Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
25/08/2016 09h18
REFLETINDO A FAMÍLIA – SÍNODO 05

            Como entendi que Deus quer que eu faça essa reflexão sobre a família, a partir da Relatio Synodi da III Assembleia Geral Extraordinária do Sínodo dos Bispos, com o tema “Os desafios pastorais sobre a família no contexto da evangelização”, ocorridos de 5 a 19 de outubro de 2014, e como já fiz a primeira reflexão em 23-08 abordando os 4 primeiros itens, irei dar continuidade a partir do item 5, abordando agora cada um isoladamente, para não ficar tão extenso quanto o primeiro e para ter melhor oportunidade de aprofundamento.

  1. Fiéis ao ensinamento de Cristo, olhamos para a realidade da família hoje em toda a sua complexidade, nas suas luzes e nas suas sombras. Pensamos nos pais, nos avós, nos irmãos e irmãs, nos parentes próximos e distantes, e na relação entre duas famílias que cada matrimônio cria. A mudança antropológico-cultural influencia hoje todos os aspectos da vida e exige uma abordagem analítica e diversificada. Sublinham-se em primeiro lugar os aspectos positivos: a maior liberdade de expressão e o melhor reconhecimento dos direitos da mulher e das crianças, ao menos nalgumas regiões. Mas, por outro lado, há também a considerar o crescente perigo, representado por um individualismo exasperado, que desnatura os laços familiares e acaba por considerar cada componente da família como uma ilha, fazendo prevalecer, em certos casos, a ideia de um sujeito que se constrói segundo os próprios desejos, tomados como um absoluto. A isso acrescente-se também a crise de fé, que atingiu tantos católicos e que muitas vezes está na origem das crises do matrimônio e da família.

            Procuro ser fiel ao ensinamento do Cristo, principalmente nas duas leis que cobrem todas as demais: Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a mim mesmo. Foi com este olhar que sempre compreendi a família nuclear que construí pela primeira vez. Não conseguia ver tão bem como agora, as luzes e sombras que esse tipo de família cria, apesar de ainda ter muito que aprender. Talvez seja este trabalho uma tarefa que Deus me deu para aprofundar esse aprendizado. Sempre pensei nos meus parentes biológicos com todo o respeito.

            A relação entre duas famílias que cada matrimônio cria, tem duas perspectivas: a primeira se refere ao comum, as famílias sem parentesco que se formam dentro da comunidade e que carregam em si uma forte dose de egoísmo; segundo, as famílias que se formam a partir do segundo matrimônio que os membros separados do primeiro matrimônio formam, e que continuam a exibir forte carga de egoísmo. Não irei entrar à fundo neste momento nestas considerações, mas já deixo antever a sombra mais negra que cobre os matrimônios, em qualquer perspectiva, o egoísmo, que o ensinamento do Cristo veio para dissipar.

            A mudança antropológico-cultural trouxe maior liberdade e justiça às mulheres e crianças, principalmente nas sociedades civilizadas, mas muito longe de apagar o egoísmo que existe dentro de cada uma delas e que prejudica tanto as outras. Esse egoísmo se exterioriza na forma do individualismo, que num primeiro momento tende a privilegiar a família nuclear em que está inserido, muitas vezes agindo sem critérios éticos, e num segundo momento esse mesmo individualismo pode se voltar contra os componentes da família que são contrários aos seus desejos, desnaturando os laços afetivos e levando ao isolamento cada membro da família. Nesse momento a pessoa pode ir se construindo a partir dos próprios desejos que são tomados como absolutos. A fé que essa pessoa desenvolve está associada aos seus desejos individualistas, sem considerar os pensamentos e sentimentos do próximo. Certamente aquela Lei principal que Jesus ensinou não está sendo obedecida, a bússola comportamental de “amar ao próximo como a si mesmo”. Esse fenômeno não se observa apenas entre católicos, e sim na comunidade como um todo. Essa tendência comportamental faz parte dos nossos atributos biológicos ancestrais, vindos à consciência pelo atavismo que dorme na inconsciência. Não podemos evitar que isso surja, os desejos pelo sexo oposto, por exemplo, mesmo que estejamos casados e tenhamos jurado fidelidade frente a um altar. Não devemos nos culpar pela existência desses desejos, pois foi assim que o Pai nos criou. O que devemos fazer é controla-los para que a sua expressão não venha prejudicar o próximo.

