Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
08/12/2012 03h05
ALIMENTO DO CORPO E DA ALMA

            Ninguém duvida da importância do trabalho para conquistarmos o direito de alimentar o corpo e assim sobreviver. Existem diversos tipos de trabalho e no meu caso quero ressaltar um que me tira da proximidade das pessoas que tenho convivência íntima: o plantão. Sempre que vou para o hospital em função de um plantão, fico 6, 12 ou mesmo 24 horas longe das pessoas que amo com mais profundidade devido os laços de intimidade. Todas entendem essa necessidade, ninguém fica chateada, ressentida, porque coloco parte do meu tempo no acolhimento com outras pessoas, ajudando de forma técnica e procurando amar cada um como a mim mesmo. Todas entendem que este tempo gasto nessa atividade é o que vai proporcionar alimento para o meu corpo e para os meus dependentes. Longe de me criticarem por causa disso, todas me elogiam, que eu não sou preguiçoso, que sou trabalhador, e dessa forma alimentam mais ainda o meu amor por mim.

            Por outro lado, sei da importância do mundo e da vida espiritual. Sei que minha passagem pelo mundo da matéria é fugaz, um simples momento de aprendizagem, nada mais! A verdadeira vida é desenvolvida no plano espiritual para onde voltarei após a falência deste meu corpo físico. Portanto, o alimento do corpo é importante, porque garante que meu instrumento material por onde o meu espírito se qualifica, se mantém em boas condições de operacionalidade. Mas, o mais importante é que eu consiga o alimento espiritual para a minha alma, este é o objetivo maior. A maior fonte de alimento para a alma é o amor. Amor este dirigido para Deus em primeiro plano, como arquiteto do universo e Criador de toda a Natureza e criaturas. Em segundo plano para mim mesmo, reconhecendo o meu corpo e meu espírito como elementos que seguem o meu livre arbítrio na direção do que eu considero como mais importante. Em terceiro plano o próximo no qual eu vejo também a presença de Deus que deve ser amado tanto quanto eu. Nessa relação com o próximo pode surgir o interesse tanto material (reprodutivo) quanto espiritual (evolução afetiva e moral) de uma integração maior, de um nível de intimidade que pode chegar ao máximo na troca de fluidos, na relação sexual. Eis a fonte do alimento para a alma, em qualquer um dos três níveis.

            No entanto, observo um grande paradoxo: enquanto todas entendem o meu afastamento para adquirir o alimento para o corpo, ninguém entende o meu afastamento para eu adquirir o alimento para minha alma. Caso eu esteja num plantão todas entendem o meu afastamento e não se incomodam por estar só; caso eu esteja num encontro afetivo com outra pessoa, ninguém que esteja só entende o meu afastamento. Onde estará a raiz desse paradoxo? No plantão quem está só entende que o meu afastamento é para que eu tenha recursos para garantir a sobrevivência física, inclusive dela que está a distância; no encontro afetivo quem está só pensa que está abandonada e que o meu afeto vai ser com exclusividade de outra pessoa. Eis aí a raiz do paradoxo! Como explicar a quem fica só, que a minha alma está se alimentando, que eu estou me fortalecendo com a luz do amor, e que esse resultado também será benéfico para ela que está distante? Como explicar a quem fica só, que esse amor que alimenta minha alma vem através de outra pessoa, mas sua fonte é divina, vem do próprio Deus? Mesmo que tenha um aspecto animal, instintivo, de romantismo, de sexualidade? Alguém acreditará que o amor incondicional que vem do próprio Deus é superior a qualquer outra forma de amor, por mais forte que seja como o amor romântico que pode levar a uma paixão avassaladora? Eu acredito, eu sinto isso, eu pratico isso!

