Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
01/02/2013 06h11
PERFIL DO AMANTE INCONDICIONAL

            O amante incondicional é aquele que tendo conhecido e absorvido a pureza do Amor Incondicional em sua vida, como a própria essência do Divino, decide a colocar em prática com toda a honestidade, como se fosse uma missão ditada pelo próprio Deus em sua consciência. O primeiro passo para isso é transformar o seu paradigma de vida, da orientação do amor romântico para o amor incondicional. Depois de ter vencido essa etapa, de ter ultrapassado os próprios preconceitos, quando estiver disposto a arcar com todas as consequências da aplicação do amor incondicional, então estará pronto para o estabelecimento de relações nessa base. Irá ser muito combatido, criticado e até expulso e excluído, num mundo dominado pelo amor romântico, o qual forma a base da família nuclear, esteio de toda a sociedade de predomínio egoísta.

            O amante incondicional respeita e acata Deus como o seu Pai e inspirador final, que pode ser visto de formas diferentes conforme as várias civilizações ou comunidades. É um universalista, não tem uma religião exclusiva, pela própria natureza do amor incondicional, ele inclui todas as religiões que respeita o Deus único, qualquer que seja a forma que seja apresentada.

            Eu, que me incluo no conjunto dos amantes incondicionais, respeito e acato o Deus de Amor apresentado por Jesus de Nazaré, o qual considero o meu Mestre maior e do qual tenho a principal lição que uso como bússola na minha vida: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a mim mesmo.

            O amante incondicional ama toda a natureza a qual ver como a criação do Pai, e principalmente ama o próximo como a semelhança de Deus, o corpo de cada ser humano como o templo de Deus.

            O amante incondicional por natureza é um criador de relacionamentos os mais diversos, principalmente os relacionamentos interpessoais, principalmente os relacionamentos de gênero, homem-mulher, que podem ir até o mais profundo de um relacionamento que é a relação íntima, sexual. Este nível de relacionamento é o mais emblemático, complicado e de difícil realização, pois é nesse ponto que entra em conflito com o amor romântico que exige a exclusividade. Mas, quando se afasta desse nível de relacionamento todos os impeditivos éticos, o amor incondicional não considera as barreiras culturais ou preconceituosas que obstaculizam o processo. O amor romântico não permite de nenhuma forma a inclusão de outras pessoas na intimidade do relacionamento. É criado dessa forma uma barreira intransponível entre o amante incondicional e o amante romântico.

            O amante incondicional acata e acolhe, pratica e se harmoniza com o amor romântico, no momento do exercício do relacionamento, em qualquer nível que ele esteja, até o mais profundo, da relação sexual. O amante romântico não acolhe e não acata, não pratica e não se harmoniza com o amor incondicional quando este chega ao nível mais profundo, da relação sexual, com outras pessoas.

            O amante incondicional está fadado a caminhar sozinho no mundo dominado pelo amor romântico, pois todos os relacionamentos que construir, por mais cheios de amor como ele sabe como ninguém proporcionar, ao chegar ao nível da profundidade sexual, implodirá com uma profunda carga de sofrimento. A única forma de viabilizar o relacionamento com harmonia, profundidade e sentimento de eternidade, é que o amante romântico se converta também em amante incondicional, que seja também um exclusivista nas suas diversas relações, quando a oportunidade chegar.

            Enquanto isso não chega, o amante incondicional caminha sozinho, mesmo que ao seu redor esteja cercado de amantes românticos, mas nenhum deles harmoniza com os seus paradigmas, com a sua prática, com a sua universalidade do amar. São pessoas que amam, mas estão sempre a sofrer, a recuar, a abandonar, a expulsar, a criticar... são pessoas em conflito e perdem assim o que de mais importante o amante incondicional pode oferecer: a harmonia de um amor, profundo, inclusivo e eterno!

