Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
05/08/2012 23h42
AS FAMÍLIAS

            Jesus recebeu a visita de seus parentes quando ensinava a uma multidão. Naquela época e ainda hoje, a família era considerada o núcleo básico da sociedade. A sua perpetuação era e ainda é considerada como um dever e portanto o casal que não conseguia ter filhos viviam com desconforto existencial. Tal era a autoridade que a família exercia na comunidade, que os ouvintes de Jesus não se importaram de interromper seu discurso para que ele pudesse atender os seus parentes. Mas ele tinha algo a ensinar que ainda era mais importante.

            Jesus tinha duas famílias, aquela em que nasceu e foi criado e outra, formada por todos aqueles que conheciam e praticavam a vontade de Deus. De modo algum Cristo menosprezou seus parentes ou negou o valor da família física, mas mostrou que há laços ainda mais profundos que os de sangue. Todos somos filhos de Deus, não como escapar dessa condição, quer acreditemos ou não em sua existência. Para o Pai todos somos seus filhos, Ele reconhece sua criação assim como qualquer criador medíocre aqui na terra reconhece o que produz. A pessoa pode ser um aborígene, um selvagem, um cientista, um sacerdote, todos são considerados pelo Pai como seus filhos, assim como Ele reconhece todas as obras da natureza de Sua autoria. O problema reside em nós nos considerarmos como seus filhos, saber de Sua existência ao longo da eternidade e que nossa vontade deve estar sintonizada com a vontade dEle. Essa condição de reconhecer e praticar aquilo que Deus quer é que vai nos dar o ingresso nessa família espiritual.

            Nossa família biológica é essencial e deve ser tratada com todo amor, mas fazer parte da família de Deus é ainda mais importante, pois ela durará para sempre. Tenho me esforçado, desde que tive a compreensão das famílias que Jesus ensinou, em priorizar a família Universal sem deixar de amar e cuidar da família biológica em que estou inserido. Procuro colocar em prática todo esse ensinamento, mesmo que o ato sexual intimamente associado à família biológica pelo fato dele ser o responsável pela reprodução dos corpos e assim pela continuidade da vida no campo material, seja motivo de críticas externas e de extremo cuidado da minha parte. Compreendo que devo viver inserido na família universal como prioridade existencial, mas que o ato sexual pode surgir no contexto dos relacionamentos e na concordância afetiva dos interessados, sem que seja gerado sentimentos de posse, de exclusividade, por nenhuma das partes.

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04/08/2012 02h05
SIGO EM FRENTE

            As vezes fico abalado com o veneno das palavras ditas por certas pessoas, pessoas que amo profundamente. Mesmo que eu não demonstre a dor que me vai na alma, o mal juízo que é feito sobre o meu comportamento apesar de toda a transparência que procuro ter, da mesma forma que me exponho de forma tão íntima neste blog, deixa o meu coração dolorido. Nunca procurei enganar ninguém, sempre disse da vocação que me chegou na consciência, que não podia mais amar ninguém com exclusividade, então porque tanta revolta quando eu faço aquilo que me dispus frente a Deus e ao mundo? Por que formam um juízo falso e até negam o meu amor, já que o meu principal foco na vida é justamente o amor? Só porque eu não entreguei esse meu amor com exclusividade a alguém? Mas considero o juízo de Deus o mais importante. Este sim, é verdadeiro. O juízo dos homens pode ser falso, porque estes muitas vezes se deixam levar pela inveja, pelo orgulho ou pelo ciúme. Eu tenho a consciência em paz, levanto a cabeça para os céus e fito o olhar de Deus no firmamento e não vejo nEle nenhuma condenação, pelo contrário, vejo a Sua satisfação em perceber que os meus frutos são saudáveis, nutritivos e suculentos. Isso me faz seguir em frente. Um dia a verdade e a justiça triunfarão e todos que hoje estão equivocados terão oportunidade de corrigir seus falsos juízos, sentimentos e comportamentos, inclusive eu.

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03/08/2012 01h42
VOCAÇÃO

            Dom Frei Severiano Clasen, OFM (Ordem dos Frades Menores) dizia que é nobre termos consciência que todos somos chamados para algo na vida. Vocação é um chamado de Deus. Deus tem uma missão para cada um de nós. Eu me senti compelido a responder com a minha própria vida o que Deus espera de mim. Não foi o impulso para viver em algum mosteiro, de fazer votos de castidade, obediência e pobreza. Mas senti que Deus me chamava para fazer algo de bom, com o meu modo de ser, com minhas atitudes, com carinho e com entusiasmo. Mesmo que aparentemente seja um comportamento fora da Lei de Deus, pois vai de encontro a formação da família nuclear que entendemos enquanto sociedade, ser a base da comunidade cristã. Mas assim como Francisco foi chamado para reformar a igreja suntuosa e mostrar o valor da humildade e da pobreza, assim eu sinto que fui chamado para construir uma alternativa de relacionamento onde o amor inclusivo fosse considerado com maior respeito e hierarquia já que se encontra mais próximo do amor incondicional, do amor universal. Responder a esse chamado significa me tornar estranho aos olhos do mundo material onde o egoísmo impera tendo como base o amor exclusivo. Significa que serei tratado com rispidez, raiva, até ódio, quando eu não dedicar a exclusividade do meu amor para alguém que assim espera que aconteça. Apesar disso tudo, também significa que terei de ser mais solidário até mesmo com os adversários, ter  mais compaixão e ser honesto e transparente nas minhas ações. Assumir essa vocação é dedicar a minha própria vida à vida dos meus semelhantes, do meu próximo, independente dos laços de amizade ou de sangue; é ter clareza da vontade de Deus, de ficar sempre atento ao que Ele deseja que eu faça na família, na igreja e na sociedade, para ser o Seu instrumento voluntário na formação do Seu Reino de amor, justiça e solidariedade.

