Jesus dizia a seus discípulos que viera para lançar fogo sobre a Terra. Não pensassem que Ele viera para trazer a paz sobre a Terra, e sim a divisão. Pois daí em diante, numa família de cinco pessoas, três ficarão divididas contra duas e duas contra três; ficarão divididos: o pai contra o filho e o filho contra o pai; a mãe contra a filha e a filha contra a mãe; a sogra contra a nora e a nora contra a sogra.
Parece uma incoerência essas palavras ter vindo da boca de Jesus, Ele que era considerado o príncipe da paz, o embaixador do Amor. Mas eu entendo e de certa forma sou vítima ou algoz desse tipo de fogo, de divisão que ele lançou, principalmente no meio familiar.
Esse é um fogo que vem do alto, da essência de Deus, do Amor Incondicional. É um fogo que queima por dentro e por fora, queima os meus erros e equívocos, vícios e desejos inadequados ao Amor. Ao mesmo tempo incendeia a minha alma e o meu coração para que eu tenha um novo gosto pelas coisas e pessoas de Deus, por toda a criação. Um gosto por Sua palavra que encontro de diversas formas, nos lugares mais imprevisíveis; de fazer o bem ao próximo, de ajudar ao irmão, de ser generoso no servir e corajoso na luta contra os preconceitos, mesmo que estejam dentro de minha casa, no coração e na mente dos meus parentes.
Fiquei incendiado pela vontade de Deus dentro da minha consciência e agora por onde ando me torno causa de divisão, por não ficar do lado apagado do fogo. Sinto a cada dia ser fortalecido com esse fogo e nada me intimida, ameaças, agressões, injúrias, solidão... Tudo consigo resistir, principalmente quando lembro de Jesus e do suplício que Ele sofreu, que não chega nem a 1% do que eu venha a sofrer, por ser também portador dessa chama por onde andava.
Interessante que a essência dessa chama é a Paz, o Amor, no entanto provoca ao redor de quem a conduz a revolta, a divisão, a agressão. Entendo que o Amor não é conivente com o mal, por isso tanta resistência naqueles que de alguma forma, conscientes ou inconscientes, estão sintonizados com o pecado.
Jesus deu o exemplo na família, mas nos dias atuais, nesta semana de definição política de quem será o próximo presidente do Brasil, vejo o mesmo exemplo ser aplicado. Os atuais gestores do poder federal se envolveram em tantos escândalos, cometeram tantos pecados contra o bem, que se torna necessário a substituição desses dirigentes. No entanto, essa voz carregada da vontade de corrigir as atitudes erradas encontra uma forte reação, inclusive com ameaças e agressões para se manter no poder continuar praticando os pecados. A voz do Amor não pode usar as mesmas armas do erro, não pode praticar a violência, a mentira ou agressão. Deve seguir de acordo com a orientação de Gandhi da não violência. Assim observamos uma divisão acirrada nas ruas onde a vontade de mudar é atropelada muitas vezes pela truculência do poder político, financeiro e muitas vezes físico.
Tenho comigo a chama desse fogo que Jesus identificou com muita clareza como divisor nos relacionamentos incongruentes. Sei que ficarei sempre desconfortável onde eu sentir que existe injustiça, que o Amor não está sendo obedecido, seja por qualquer motivo.
Fundamentado na ética do Amor, devo ter um comportamento sexual com higiene moral e respeito indispensável ao exercício dessa função dentro de padrões equilibrados. Dessa forma constituo a atividade sexual como um elemento proporcionador de saúde e bem estar, desde que consiga evitar o seu atrelamento a qualquer outra força, romântica, financeira, cultural, etc. A atividade sexual deve obediência exclusiva ao Amor Incondicional e a nenhuma outra força deve se dobrar, nem mesmo aos atavismos milenares que controlam o comportamento humano desde o tempo das cavernas. Sabemos através de Freud da existência de dois impulsos básicos que controlam a existência biológica os quais denominou de Eros e Tânatos. O primeiro defende a conservação da vida que através da libido garante o impositivo da procriação; o segundo atua no inconsciente como força dominadora que reconhece a necessidade da morte física para que a engenharia mecânica dos corpos funcione dentro de um caminho evolutivo que engloba todos os seres.
Melanie Klein descobriu algo surpreendente com o recém-nascido. Desde o ato inicial da alimentação ele demonstra também ter ciúme do peito materno, sua fonte de vida, num comportamento destrutivo, confirmando as duas pulsões descritas por Freud. O seio que sustenta a existência proporciona, ao mesmo tempo, o medo de perdê-lo, num conflito que se prolongará por toda vida e que vai contribuir mais tarde para as dificuldades de adaptação e equilíbrio.
