Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
13/01/2013 00h59
PRIMOGÊNITO

            Chega um momento que sinto ser deslocado do mundo para outra esfera da vida, que mesmo continuando a viver na terra, já não pertenço a ela. É um sentimento que foi construído lentamente, estruturado em princípios éticos e morais fortes, mesmo que não aparentes ou não identificáveis, até mesmo por mim. O processo principal em que se desenvolveu essa transformação, esse arrebatamento, foi e continua sendo através de leituras.principalmente de livros espirituais. Gradativamente o meu interesse se deslocou de livros técnicos ligados a minha profissão para os livros espirituais ligados a compreensão de meus objetivos na terra. É tanto que mantenho como leitura diária cinco livros, todos espirituais. Procuro também habituar meu comportamento à práticas espirituais, como a prece e meditação, que reconheço como importantes para a evolução nesse campo. E continuo a receber informações e instruções dos livros para ampliar o grau de consciência de quem eu sou e quais meus objetivos na vida. Assim é que, voltei a ler um trecho da Bíblia por recomendação de outro livro, o qual reforça minha compreensão da condição de primogênito, da minha posição na vida frente ao Criador:

            “O Senhor disse a Moisés: consagrar-me-ás todo primogênito entre os israelitas, tanto homem como animal: ele será meu.” (Ex 13, 1-2)

            Esse trecho é melhor explicado em seguida quando fala da Lei relativa aos primogênitos:

            “Quando o Senhor te houver introduzido na terra dos cananeus, como Ele jurou a ti e a teus pais, e te houver dado essa terra, consagrarás ao Senhor todo primogênito; mesmo os primogênitos de teus animais, os machos, serão do Senhor. Entretanto, resgatarás com um cordeiro todo primogênito do jumento; do contrário, quebrar-lhe-ás a nuca. Todo primogênito dos homens entre teus filhos, resgatá-lo-ás igualmente. E, quando teu filho te perguntar um dia o que isso significa, dir-lhe-ás: é que o Senhor nos tirou do Egito com sua mão poderosa, da casa da servidão. E, como o faraó se obstinasse em não nos deixar partir, o Senhor matou todos os primogênitos dos homens até os dos animais. Eis porque sacrifico ao Senhor todos os primogênitos machos dos animais, e devo resgatar todos os primogênitos entre meus filhos. Isso será como um sinal sobre tua mão e como uma marca entre teus olhos, porque foi pelo poder de sua mão que o Senhor nos tirou do Egito.” (Ex 13, 11-16)

            O Senhor se refere naquela época ao povo eleito, aos israelitas. Com a vinda de Jesus Cristo e com sua autoridade sintonizada com o Pai, o povo eleito de Deus passa a ser quem acredita nEle e, principalmente, quem procura fazer a sua vontade. Nesse contexto, mesmo eu não sendo israelita, tenho a plena convicção de fazer parte do povo de Deus e desta forma estou submetido às suas ordens. Portanto, este trecho da Bíblia reforça minhas intenções de respeitar a Lei de Deus que está em minha consciência e cumprir a missão que Ele me determinou, até mesmo por cumprimento da ordem de nascimento no qual Ele me colocou no ventre de minha mãe.

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12/01/2013 00h59
DESEJO DO CORPO, VONTADE DA ALMA

            Na condição de ser humano estou sempre envolvido com essas duas forças: desejo do corpo e vontade da alma. Os desejos do corpo visam preservar o organismo na sua sobrevivência física e perpetuação reprodutiva. A vontade da alma visa a evolução moral para chegarmos cada vez mais perto da perfeição, do Criador. As duas forças são importantes, mas devemos coloca-las nas suas respectivas posições. O desejo do corpo é importante, pois visa a preservação do veículo que deve ser utilizado pela alma no seu processo evolutivo. A vontade da alma é o principal objetivo, é ela que tem a natureza eterna enquanto o corpo é destruído pelo tempo e transformado em outras condições. No entanto o desejo do corpo é muito mais forte na mente, obscurece com força a vontade da alma. É necessário que façamos um esforço cognitivo para compreender essa hierarquia, senão corremos o risco de desperdiçar a nossa vida correndo atrás dos interesses temporários do corpo, esquecido da necessidade evolutiva da alma em sua eternidade. Nesse contexto as grandes personalidades espirituais como Jesus Cristo nos trouxe um grande benefício quando em nosso meio ensinou na teoria e prática a prevalência dos valores espirituais, da importância de privilegiar a evolução moral e de reconhecer o Criador como o Pai de toda a Natureza.

