Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
09/10/2012 08h23
IRMÃO ESPIRITUAL

            “Se a mãe nutre e ama seu filho carnal, quanto mais diligentemente não deve cada um amar e nutrir o seu irmão espiritual?”

            Esta frase escrita por São Francisco (Fontes Franciscanas e Clareanas, Regra Bulada – pg.162) faz a ligação de duas formas de amar: o amor materno e o fraterno. O primeiro é de natureza biológica (filho carnal) e o segundo de natureza transcendental (irmão espiritual). Claro, no campo material onde nos relacionamos na atual fase de nossa vida, o amor materno é uma das maiores manifestações de amor e expressa de forma ampla na comunidade dos seres vivos, biológicos, principalmente os mamíferos. É uma questão de instintividade onde a expressão desse amor tem por objetivo a garantia de vida do ser que acaba de nascer. A mãe pode inclusive agir no sentido de prejudicar outros seres vivos, outros recém-nascidos, para garantir a segurança e o bem estar do seu filho.

            Já o amor fraterno espiritual considera todos os seres vivos como originados do mesmo Pai, de Deus, do qual o homem é imagem e semelhança. Aqui não existe a possibilidade de um prejudicar o outro, mesmo que um seja mãe e desenvolva o amor materno, mas os limites de suas ações deverão estar limitadas pelo amor fraterno espiritual. Assim, a compreensão de São Francisco é que o amor espiritual seja observado e comparado em força ao amor materno, mas em essência deve este ser subordinado aquele. O amor espiritual não visa prejudicar ninguém, mesmo qu seja no favorecimento do próprio filho.

            Este é um salto fenomenal onde o amor carnal, biológico (fraterno, materno, paterno, etc.), apesar de toda força que tem, deve ser subalterno ao amor espiritual. Jesus também ensinou isso ao ser avisado que sua mãe e irmãos estavam chegando. Ele no meio da reunião disse que “meus irmãos são aqueles que cumprem a vontade do Pai”. Mostrava assim, não que desprezasse seus parentes biológicos, mas que a hierarquia maior estava  no amor espiritual.

            No meu cotidiano também tento observar essa hierarquia. Tenho relação com meus parentes e pessoas com laços afetivos profundos, até a intimidade sexual. Com todas essas pessoas sinto que meu afeto é forte e que existe o sentido de proteção, orientação e cuidados de toda espécie. Mas reconheço a prioridade do amor espiritual que se espalha por todos e se manifesta na realidade do próximo, quem quer que seja ele. Jamais farei qualquer mal ao próximo para beneficiar qualquer membro de minha família, dos meus afetos, ou de mim mesmo. Esta é a minha intenção.

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08/10/2012 18h05
QUANDO FIZERES AO OUTRO...

            Oh! quão sublime, quão complexo e quão simples os caminhos do amor... todos querem ser amados, muitos tem medo de amar, poucos sabem o que verdadeiramente é o amor. Somos ludibriados pelos impulsos da carne e damos o nome de amor ao desejo de ficar sempre na posse exclusiva de quem dizemos amar. Não compreende que o amor é livre, que nada o pode prender ou corromper, pois senão, em passe de mágica, ele deixa de ser o amor; é um príncipe que vira sapo!

            Não, meus irmãos, não queiram prender o amor, pois quem dele estar revestido não aceita nenhum tipo de pressão pela exclusão, pela intolerância; ele precisa como do ar que respira, exalar o seu amor por todos os poros, rincões e corações. Não, não queiram prender o amor... querem ser amados pelo amor? Então amem a quem ama o amor, pois fazendo assim o amor mais amará você.

            Assista o filme “O quarto sábio” e absorva a lição magna do Mestre Jesus. O quarto sábio era mais um dos Reis Magos que foram em caravana visitar e presentear Jesus, reconhecido por eles como o Rei da humanidade. O quarto sábio perdeu a caravana e decidiu ir sozinho na companhia do seu servo, levar também seu presente aquela criança divina. No caminho perdeu muito tempo, dinheiro e o presente que levava consigo. Gastou tudo no sentido de ajudar ao próximo. Quando no fim da vida tem o tão esperado encontro espiritual com o “Rei” pede desculpas por não tem amis nada para oferecer. O “Rei” diz que ele já deu seus presentes e que ele os aceitou de muito bom grado. Devido o seu ar de dúvida e perplexidade, o “Rei” explicou:

            “Quando eu tive fome, me destes o que comer; quando eu tive sede, me destes o que beber; quando estava nu, me vestistes; quando estava desabrigado me acolhestes.”

            Não, eu não o vi com fome, nem com sede, eu não o vesti, eu não o acolhi em minha casa... não o tinha visto até agora! Tentou refutar o sábio.

            Então o “Rei” dá a sua grande lição:

            Quando fizestes coisas pelo menor dos meus irmãos, fizestes por mim!

            O sábio reconhece enfim, que encontrou o Rei e que Ele aceitou todos os seus presentes. Morre com um sorriso nos lábios e a paz no espírito.

             Assim é a minha forma de amar, seguindo as lições do Mestre Jesus e procurando ampliar o seu alcance dentro das exigências do mundo atual com toda sua riqueza científica e tecnológica, sempre com a proteção e orientação no nosso Pai.

            Amo a todos com a profundidade e respeito que cada caso requer. Jamais o objeto do meu amor será abandonado por mim ou terá meus sentimentos positivos por ele transformados em negativos.

            E quem desejar ter uma fatia maior do meu amor, que ame principalmente a todos aqueles que amo com a intensidade proporcional: a quem mais eu amar, que a pessoa a ame talvez mais do que eu, somente assim atrairá de forma irresistível meu amor para ela.