            Então, estou em outro patamar de compreensão e de condução da vida quando comparado com a maioria das pessoas, inclusive muitas altamente espiritualizadas. Não quero dizer que sou o dono da verdade e que todas as pessoas que pensam diferente estão erradas. O que quero dizer é que a minha consciência, onde se encontra a Lei de Deus, entende que a vida se procede dessa maneira e que devo realmente priorizar o alimento da alma em detrimento do material. O alimento do corpo é o meio, o alimento da alma é o fim. Não posso direcionar meu comportamento para os meios e sim para o fim. Foi este o objetivo da minha vinda para esta nova encarnação que estou vivenciando. Caso eu abandone minha posição racional de alimento da alma, e passe a praticar apenas ou priorizar as ações que apenas alimentem o corpo, eu não cumprirei minhas obrigações espirituais que devo ter assumido ao reencarnar. Além do mais, se eu desse a prioridade de minhas ações ao alimento material, com certeza ninguém faria tanto esforço para ficar comigo com exclusividade, pois veria que minhas ações seriam apenas para garantir a minha satisfação material e com certeza os prazeres do corpo eu iria encontrar com muito mais abundância em qualquer local desse mundo material. Seria uma pessoa mais jovem, uma bunda maior, um seio mais esculpido, uma pessoa mais rica, e por aí vai. Ninguém se sentiria tão confortável ao meu lado como se sentem agora, quando o meu foco é o alimento espiritual e no qual todos os seres são considerados, principalmente quem tem ou teve um relacionamento íntimo comigo.

            Mas, reconheço, conviver comigo que tenho um foco no alimento espiritual, enquanto a pessoa tem um foco ainda forte no alimento material, gera um conflito com potencial devastador para quem não está suficientemente espiritualizada. Tenho o exemplo da minha primeira companheira e da segunda também. Esta última até hoje não consegue me encarar e olhar nos olhos, tamanha é a decepção que ela tem comigo e do ressentimento do que ela poderia ter e que eu nunca poderia ou poderei dar: a exclusividade do meu amor. Tenho que ser cuidadoso nesse aspecto e não deixar muito perto de mim pessoas que sofrem tanto quando estou alimentando o meu espírito com outras pessoas.

            Por fim, peço a Deus a sabedoria necessária para entender com segurança a Sua Lei do amor, que eu reconheça os meus erros e que tenha coragem de corrigi-los o mais breve possível; que eu consiga aconselhar e orientar comportamentos e sentimentos das pessoas que me amam tanto e que me querem com tanta exclusividade. Que eu tenha a firmeza de manter o meu comportamento e condições de vida dentro dos padrões exigidos pelo Pai para que eu consiga fazer valer a Sua vontade, não a minha e nem a vontade de quem me acompanha nesta jornada atual da vida.

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07/12/2012 21h34
O AMOR NÃO É AMADO

            No primeiro momento que li esta assertiva de São Francisco de Assis, fiquei meio encucado. Como é que o amor não é amado? De onde ele tirou isso? Fui ver então porque ele afirmava isso e vi que era uma conjectura, talvez mesmo uma contestação, do que aconteceu com Jesus. Ninguém que tenha conhecimento da vida de Jesus, pode contestar que a principal lição que ele estava sempre mostrando em prática e teoria era o amor. Pode assim ser considerado o embaixador do amor, que veio em nome do Pai (Deus) transmitir essa magna lição aos ignorantes nativos deste planeta. Mas, o que aconteceu a Ele? Foi derrotado numa eleição direta quanto viver ou morrer, onde concorreu com um assassino confesso e quem votou de forma aberta foi justamente a massa que Ele tanto cuidou, curou e amou. Depois dessa condenação, seguiu após ser açoitado de forma impiedosa e coroado com espinhos, por uma estrada tortuosa e íngreme, conduzindo um pesado madeiro, apupado pelos curiosos, em direção ao monte onde seria crucificado. Está muito certo São Francisco ao chegar a essa conclusão: o amor, representado pelo Cristo, não é amado pela massa humana que Ele tanto amou, e curava o corpo e a alma.

            Posso dizer que passo por experiências parecidas. Considero-me um discípulo do Mestre Jesus e procuro incorporar em minha vida suas lições, principalmente a Lei do Amor. Como Ele fazia também eu procuro fazer. Amar a todos que estejam próximos, indistintamente. Vou até mais além e chego a me envolver intimamente, chego ao ponto de trocar fluidos com a pessoa que naquele momento está sendo amada. Com esse comportamento acredito ficar mais próximo do Reino de Deus, o qual Jesus ensinava nascer no nosso coração e se consolidar na comunidade, nas diversas formas de amar com inclusividade, onde todos são incluídos e não excluídos e daí viabilizar a família universal. No entanto, as pessoas mais próximas, para quem o amor é mais fortemente canalizado, dão o exemplo de que não amam o amor, expulsam com atitudes iradas de suas presenças o agente do amor, pelo simples fato do amor naquele momento não ser dirigido para elas. É uma tarefa difícil, amar tanto e saber que no fim vai ser repudiado pelo outro a quem também dedica amor, justamente devido a isso: amar!