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em 01/02/2013 às 06h11
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31/01/2013 01h56
DUELO DE TITÃS

            No íntimo de nosso ser se desenvolve uma luta de titãs, duas forças poderosíssimas se enfrentam. Uma é o Amor Incondicional, reconhecidamente por todas as inteligências como a maior força do universo, a que está associada ao próprio Deus. A outra é o amor romântico, associada ao corpo biológico e seus instintos, principalmente o instinto da preservação da espécie, o instinto sexual. O espírito para o seu crescimento moral deve vir estagiar na carne e aprender a se comportar sob a pressão egoísta dos instintos. Acontece que todo o mundo espiritual de onde ele se desloca, é esquecido quando chega no mundo material. Muitos nem acreditam que tal mundo espiritual exista e que a vida se resume apenas no pequeno intervalo de tempo que passamos na terra. O amor incondicional que permeia todo o Universo termina por ficar obnubilado na consciência do espírito que se encontra encarnado. O indivíduo acredita que o seu corpo é a sua essência e que nada mais existe além dele. Dessa forma fica controlado quase completamente pelas forças instintivas e quando o amor romântico se apossa da sua mente na forma de paixão, pode cometer os maiores desatinos, inclusive matar a pessoa que é alvo do seu “amor”, inclusive destruir a si mesmo. Porém quando a pessoa consegue alcançar a compreensão do mundo espiritual e da existência e da força do Amor Incondicional, por uma questão lógica o deixa no seu paradigma de vida como motor principal de sua vida. Então essa pessoa necessita subjugar a força do amor romântico aos princípios do amor incondicional em seu próprio íntimo. É o primeiro embate dos dois titãs. A luta é difícil, mas a pessoa consegue vencer pois está ao lado da maior força do universo e tem a consciência de sua preponderância frente a qualquer outra força.

            Agora, o embate maior é quando essa pessoa que já venceu os obstáculos e tem o Amor Incondicional como princípio de sua vida em todos os setores, estabelece relacionamentos com pessoas que não tem essa compreensão e que prevalece em seu paradigma de vida o amor romântico como força prática a orientar o seu comportamento. Pode até compreender que o Amor Incondicional é o mais importante para gerar uma sociedade saudável, fraterna, uma família universal, mas está mergulhada em leis e preconceitos que justificam e priorizam o amor romântico, sua exclusividade, sua família nuclear, o egoísmo que gera as misérias sociais. O militante do amor incondicional se ver cercado de pessoas dentro de seus relacionamentos, inclusive íntimos, obedece ao princípio da inclusão, não há bloqueios para o fluir do seu amor, a não ser os de caráter éticos. As pessoas ao seu redor priorizam o amor romântico, o ciúme, a exclusão, a intolerância... Mesmo que tenham toda uma formação religiosa, das mais caridosas ou beatas, não conseguem ter a abertura para o fluir do amor incondicional no campo da sexualidade. É como se fosse um paredão que dividisse ideologias, como acontecia com o muro da vergonha na Alemanha. Essa pessoa dirigida pelo amor romântico faz sua auto critica severa, de um comportamento inadequado, imoral, pernicioso, com todo o apoio da sociedade ao redor, principalmente dos familiares.

            Como se unir dessa forma um praticante do Amor Incondicional com um praticante do amor romântico? Torna-se impossível! É necessário que haja realmente uma conversão do amor romântico para o amor incondicional, de forma honesta e corajosa, pois caso contrário o desastre será certo. Não coloco a possibilidade do Amor Incondicional se converter ao amor romântico, pois isso é racionalmente impossível, é como se a verdade se convertesse em mentira. É mais provável o Amor Incondicional viver pela terra de forma solitária, apenas com companhias circunstanciais enquanto o fragor da batalha não lhe arrefece os ânimos.

            Assim é como me sinto, cheio do Amor Incondicional, de características divinas, inclusiva, tolerante, fraterna, solidária, mas cercado de pessoas cheias de amor romântico, que sofrem com a minha ausência, por saber que naquele momento estou ao lado de outra, que não permitem a inclusão de pessoas que também precisam permear o amor incondicional. Sinto também que no fragor dessa batalha o sangue que corre é o sofrimento de todos os lados. Mais uma vez eu penso que é melhor me afastar de todas e assim evitar o sofrimento, mas vem o Pai na minha consciência e diz para que eu não me afaste da luta, que esse é o caminho para o seu Reino, que Ele colocou pessoas ao meu lado que têm condições de superar essas dificuldades, mas se não tiver ficam pelo caminho à espera de outras oportunidades que deverão vir, pois a clemência do Pai é infinita. Acato o Seu conselho e sofro as dores de minhas companheiras que não atingem o nível de colocar o Amor Incondicional em primeiro plano. Rogo ao Pai que dê forças e sabedoria a elas, para tomarem a decisão mais apropriada para seus corações, e se for para se afastar de mim, não tenham compaixão por me verem sozinho nessa estrada da vida que o Senhor me indicou e que eu aceitei.