            Nesse momento passamos a perceber, se tivermos conhecimento suficiente, o conflito psicológico entre duas instâncias que procuram dominar a mente e exercer a preponderância sobre a consciência: os instintos que defendem a preservação do corpo físico, e portanto o individualismo; e os valores morais que defendem a ética do Cristo e portanto o altruísmo frente às necessidades do próximo, que são tantas quanto às nossas.

            O leitor deve já ter percebido que eu estou colocando sobre o documento a compreensão que possuo sobre os assuntos abordados, e que obedecem aos paradigmas que construí e que devem estar desviados dos autores do texto original. Mas, como tanto eles quanto eu estamos tentando aplicar as lições do Cristo, espero que as minhas considerações sigam uma sequência lógica dentro do Evangelho, principalmente na obediência as duas leis principais.

            Não tenho a pretensão de estar totalmente correto em minhas elucubrações, e, portanto, será de muito valor a opinião dos leitores que identificarem distorção do meu pensamento e ações, daquilo que o Cristo ensinou e exemplificou.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 25/08/2016 às 09h18
 
24/08/2016 23h59
FOCO DE LUZ (115) – REFLEXÃO DO APADRINHAMENTO

            Em 24-08-16, as 19h, na Escola Padre Monte, foi realizada mais uma reunião do Projeto Foco de Luz e Associação de Moradores da Praia do Meio – AMA-PM, com a participação das seguintes pessoas: 01. Freire (1ª vez, candidato a vereador); 02. Marcos (1ª vez, pastor); 03. Paulo; 04. Rusa; 05. Jaqueline; 06. Netinha; 07. Edinólia; 08. Francisco; 09. Nivaldo; e 10. João Maria. Após os 30 minutos iniciais de conversa livre, foi dado início a reunião com a leitura do preâmbulo espiritual com o título “Coisas mínimas”, uma fala de Jesus, registrada por Lucas, em 12:26. Em seguida foi lida a ata da reunião anterior que foi aprovada por todos com uma observação, que o Bispo Damião havia informado sobre o curso que sua igreja patrocina através da internet e que necessita de uma base em inglês. COMUNICADOS: 01. Na terça feira, dia 22-08, foi feita reunião no HUOL para organizar a reunião com os padrinhos que irá acontecer no dia 25-08, no mini auditório do terceiro subsolo; 02. Luana, filha da Professora Luciana, que desenvolve um trabalho acadêmico na escola Isabel Gondim, virá a nossa próxima reunião para ver a possibilidade de interagirmos em benefício das crianças do bairro. 03. Foi feita uma reflexão com todos os presentes sobre o apadrinhamento, sobre a forma financeira e afetiva que poderá ser usada no trabalho. Foi cedida a palavra ao candidato a vereador, Freire, para que ele colocasse qual a sua plataforma política. As 20h45m foi encerrada a reunião, o pastor Marcos conduziu a oração ao Pai, fizemos a foto coletiva e degustamos o lanche trazido por Rusa e Francisco.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 24/08/2016 às 23h59
 
23/08/2016 20h07
SINODO PARA A FAMÍLIA

            A Igreja Católica dedicou para a família um Sínodo extraordinário que se realizou de 5 a 19 de outubro de 2014, no Vaticano. Tratou dos “desafios pastorais da família no contexto da evangelização”. A Igreja quis tratar das questões ligadas à família, sendo um apoio a ela neste tempo de tão grandes mudanças. Num Sínodo a Igreja é chamada a se envolver comunitariamente numa participação das Igrejas particulares das diversas partes do mundo. O episcopado é especialmente chamado a se fazer presente nas discussões, buscando aprofundar questões por vezes difíceis.

            Esta trecho acima foi escrito por Frei Nilo Agostini e publicado no verso da pagela da folhinha Coração de Jesus, do dia 22-08. Quando retirei a folhinha do dia e li o texto no verso, entendi logo que era um recado do Pai para que eu procurasse aprofundar o conselho de família, e fui logo em busca desse documento, que vou procurar passar um pente fino a partir da introdução.