            A harmonia do corpo com a alma deve existir para que tenhamos uma vida com harmonia dentro dos relacionamentos que somos obrigados a construir na existência. Dou muito valor aos princípios espirituais, obedecendo as lições do Mestre Jesus, mas não consigo e também acho que tem sua importância vivenciar os desejos do corpo. Foi assim que ontem participei de um show de humor em restaurante localizado na praia. Predominava os interesses do corpo, alimentação, bebidas, sexualidade... Sentado em mesa mais afastada do palco principal com meus companheiros na ocasião, eu procurava me integrar na alegria reinante no ambiente, as piadas que envolviam uma forte sexualidade, até mesmo bizarra, mas que isso era o motivo principal do riso, o jogo erótico dos corpos, a importância das formas, o exagero das vestes... vez por outra minha consciência sintonizava com minha alma e eu perguntava, que valor eu irei tirar dessa experiência? Tem a importância de estar com os amigos, de rir também das situações... mas... fica algo de muito sério fora do contexto... a evolução moral necessária ao espírito, foi realizada? Fora o fato de que eu estava harmonizado com meus companheiros, que procurávamos ser discretos, que alimentamos o nosso corpo com essas condições que podem até levar a ele ficar excitado... é o suficiente? Sim, acho que devo frequentar esses ambientes da forma que fiz, uma exceção da minha rotina que deve ser mais dirigida aos valores do espírito. Mesmo porque, quando o contento, quando o espírito se sente confortado com a realização de suas obrigações, nada desse divertimento mundano parece ter importância, posso até usar os prazeres da carne, mas totalmente dentro dos valores do espírito. Nada do que vi naquele ambiente, onde nada falava da importância do espírito, de seu crescimento moral. Mas faz parte do nosso aprendizado e não me arrependo de ter ido, pois aprendi como funciona esses ambientes, como reage o meu corpo e a minha alma nessas condições e sei que fui um bom amigo para os meus companheiros naquela ocasião.

 

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em 12/01/2013 às 00h59
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10/01/2013 17h13
SAI DE TUA TERRA

            Quando Francisco rompe com a sociedade em obediência ao seu paradigma, chega para ele a hora do êxodo, hora de sair, simbolicamente, de sua terra, do meio dos seus parentes. Na prática Francisco deixou a sua casa e não mais voltou, a não ser quando o pai o forçou a ficar preso, sob correntes no calabouço. O santo dirá mais tarde em seu testamento: “E saí do mundo.” O divórcio com o mundo significava um esponsal com Jesus e seu Evangelho. De agora em diante ele não pertence a ninguém, ficou livre para comprometer-se e pertencer só e totalmente a Jesus, e em Jesus a todos os pobres do mundo.

            Quando aplico meu paradigma na vida prática, também sinto que devo sofrer uma espécie de êxodo, devo sair do anonimato. Devo dizer da existência do Senhor Amor Incondicional em minha vida. Francisco de Assis tinha a Senhora Pobreza na sintonia com Jesus; eu tenho o Amor Incondicional na sintonia de Jesus. Ambos em obediência a vontade de Deus que se manifesta em cada um de nós de acordo com a preparação espiritual e material que o tempo e as circunstâncias que fomos colocados favoreceu. A minha visão de Amor Incondicional e procurando seguir as lições amplas do Cristo e as colocando em prática, levou-me a libertação do núcleo familiar exclusivista para uma prática cada vez mais ampliada do amor em todas as direções e no favorecimento da família universal, não exclusivista. Lentamente o meu universo foi se transformando, vivo ao lado das pessoas com bondade e tolerância, mas não sigo os seus padrões de relacionamento exclusivista. Tenho a firmeza que o tempo me proporcionou e as lições espirituais reforçam de caminhar com coerência dentro da perspectiva de privilegiar o amor incondicional em detrimento de qualquer outra forma de afeto.

