Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
19/09/2012 02h31
DISCERNIMENTO

            “Examinai tudo: abraçai o que é bom. Guardai-vos de toda espécie de mal.” (1Ts 5,21-22). Este sábio conselho está num dos últimos livros da Bíblia: Tessalonicenses. Acredito que eu tenha seguido esse conselho desde cedo. Hoje, evito renegar qualquer coisa sem antes examinar. Isso eu faço em todos os campos da experiência humana. Com respeito aos relacionamentos, pode até ser que eu vá ao encontro de alguém de posse de alguma prevenção conforme fui avisado. Mas sempre deixo aberto a possibilidade do exame e decidir com os valores da consciência o que é bom e o que é ruim. No aspecto filosófico o exame se espalha pelo campo das teorias e concepções existente em todos os agrupamentos humanos. Aqui o exame também se torna complexo e emocional muitas vezes. Os grupos se dividem em sua forma de pensar e sentir nas diversas religiões, partidos políticos, times de futebol, etc. Daí o pensamento torna-se refém de estruturas rígidas de crenças, dogmas, tabus. O próprio grupo faz pressão para que o indivíduo não examine outras formas de pensar. Este é um dos maiores crimes que se comete contra a humanidade, tirando do indivíduo a sua liberdade de pensar, diagnosticar, julgar e decidir. Crime porque a verdade não é refém de nenhum grupo, por mais sábio ou místico que sejam os seus membros. Sempre existe alguma parcela de verdade no pensamento de qualquer grupo, de qualquer indivíduo.

            Aplicando este conselho do Livro de I Tessalonicenses ao Livro de Gênese no caso de Abraão, Sara e Agar, já abordado no dia 17, podemos examinar o que é bom para cada um dos envolvidos. Vejo que tudo foi feito no interesse principal de Abraão e Sara, Agar ficou prejudicada, foi feito um mal a ela. Neste exame a minha consciência continua a seguir o conselho de Tessalonicenses, de me guardar de todo o mal. Por isso tenho que encontrar uma solução para que os interesses de Abraão e Sara se harmonizem com os interesses e bem estar de Agar. A solução que vejo nesse problema do passado, mas que também se encontra nos dias atuais, é transformar a família nuclear baseada no amor exclusivo, na família ampliada baseada no amor inclusivo. Isso, é claro, para aqueles que sintam essa necessidade que Abraão e Sara sentiram de sair dos critérios da família nuclear.

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18/09/2012 23h56
DIA DO PERDÃO

            Hoje é o dia do perdão. Deixo de lado a modéstia afiro a medalha de ouro no meu peito. Se existe uma competição no mundo espiritual, de quem á mais capaz de perdoar, me considero o campeão. Sei que é um exagero, muitas outras pessoas que passaram por este mundo tem uma capacidade muito maior de perdão do que a minha, tendo como ícone dessa capacidade o exemplo de Jesus, que do alto do madeiro, com o corpo cravejado de torturas e a alma escarnecida pelos brutos, irradiava dos píncaros do sofrimento ondas de perdão pela massa ignorante. Mas vamos dizer que estou na competição da terceira divisão, como nos jogos de futebol. Então eu acredito que mereço minha medalha de ouro. Volto a atenção para minha consciência e não vejo nada ou ninguém que eu tenha ódio, raiva ou queira o mal. Todos que me tratam mal, que me ameaçam, que evitam ficar ao meu lado, não me recebem, que me agridem, maldizem ou injuriam, mesmo sabendo que tudo é injusto, perdoo de imediato ao agressores. A minha alma está limpa, a ação detergente do perdão limpa a cada momento que é preciso todas as câmeras do coração, muitas vezes com as lágrimas mudas do sofrimento.

            Nesse ponto me congratulo com Deus e sei que Ele me observa com satisfação, por eu conseguir cumprir tão nobre ação. Isso traz também uma boa compensação para aquilo que faço ou deixo de fazer pela fraqueza no combate à preguiça e à gula. Da mesma forma que consigo, mesmo não sendo tão perfeito, a perdoar todos que me injuriam sem razão, o Pai, que é a total perfeição, com certeza estará me perdoando das minhas fraquezas.

Rogo por aqueles que, por ignorância, cometem tantas barbaridades comigo, e procuro nas oportunidades ensinar a verdade que tão sabiamente o Cristo nos educou. E peço perdão ao Pai também por estas palavras que exaltam o meu ego, pois mesmo sendo justo o que é dito, a modéstia deve prevalecer para que não prevaleça o orgulho.