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em 31/01/2013 às 01h56
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30/01/2013 20h53
CHAMADO DOS APÓSTOLOS

            Na Audiência Geral do dia 22-03-06, na Praça de São Pedro, o Papa Bento XVI dizia o seguinte: “O chamado dos Apóstolos marcou os primeiros passos do ministério de Jesus, depois do batismo recebido do Batista nas águas do Jordão. Segundo a narração de Marcos (1,16-29) e de Mateus (4,18-22), o cenário do chamado dos primeiros apóstolos é o lago da Galiléia. Jesus acabara de iniciar a pregação do Reino de Deus, quando o seu olhar pousou sobre duas duplas de irmãos: Simão e André, Tiago e João. São pescadores, empenhados em seu trabalho cotidiano. Lançam as redes, e as recolhem. Mas outra pesca os espera. Jesus os chama com firmeza, e eles os seguem imediatamente: agora serão pescadores de homens. Lucas, embora seguindo a mesma tradição, faz uma narração mais elaborada. Mostra o caminho de fé dos primeiros discípulos, esclarecendo que o caminho para o seguimento lhes chega depois de terem escutado a primeira pregação de Jesus e experimentado os primeiros sinais prodigiosos por Ele realizados. Em particular, a pesca milagrosa constitui o contexto imediato e oferece o símbolo da missão de pescadores de homens, que lhes foi confiada. O destino desses “vocacionados”, dali em diante, estará intimamente ligado ao de Jesus. O apóstolo é um enviado, mas, antes disso, é um “perito” em Jesus.

            “Eram homens na expectativa do Reino de Deus, desejosos de conhecer o Messias, cuja vinda era anunciada como iminente. Para eles basta a indicação de João Batista, que aponta em Jesus o Cordeiro de Deus, para que brote neles o desejo de um encontro pessoal com o Mestre. As frases do diálogo de Jesus com os primeiros dois futuros apóstolos são muito expressivas. A pergunta: “O que procurais?”, eles respondem com outra pergunta: “Rabi (que quer dizer Mestre), onde moras?”. A resposta de Jesus é um convite: “Vinde e vede”. Vinde para poder ver. A aventura dos apóstolos começa assim, como um encontro de pessoas que se abrem reciprocamente. Começa para os discípulos um conhecimento direto do Mestre. Veem onde mora e começam a conhecê-lo. De fato, eles não serão anunciadores de uma ideia, mas testemunhas de uma pessoa. Antes de serem enviados a evangelizar, deverão “estar” com Jesus, estabelecendo com Ele uma relação pessoal. Sobre essa base, a evangelização nada mais será do que um anúncio daquilo que foi experimentado, e um convite para entrar no mistério da comunhão com Cristo”   

            Fico tentado a colocar toda essa experiência de Jesus na minha experiência pessoal. Tenho a convicção de que também fui chamado por Deus para uma missão, a missão de praticar o Amor Incondicional da forma mais pura, sem se limitar a preconceitos de qualquer natureza, ou se desviar devido a força de qualquer potência, por exemplo, o amor romântico. Os apóstolos que Ele escolheu, todos homens, se contrapõem aos companheiros que o Pai me ofertou, todas mulheres. Isso porque, com o Cristo, era importante a disseminação da Boa Nova, da vinda do Reino de Deus. na atualidade, é importante que o Reino de Deus seja viabilizado na prática, obedecendo inclusive as leis da natureza que também foram feitas pelo Pai. Assim, as mulheres são as pessoas mais importantes para formar com o homem a base do relacionamento mais harmônico possível com base no Amor Incondicional, na inclusividade de todos, na formação da Família Universal. Sei que isso parece uma miragem para quem ouve pela primeira vez essa história, mas para mim que tenho na mente e a pratico há anos, tudo parece se encaixar perfeitamente na vontade do Pai e que sou considerado por Ele uma peça fundamental nesse processo evolutivo.