            Então, nesse sentido, é que não me considero na terra que antes eu vivia, nos relacionamentos que antes eu aceitava, nas leis sociais que disciplinam toda essa forma de pensar e de sentir. Agora eu sigo a Lei do Amor, a principal Lei que Jesus ensinou está ligada ao Pai e ser o desejo dEle que a sigamos na teoria e na prática.

            Sei que é difícil ficar distante dessa terra cheia de preconceitos e de amores interessados, principalmente as companheiras que decidem participara dessa nova forma de relacionamento. Sofremos ironias e críticas de todos que percebem uma realidade diferente e que querem entender de acordo com os seus padrões. É preciso muita paciência e humildade para ouvirmos essas críticas e ironias sem desenvolver raiva ou ressentimento por ninguém, pois eles não sabem os fundamentos do nosso comportamento. Portanto, devemos pedir sabedoria a Deus, para nos momentos cruciais, termos paciência e encontrar as palavras adequadas para dizer da importância do Amor Incondicional, que ele não sintoniza com a exclusão de ninguém e por esse motivo o casamento tradicional que implica na exclusão dos sentimentos, não pode existir para quem deseja cumprir essa forma mais ampla de amor. Devemos explicar que o amor Incondicional é onde está a essência de Deus, que não exclui ninguém dos afetos amorosos, inclusive a própria natureza. Devemos sempre perguntar aos nossos críticos se eles conhecem o que seja o Amor Incondicional, é a nossa grande chance de aplicar a caridade ao nosso redor, pois ao ensinar isso, estamos ensinando sobre o próprio Deus. Então, devemos por nossa parte conhecer a fundo o que seja o amor incondicional.

            Ao sair da terra do amor condicional e entrar na terra do amor incondicional, adquirimos outra cidadania, mais próxima de Deus. É caminhar na vida levando compaixão, compreensão, perdão, tolerância, desapego... dar valor ao que realmente tem valor, é não ficar preso a palavras, gestos, fatos, eventos, situações emocionais... é relevar com compaixão as mágoas, as injustiças, as decepções vividas no nosso cotidiano... é compreender que tudo isso é muito pequeno comparado com a grandeza da alma, com a grandeza da vida, com a grandeza de Deus!

            Não devemos esquecer jamais! A senha para a entrada nesta nova terra é o Amor Incondicional. Todos merecem a oportunidade de entrar também nessa terra onde será construído o Reino de Deus, até os nossos mais perversos críticos. Quando surgir uma oportunidade, conversar de forma fraterna com ele, explicar o que é o Amor Incondicional e como devemos nos esforçar para o praticar e assim experimentar o sentido de uma nova vida. Quando essa compreensão chegar a mente de cada um, com certeza, os nossos críticos se transformarão. Podemos até propor um jogo de faz de conta, será divertido e ao mesmo tempo muito esclarecedor. Poderia ser assim:

  1. Vivencie um dia inteiro fazendo de conta que sabe amar incondicionalmente;
  2. Seja paciente e tolerante;
  3. Revele as pequenas mágoas, os ressentimentos;
  4. Olhe nos olhos do outro;
  5. Exercite a solidariedade, a compaixão, o companheirismo;
  6. Evite a autocrítica negativa e a crítica ao outro;
  7. Priorize atividades que vise ajudar o próximo;
  8. Permita ter tempo para si mesmo e para o outro;
  9. Faça de conta que está perdoando a si mesmo, a tudo e a todos;
  10. Faça de conta que você se respeita e se ama, e que também ama e respeita o próximo;
  11. Imagine que ama a humanidade além dos interesses do ego;
  12. Sorria, seja gentil e carinhoso; e
  13. Expresse através da palavra e dos gestos, calma, alegria, esperança e carinho.

Quem sabe, podemos descobrir através desse jogo de faz de conta, tanto prazer, tanto contentamento, ao ponto de até decidir incorporar a expressão do Amor Incondicional na nossa atitude interna, na nossa postura, na nossa caminhada.

Talvez brincando possamos encontrar a verdade da vida!