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em 18/09/2012 às 23h56
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17/09/2012 02h41
SARA E AGAR

            Os muçulmanos contam a seguinte história: “Ibrahim (Abraão para os judeus e cristãos), era um grande profeta, pai de todos os crentes. Como sua velha esposa Sara não tinha filhos, ela convenceu o marido a conceber um filho com a jovem Agar, sua criada. Depois, por sua vez, Sara teve um filho. Ibrahim tinha, portanto, dois filhos: o de sua mulher Sara, que se chamava Isaac, e o de Agar, sua amante, que se chamava Ismael. Mas Sara, enciumada, pediu para que Agar fosse mandada embora, e Ibrahim acompanhou-a com Ismael ao deserto, onde a deixou sob a proteção do Todo-Poderoso. Os judeus se dizem filhos de Isaac, os mulçumanos de Ismael, e é por isso que Ibrahim (Abraão) é pai de todos.”

            Interessante que os judeus e cristãos defendem que Deus quis experimentar a fé de Abraão e ordena que ele sacrifique seu filho único, Isaac. Considera assim, Isaac como o filho único, legítimo, enquanto o outro era o filho de uma criada, enfim, um bastardo. Essa não é uma fonte de exclusão que ainda hoje repercute em todo o mundo?

            Essa situação é um bom motivo para evocarmos o Deus justo, amoroso e compassivo que conhecemos, defendemos e adoramos para ser o juiz dessa contenda.

            Primeiro, apresentaremos os fatos: a) Abraão e Sara eram casados num sistema de família nuclear, com base no amor exclusivo; b) desejavam ter filhos, mas como não conseguiam a solução encontrada foi “usar os serviços da criada” para esse fim; c) depois de ter conseguido o seu próprio filho, Sara expulsa a criada e filho com a anuência de Abraão.

            Segundo, colocamos as críticas: a) Se Abraão e Sara formavam uma família nuclear com base no amor exclusivo, não podiam por nenhum motivo quebrar esse pacto, muito menos por justificativas tão mundanas quanto de passar uma herança; b) ao quebrar o pacto usou a divina ferramenta do sexo que o Criador nos deu para, sem amor, atingir apenas o objetivo da procriação; c) Não teve consideração com os sentimentos e objetivos da criada e chegou ao auge da expulsão da comunidade.

            Terceiro, colocamos as alternativas: a) Abraão desejando ou concordando com a possibilidade de gerar um filho fora do casamento tradicional, mas mantendo o amor como base em qualquer circunstância, deveria antes disso reformular as condições do casamento, retirar dele a condição de exclusividade e que o amor com outra pessoa seria na base da inclusão, essa pessoa deveria fazer parte de sua família, que não seria mais nuclear, seria ampliada; b) A pessoa que é incluída na família dessa forma, por imperativos sexuais ou românticos, depois dela ter sido sensibilizada e sentir em seu coração o afeto suficiente para a empreitada, essa pessoa deve ser respeitada e amada por todos os membros da família e da comunidade; c) Deve haver honestidade e coragem para enfrentar os impulsos de exclusão que continuarão a existir, tanto dentro de cada um, como dentro da família, como dentro da comunidade e proteger a integridade física, psicológica e espiritual da pessoa que também, corajosamente, resolveu entrar nesse paradigma tão diferente do cultural. Jamais chegar ao auge da expulsão, como aconteceu!

            São esses argumentos que coloco para o Deus único de todos nós, detentor da sabedoria final de todas as coisas, para que Ele seja o juiz dessa situação e coloque o Seu veredicto dentro dos nossos corações, na nossa consciência; que sejamos capazes de aprender com os erros cometidos para evitá-los no futuro e ter coragem para fazer o que é certo e não prejudicar a ninguém.

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em 17/09/2012 às 02h41
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16/09/2012 23h49
PRIMEIRO POEMA

             Esta, sim, é osso dos meus ossos

            E carne da minha carne!

            Ela será chamada mulher,

            Porque do homem foi tirada.

            (Gênesis 2,23)

            Na Bíblia, em Gênesis 2,21-22, temos a informação da criação da primeira mulher, Eva: “Então o Senhor Deus fez o homem cair em profundo sono e, enquanto este dormia, tirou-lhe uma das costelas, fechando o lugar com carne. Com a costela que havia tirado do homem, o Senhor Deus fez uma mulher e a levou até ele.”

            Surgem a partir daí diversas interpretações com significado simbólico. Pedro Lombardo, que se tornou Bispo de Paris em 1159, escreveu um ou dois anos antes, em seu famoso sumário da doutrina cristã intitulado O Livro das Sentenças: “Eva não foi tirada dos pés de Adão para que fosse sua escrava, nem da cabeça para que governasse sobre ele. Deus tirou-a de seu lado para que ela fosse sua parceira.”

            Matthew Henry ao escrever seu comentário bíblico em 1704, provavelmente deve ter se lembrado de Lombardo para afirmar que Eva “não foi feita a partir da cabeça de Adão para superá-lo, nem dos seus pés para ser esmagada por ele, mas de seu lado, para estar ao lado dele, em igualdade; sob seu braço para ser protegida, e perto do seu coração para ser amada.”