            Mesmo que a pessoa que deseja que eu a ame, não me veja nessa outra pessoa que também me ama; talvez seja até considerada pela inteligência mundana como uma adversária, uma lepra para o ego, mas fazendo assim, a minha alma reconhecida, em qualquer lugar ou momento receberá com satisfação esses preciosíssimos presentes de amor.

            Tão sublime, não é? Tão complexo e tão simples!

 

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em 08/10/2012 às 18h05
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07/10/2012 13h51
DIA DE ELEIÇÃO

            Hoje é dia de eleição municipal no Brasil. Quantos candidatos espalhados por esse pais continental tentam obter uma fatia do poder, muitos usando de qualquer recurso ao seu alcance, mesmo que não sejam dignos de um “candidato”, um ser que deveria ser revestido de candura, de pureza, de inocência... infelizmente não é o que observamos. Mais de uma vez já estive revestido dessa condição de candidato, assumi o máximo de candura que podia, não procurei comprar votos, não troquei o meu trabalho por votos, não prometi o que não podia fazer por votos... não tive os votos suficientes para me eleger. Assim foi em todas as eleições que participei. Jamais deixei o meu slogan: PELA DIGNIDADE HUMANA. Sempre procurei tratar o meu provável eleitor como uma pessoa digna e a mim mesmo com a mesma dignidade que eu via no outro. Não fui ouvido, e se fui ouvido não fui entendido... não pela quantidade suficiente de pessoas para me eleger. Para que minha voz alcançasse muitos ouvidos e sensibilizassem muitos interesses era necessário que eu mudasse minha forma de proceder, que eu procurasse mentir, trocar ou comprar votos; que eu não considerasse o meu irmão, próximo e eleitor com a dignidade que ele merece... isso eu jamais poderia fazer! Decidi não mais perder um tempo nessa tarefa inglória. Ouvi o chamado de meu Deus e me candidatei a outra função para a qual ele me aceitou de imediato: ser obreiro de sua Seara e procurar descobrir a verdade de sob as mentiras, subterfúgios e preconceitos;  de corrigir os erros da humanidade a partir da correção dos meus próprios erros, de minha pequena área de contorno relacionais que são reflexos do que acontece na sociedade; de aprender a retirar as impurezas supérfluas do amor mundano de sobre a pureza divina do amor incondicional; e de procurar me fortalecer a cada momento para resistir as pressões que irei sofrer, tanto dos instintos do meu corpo, quanto dos interesses egoístas de quantos se relacionem comigo.

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em 07/10/2012 às 13h51
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06/10/2012 01h41
O AMOR NÃO É AMADO

            Este era o lamento de Francisco de Assis diante da cruz do Cristo. Parece um grande paradoxo, uma pessoa que se dedicava exclusivamente a fazer o bem, curar os doentes, ensinar a verdade, não ser amado por essas pessoas. Mas foi realmente o que aconteceu com Jesus Cristo. Condenado a conduzir o pesado madeiro, após ter sido derrotado na eleição pública e aberta em detrimento de Barrabás, por aquelas mesmas pessoas que foram alvo do seu amor, agora estava pregado na cruz, coberto de suplícios e olhando para baixo a turba que o agrediam.

            Tenho às vezes a impressão de que isso também ocorre comigo. Sei que dedico o meu amor ao redor tentando ser o mais honesto possível com minhas convicções. As pessoas mais próximas também são os alvos mais constantes desse amor. No entanto, invariavelmente, essas pessoas passam a desejar que esse amor que dedico a elas sejam exclusivos, sejam somente seus. Começam a nutrir essa expectativa e quando percebem que não estão tendo êxito, vêm a frustração e com ela a raiva, o ressentimento... até mesmo o ódio!

            Mesmo com essa situação sendo observada, mesmo assim não deixo de amar a quem me agride, injuria, menospreza...

            Do alto do meu sofrimento, da incompreensão e intolerância sofridos, rogo a Deus que Ele nos abasteça, a todos, com o seu amor divino e assim sejamos capazes de tolerar a justiça ou injustiça das ações reativas; que sejamos capazes de persistir com firmeza nas ações afetivas se isso for de sua inteira vontade; que sejamos capazes de perdoar as injúrias sofridas mesmo sabendo que elas não são justas; que tenhamos a sabedoria necessária para reconhecer os nossos erros, perdoar a nós mesmos e pedir o perdão a quem tenhamos ofendido.  

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em 06/10/2012 às 01h41
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05/10/2012 23h54
DESEJOS REALIZÁVEIS

            Santa Terezinha do Menino Jesus dizia assim: “Deus não inspira desejos irrealizáveis, portanto, apesar de minha pequenez, posso aspirar a santidade.”

            Não desejo alcançar a santidade, apesar de me esforçar para ser um homem de bem e talvez isso seja sinônimo de santidade. Então, o que desejo fazer nesta atual fase da minha vida corporal? Desejo seguir a vontade de Deus que Ele instalou em minha consciência, por paradoxal que seja para quem avalia de fora com os atributos legais e morais da comunidade.

            O desejo que Ele tem para a minha vida é que eu sirva de exemplo para a construção de uma sociedade onde a natureza do seu Reino seja possível colocar em prática;

            Que eu troque o amor de características exclusiva pelo amor de característica inclusivas; e

            Que eu trate o próximo da mesma forma que eu gostaria de ser tratado.

            Com essa montagem de observações de conduta, procuro seguir a vida dentro dos relacionamentos que o Pai oferece. Respeito a opinião contrária do próximo que se aproxima de mim, mas com a firmeza necessária para cumprir o desiderato que tenho como minha missão.

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em 05/10/2012 às 23h54
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