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em 10/01/2013 às 17h13
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09/01/2013 04h16
RUPTURA COM A SOCIEDADE

            Houve um momento no historia de Francisco de Assis, que ele rompe com a sociedade para seguir a vontade de Deus que foi instalada pela graça em sua consciência. Inácio Larrañaga escreve em seu livro “O irmão de Assis” que: Abrira-se uma distância invencível entre ele e a família, entre ele e a sociedade. Já não havia nada de comum entre eles. Ninguém o compreendia nem podia compreender; vivia em outro mundo. A família e a sociedade firmam os pés sobre o senso comum, sobre a plataforma de convencionalismos e necessidades, às vezes naturais, às vezes artificiais: é preciso casar-se, ter filhos, ganhar dinheiro, construir um prestígio social... é difícil, quase impossível, ser livre nesse ambiente e a pessoa que quer seguir Jesus até as últimas consequências precisa antes de tudo da liberdade, e não há liberdade sem saída.

            Incrível como essa interpretação da vida de Francisco se ajusta ao que penso e das consequências que advém por querer seguir a vontade de Deus em minha consciência, apesar do paradigma de vida diferente. De tudo que foi dito acima, só faço restrição de duas coisas que podem ser aplicadas ao meu paradigma, mas não ao de Francisco: ter filhos e ganhar dinheiro. Acredito que ter filhos faz parte da Lei da Natureza e que ganhar dinheiro é importante para manter um padrão digno de sobrevivência e de capacidade de ajudar o próximo. Tudo fica ajustado ao meu Senhor, o Amor incondicional, mas não se ajusta a sua Senhora, a Pobreza. A construção de um prestígio social dentro dos meus paradigmas está associada ao bom serviço que eu possa prestar à sociedade dentro de minha capacidade técnica adquirida. Isso não ofende ao Amor Incondicional e desde que eu mantenha esse prestígio social longe do orgulho, da vaidade e da injustiça, ele será útil para o cumprimento da minha missão que está alicerçada principalmente nos relacionamentos.  

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em 09/01/2013 às 04h16
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09/01/2013 00h59
SENHORES DA VIDA ESPIRITUAL

            Vejo que postar neste blog os temas de minha experiência cotidiana centrando na vida de pessoas santas, exige um tempo maior para complementar informações com procura em diversas fontes, o que muitas vezes não tenho devido os compromissos que tenho que respeitar. Assim voltarei a fazer como antes, as leituras que estarei fazendo no momento de postar o blog, quaisquer que sejam suas fontes, são as que irão orientar minhas reflexões.

            Cada um de nós recebe de Deus uma missão para cumprir na vida de acordo com sua capacidade adquirida ao longo tempo de aprendizado nesta e principalmente, em outras encarnações. Quando voltamos aos bancos escolares da escola material, o espírito traz na sua memória mais profunda todas as conquistas das lições anteriores, da mesma forma que um aluno que retorna escola tradicional vai ser matriculado onde o seu grau de aquisição de conhecimentos o permite, dentro de uma escala hierárquica.

            Assim foi com Francisco, o santo de Assis. Chegou ao lar de Bernardone e Pica, que como seus pais biológicos o educou e propiciaram recursos financeiros para uma vida fácil e libertina. Mas o Pai espiritual de Francisco tinha outros projetos para ele e lhe deu a missão totalmente inversa ao que seu pai biológico queria. Francisco tinha preparo para não atender nem ao seu pai biológico, nem aos senhores da terra, reis e papas, na condição de cavaleiro, empunhando uma espada. Francisco também tinha preparo para atender ao chamado espiritual do Pai, seguindo o exemplo de Jesus e elegendo a Senhora Pobreza como paradigma de vida.

            Como todos tem sua missão, eu também reconheço a minha que traz muita semelhança em alguns aspectos com a missão de São Francisco. Na sua transformação lenta ao longo do tempo, na sua referência toda especial a Jesus Cristo como modelo a ser imitado, mas não quanto a pobreza que ele escolheu como paradigma de vida. O paradigma de vida que escolhi foi com o Senhor Amor Incondicional e suas diversas manifestações. A partir daí toda uma diferença surge na forma de seguirmos a vontade do Pai e cada um com a essência do Criador em nossos corações e nossos atos.

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em 09/01/2013 às 00h59
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