Jung, no entanto, procurando penetrar no inconsciente humano para tentar encontrar as formas de sair desse conflito e atingir um estado de plenitude, onde sejamos autossuficientes sem sofrer os efeitos do medo da perda, do ciúme, da raiva, da agressividade, vai identificar os arquétipos. São as heranças primitivas mais remotas nos quais estão incrustados os fenômenos conflitivos, as aspirações e lutas pela sobrevivência; a ânsia de libertação na busca do estado numinoso, de respeito frente ao Universo, um estado religioso da alma. Era a isto que Jesus Cristo se referia quando dizia que “A Verdade vos libertará”. Quando passamos a conhecer essas forças, observamos que elas são poderosas no sentido de garantir a sobrevivência do corpo físico, mas acima do corpo físico existe a alma, instância imortal, que não tem a necessidade dessa sobrevivência, e sim de aprendizado moral. Não devo deixar que essas forças atávicas dominem a minha consciência e eu esqueça do principal, da educação da minha alma. Não posso deixar que predominem em mim os instintos agressivos, segundo Alfred Adler, que estabelecia como fundamentais o meio social e a tensão contínua do individuo em alcançar os objetivos essências para a sua vida corporal mediante a conquista do poder, do aparecer, do triunfar.
A função sexual é um elemento central nessa disputa de forças e é essencial para a aquisição de uma existência harmônica ou entorpecida pelos desassossegos e transtornos que chegam a ser neuróticos ou psicóticos.
Vou buscar no espiritismo que é preocupado com a evolução moral, uma visão tríplice para a minha existência: Espírito, perispírito e corpo físico. Vou concentrar minha atenção no Espírito que é o ente imortal que necessita de instruções para a evolução moral em direção a Deus. O perispírito é apenas uma ferramenta de acoplamento ao corpo físico, e este é o instrumento que foi colocado à minha disposição para que eu receba as lições necessárias ao meu grau de instrução. É como se fosse uma escola onde a cada dia recebo lições e tenho oportunidade de comprovar o meu aprendizado de acordo com minhas ações práticas.
Compreendo assim a função sexual dentro de um planejamento moral superior, comandado pelo Amor Incondicional. Reconheço a sua importância como fonte da vida pelo “milagre” da reprodução. Vem acompanhada pelo prazer intenso do orgasmo e suas variáveis e por esse motivo se torna necessário uma ética-moral para evitar os exageros motivados pelos instintos biológicos. O uso da razão e do discernimento são os grandes aliados da consciência, que me capacita a viver com a função sexual, mas não exclusivamente para ela ou sem ela.
Sempre fico atento ao que acontece ao meu redor, principalmente nos momentos de crise, pois acredito que o Pai sempre manda aquilo que preciso. Foi isso que aconteceu após a primeira crise depois que cheguei de Brasília e que me vi envolvido devido ao comportamento de minhas companheiras mais próximas. Ontem não tive inspiração para fazer este blog e logo que acordei hoje recebi de uma amiga, pela qual existe toda uma aura de sensualidade, um vídeo que encaminha a “Mensagem do Amigo” feita por Gabriel Chalita, professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Entendi que o Pai providenciou através dessa minha amiga a mensagem do Chalita e que Ele queria que eu assim desenvolvesse o meu raciocínio associado ao projeto de vida que Ele me deu e para o qual me envia tantas pessoas, todas inicialmente na condição de amigos, e que não devo perder essa característica ao longo da caminhada. Assim farei com cada parágrafo da mensagem:
“Há muito se diz que quem encontrou um amigo encontrou um tesouro precioso. Há muito se diz que amizade verdadeira dura para sempre.”
Sim, cada amigo que Deus envia para mim considero como um tesouro precioso, muitos deles dourados com a energia da sexualidade permitida.
“Não tem aquelas tempestades da paixão nem a calma exagerada do descompromisso. É o meio termo. É a bonita sensação de estar perto e, de repente, deixar o silêncio chegar. Não exige tanto. Exige tudo.”
Sim, mesmo que chegue por acaso a paixão com a sua tempestade, nunca se sabe, ela não terá força para inibir o Amor; terei sempre a beleza de estar perto do amigo, e também de respeitar o silêncio, as ausências. Sei que assim não irei exigir nada de ninguém, e por outro lado, exigirei tudo de mim para a compreensão e tolerância.
“As amizades nascem do acaso. Ou de alguma força que faz com que uma simples brincadeira, uma informação, um caderno emprestado, uma dor seja capaz de unir duas pessoas.”