            RELAÇÃO FINAL DO SÍNODO DOS BISPOS 2014

            INTRODUÇÃO

  1. O Sínodo dos Bispos reunido com o Papa dirige o seu pensamento a todas as famílias do mundo com as suas alegrias, as suas canseiras, as suas esperanças. De modo especial, sente o dever de agradecer ao Senhor pela generosa fidelidade com que tantas famílias cristãs respondem à sua vocação e missão. E respondem com alegria e com fé, também quando o caminho familiar as põe diante de obstáculos, incompreensões e sofrimentos. A essas famílias vai o apreço, o agradecimento e o encorajamento de toda a igreja e deste Sínodo. Na vigília de oração celebrada na Praça de São Pedro, sábado, 4 de outubro de 2014, em preparação do Sínodo sobre a família, o Papa Francisco evocou de maneira simples e concreta a centralidade da experiência familiar na vida de todos, exprimindo-se assim: “Já desce a noite sobre a nossa assembleia. É a hora em que de bom grado se regressa a casa para se reunir à mesa na consistência dos afetos, do bem que se fez e se recebeu, dos encontros que aquecem o coração e o fazem dilatar, vinho bom que antecipa, nos dias do homem, a festa sem ocaso. Mas também é a hora mais pesada para quem se vê cara a cara com a própria solidão, no crepúsculo amargo de sonhos e projetos desfeitos. Quantas pessoas arrastam os seus dias no beco sem saída da resignação, do abandono, se não mesmo do rancor! Em quantas casas falta o vinho da alegria e, consequentemente, o sabor – a própria sabedoria – da vida! Nesta noite, com a nossa oração, fazemo-nos voz de uns e de outros: uma oração por todos”.
  2. Seio de alegrias e de provações, de afetos profundos e de relações por vezes feridas, a família é verdadeiramente “escola de humanidade”, de que se sente uma forte necessidade. Não obstante os muitos sinais de crise da instituição familiar nos vários contextos da “aldeia global”, o desejo de família continua vivo, sobretudo entre os jovens, e encoraja a igreja, perita em humanidade e fiel à sua missão, a anunciar sem cessar e com profunda convicção o “Evangelho da família” que lhe foi confiado com uma revelação do amor de Deus em Jesus Cristo e ininterruptamente ensinado pelos padres, os Mestres da espiritualidade e o Magistério da Igreja. A família tem para a Igreja uma importância muito especial e, quando todos os crentes são convidados a sair de si mesmos, é necessário que a família se redescubra como sujeito imprescindível para a evangelização. O pensamento vai para o testemunho missionário de tantas famílias.
  3. O Bispo de Roma convocou para refletir sobre a realidade da família, decisiva e preciosa, o Sínodo dos Bispos, na sua Assembleia Geral Extraordinária de outubro de 2014, reflexão a aprofundar, depois, na Assembleia Geral Ordinária, que terá lugar em outubro de 2015, bem como ao longo do ano inteiro que medeia os dois eventos sinodais. “Já o reunir ‘in unum’ à volta do Bispo de Roma é evento de graça, onde a colegialidade se manifesta num caminho de discernimento espiritual e pastoral”: foi como o Papa Francisco descreveu a experiência sinodal, indicando as suas tarefas na dúplice escuta dos sinais de Deus e da história dos homens e na dúplice e única fidelidade que daí deriva.
  4.  À luz do mesmo discurso, recolhemos os resultados das nossas reflexões e dos nossos diálogos nas três partes seguintes: a escuta, para olhar para a realidade da família hoje, na complexidade das suas luzes e das suas sombras; o olhar fixo em Cristo, para repensar com renovada frescura e entusiasmo o que a revelação, transmitida na fé da Igreja, nos diz sobre a beleza, a função e a dignidade da família; o confronto à luz do Senhor Jesus, para discernir os caminhos com que renovar a Igreja e a sociedade no seu empenho no favor da família, fundada sobre o matrimônio entre homem e mulher.

Este foi o texto que introduz o documento. Coloquei em negrito as frases que remetem a uma reflexão considerando o paradigma que Deus permitiu que eu construísse em minha consciência e pautasse o meu comportamento em torno dele, na construção da família universal que se contrapõe a família nuclear, foco do Sínodo dos Bispos.

 No item 01 fala do retorno ao lar, para se reunir à mesa na consistência dos afetos, nos encontros que dilatam o coração. Mas também é a hora mais pesada quando se está na solidão, sem sonhos, com projetos desfeitos, até mesmo com raiva. Onde estarei situado, no primeiro ou segundo caso? Na harmonia dos afetos ou no desespero da solidão? Acredito que não estou situado em qualquer um dos dois, e ao mesmo tempo tenho mais tendência ao primeiro caso e acredito que quando a família universal estiver estabelecida no Reino de Deus, o regresso ao lar ampliado terá uma dilatação do coração muito mais abrangente e o risco da solidão amargurada não mais existirá. Mesmo que alguém falte em algum lugar que um coração lhe espera, sempre haverá uma compensação à altura dos sentimentos.