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em 30/01/2013 às 20h53
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29/01/2013 15h59
OFERTAS DO SENHOR

            A experiência mística de Francisco de Assis é muito forte. Desde sua abdicação da vida material, do nome dos pais, do conforto e respeito que tinha na cidade, por uma compreensão da vontade de Deus que veio na sua mente. Recebeu como uma missão de vida imitar os passos do Mestre Jesus na senda da pobreza, caridade e humildade. Foi exemplo para diversos outros jovens, de sua cidade, do seu país e do mundo. O que me impressiona é a sua capacidade de aceitar os diversos martírios que Deus lhe proporcionava, principalmente o martírio da alma a fogo lento. Ele sabia de suas deficiências e a sensação de fracasso o atormentava. A impressão de incapacidade o crucificava. Volta e meia tinha a consciência de ser um pecador. Com que cara poderia apresentar-se ao mundo falando de amor, se o amor não reinava em sua própria casa? Como poderia transmitir uma mensagem de paz, se a paz não se aninhava em sua alma?

            Sentia um desejo profundo de voltar para os eremitérios a fim de viver acocorado aos pés de Deus, podendo recuperar a paz por completo. Mas o Senhor tinha lhe dado um povo de irmãos. Ele não os havia escolhido, como Jesus escolheu os apóstolos. Simplesmente aceitara-os das mãos de Deus como oferta. Aceitara-os como eram, com seus defeitos e qualidades. Não podia abandonar esse povo, porque seria como abandonar o próprio Senhor!

            Fico a imaginar a proximidade e a distância que tenho do Irmão de Assis. Proximidade por sentir que Deus pode colocar Sua vontade em nossos pensamentos, por sentir que Ele já fez isso em minha mente. Tenho hoje um caminho a seguir, bem definido sobre o que tenho de fazer. Não sei aonde irei chegar, assim como Francisco, só sei que é isso que Ele quer que eu faça, e o farei. Isso é o que me aproxima de Francisco de Assis. Agora, eu sei que não tenho a resistência que ele tinha de se auto anular completamente e se tornar o menor entre os menores, o mais humilde, o mais despojado, para mostrar ao mundo que a influência do materialismo em todas suas dimensões não tinha poder sobre ele. Tenho uma preocupação significativa de manter um padrão de vida confortável, com recursos suficientes para garantir uma boa estabilidade financeira. Mas tenho a compreensão que tudo pertence a Deus e ele me permite que eu tenha esses recursos materiais, mas com a responsabilidade da solidariedade entre os irmãos, entre o próximo.

            Agora, o que me deixa mais pensativo é com respeito as ofertas do Senhor, no sentido de colocar os irmãos ao seu lado para exercerem o companheirismo na estrada que ele determinou. Começo a perceber com clareza cada vez maior que Ele fez o mesmo comigo. Determinou a estrada que eu deveria percorrer e fez as ofertas das pessoas que deveriam partilhar comigo dos espinhos da estrada. Como Francisco, as recebi como se apresentaram, com seus defeitos e qualidades. Tem também uma diferença básica, para Francisco os companheiros mais importantes para a finalidade da jornada, eram todos homens. Até Clara, companheira de alta sintonia espiritual, ficou sempre afastada em outros ambientes. Para mim, o Senhor determinou a tarefa de mostrar ao mundo que é possível privilegiar o Amor Incondicional frente a qualquer outra força que se oponha, principalmente a força do Amor Romântico, que na forma de paixão pode destruir e construir mundos. Assim, ofertou sempre mulheres para essa operacionalização, mulheres que sempre chegam carregadas de amor romântico, que o desenvolvem até o nível da paixão e que me colocam em cheque no embate da exclusividade que elas exigem e da inclusividade que faz parte da natureza da minha missão. Quando li que Francisco não podia abandonar os irmãos que Deus lhe ofertou, pois isso seria como abandonar o próprio Deus, senti uma forte sintonia no meu coração, pois também sinto que não posso abandonar nenhuma das irmãs que Deus me ofertou. Mesmo que antes eu não tivesse a ideia que Francisco me deu, que eu estaria abandonando o próprio Deus.

            Quando fiz todas essas considerações, na minha mente surgiu um forte sentimento de plenitude, como se eu tivesse recebido mensagem do próprio Deus. As lágrimas corriam e do meu coração surgia o desejo de louvar, dos meus lábios saiam palavras entrecortadas pela emoção. Quando acalmei um pouco, peguei no celular e mandei para todas minhas companheiras uma mensagem sobre um pouco desse momento, mesmo correndo o risco de ser considerado por algumas, como isso ser sinal de loucura, mas esse risco Francisco também correu, e pelo menos nesse simples aspecto eu posso ter a coragem que ele teve:

Eu tenho a Graça do Pai...