Sim, reconheço que todas as minhas amizades vieram do acaso que Deus me proporcionou, nenhuma delas eu tive a intenção de criar. Foi a força de Deus que fez um gesto, uma ação, um olhar se tornar a semente da amizade.
“E a cumplicidade vai ganhando corpo. E o desejo de estar junto vai aumentando e, com ele, a sensação sempre boa do poder partilhar, de se doar.”
Sim, com o desenvolver da semente a amizade vai ganhando corpo, com todo o desejo de estar junto aumentando o compartilhar e a doação. É importante que os amigos antigos entendam a necessidade dos novos amigos que o Pai envia para esse compartilhamento.
“Há muito se diz que os amigos verdadeiros são aqueles que se fazem presentes nos momentos mais difíceis da vida, naqueles momentos em que a dor parece querer superar o desejo de viver. De fato, os amigos são necessários nesses momentos.”
Sim, esse é o momento que o amigo se faz mais necessário!
“Mas talvez a amizade maior seja aquela em que um amigo seja capaz de estar ao lado do outro nos momentos de glória e vibrar com essa glória; não ter inveja, não querer destruir o troféu conquistado. Aplaudir e se fazer presente. Ser presente.”
Sim, esse é o maior teste da amizade, vibrar com a glória do amigo, mesmo ele não estando presente, mesmo estando com outra pessoa; não ter inveja, ciúmes, aplaudir e se fazer presente na ausência de forma a não constranger.
“A amizade não obedece a ordem da proporcionalidade do merecimento. Não há sentido em querer de volta tudo o que com generosidade se distribuiu. A cobrança esmaga o espontâneo da amizade, e a surpresa alimenta o desejo de estar junto.”
Sim, nada do que eu distribuo com os amigos, exijo que seja devolvido para mim; mas seria muito gratificante para mim que pelo menos uma parcela do que eu faço fosse devolvido, não para mim, mas sim para os meus amigos, mesmo aqueles mais difíceis de conviver. Que fosse feito isso com a espontaneidade da amizade e com o desejo de contribuir para a felicidade geral. Isso é o que alimenta o desejo de estar junto daquele amigo que está distante.
“O amigo gosta de surpreender o outro com pequenos gestos. Coisas aqui e ali que roubam um sorriso, um abraço, um suspiro. E tudo puro, tudo lindo.”
Sim, essa é a minha essência, apesar de tantas ausências com os amigos.
“Há muito se diz que não é possível viver sozinho. A jornada é penosa e sem amparo é difícil caminhar.”
Sim, mesmo que eu viva sozinho, sinto a necessidade do compartilhamento na vida. Por isso o Pai sabendo dessa minha necessidade me deu como tarefa a construção de um caminho onde possam estar presentes diversos amigos. Mesmo que haja a dificuldade de compreensão da natureza dessa jornada, o caminho sem eles seria muito mais penoso.
“Juntos os pássaros voam com mais tranquilidade. Juntas, as gaivotas revezam a liderança para que nenhuma delas se canse demais. Juntos é possível os golfinhos comentarem a beleza de um oceano infinito. Juntos, mulheres e homens partilham momentos inesquecíveis de uma natureza que não se cansa de surpreender.”
Sim, essa é a importância da união, poder viver com mais tranquilidade, com o revezamento da liderança onde seja necessário, e assim aproveitarmos com mais intensidade a beleza da natureza que Deus nos deu.
“Eu te peço, Senhor, nesta singela oração, que me dês a graça de ser fiel aos meus amigos. São poucos e impossível seria que fossem muitos. São poucos, mas são preciosos.”
Sim, a fidelidade dentro do que se acredita é importante, sem falsas intenções ou interpretações.
“Eu te peço, Senhor, que me afaste do mal da inveja que traz consigo outros desvios. A fofoca. A terrível fofoca que humilha, maltrata, que faz sofrer.”
Sim, a inveja, o ciúme, a fofoca são germes patológicos que contaminam a construção da felicidade coletiva. Que podem afastar os amigos uns dos outros.
“Eu te peço, Senhor, que o sucesso do outro me impulsione a construir o meu caminho e que jamais eu tenha a ânsia de querer atrapalhar a subida do meu amigo.”
Sim, o sucesso do outro deve servir como modelo e devo evitar que surja o desejo de atrapalhar a felicidade do meu amigo, esteja onde ele estiver com quem esteja no momento.
“Eu te peço, Senhor, a graça de ser leal. Que eu saiba ouvir sempre e saiba o quanto é necessário falar.”
Sim. Mesmo que por natureza eu seja calado, devo falar nos momentos apropriados, da mesma forma que estou disposto a ouvir.