            No item 02 há o reconhecimento de que a família é escola de humanidade, mas não considera o egoísmo alojado na família nuclear e que promove tanta miséria no mundo. Diz que apesar das crises, provocadas pelo egoísmo, o desejo de família continua vivo, sobretudo entre os jovens. Sim, uma família baseada no amor incondicional, mas todas as ações ainda são voltadas para o amor romântico na formação da família, daí todo o esforço de fidelidade para uma relação de posse entre os cônjuges, ficando muito longe da inclusividade do amor incondicional.

            No item 03 há referência da dúplice escuta dos sinais de Deus e da história dos homens, e da dúplice e única fidelidade que daí deriva. Também procuro ver e seguir os sinais de Deus, por isso é que estou aqui fazendo essas considerações. Imagino que a dúplice fidelidade se refere aos cônjuges, mas a minha interpretação é que a minha única e primordial fidelidade é com a vontade do Pai, mesmo que vá de encontro aos valores culturais da humanidade.

            Finalmente, no item 04, aponta olhar a complexidade da família hoje, na luzes e nas sombras, discernir os caminhos para renovação da sociedade... parece que continuo indo no caminho certo, apesar dos dissabores e conflitos que surgem sempre ao redor. Afinal, nada diz que os caminhos certos são livres de espinhos e pedras.

 

Publicado por Sióstio de Lapa
em 23/08/2016 às 20h07
 
22/08/2016 21h31
LÁGRIMAS SOLIDÁRIAS

            Como era esperado, o casamento do meu filho primogênito foi realizado com as defecções esperadas e inesperadas das pessoas mais ligadas a mim. O choque do amor romântico com o amor universal, ainda deixa prevalecer a força do primeiro, mesmo que todos sejam alunos do Mestre Jesus que defendia o amor universal, incondicional.

            Ele mesmo, meu filho, estava se casando dentro dos paradigmas do amor romântico, reforçado com a fala do padre que defendia a fidelidade do amor exclusivo numa perspectiva de eternidade. Não consideravam nenhum deles, que a perspectiva eterna do amor só existe quando ele e formado dentro dos critérios da incondicionalidade, pois caso contrário, os primeiros conflitos podem ser desastrosos. Quando ele, o amor, é condicionado a qualquer coisa, não merece nem o nome de amor, pois se a condição não existir, o amor não existirá. Pode ser assim? O amor que é considerado a maior força existente no Universo, identificado com o próprio Deus, só ter existência se alguma condição existir? De forma nenhuma, Ele existe independentemente de qualquer condição.

            Por outro lado, fico preocupado. Então, naquela capela só existia pessoas que amavam de forma condicional, e portanto não era o amor real? Só eu procurava desenvolver esse amor sem necessidade de condições? Não poderei estar enganado? Este não é um pensamento pretencioso, egoísta? O que prova que estou certo? Será o fato de que não desenvolvo cargas negativas dentro do meu coração pelo erros que cometeram e cometem com relação a mim? Pois eu vi diversos rostos dos quais poderia nutrir raiva, e assim não faço, procuro desenvolver o amor apesar dos conflitos. Também não vi diversos rostos que poderiam estar ali, desenvolvendo a família universal, o meu plano de vida, mas não estavam, e mesmo assim não guardei ressentimentos e a tudo procuro encontrar justificativas.

            Essa é a prova que posso mostrar da minha qualidade de amar incondicional, não coloco na frente a condição da pessoa agir pelo menos da mesma forma comigo, como eu agi com ela, procuro ser até um pouco solidário com a forma dessa pessoa sentir e agir. Essa forma de empatia com sentimentos exclusivos dos quais eu não compactuo, chagou ao ápice no momento que meu filhos jurava uma fidelidade ao amor exclusivo, repetindo as palavras que o padre ditava. A emoção tomou conta do seu psiquismo, as palavras ficaram bloqueadas na boca e as lágrimas jorraram em profusão. Todos na capela perceberam e aquilo serviu de ironia para alguns amigos e de uma coisa bonita para outros, principalmente as mulheres, que são mais sentimentais. Felizmente ninguém percebeu que dos meus olhos também jorravam lágrimas solidárias ao sentimento dele, mesmo eu sabendo que a qualidade do meu amor é diferente, é inclusiva, e que minha fidelidade está dirigida à vontade do Pai e a nenhuma das minhas amantes e similares.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 22/08/2016 às 21h31
 
21/08/2016 00h01
CASAMENTO DO PRIMOGÊNITO

            Estou escrevendo este texto com um dia de antecipação. Irei deixar programado para a publicação no primeiro minuto deste dia. Logo mais à tarde irá acontecer o casamento do meu filho primogênito. Portanto, estou colocando perspectivas do que será esse evento.

