapêuticas, laborterápicas, etc.
Como se trata de um paciente que tem um transtorno e necessita de um diagnóstico correto para ser indicado uma terapia adequada ao seu caso, o médico psiquiatra é o profissional capacitado para realizar esse primeiro passo. Tem o dever de fazer o diagnóstico correto e indicar e conduzir a terapia mais eficaz.
Após o diagnóstico, o psiquiatra decidirá pela condução mais apropriada do caso, o tratamento a nível domiciliar ou institucional. Se institucional, qual seria a instituição que melhor atenderia esse paciente, Ambulatório Especializado, um CAPS, Residência Terapêutica, Comunidade Terapêutica, Clínica especializada, Hospital Geral ou Hospital Especializado em psiquiatria, etc. Em qualquer uma dessas instituições iremos encontrar formas de acolher o paciente e conduzir o tratamento.
O psiquiatra precisa conhecer esses recursos institucionais e a missão de cada uma para fazer uma boa indicação.
O Ambulatório especializado em psiquiatria deveria ser a indicação mais frequente, pois faria a condução de um tratamento sem retirar o paciente do seu contexto, das suas relações sociais (profissionais e familiares, principalmente). O psiquiatra conduziria necessariamente o tratamento farmacológico, e a psicoterapia poderia ser dividida com o profissional da psicologia.
A hospitalização em Hospital Geral ou Especializado seria indicado para pacientes mais comprometidos tanto biológica ou psicologicamente. Caso o paciente apresente uma demanda biológica mais evidente, o caso seria direcionado para o Hospital Geral, onde as diversas clínicas poderiam dar um melhor suporte. Se a demanda psicológica for a mais evidente, com desorganização de pensamento, perda de senso crítico, impulsividade, agressividade, agitação psicomotora, tudo que implica na desorganização do próprio Hospital Geral, esse paciente deverá ser encaminhado para o Hospital Especializado em Psiquiatria, onde além do Psiquiatria existe toda uma rede de profissionais psi interagindo no sentido de tirar o paciente no menor tempo possível, geralmente em torno de 30 dias, da condição aguda em que ele se encontrava e devolvê-lo de imediato para a comunidade.
Esta é a missão do Hospital, receber o paciente em crise em devolvê-lo à comunidade no menor tempo possível. O processo de reinserção social não pode acontecer dentro da instituição hospitalar, pois isso impediria um adequado fluxo de entrada de pacientes em surto e que necessitam do suporte do Hospital. O processo de reinserção social deverá ser conduzido por outra instituição.
Com essa compreensão técnica surgem os diversos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), com o objetivo de promover a importante função de reinserção social, que implica numa atuação mais constante de toda a equipe multiprofissional.
A reinserção social deve integrar o paciente que sofreu um transtorno mental grave, que tem o diagnóstico de uma doença psiquiátrica que promoveu uma quebra da normalidade do seu psiquismo e teve que ser afastado do convívio social, para a sua própria proteção e de terceiros, como conduzir a terapêutica adequada que geralmente não é reconhecida como necessária, principalmente a terapêutica farmacológica, a única capaz de ter retirado os grilhões dos pacientes mentais e ter feito a primeira desospitalização no passado.
A reinserção social só acontece quando o paciente adquire a consciência da sua doença ou pelo menos aceita que deve fazer algo para ser melhor aceito pela sociedade e se sentir integrado apesar de seus problemas. O papel do hospital nesse curto período que o paciente necessita permanecer em suas dependências, é controlar farmacologicamente os desequilíbrios bioquímicos que justificam o surto abstêmico, psicótico ou neurótico, fazê-lo entender que após a alta hospitalar é necessário uma admissão em serviços como o CAPS.
O técnico que defende a extinção de qualquer um desses serviços, mostra que tem uma compreensão diferente dessa que foi exposta aqui. Como a equipe multiprofissional deve atuar em sintonia para que o trabalho com o paciente seja mais eficaz e as reivindicações ao poder público federal, estadual e municipal sejam mais contundentes, e a explicação dos transtornos mentais e suas diversas modalidades de tratamento dentro da comunidade, tanto para os pacientes, familiares, técnicos e gestores sejam mais coerentes, a linha de pensamento não deve ser quebrada ou bifurcada. O viés ideológico não deve intervir ou comprometer a condução técnica apropriada, sob pena de ver todo o sistema ruir e o devido tratamento ao paciente que cada técnico em particular tem com sua cota de responsabilidade, ficar inalcançável.