“Senhor, sei que a regra de ouro da amizade consiste em não fazer ao amigo aquilo que eu não gostaria que ele me fizesse. E Te peço que eu seja fiel a essa intenção. E sei que essa regra fará com que o que se diz há tanto tempo se realize em minha vida.”
Sim, essa é a regra de ouro que eu procuro aplicar sempre em todos os meus relacionamentos. Cada amigo meu que esteja feliz ao lado de outra pessoa, terei por isso a maior felicidade e farei tudo para essa relação se fortalecer e deixar essa outra pessoa feliz e confiante que eu sou mais amigo que adversário.
“Que eu tenha poucos amigos, mas amigos que permaneçam para sempre. Não poderia ter muitos; não teria tempo para cuidar de todos, e de amigo a gente cuida, amigo a gente acolhe, a gente ama.”
Sim, esse é o problema. Quantos mais amigos a gente tem, menos tempo podemos dedicar a todos. Mas essa é a missão que Deus me deu, de acolher tantos amigos quantos Ele me enviar, pois a família ampliada se sustentará na quantidade e na qualidade dos amigos; que todos entendam o processo que é possível e desenvolvam a tolerância e compreensão que é exigida para esse tipo de compartilhamento, de cuidado, de acolhimento, de amor.
“Senhor, protege os meus amigos. Que nessa linda jornada consigamos conviver em harmonia. Que nesse lindo espetáculo possamos subir juntos ao palco. Sem protagonista. Ou melhor, que todos sejam protagonistas e que todos percebam a importância ali. No palco. Na vida.”
Sim, este é o pedido mais importante que tenho que fazer ao Pai. Que Ele nos ajude a viver em harmonia e que todos sejamos a cada momento protagonistas de algum aspecto que sempre é importante no palco da vida
“Obrigado, Senhor, pelo dom de viver e conviver. Obrigado, Senhor, pelo dom de sentir e manifestar o meu sentimento. Obrigado, Senhor, pela capacidade de amar, que é abundante e é sem fim. Amém.
Sim, agradeço ao Pai, com essas mesmas palavras!
Hoje completei 62 anos. Continuo com a compreensão que tenho uma missão a realizar de acordo com a vontade de Deus, assim como Ele também determinou a Jesus. Este ser especial, como era um espírito mais puro, aos trinta anos iniciou Sua tarefa e concluiu após três anos. Como sou muito mais atrasado, imagino que comecei a minha missão com o dobro da idade dEle, aos 60 anos, e deverei ter o dobro de tempo para fazer alguma coisa dentro da minha tarefa. Assim espero que aos 66 anos eu tenha definido de forma clara o que deverei fazer. Já se passaram dois anos e não consigo ver com nitidez o que eu fiz do ponto de vista coletivo, social, público. O que fiz até agora ainda se restringe ao campo íntimo dos relacionamentos mais próximos, sem nenhuma projeção social significativa.
No entanto a minha convicção permanece firme na tarefa que devo realizar, na aplicação do Amor Incondicional e construção de relacionamentos condizentes com a sociedade do Reino de Deus. Essa energia do Amor foi a que fluiu durante esta viagem que fiz à Brasília e fez com que pessoas antes desconhecidas para mim, se tornassem como membros da família. Colocou à nossa disposição todos os recursos que eles possuíam, apartamento, carro e alimentação sem nenhuma cobrança por causa disso. Cada uma das pessoas do nosso grupo que participavam dessa viagem se sentiu devidamente acolhida como se fosse acolhido por um legítimo familiar biológico. Como não existia nenhum laço de sangue entre nós, podemos caracterizar que essa família ampla assim reconhecida era de natureza espiritual.
A família ampliada que construo a partir dos relacionamentos interpessoais, ultrapassa os limites da família nuclear e esse Congresso que me fez ir à Brasília foi um bom exemplo de como isso é possível. Não foi necessário envolver o aspecto sexual que está livre dentro das diversas possibilidades do Amor Incondicional, sempre com respeito e justiça. É o caso da minha amiga que mora em Brasília, do seu carinho todo especial em nos receber e ciceronear por diversos lugares. O que antes foi construído com o forte apelo da energia sexual, hoje essa energia se difunde pelo Amor, na sua essência maior, que dispensa qualquer apelo sexual, mas sem dele fazer um dogma ou tabu.
Este é um aspecto importante na realização do meu trabalho, lidar com a energia sexual sem a ela ficar submisso, e sim colocá-la a serviço do Amor Incondicional. Assim devo costurar os diversos relacionamentos que o Pai coloca ao meu alcance, sempre com essa compreensão e que perpassa qualquer interesse menor, como por exemplo, o interesse político que estava em efervescência nessa época de minha visita a Brasília, mas que não contaminou em nada o relacionamento com todos ao redor, devido a prevalência do Amor.