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em 07/12/2012 às 21h34
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07/12/2012 00h59
CAMINHO DA MISSÃO

            Tenho a consciência da existência dos mundos, material e espiritual. Sei que o mundo espiritual é onde se processa a vida real, a matéria é apenas reflexo de realidade, fugaz, temporária. Passei do mundo espiritual para o mundo material com o objetivo de aprendizado, de conhecer as forças oriundas do interesse reprodutivo e saber domesticá-las de acordo com as necessidades de aprimoramento moral do espírito. Assim, sei que minha existência agora no mundo material, tem o propósito de cumprir uma determinada tarefa de interesse do espírito, cumprir uma missão.

            O caminho que leva ao cumprimento da minha missão foi elaborado ao longo do tempo da minha educação, da oportunidade que tive de aprender com diversos professores, acadêmicos, técnicos, místicos, religiosos, etc. Cada um tem igual oportunidade, porém as chances de aprendizado por qualquer tipo de corrente do pensamento, varia muito de indivíduo para individuo, pois uma mesma experiência partilhada por dois indivíduos, mesmo que eles sejam gêmeos idênticos, sempre vai haver alguma perspectiva que um tem, que aprendeu, e o outro não. Isso implica que, mesmo que a pessoa tenha uma proximidade muito grande com os respectivos paradigmas de vida , sempre vai haver algum ponto destoante, por mínimo que seja.

            As pessoas que tenham um mínimo de diferença de seus respectivos paradigmas, são os mais capacitados para se tornarem companheiros no jornadear da missão. Ao longo da minha vida encontrei muitas pessoas que despertavam simpatia e motivavam o aprofundamento da relação, mas logo se percebia pontos de profundas distorções com o potencial de impedir o companheirismo harmônico.

            Cada vez mais vou adquirindo a consciência de que, qualquer pessoa que passe a morar comigo, ou mesmo conviver com mais intensidade, vai logo despertar esses pontos de distorção de paradigmas, o que gera conflitos, desarmonia e queda da qualidade de vida. Tenho que ter o bom senso de que, quando observar essa ocorrência, cortar de imediato o nível dessa convivência, sob pena de ver transformado o sentimento de amor que antes essa pessoa nutria por mim, por sentimentos negativos, de raiva, ressentimento, talvez até ódio. Não é isso o que deseja um caminhante do amor!

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em 07/12/2012 às 00h59
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06/12/2012 00h59
TURBULÊNCIAS

            Não somos navios, não estamos navegando em alto mar, não estamos submetidos aos vendavais marítimos, mas tem dia que parece que nós somos uma nau a navegar nessas circunstâncias, cheias de turbulências. Assim correu o meu dia de hoje, do começo até o fim.