            Está escrito nos livros sagrados que o primogênito deve ser oferecido à Deus. Isso deve ter ainda um significado nos dias atuais, uma vez que as lições sagradas são para a eternidade. Talvez seja o filho mais ligado com as propostas do divino. Percebo isso nele, apesar dele não ter nenhum engajamento nas atividades espirituais que desenvolvo. Pelo menos não observo críticas nele pelo pensamento e ações que desenvolvo, no mundo que eu criei tão diferente do que ele agora está começando a criar. Que diferenças são essas?

            Ele está iniciando com este casamento, a formalização junto à divindade de uma família com características nucleares. Todos os seus parentes e suas respectivas famílias nucleares estarão presentes, não será admitido, principalmente pela parte na noiva, nenhuma outra pessoa que tenha se envolvida afetivamente com o noivo. Esta é a expressão forte do amor romântico, na procura pela exclusividade da permanência para sempre do companheiro.

            Por outro lado, lá eu estarei como um convidado especial, na condição de pai. Eu que defendo e procuro formar a família universal. Qualquer uma das minhas relações afetivas, passadas ou atuais, poderão estar presentes, com a minha anuência e permissão dos noivos, que sabem como eu penso. Mas existe um contraste entre as nossas duas formas de pensar e agir. Do lado dele não observo conflitos, tudo é alegria, satisfação. Do meu lado, é o oposto, cheio de conflitos, reclamações. O amor exclusivo que ele desempenha, atende aos interesses diretos ou indiretos de todos os convidados. O amor inclusivo que eu desempenho cria uma série de conflitos entre aquelas pessoas que estão mais afastadas afetivamente de mim, justamente por irem de encontro à inclusividade dos afetos que procuro praticar. Muitas das pessoas ligadas afetivamente a mim não irão a esse evento, justamente porque irão me ver mais próximo a outra pessoa, ou que no passado, algumas pessoas que podem estar presentes, tenham sido suas adversárias quando ela estava mais próxima de mim. Até mesmo a pessoa que está mais próxima de mim, espacialmente, certamente estará constrangida com a proximidade de outras pessoas que ela considera como concorrentes a um afeto que deveria ser entendido como inclusivo. Nenhuma delas entendem, ou se entendem não conseguem praticar, de que a pessoa que meu coração mais se aproximará afetivamente, será aquela que demonstre amar com especial distinção as outras pessoas que me amam.

            Essa situação também me deixa constrangido, pois ninguém consegue ver ou praticar os requisitos básicos do amor incondicional através do qual eu procuro me comportar. Se todas as pessoas que se envolveram afetivamente comigo tivessem assumido em seus corações esse amor incondicional, com certeza essa capela onde esse casamento irá ser realizado, estaria cheia de pessoas muito mais ligadas a mim que ao noivo, e todas com muita efusão de harmonia e felicidade, entre elas algumas com filhos que o Pai permitiu, todos amados e integrados nos afetos compartilhados.

            Esta é a beleza da aplicação do amor inclusivo que está dentro do amor incondicional, e que, infelizmente, parece que somente eu tenho condições de imaginar e tentar aplicar. Estarei neste evento com a pessoa que no momento está mais próxima de mim, e afastado pela intolerância, ressentimentos, raiva e orgulho de todas as outras... com uma exceção, a minha primeira esposa e mãe do meu primogênito, é a que demonstra melhor aprendizado nessa harmonização de afetos, que conseguiu domar a maior parte dos seus ressentimentos e agora na maior parte do seu comportamento, procura se harmonizar com todas as outras que se aproximam afetivamente de mim, no passado, no presente e no futuro.

            Enfim, como este projeto que procuro levar avante pertence a Deus, tenho que ser paciente com tantas distorções cognitivas nas formas de pensamento, de tantas intolerâncias que ainda persistem nas formas de comportamento. Penso como pensava aquele sacerdote do Templo judeu sobre as perseguições aos primeiros cristãos: “Se este pensamento e ação pertence a Deus, não pode ser destruído pelo poder ou intolerância de quem quer que seja”.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 21/08/2016 às 00h01
Página 594 de 932