            Surge daí a ideia de casamento que segundo os intérpretes da “palavra de Deus” une o homem à mulher de forma monogâmica, exclusivista. Prefiro deixar um pouco de lado as interpretações dos doutores, sacerdotes e demais profetas sobre a vontade de Deus, para voltar a origem dos fatos segundo o simbolismo da criação. Deus fez o homem sua imagem e semelhança e a partir dele fez a mulher para complementar a sua vida. A partir daí a mulher assume uma posição secundária na Natureza, comparada ao homem e dentro desse simbolismo. Mesmo que as interpretações dos sacerdotes e doutores da lei tentem trazer um equilíbrio a essa compreensão.

            Do ponto de vista material, tudo está relacionado à origem da vida biológica e seus determinantes evolutivos, ligando os seres primordiais, unicelulares, aos seres sofisticados, pluricelulares, cujo protótipo mais evidente ao nível da consciência é a espécie Homo sapiens que representa o homem e a mulher. Nesse contexto não há a primazia do surgimento, da criação. Ambos tem o mesmo peso no surgimento dentro do plano da vida biológica, com suas atribuições prevalentes bem determinadas, o homem de proteção e provisão, a mulher de reprodução e cuidados.

            Do ponto de vista espiritual a questão do gênero perde sentido. O espírito não necessita do acasalamento para se reproduzir, é criatura do próprio Deus, sem necessidade do sexo. Porém, é criado simples e ignorante, dotado de livre arbítrio e por isso deve por esforços próprios evoluir principalmente no campo moral, dos afetos e sentimentos, para se aproximar da Natureza de Deus com sua individualidade respeitada. Necessita da experiência carnal, encarnado assim no corpo biológico, submetido às leis da reprodução que viabiliza a vida dentro da matéria, para aprender a absorver e desenvolver a Lei do amor, como forma de respeitar os imperativos materiais e ao mesmo tempo obedecer aos imperativos do Criador (Natureza). Dessa forma o espírito precisa passar pela experiência tanto de homem quanto mulher nas suas diversas reencarnações ao longo de seu processo evolutivo.

            Com esta perspectiva vou ao encontro do relacionamento com a mulher, sabendo do simbolismo da criação, da forma de evolução dos seres biológicos e das necessidades de nossos espíritos, tanto do meu espírito enquanto homem, quanto o espírito dela enquanto mulher, na atual fase de nossa experiência no campo material.

            Assim, não posso pautar a minha vida por interpretações de outras pessoas, por mais sábias que sejam nos seus campos de conhecimento. Com a consciência amadurecida com informações acerca da verdade, devo sim, utilizar toda informação adicional para ir ajustando o meu pensamento a uma conduta mais apropriada para a minha evolução e daqueles que comigo caminham.

            A consequência mais dramática dessa minha forma de pensar, foi desconsiderar a família nuclear assentada no amor exclusivo, para defender e praticar a família ampliada assentada no amor inclusivo. Isso vai de encontro as diversas formulações e legislações dentro e fora dos livros e doutrinas sagradas e que no atual estágio evolutivo prevalecem na comunidade. Considero a mulher como uma parceira fundamental e que devo encontrar dentro das diversas experiências dos encontros, aquelas que melhor sintonizarem com o meu pensamento e acreditem que a pratica do comportamento que defendo é fundamental tanto para a minha evolução como a delas.

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em 16/09/2012 às 23h49
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15/09/2012 23h54
MINHA FAMÍLIA AMPLIADA

             Desde que pela primeira vez quebrei o bloqueio da família nuclear, norteado pela prática do amor exclusivo, e me envolvi afetivamente com outra pessoa, com amor e responsabilidade, foi criado um novo formato familiar: a família ampliada. A senha para a quebra da familiar nuclear e a criação da família ampliada, dessa forma, passa ser o envolvimento íntimos com outra pessoa tendo por base e a responsabilidade.

            A dificuldade é que todos na comunidade têm seus comportamentos pautados pelos critérios da família  nuclear, do amor exclusivo, mesmo que a maioria não os cumpra, que exista um alto índice de traição implícita e explícita,

            Na família ampliada com base no amor inclusivo, não há espaço para traição. Os participantes estarão conscientes de que o amor deve fluir com liberdade e responsabilidade, que a qualquer momento um dos parceiros pode se envolver afetivamente com mais alguém, que isso não implica no abandono dos antigos parceiros em favorecimento dos novos.

            Na minha trajetória de vida tenho colocado em prática esse pensamento. Tive diversos relacionamentos íntimos nessa base. O amor nos aproximava, mas a responsabilidade nos afastava, principalmente com respeito à opinião e decisão dos parceiros que estavam muito comprometidos com os valores da família nuclear/ amor exclusivo. Eu sofria o afastamento, mas permanecia com elas na consciência, como parte de minha família ampliada.

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em 15/09/2012 às 23h54
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