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02/08/2012 00h56
O HOMEM E A SOCIEDADE

            O papa Leão XIII dizia que “A sociedade é feita para o ser humano e não o contrário”. Tinha muita razão nessa assertiva. Mesmo que pareça o contrário, que devemos nos adequar à sociedade qualquer que seja sua característica, pelo simples fato de todos estarem fazendo a mesma coisa, devemos sempre manter o senso crítico e avaliar se a sociedade que convivemos não precisa de alguma reforma que deixe o ser humano mais confortável. Nesse sentido, quando faço a avaliação dos relacionamentos familiares, na base do amor exclusivo do romantismo, vejo uma série de inconvenientes que causam mal estar, uma série de conflitos na sociedade. A exclusividade do amor romântico que leva à formação da família nuclear, é uma matriz geradora de forte egoísmo que visa proteger o clã familiar. O próximo é desconsiderado, muitas vezes dilapidado em seus recursos e interesses. O impulso para amar outras pessoas é contido, proibido e até punível. Isso termina por gerar sentimentos negativos na estrutura familiar e na comunidade a geração de fortes desníveis socioeconômicos formando duas classes de miseráveis: os extremamente pobres e os excessivamente ricos. Então, essa sociedade não atende a necessidade de uma qualidade de vida boa para os seres humanos. Se persistirmos na manutenção desse tipo de cultura dentro da comunidade, estamos assumindo que fomos feitos para a sociedade, e não que a sociedade foi feita para nós. Pensando assim, devo verificar o que de tão paradoxal exista na sociedade e vejo que os relacionamentos são os mais necessitados de correção, pois são eles que irão formar as células básicas da sociedade. Assim, hoje defendo e aplico na minha vida o amor inclusivo (ou amor não exclusivo), onde não há a proibição de amar quem quer que seja que também esteja sensibilizado. A família agora tem uma maior abertura, tornou-se ampliada e serve como um protótipo da família universal que Jesus defendia como a base do Reino de Deus.

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01/08/2012 00h28
PROFESSOR E ALUNO

            A relação tradicional entre professor e aluno é de ensino-aprendizagem. O professor na posição de ensinar e o aluno na condição de aprendiz. Também se entende que o professor é quem detém maior quantidade de conhecimentos, de sabedoria e que está disposto a ensinar. O aluno reconhece sua deficiência e a superioridade intelectual do professor e a ele se submete com o intuito de saber tanto quanto ele e até de o suplantar de acordo com os seus esforços de aprender e a honestidade do professor em ensinar. Resolvido essa relação, então o processo de aprendizagem tem andamento. É importante que o professor tenha firmeza no ensino da verdade que ele detém e o aluno tenha humildade de receber o ensinamento para corrigir o grau de ignorância que possui. Tenho ao meu redor, nos relacionamentos que possuo, diversas pessoas com maior nível de intimidade. Algumas considero meus professores e a outros considero como meus alunos. Tenho o maior cuidado de, na condição de aluno, ter sempre a humildade de receber os ensinamentos, de corrigir minha atitude quando percebo que o orgulho quer se manifestar quando recebo uma informação que vai de encontro ao que eu penso e sinto. Por outro lado, devo também ter o maior cuidado em ser firme na transmissão do meu conhecimento para aquele que considero e ele também, como meu aluno. Quando observo qualquer falha no comportamento do aluno, chamo a atenção do erro que está sendo cometido e passo a ensinar o caminho correto de acordo com os prognósticos racionais que minha inteligência consegue apreender. Muitas vezes, no entanto, o aluno se rebela com o conhecimento que recebe, mesmo reconhecendo racionalmente da sua verdade e pertinência na aplicação dentro da sociedade. Reclama que o professor só percebe a sua ignorância e não o que ele já sabe. Não percebe ele que é esse o papel mais nobre do professor: identificar a ignorância e substituí-la. O elogio do que já se sabe também é importante, faz muito bem ao ego e pode alimentar o orgulho. A crítica do que não sabe é o que mais poder tem de transformar o pensamento naquilo mais próximo da verdade. Devo ser firme com o monstro do orgulho quando se sente ofendido, mostrar ao aluno com toda a clareza a sua existência e o impedimento que ele quer atingir de absorção de novas verdades, criação de novos sentimentos e a capacidade de aplicar novos comportamentos no meio onde os relacionamentos acontecem.  

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