Volto a Natal para retomar todas as atividades que ficaram sem a minha participação, mas que foram conduzidas com muita eficiência pelos diversos companheiros que também foram convocados pelo Pai para o trabalho nessa Seara.
A minha amiga de Brasília falou de uma missa totalmente em canto gregoriano que é realizada a cada domingo no Mosteiro de São Bento. Resolvi conferir.
Capela humilde, sem luxo, mas de bom gosto. Pequeno espaço circular onde são colocados à disposição dos fiéis os livros de cantos que serão seguidos na missa. Sou um dos primeiros a chegar, mas logo os bancos ficam ocupados com pessoas simples, serenas e com pouco barulho pegam os seus cadernos de canto e ocupam os seus lugares.
Um acordeão ao lado entoa as melodias que fazem o meu espírito Sintonizar com o divino. É o momento que o céu desce à terra e nossos sentidos materiais perde importância. Agora é a intuição e o coração que levam à mente a essência de Deus.
Lembro que no dia anterior, sábado, assisti um espetáculo inesperado de beleza, em frente à Torre da Cidade. Um balé das águas onde um chafariz bem sincronizado com luzes, cores, jatos de água e melodias jogava imagens de Brasília no meio da nuvem de gotículas que eram formadas. Era uma beleza sinfônica e tecnológica onde os meus sentidos materiais ficaram encantados, inclusive pelo frescor e umidade que me proporcionava nessa cidade tão seca e quente.
Mas agora, nessa Capela, o espetáculo era diferente. A emoção não vinha dos sentidos materiais que meus órgãos sensoriais diagnosticam, mas sim de uma sensação interna de sintonia com o divino. A coreografia feita pelos monges de entrarem em fila indiana e cada um se colocar em seus devidos lugares, e as melodias do órgão e dos cantos gregorianos servem apenas de estímulo para criar o momento de sublimidade os quais não quero perder e sim potencializar.
Quando os monges pedem para que desliguemos os celulares serve para mim como uma senha para sair do mundo material ao mesmo tempo que os sinos repicam em sintonia com o órgão, como a senha de entrada no mundo espiritual.
A missa é um ritual que lembra a vida e os ensinamentos de Jesus. Nesse dia o ensinamento recai sobre as armadilhas que fariseus e herodianos sempre estão a armar contra o Mestre. Perguntam a Ele se é lícito pagar impostos à Cesar, pois se o Cristo respondesse sim ficaria condenado pelos judeus, se respondesse não ficaria condenado pelo poder romano. Jesus pede a moeda pela qual se paga o imposto e pergunta o que está escrito e de quem é a imagem nela gravada. Ao ser dito que era de César, então o Mestre responde: “Daí a César o que é de César e a Deus o que é de Deus.”
A sabedoria do Mestre não implicava em fugir da condenação, do suplício e da morte pela qual Ele sabia que iria passar, mas sim de ensinar em cada oportunidade a relação que existe entre o Céu e a Terra. Enquanto o monge fazia as considerações desse ensino de Jesus frente ao povo daquela época, eu entrava em reflexão de qual seria a resposta de Jesus se semelhante pergunta fosse feita hoje pelos sábios e sacerdotes atuais, contrariados pelo sentido libertador das palavras de Amor do Mestre.
Hoje a questão do imposto não é tão discutida, todos compreendem que o Estado precisa de impostos para realizar as necessidades coletivas do povo. Hoje o que está sendo mais combatido é o egoísmo desenfreado em busca dos prazeres da matéria, como causa dos pecados mais diversos, combatidos pelas igrejas e reforçado pelo Estado.
Poderiam perguntar assim: “É lícito ter os prazeres da matéria?”. Jesus poderia usar a mesma metodologia de ensino e apontar para uma pessoa: “A quem pertence esse corpo?” Ao obter a resposta de que o corpo pertence a matéria, o Cristo poderia então dizer: “Daí a matéria o que é da matéria e a Deus o que é de Deus.”
Seria assim, daí ao corpo os prazeres que é próprio da matéria, pois isso não é abominável, mas entendendo que tudo pertence a Deus e Ele exige equidade e justiça nos comportamentos, de não fazer ao outro o que não quero para mim.
Essa quebra de preconceitos para que o Amor Incondicional flua em todas as direções talvez seja o que Jesus previu que irá acontecer quando as Suas lições forem devidamente praticadas.