            Acordei logo cedo com o objetivo de colocar o carro para a revisão, já que eu rodava com um carro locado há sete dias, arcando com toda a despesa. Deixei o carro na concessionária, mas ela não me forneceu um veículo para eu ir pegar o carro locado. Paguei uma corrida de táxi de um extremo a outro da cidade, em pleno período natalino onde esses carros são autorizados a cobrar uma taxa extra a título de 13º salário. Parei num restaurante ao meio dia e dei toda a corda à gula, coloquei 1,2 kg de alimento no prato e o comi todo acompanhado de dois copos de suco. Quebrei minha programação de perder um kg a cada dia. Fui em seguida fazer perícia, o paciente marcado não compareceu e surgiu outro que não estava sendo esperado, com alta complexidade, acompanhado de diversos familiares que estavam em conflito em função do curador do examinando. Terminei tarde e um documento que precisava ser assinado teve que voltar para completar as assinaturas. Era o último dia do curso que eu coordeno, mas já estava na hora de pegar o carro que havia sido revisado. Deixei o meu colega sozinho na sala de aula com os alunos no seu último dia e tive que ir a concessionária. Não resolveram o sensor da ré, nem o pneu que estava com um bucho. A concessionária disse que nada podia fazer apesar do carro estar apenas com três meses de uso. Ficou a abertura para eu acionar a fábrica, o PROCON ou o proteste. Enquanto isso vou rodar com o pneu em risco? Ao retirar o carro não tinha mais tempo de participar de uma assembleia da loja e optei para ir à reunião espiritual das quartas feiras. O documento que eu deveria levar com urgência para entregar a minha irmã, para entregar ao advogado, para entregar o juiz e este não cancelar a aposentadoria do meu irmão que se encontra internado não estava no carro. Tive apenas a notícia que a janela do apartamento caíra que quase causava um acidente sério, que o apartamento iria passar a noite com a janela sem vidro exposta as intempéries. Tive que voltar para dormir no apartamento e deixar a programação de dormir fora nas quartas feiras que sempre faço. Passou o dia todo e não tive tempo de preparar uma perícia que tenho que entregar com urgência, não preparei a prova que tenho que aplicar na segunda feira, não fiz o projeto de monitoria cujo prazo já foi adiado para o dia sete. Fiquei o dia mergulhado em turbulências. Não deu nem para pensar em Deus, mas com certeza Ele pensou em mim e deve ter conduzido as circunstâncias no ponto de administração das minhas forças e por isso agradeço mais uma vez a Ele. Para fechar a noite, fui passear o cachorrinho que espera toda quarta feira por seu passeio. Afinal, ele também é uma criatura de Deus, e Ele me usa para fazer com que a turbulência não atinja com força meu companheirinho.

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em 06/12/2012 às 00h59
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05/12/2012 00h06
EM BUSCA DO REINO PROMETIDO

            Jesus prometeu que poderemos um dia vir a morar num Reino de justiça, amor e fraternidade. Disse que somos filhos de Deus, assim como todo ser humano existente nesta terra ou em qualquer galáxia, por mais próximo ou distante que esteja de nós. Falava com tanta convicção, dava exemplos tão coerentes, que não tinha como dizer que Ele estava errado ou que queria nos enganar. Acredito profundamente que Ele é honesto, que suas lições estão certas e que devo construir esse Reino de Deus a partir de meu coração. Passei a seguir suas lições com o máximo de coerência, mesmo que isso fosse de encontro aos valores culturais da minha comunidade. Reconheci o Amor Incondicional como a maior força do universo e que é representada nas nossas relações como a Lei do Amor. Com isso comecei a fazer faxina do meu coração e passei a fazer a retirada de tudo que fosse catalogado como egoísmo. Tive um sucesso razoável e passei a ampliar essa Lei do Amor que já prevalecia em meu coração para os relacionamentos diversos, principalmente os íntimos. Mas foi aí que encontrei os maiores obstáculos. O amor romântico prevalece no coração dos diversos corações femininos que encontrei na minha jornada, e se torna prioritário, sabe da hierarquia superior do Amor Incondicional, mas no momento da paixão não o respeita. Prevalece a tendência exclusivista do relacionamento, surge o ciúme, a intolerância, a vaidade, enfim, uma gama de sentimentos negativos, todos como filhotes da útero do egoísmo.

            Minha busca pelo Reino de Deus termina nesse beco sem saída. Jesus falou que o Reino pode ser construído na comunidade, dentro dos relacionamentos, mas por que Ele não nos deu essa lição? Por que não se envolveu afetivo e intimamente com uma mulher para nos mostrar de forma bem didática, como desenvolver o amor romântico sem considerar a hierarquia superior do Amor Incondicional? Ou será que Ele espera que alguém dê continuidade as suas lições em busca do Reino prometido? Enquanto a dúvida fica de lado, procuro continuar a exercer o Amor Incondicional e quando surge o amor romântico procurar sempre colocá-lo em subordinação. Esta lição da minha parte já aprendi. Mas como ensinar aos outros? Assim, ainda não sei como alcançar o Reino Prometido, pois agora não depende só de mim.  

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