Recebo a Graça do Pai...

Agradeço ao Pai toda honra

De ser o seu escolhido

Para instrumento da sua vontade

Eu tenho a Graça do Pai...

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em 29/01/2013 às 15h59
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28/01/2013 07h51
A INSTITUIÇÃO DOS DOZE

            Na audiência de 15-03-06, na Praça de São Pedro, o Papa Bento XVI disse o seguinte: “A intenção de Jesus de reunir a comunidade da Aliança para manifestar nela o cumprimento das promessas feitas ao Pai, com a implicação de convocação, de unificação, de unidade, é a instituição dos doze apóstolos. Ele disse que os queria para junto de si e eles corresponderam. Instituiu os doze para serem seus companheiros e para enviá-los a pregar com o poder de expulsar o demônio. Jesus com uma iniciativa que manifesta absoluta confiança e determinação, constituiu os doze para que sejam com ele testemunhas e anunciadores do advento do Reino de Deus. Ao escolher os doze, introduzindo-os numa comunhão de vida junto a si e tornando-os participantes de sua missão de anúncio do Reino em palavras e ações, Jesus quer dizer que chegou o tempo definitivo no qual se constitui novamente o povo de Deus, o povo das doze tribos, que agora se torna um povo universal, a sua igreja.

            “Com a própria existência, os Doze – chamados de proveniências diferentes – se tornam um apelo para todo Israel, para que se converta e se deixe reunir na nova Aliança, pleno e perfeito cumprimento da antiga. Ter confiado a eles, na Última Ceia, antes de sua paixão, a tarefa de celebrar a sua memória, mostra o quanto Jesus desejava transmitir a toda a comunidade, na pessoa dos seus chefes, o mandato de serem, na história, sinal e instrumento da reunião escatológica, nele iniciada. Em certo sentido, podemos dizer que precisamente a Última Ceia é o ato da Fundação da Igreja, porque Ele se oferece a si mesmo e cria, assim, uma nova comunidade; uma comunidade unida na comunhão com Ele. Os doze apóstolos são, então, o sinal mais evidente da vontade de Jesus em relação à existência e à missão de sua igreja.

            “Não podemos ter Jesus sem a realidade que Ele criou e na qual se comunica. Entre o Filho de Deus feito homem e a sua Igreja, existe uma profunda, inseparável e misteriosa continuidade, em virtude da qual Cristo está presente hoje no seu povo. Ele é sempre contemporâneo nosso, é sempre contemporâneo na Igreja construída sobre o fundamento dos apóstolos. E essa sua presença na comunidade, na qual ele próprio se oferece sempre a nós, é a razão da nossa alegria. Sim, Cristo está conosco, o Reino de Deus vem.”

            Essa mensagem do Papa Bento XVI mostra sua preocupação em firmar os fundamentos da Igreja Católica sobre os fundamentos do trabalho dos doze apóstolos escolhidos pelo Cristo. Mostra que houve uma evolução da antiga Aliança entre as doze tribos de Israel para a nova Aliança constituída pela unidade dos 12 apóstolos em sua diversidade e atuação universal. Agora chega o momento de mais uma vez ser feita uma nova aliança dentro desse processo evolutivo em busca do Reino de Deus. Agora são os relacionamentos afetivos, íntimos, sexuais, do amor romântico, a base da estrutura familiar nuclear, que devem ser construídos com o rigor do Amor Universal, para que não haja desvios para outras funções menos nobres, de fundo egoísta. O relacionamento homem-mulher então se tornam o principal foco das transformações. A novíssima Aliança deverá ser baseada no compromisso do casal em manter sua relação sempre aberta para o fluxo do amor incondicional em todas as direções, sem exclusivismo de ninguém e de solidariedade entre todos. Isso implica que esse casal não pode ser exclusivista. Poderá ser aplicado o mesmo número de doze como sinalização de disseminação dessa comunidade como aconteceu com as duas outras Alianças que foram estabelecidas?

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em 28/01/2013 às 07h51
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